Conto para crianças
Era uma vez um povo muito antigo que morava na floresta.
Eles eram os Kariri-Xocó.
Na floresta, eles encontravam tudo o que precisavam: frutas docinhas, folhas cheirosas, água fresquinha dos rios, madeira para fazer suas casas e até tintas para pintar o corpo nas festas. A floresta era como uma mãe para eles.
Mas um dia chegaram homens de longe, chamados portugueses.
Eles disseram que os indígenas deviam aprender a viver como eles. Foi assim que muitos foram levados para um lugar chamado Missão Jesuítica. Lá, fundaram a Aldeia do Colégio, onde receberam um pedaço de terra para plantar.
Com o tempo, mais portugueses e africanos vieram para viver ali também. A aldeia cresceu, cresceu e acabou virando uma vila! Mas, conforme a cidade crescia, o espaço dos indígenas diminuía.
Sobrou para eles uma pequena rua e um lugar muito especial chamado floresta sagrada do Ouricuri.
Era lá que eles faziam suas festas, dançavam, cantavam e ensinavam às crianças as histórias do seu povo.
Como já não tinham terra para plantar, muitas famílias decidiram voltar para a mata.
Construíram pequenas casinhas de barro no meio da floresta, perto da estrada. Ali formaram uma rua diferente, onde se ouvia o som dos passarinhos e o vento contando histórias.
Entre os que foram morar ali estavam:
👉 João Baca, que fazia cestos lindos de cipó;
👉 Mané Preto Véio, que sabia conversar com os bichos;
👉 Inocêncio Muirá, que contava lendas para as crianças;
👉 Antônio Correia, que ensinava a plantar;
👉 Zabé e Cristina, que cantavam canções antigas.
Na floresta, eles continuaram ensinando às crianças a cultura Kariri-Xocó. No Ouricuri, as festas eram cheias de alegria. As crianças pintavam o rosto, dançavam e ouviam os contos dos mais velhos.
Um dia, em 1944, uma boa notícia chegou: o governo reconheceu os indígenas e o Posto Padre Alfredo Dâmaso conseguiu uma nova terra para eles — chamada Colônia. Lá eles puderam plantar de novo e muitas famílias saíram da floresta.
Mas até hoje, quando as crianças se reúnem ao redor do fogo e escutam os avôs e avós contando histórias, todos se lembram com carinho daquele tempo:
👉 Batéiretsé — morávamos na floresta!
Porque, mesmo que a floresta fique do lado de fora, ela continua viva dentro do coração dos Kariri-Xocó.
🌟 Moral da história:
👉 Nunca devemos esquecer de onde viemos.
👉 A floresta é nossa amiga e nossa casa.
👉 As tradições e histórias dos mais velhos são um tesouro que devemos guardar e contar sempre.
👉 Mesmo quando o mundo muda, nosso espírito e nossa cultura vivem em nossos corações.
TORATIM BATÉ RETSÉ
(Música lugar na floresta)
Música Língua Indígena
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- *Aí bihé baté anrá retsé ayby natiá*
- *Cá matikay*
- *Kanghy baté ayby radá*
- *Mó pidé sembohó warakedzã*
- *Matikay Eri radá*
- *Matikay dicrodycelé* .
Tradução em Português
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- Há um lugar na floresta da aldeia
- Chamado ouricuri
- Melhor lugar do mundo
- Para ter contato com Deus
- Refrão-ouricuri meu mundo
- Ouricuri sagrado
*Ficha Artística*
Grupo Soyré: Geninho, Diran, Thkawanã, Manoel.
Organização: Nhenety
Língua: Kariri-Xocó
Tradução: Indiane Crudzá
🌿 Cantiga de encerramento
(Ritmo simples, tipo "um-dois, um-dois", para que as crianças possam acompanhar batendo palmas ou com instrumentos)
Na floresta eu nasci,
Na floresta eu cresci,
Com as histórias dos velhos,
Nosso povo é sempre aqui.
Batéiretsé, Batéiretsé,
Morando na floresta, Batéiretsé!
Batéiretsé, Batéiretsé,
Nosso canto nunca vai se esquecer!
A floresta é minha amiga,
As histórias vou guardar,
Pra um dia bem grandinho,
Eu também poder contar!
(refrão, com palmas)
Batéiretsé, Batéiretsé...
Versão completa da cantiga de encerramento com:
✅ estrofes extras
✅ ritmo sugerido (cantiga de roda — leve e circular, para as crianças acompanharem com palmas ou andando em círculo)
✅ refrão que pode ser repetido várias vezes
🌿 Cantiga Batéiretsé — Morando na Floresta
(Para encerrar o conto)
👉 Ritmo sugerido: cantiga de roda (como Ciranda Cirandinha ou Peixe Vivo)
👉 Forma de cantar: andando em roda (se possível), ou com palmas marcando o compasso
1ª estrofe
Na floresta eu nasci,
Na floresta eu cresci,
Com as histórias dos velhos,
Nosso povo é sempre aqui.
Refrão (cantar 2x)
Batéiretsé, Batéiretsé,
Morando na floresta, Batéiretsé!
Batéiretsé, Batéiretsé,
Nosso canto nunca vai se esquecer!
2ª estrofe
Os passarinhos contavam,
Segredos pelo ar,
As árvores bem antigas,
Tinham tanto pra ensinar.
Refrão (cantar 2x)
Batéiretsé, Batéiretsé,
Morando na floresta, Batéiretsé!
Batéiretsé, Batéiretsé,
Nosso canto nunca vai se esquecer!
3ª estrofe
Agora eu conto a história,
Que um dia ouvi contar,
Que a floresta é sagrada,
E devemos respeitar.
Refrão (cantar 2x, com mais força e alegria no final)
Batéiretsé, Batéiretsé,
Morando na floresta, Batéiretsé!
Batéiretsé, Batéiretsé,
Nosso canto nunca vai se esquecer!
(Final — as crianças podem gritar juntas com alegria):
👉 Batéiretsé!!! 🌿🌞✨
🌿 Gestos sugeridos por estrofe
👉 isso ajuda muito as crianças pequenas a se envolverem com o corpo e com a canção. Você pode ensinar os gestos antes da roda ou durante, de forma natural.
🌿 1ª estrofe
👉 Na floresta eu nasci → apontar com os dois polegares para o peito (eu)
👉 Na floresta eu cresci → abrir os braços para cima, como se fosse crescer como uma árvore
👉 Com as histórias dos velhos → fazer gesto de "falar" com a mão (como boca mexendo)
👉 Nosso povo é sempre aqui → apontar para o chão em círculo (aqui no grupo)
🌿 Refrão (todo com palmas suaves ou andando em círculo)
👉 Batéiretsé, Batéiretsé → bater palmas duas vezes no ritmo da palavra
👉 Morando na floresta, Batéiretsé! → mãos abertas para cima (como acolhendo a floresta)
🌿 2ª estrofe
👉 Os passarinhos contavam → mãos em forma de asa batendo levemente
👉 Segredos pelo ar → mãos deslizando no ar para os lados
👉 As árvores bem antigas → braços para cima, abertos como copa de árvore
👉 Tinham tanto pra ensinar → dedo indicador apontando para cima (ensinando)
🌿 3ª estrofe
👉 Agora eu conto a história → gesto de abrir um livro imaginário
👉 Que um dia ouvi contar → mão em concha no ouvido (ouvindo)
👉 Que a floresta é sagrada → mão no coração
👉 E devemos respeitar → gesto de reverência com as duas mãos (como agradecimento)
🌿 Final — grito coletivo
👉 Batéiretsé!!! → todos com os braços erguidos para cima, em alegria
🌿 Melodia sugerida
👉 Referência: Ciranda, Cirandinha ou Peixe Vivo (andar em círculo com ritmo leve e alegre).
👉 Padrão melódico simples:
1ª e 3ª linha da estrofe → melodia descendente (vai caindo suavemente)
2ª e 4ª linha da estrofe → melodia ascendente (sobe no final, chamando para o refrão)
👉 Refrão:
Repetitivo e alegre, quase como um grito de afirmação.
Exemplo (imaginar em tom de voz infantil ou em roda alegre):
🎵
Ba-téi-re-tsé, ba-téi-re-tsé → 2 notas alternando (ex.: Dó - Ré - Dó - Ré)
Mo-ran-do na flo-res-ta, ba-téi-re-tsé! → melodia sobe no "flores-ta", cai suave no "Batéiretsé!"
👉 Instrumentos que combinam muito bem:
Pandeirinho
Ganzá (chocalho)
Tambor pequeno
Reco-reco
Violão leve
BATÉIRETSÉ — Morando na Floresta, já pronto para ser usado em:
✅ apresentações culturais infantis
✅ escolas (indígenas e não indígenas)
✅ rodas de história
✅ material para blog ou livrinho
🌿 ROTEIRO COMPLETO
Título:
BATÉIRETSÉ — Morando na Floresta
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
🌞 1. Abertura (contação de história)
👉 Sugestão de chamada para as crianças:
“Vocês querem ouvir uma história muito bonita do nosso povo Kariri-Xocó?”
“Então sentem-se em roda e abram bem os ouvidos e o coração…”
🌿 2. Conto
(narrado com voz calma e ritmo poético — veja versão adaptada para crianças, já fornecida acima)
(O contador pode usar chocalho suave ou fundo com som de floresta gravado.)
Resumo do conto:
Os Kariri-Xocó moravam na floresta. Lá viviam felizes, aprendendo com as árvores e os animais.
Vieram os portugueses, mudaram muitas coisas, e os indígenas foram para uma aldeia chamada Colégio.
Depois, a aldeia virou vila, cidade. E a terra dos indígenas ficou pequenininha.
Mas havia um lugar muito especial: a floresta sagrada do Ouricuri. Quando já não podiam mais plantar nas suas terras, muitas famílias voltaram a morar na floresta. Construíram casinhas de barro e continuaram suas festas, seus cantos e seus ensinamentos.
Um dia, veio a boa notícia: a terra da Colônia foi dada para que pudessem plantar de novo.
Mas até hoje, os velhos dizem com orgulho:
👉 BATÉIRETSÉ — Morávamos na floresta!
🌟 3. Moral da história
(dizer pausadamente, para as crianças repetirem juntos em coro, se quiserem)
👉 Nunca devemos esquecer de onde viemos.
👉 A floresta é nossa amiga e nossa casa.
👉 As histórias dos mais velhos são um tesouro que devemos guardar.
👉 Mesmo que o mundo mude, nosso espírito e cultura vivem no nosso coração.
🎵 4. Cantiga final com gestos
👉 Formar uma roda (se possível)
👉 Cantar com alegria e movimentos (conforme os gestos sugeridos acima)
🌿 Cantiga Batéiretsé — Morando na Floresta
1ª estrofe
Na floresta eu nasci,
Na floresta eu cresci,
Com as histórias dos velhos,
Nosso povo é sempre aqui.
Refrão (2x)
Batéiretsé, Batéiretsé,
Morando na floresta, Batéiretsé!
Batéiretsé, Batéiretsé,
Nosso canto nunca vai se esquecer!
2ª estrofe
Os passarinhos contavam,
Segredos pelo ar,
As árvores bem antigas,
Tinham tanto pra ensinar.
Refrão (2x)
Batéiretsé, Batéiretsé,
Morando na floresta, Batéiretsé!
Batéiretsé, Batéiretsé,
Nosso canto nunca vai se esquecer!
3ª estrofe
Agora eu conto a história,
Que um dia ouvi contar,
Que a floresta é sagrada,
E devemos respeitar.
Refrão (2x)
Batéiretsé, Batéiretsé,
Morando na floresta, Batéiretsé!
Batéiretsé, Batéiretsé,
Nosso canto nunca vai se esquecer!
Final coletivo:
👉 Todos gritam: BATÉIRETSÉ!!! 🌿🌞✨
🎼 Melodia sugerida (para músico ou violão simples)
👉 Melodia tipo cantiga de roda (como Ciranda Cirandinha ou Peixe Vivo)
👉 Estrutura A-B-A-B (estrofes suaves e refrão alegre)
👉 Instrumentos: pandeirinho, ganzá, reco-reco, tambor pequeno, violão
🌈 Encerramento
👉 Perguntar às crianças:
“Quem aqui também ama a floresta?”
“Quem vai guardar as histórias dos Kariri-Xocó no coração?”
👉 Agradecer com uma pequena reverência ou com as mãos no coração (gesto cultural bonito e respeitoso).
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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