quarta-feira, 10 de setembro de 2025

ACARAÇU E A PIRANHA, Os Peixes Aguçados






A Fábula dos Peixes Aguçados 


Nas águas profundas do grande rio, vivia o Acaraçu, conhecido por muitos nomes. Forte, com esporões no lombo, era chamado de o lutador do rio, pois nenhum predador ousava enfrentá-lo sem risco de se ferir.


Certa manhã, nadando pelas correntezas, o Acaraçu encontrou a Piranha-vermelha, famosa por seus dentes afiados e por atacar os peixes descuidados.


— Ora, ora, se não é o Acaraçu, o defensor dos fracos! — zombou a Piranha. — Será que sua coragem resiste aos meus dentes?


O Acaraçu, sereno, respondeu:

— Piranha, não busco briga, mas não fujo dela. Meus espinhos não são para atacar, mas para proteger.


A Piranha deu uma gargalhada de água e espuma:

— Quem protege acaba sendo o primeiro a cair! Melhor ser predadora do que guardião.


Mas quando se lançou contra o Acaraçu, recebeu um golpe certeiro dos esporões do peixe lutador. Ferida, recuou rapidamente, percebendo que a força não estava só nos dentes, mas também na defesa firme e sábia de quem sabe lutar apenas quando é preciso.


Envergonhada, a Piranha afastou-se, aprendendo que nem sempre o mais temido é o mais vitorioso.


Moral da história:

A verdadeira força não está em atacar sem pensar, mas em saber se defender com coragem e sabedoria.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




ACARAÇU E A PIRANHA, Os Peixes Aguçados

( Versão Cordel Sextilhas )


No fundo do rio sereno

O Acaraçu passeava,

Com seu lombo espinhado

A todos impressionava.

Peixe forte e destemido,

Com coragem se mostrava.


A Piranha-vermelhinha

Veio então lhe desafiar,

Com seus dentes afiados

Pronta para lhe atacar:

— Sou a dona destas águas,

Ninguém pode aqui mandar!


Disse o sábio Acaraçu:

— Não procuro confusão,

Mas se a luta for chegada

Resistirei com razão.

Meus espinhos são defesa,

E não armas de agressão.


A Piranha se lançou,

Mordendo com valentia,

Mas sentiu forte no lombo

A defesa que feria.

Recuou toda assustada,

Com vergonha e agonia.


Com os olhos cintilando

O Acaraçu lhe falou:

— A fúria sempre se perde

Se a prudência triunfou.

Quem ataca sem medida

Mais depressa é quem tombou.


Moral da história:

Quem ataca sem pensar

Perde a luta na maré,

Mas quem sabe se defender

Vence a briga como é.

A coragem verdadeira

É ter firmeza e fé.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 






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