A Fábula dos Peixes Aguçados
Nas águas profundas do grande rio, vivia o Acaraçu, conhecido por muitos nomes. Forte, com esporões no lombo, era chamado de o lutador do rio, pois nenhum predador ousava enfrentá-lo sem risco de se ferir.
Certa manhã, nadando pelas correntezas, o Acaraçu encontrou a Piranha-vermelha, famosa por seus dentes afiados e por atacar os peixes descuidados.
— Ora, ora, se não é o Acaraçu, o defensor dos fracos! — zombou a Piranha. — Será que sua coragem resiste aos meus dentes?
O Acaraçu, sereno, respondeu:
— Piranha, não busco briga, mas não fujo dela. Meus espinhos não são para atacar, mas para proteger.
A Piranha deu uma gargalhada de água e espuma:
— Quem protege acaba sendo o primeiro a cair! Melhor ser predadora do que guardião.
Mas quando se lançou contra o Acaraçu, recebeu um golpe certeiro dos esporões do peixe lutador. Ferida, recuou rapidamente, percebendo que a força não estava só nos dentes, mas também na defesa firme e sábia de quem sabe lutar apenas quando é preciso.
Envergonhada, a Piranha afastou-se, aprendendo que nem sempre o mais temido é o mais vitorioso.
Moral da história:
A verdadeira força não está em atacar sem pensar, mas em saber se defender com coragem e sabedoria.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
ACARAÇU E A PIRANHA, Os Peixes Aguçados
( Versão Cordel Sextilhas )
No fundo do rio sereno
O Acaraçu passeava,
Com seu lombo espinhado
A todos impressionava.
Peixe forte e destemido,
Com coragem se mostrava.
A Piranha-vermelhinha
Veio então lhe desafiar,
Com seus dentes afiados
Pronta para lhe atacar:
— Sou a dona destas águas,
Ninguém pode aqui mandar!
Disse o sábio Acaraçu:
— Não procuro confusão,
Mas se a luta for chegada
Resistirei com razão.
Meus espinhos são defesa,
E não armas de agressão.
A Piranha se lançou,
Mordendo com valentia,
Mas sentiu forte no lombo
A defesa que feria.
Recuou toda assustada,
Com vergonha e agonia.
Com os olhos cintilando
O Acaraçu lhe falou:
— A fúria sempre se perde
Se a prudência triunfou.
Quem ataca sem medida
Mais depressa é quem tombou.
Moral da história:
Quem ataca sem pensar
Perde a luta na maré,
Mas quem sabe se defender
Vence a briga como é.
A coragem verdadeira
É ter firmeza e fé.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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