A Fábula da Sardinha e a Cavala
Na imensidão do oceano, viviam duas companheiras muito diferentes: a Sardinha, pequena e sempre em cardume, e a Cavala, veloz e majestosa, senhora das águas profundas.
A Sardinha era humilde e sempre dizia:
— Eu alimento o povo com fartura, mas poucos me veem como especial. Estou nas mesas simples, na panela de barro, no fogo do pescador.
A Cavala respondia com orgulho:
— Eu sou procurada pelos cozinheiros mais renomados. Meu sabor é nobre e raro. Quando chego às mesas, sou celebrada como iguaria.
Certo dia, uma tempestade forte espalhou os cardumes e assustou os grandes peixes. Os pescadores, aflitos, lançaram suas redes. Quem primeiro se deixou encontrar foi a Sardinha, em grande quantidade.
Graças a ela, os pescadores voltaram para casa com comida suficiente para toda a comunidade.
Mais tarde, quando o mar acalmou, surgiu a Cavala, reluzente e vigorosa. Sua carne firme serviu ao banquete da festa de São Pedro, trazendo alegria e sabor à celebração.
Na beira da praia, entre cantos e danças, Sardinha e Cavala se reencontraram. A pequena disse à grande:
— Vês, irmã? Eu alimento o dia-a-dia, tu alegras a festa. Juntas damos sentido à mesa do povo.
E a Cavala respondeu, sorrindo:
— Nem sempre o valor está no tamanho, mas no que cada um oferece ao coração humano.
Desde então, contam os pescadores que Sardinha e Cavala são irmãs do mar: uma simboliza a partilha humilde e a outra a fartura celebrada, e juntas guardam a memória do povo que vive em comunhão com o oceano.
🌿 Moral da fábula:
Assim como no mar, na vida há quem alimente pela simplicidade e quem celebre pela nobreza. Ambos são necessários, pois a cultura e a tradição nascem da união de todos os sabores.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó

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