quarta-feira, 27 de agosto de 2025

PIRÁ-ITÁ-AÇU E PIRAJUBA, Os Dourado do Mar e do Rio






A Fábula do Dourados do Mar e do Rio


Dizem os antigos que o Sol, ao nascer, deixa cair faíscas douradas sobre a Terra e o Mar. Dessas faíscas nasceram dois irmãos diferentes: Pirá-itá-açu, o dourado-do-mar, e Pirajuba, o dourado-do-rio.


🐟✨


Pirá-itá-açu vivia nas águas azuis do oceano. Orgulhava-se de seus saltos espetaculares, que faziam o sol brilhar em suas escamas como ouro vivo. Ele dizia aos outros peixes:


— Nenhum peixe é tão livre quanto eu, que nado em mares sem fim e salto mais alto que as ondas!


No coração dos rios, habitava Pirajuba. Forte e valente, enfrentava corredeiras e pescadores destemidos. Sempre que era fisgado, sacudia-se e saltava, lutando até o fim. Com orgulho, dizia:


— Ninguém é mais bravo do que eu! Minha boca dura resiste ao anzol, e meus dentes afiados fazem os outros peixes me temer.


🐟🐟


Um dia, o mar e o rio se encontraram numa foz larga, e os dois irmãos dourados se cruzaram. Logo começaram a discutir:


— Eu sou o verdadeiro dourado, senhor das águas azuis! — disse Pirá-itá-açu, mostrando seu corpo reluzente.

— Engana-se! — respondeu Pirajuba, batendo a cauda contra a corrente. — Sou eu o verdadeiro dourado, senhor dos rios e das quedas!


Enquanto brigavam, aproximou-se um pescador, lançando seus anzóis tanto no mar quanto no rio. Os dois irmãos sentiram o perigo: um anzol no oceano atraiu Pirá-itá-açu, outro no rio tentou prender Pirajuba.


Ambos lutaram, saltaram, rasgaram as águas com coragem. O marulho do oceano e a correnteza do rio ecoaram como tambores. E, ao fim, conseguiram se soltar, escapando juntos, lado a lado.


Exaustos, mas livres, perceberam que durante a luta um brilho os unia: o reflexo dourado que vinha do mesmo Sol. Então, compreenderam.


— Irmão — disse Pirá-itá-açu —, não importa se és do rio ou do mar.

— É verdade — respondeu Pirajuba. — O brilho que carregamos é o mesmo. Somos filhos da mesma luz.


🐟✨🐟


E desde então, contam os pescadores que os dois dourados, embora vivam em mundos diferentes, reconhecem-se como irmãos sempre que o Sol toca suas escamas.


🌟 Moral da fábula


A beleza e a coragem podem se mostrar de muitas formas, mas a luz que nos une é sempre a mesma.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




PIRÁ-ITÁ-AÇU E PIRAJUBA, Os Dourados do Mar e do Rio 


( Versão Cordel Sextilhas )


Nas águas claras do mar

Surge o Pirá-itá-açu,

Brilhando como o tesouro

No reflexo do céu azul.

Salta alto feito raio,

Peixe forte, veloz e nu.


🐟


Nos rios da terra firme

Reina o bravo Pirajuba,

Tem cor de ouro queimado,

Nas barbatanas reluz.

Enfrenta anzol e corrente,

Nunca perde a sua luta.


🐟


Um dia na grande foz

O mar com o rio se achou,

Os dois peixes se encontraram,

E logo o orgulho falou:

— Eu sou o rei das águas!

— Do rio sou o senhor!


🐟


Disputavam sua glória,

Cada qual dono da cor,

Quando chega um pescador

Com seu anzol caçador.

No mar fisga o cabeçudo,

No rio pega o lutador.


🐟


Ambos lutam, ambos saltam,

Com coragem e destemor,

Rasgando águas bravias,

Se soltaram com vigor.

E ao se verem lado a lado

Brilhou neles o mesmo sol.


🐟


— Irmão, vi que és valente,

— E tu brilhas como farol,

— No rio e também no mar

Somos faíscas do sol.

E assim dois peixes dourados

Se tornaram luz maior.


🌟 Moral em cordel


Seja o rio ou seja o mar,

cada ser tem seu valor,

mas a luz que nos unifica

vem do mesmo Criador.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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