A Fábula das Crianças e a Raposa
Nas caatingas do Nordeste, o sol dourava o chão seco e as árvores retorcidas guardavam segredos antigos. Duas crianças nativas, Sainá e seu irmão Kaunã, caminhavam pelos campos quando ouviram um farfalhar entre as ramagens.
Era Chorecá, a Raposa esperta, que farejava algo, sempre curiosa como quem procura um mistério escondido.
— Olha ali! — disse Sainá, apontando para o animal. — É o Coiote da TV, procurando o Papa-léguas!
Chorecá ergueu as orelhas e riu com astúcia:
— Coiote? Papa-léguas? Quem são esses que vocês mencionam?
Nesse instante, pousou por perto o Poeba, o Jacu da caatinga, que vinha saltitando entre os galhos.
— Ali está! — gritou Kaunã. — O Papa-léguas chegou agora!
O Jacu arregalou os olhos, meio confuso:
— Papa-léguas? Não sou personagem de desenho, crianças! Meu nome é Poeba, e vivo nestas matas há muito tempo.
Chorecá, com seu jeito sabido, explicou:
— Meus pequenos, vocês confundem o que veem na televisão com o que existe em nossa terra. O Coiote e o Papa-léguas vivem lá no México e nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, vocês têm a mim, Chorecá, que pareço com o Coiote, e têm o Poeba, que lembra aquele Papa-léguas correndo pelo sertão.
As crianças se entreolharam, surpresas.
— Então não é tudo igual? — perguntou Sainá.
— Não, não é — respondeu a Raposa. — Cada país tem seus animais e aves. Alguns se parecem, mas são espécies diferentes. É preciso observar, perguntar, aprender... Vocês devem conversar com a professora para conhecer melhor a fauna e a flora de nossa terra.
Sainá e Kaunã assentiram, felizes com a lição. A caatinga parecia cantar ao redor, como se também aprovasse aquele ensinamento.
Moral da fábula:
Quem conhece a fauna e a flora de sua própria terra aprende a respeitar o lugar onde vive, sem deixar de admirar o que existe em outros cantos do mundo.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó

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