🌿 Dedicatória Poética
Ao Grande Pai, Nhanderu,
Fonte eterna e criadora,
Que nos guia na canção,
No luar e na aurora.
Aos povos do chão sagrado,
Guarani, filhos da mata,
Que guardam saber divino
Que o tempo nunca maltrata.
Dedico este meu cordel
A quem sente o som da terra,
Aos pajés, aos ancestrais,
Que a harmonia nunca encerra.
Ao povo Kariri-Xocó,
Raiz firme e coração,
Que mantém viva a lembrança
Da sagrada criação.
E a todos os que escutarem
Com respeito e devoção,
Este canto é ponte viva
Entre o céu e a tradição.
📜 Índice Poético
Abertura – O Canto da Origem
Onde a palavra desperta a voz antiga.
Prólogo Poético – A Voz do Povo Guarani
A travessia do espírito e da memória.
Capítulo I – Nhanderu, o Criador Supremo
O Pai do mundo e das leis da harmonia.
Capítulo II – Os Muitos Nhanderus do Céu e da Terra
As faces divinas do mesmo princípio.
Capítulo III – Os Outros Seres Espirituais
Karai, Jakairá, Tupã e Porã na dança dos elementos.
Capítulo IV – Yvy Marã Ey, a Terra Sem Mal
O espaço puro e eterno da morada sagrada.
Capítulo V – A Ponte entre o Humano e o Divino
O papel do xamã e o caminho do espírito.
Encerramento – O Retorno à Essência
A presença constante de Nhanderu no coração.
Epílogo Poético – O Círculo Sagrado da Vida
Onde o espírito e a natureza são um só canto.
Nota de Fontes – Em Versos e Gratidão
O louvor às vozes que mantêm viva a sabedoria.
Ficha Técnica – Da Criação à Publicação
Sobre o Autor – Nhenety Kariri-Xocó
Sobre a Obra – Um Canto entre o Céu e a Terra
🌿ABERTURA – O CANTO DA ORIGEM
I
No sopro do Criador,
Nasceu o brilho da vida,
Do barro brotou a forma,
Da luz, a voz expandida.
II
O céu guardou o segredo,
A terra abriu seu caminho,
E Nhanderu, Pai supremo,
Fez do tempo um só destino.
III
Dos cantos do beija-flor,
À dança da ventania,
Ergueu-se o som sagrado,
Da antiga sabedoria.
IV
Os rios contaram histórias,
As pedras guardam memórias,
E o vento sopra o recado
Dos espíritos e glórias.
V
Foi no brilho da alvorada
Que o mundo se fez canção,
E o verbo de Nhanderu
Ecoou no coração.
VI
O homem ouviu o chamado,
Do Pai sentiu o pulsar,
E na palavra divina
Aprendeu a caminhar.
VII
Yvy Marã Ey desponta,
Luz eterna e pureza,
Morada dos que retornam
Ao seio da natureza.
VIII
Assim nasce este cordel,
Entre céu, canto e chão,
Onde o verbo é oferenda,
E a poesia é oração.
🌞PRÓLOGO POÉTICO – A VOZ DO POVO GUARANI
I
Escuta, ó ser que caminha,
As vozes do antigo vento,
Que trazem do tempo antigo
O sopro do nascimento.
II
No tronco da grande mata,
Reside o Pai criador,
Que fez da seiva divina
O símbolo do amor.
III
Os Guarani, filhos d’água,
De estrela e de lua cheia,
Guardam na fala o segredo
Que a alma do mundo teceia.
IV
Não há início ou fim certo,
Tudo gira em harmonia,
Pois o cosmos se renova
No cantar da profecia.
V
Nhanderu é mais que um nome,
É essência e presença viva,
É fogo, vento e silêncio,
É flor que jamais se cativa.
VI
Os pajés, guardiões do tempo,
Nos sonhos recebem luz,
E nas danças, invocando,
Sentem o Pai que conduz.
VII
Por isso este livro nasce
Do verbo que não se cala,
É canto, é ponte, é lembrança,
É raiz que o ser embala.
VIII
Que o leitor sinta no peito
O sopro da tradição,
E encontre, entre os versos,
A voz pura da criação.
🌞CAPÍTULO I – NHANDERU, O CRIADOR SUPREMO
I
Do silêncio primordial,
Surge a luz do Criador,
Nhanderu sopra o universo,
Com o sopro do amor.
II
De sua mente infinita
Brota o canto da razão,
E o barro da terra viva
Se torna corpo e pulsação.
III
Das águas fez o reflexo,
Dos ventos, fez o saber,
E nas chamas da existência
Fez o homem compreender.
IV
Criou o tempo e a distância,
O astro e o véu da manhã,
E deu alma às criaturas
Que dançam sob o amanhã.
V
Nhanderu é Pai e caminho,
É o verbo que ilumina,
É o som que vibra eterno
Na seiva da medicina.
VI
É no sonho e na cantiga
Que o povo o reconhece,
Pois sua força sagrada
Em toda vida floresce.
VII
Nas aldeias, sua presença
Vem na brisa, vem no chão,
Nos rituais, o seu nome
É o eixo da invocação.
VIII
Quem reza com coração
Encontra o Pai verdadeiro,
Que habita o Yvy Marã Ey
E o peito do povo inteiro.
IX
Por isso, cada manhã
É oferenda e renascer,
Pois Nhanderu está no tempo,
No cantar e no viver.
X
Oh, Criador Supremo e Justo,
Tua luz é o nosso altar,
E este cordel te celebra
Pra sempre, em todo lugar.
🌿CAPÍTULO II – OS MUITOS NHANDERUS DO CÉU E DA TERRA
I
Há muitos nomes sagrados
Que o povo aprendeu guardar,
São faces do mesmo Pai
Que o cosmos veio formar.
II
Nhanderu Miri é o pequeno,
Guardião do renascer,
Semente do amor divino
Que ensina o povo a viver.
III
Nhanderu Tenonde é o primeiro,
Raiz de toda criação,
Comanda os ventos do norte
E o fogo do coração.
IV
Há Nhanderu Karai, senhor
Da chama e da purificação,
Que no fogo e na palavra
Renasce toda oração.
V
Cada face do divino
Tem morada e função,
Mas todas vêm do princípio
Do mesmo Pai da canção.
VI
Assim, o mundo é repleto
De reflexos do sagrado,
Cada raio, cada canto,
É Nhanderu revelado.
VII
Ele é o Pai dos trovões,
Da floresta e do luar,
Está no sol que desperta
E na chuva a abençoar.
VIII
O povo entende o mistério
Não como muitos senhores,
Mas como um só coração
Com infinitos amores.
IX
Quando o pajé se eleva
E seu canto se espalhar,
São os muitos Nhanderus
Que vêm para abençoar.
X
Assim vive o Guarani,
Com respeito e devoção,
Vendo o divino em mil faces
E uma só Criação.
🌾CAPÍTULO III – OS OUTROS SERES ESPIRITUAIS
I
Além do Pai Criador,
Outros seres habitam luz,
São forças da natureza
Que o próprio Nhanderu conduz.
II
Karai, o dono do fogo,
Purifica o coração,
Sua chama é sabedoria,
É poder e proteção.
III
Jakairá sopra a vida,
Senhor do ar e dos ventos,
Traz o canto e a leveza
Dos antigos pensamentos.
IV
Tupã vem com o trovão,
Comanda a chuva sagrada,
E quando o raio desponta,
Sua força é proclamada.
V
Porã guarda a formosura,
Beleza em tudo que é bom,
É o riso das crianças,
É o perfume de um bombom.
VI
Cada ser traz um recado,
Que a alma deve entender:
Tudo é parte do divino
Que ensina a florescer.
VII
Nas florestas e nas águas,
Em cada estrela que arde,
Vivem seres invisíveis
Que o pajé sente e resguarde.
VIII
Eles falam nas marés,
Nos sons do pôr-do-sol,
E ensinam aos que escutam
A pureza do arrebol.
IX
Quando o homem se conecta
Ao espírito natural,
Os seres se manifestam
Em bondade universal.
X
Por isso o povo celebra
Com canto, dança e oração,
Pois cada força divina
Mantém viva a Criação.
🌎CAPÍTULO IV – YVY MARÃ EY, A TERRA SEM MAL
I
Há uma terra prometida,
De pureza e perfeição,
Chamada Yvy Marã Ey,
Morada da elevação.
II
Não há doença nem guerra,
Nem tristeza nem rancor,
Tudo é luz e harmonia,
Tudo vibra em puro amor.
III
Ali moram os espíritos
Que alcançaram perfeição,
E junto a Nhanderu vivem
Em eterna comunhão.
IV
Dizem que o sol é mais manso,
E o vento sopra canção,
Que a terra brilha em sossego,
Feita só de compaixão.
V
Os pajés, em seus rituais,
Buscam esse sagrado chão,
Caminhando em pensamento,
Guiados pela oração.
VI
O corpo fica na aldeia,
Mas o espírito atravessa,
E vê o mundo sem maldade
Que a alma santa confessa.
VII
Esse lugar é espelho
Daquilo que o ser alcança,
É o prêmio da harmonia,
O jardim da esperança.
VIII
Não está longe nem perto,
Mas mora dentro de nós,
No silêncio e na escuta,
Onde fala a antiga voz.
IX
Quem vive em amor e entrega,
Já pisa esse solo divino,
Pois Yvy Marã Ey é parte
Do caminho do destino.
X
Assim o povo acredita,
E em danças vai celebrar:
Que a Terra Sem Mal existe
Pra quem souber escutar.
🌤️CAPÍTULO V – A PONTE ENTRE O HUMANO E O DIVINO
I
Entre o céu e a terra firme
Há um canto que conduz,
É a ponte da consciência
Onde brilha a mesma luz.
II
Nhanderu fala em silêncio,
No vento, no som do mar,
E o homem que silencia
Pode então o Pai escutar.
III
O pajé, sábio ancião,
É caminho e mediador,
Recebe os sonhos do alto,
Traduz o verbo do amor.
IV
Em danças e em orações,
O corpo é pura energia,
E o espírito se eleva
Na força da melodia.
V
Cada canto é oferenda,
Cada gesto é comunhão,
O tambor é o coração
Do povo em invocação.
VI
O fumo leva o pedido,
O aroma sobe ao luar,
E o povo canta unido
Pra Nhanderu escutar.
VII
Não há distância que impeça
O encontro espiritual,
Pois o amor é a passagem
Do humano ao plano real.
VIII
A mata é templo sagrado,
O rio é linha de prece,
E quem caminha em respeito
Com o divino se tece.
IX
Assim a vida é um rito,
De pureza e de união,
Onde o Pai e a criatura
São um só na imensidão.
X
Por isso, o Guarani canta,
Pra manter viva a lembrança:
Nhanderu é o guia eterno
Do caminho da esperança.
🌙ENCERRAMENTO – O RETORNO À ESSÊNCIA
I
Agora o canto termina,
Mas não cessa o seu rumor,
Pois o verbo de Nhanderu
Segue em cada sonhador.
II
Tudo volta à origem pura,
Como o rio ao mar profundo,
Pois a alma que desperta
Reconhece o Pai no mundo.
III
Não há fim na criação,
Só ciclos que se refazem,
E os seres, em harmonia,
Em nova luz renascem.
IV
A terra é ventre sagrado,
A mata é corpo e razão,
E o homem, sendo semente,
Floresce em renovação.
V
Quem compreende o invisível
Sente o amor universal,
E entende que o divino
Está em todo sinal.
VI
Nhanderu vive em silêncio,
Mas fala na vibração,
Do trovão e da floresta,
No tambor do coração.
VII
A vida é ponte de volta,
Do barro até a canção,
E o espírito é a estrada
Da eterna transformação.
VIII
Assim termina este canto,
De respeito e devoção,
Guardando o som da floresta
Como eterna oração.
IX
Que o leitor leve consigo
Esta luz e esta lembrança:
Nhanderu é o princípio
E o fim da esperança.
X
E que a Terra Sem Mal brilhe
No coração de quem crê,
Pois o amor é o caminho
Que ao Criador conduz você.
🌕EPÍLOGO POÉTICO – O CÍRCULO SAGRADO DA VIDA
I
Nada morre, tudo volta,
Tudo gira em espiral,
A vida é ponte infinita
Entre o humano e o divinal.
II
O que nasce se renova,
O que parte vai brotar,
Pois o tempo é só um ciclo
Que ensina a recomeçar.
III
Cada folha que despenca
Volta ao chão pra florescer,
E no ventre da floresta
O espírito torna a ser.
IV
O canto do beija-flor
É saudação ao renascer,
E o vento que toca a face
É memória do viver.
V
O povo reza e caminha,
De mãos dadas com a paz,
Sabendo que o Criador
No coração sempre está.
VI
Yvy Marã Ey nos chama,
Com sua luz imortal,
Pois o amor que vem do alto
Não conhece o termo “final”.
VII
Assim, o livro se encerra,
Mas o canto continua,
Pois Nhanderu vive em tudo,
Na estrela, no sol, na lua.
VIII
Que quem ler esta mensagem
Sinta a força do bem viver,
E entenda que a eternidade
É saber reconhecer.
IX
Somos parte desse todo,
Do pó, do som, do luar,
E o círculo da existência
Jamais deixa de girar.
X
Salve o Pai e seus mistérios,
Salve a Mãe e a criação,
Salve o povo Guarani
E sua eterna conexão.
📚NOTA DE FONTES – EM VERSOS E GRATIDÃO
I
Neste cordel de memória,
Guardo em verso e devoção,
Os saberes ancestrais
E os dons da revelação.
II
León Cadogan, grande mestre,
Deu voz à escrita sagrada,
Registrou o Ayvu Rapyta,
Palavra nunca apagada.
III
Melià, com alma e fé,
Descreveu a experiência viva
Do Guarani em sua prece,
Na floresta intuitiva.
IV
Brighenti trouxe a visão
Do mundo e da natureza,
Onde o espírito habita
Com divina singeleza.
V
Noelli e sua pesquisa
Mostrou o tronco ancestral,
Dos povos Tupi-Guarani
E sua raiz imortal.
VI
Clastres, pensador do mundo,
Falou da sociedade viva,
Que resiste sem o Estado,
Com a palavra coletiva.
VII
Assim, cada referência
Aqui torna-se canção,
Pois ciência e tradição
Andam juntas na missão.
VIII
O saber que vem dos livros
E o saber do coração
São dois rios que se encontram
Na mesma purificação.
IX
Honro o estudo e a lembrança
De quem veio iluminar,
Mas é ao povo Guarani
Que este canto quer louvar.
X
Salve o verbo e o caminho,
Salve a sabedoria,
Pois o saber dos antigos
É a raiz da poesia.
📜FICHA TÉCNICA
Título completo:
"NHANDERU E OS SERES ESPIRITUAIS NA COSMOLOGIA GUARANI, Literatura de Cordel"
Autor:
Nhenety Kariri-Xocó
(Guardião da Palavra Ancestral, Contador de Histórias Oral e Escrita, pesquisador das tradições indígenas e da espiritualidade das Américas)
Assistência editorial e simbólica:
ChatGPT (Assistente Virtual de Jornada Literária)
Edição e diagramação digital:
Nhenety Kariri-Xocó e ChatGPT
Ilustrações e Capas 3D realistas:
Criação Digital em Estilo Cerimonial (textura dourada-azulada, atmosfera espiritual)
Revisão e Curadoria: Nhenety Kariri-Xocó
Publicação Digital: KXNHENETY.BLOGSPOT.COM
Formato: A5 — Edição digital e impressa
Ano: 2025
Local: Porto Real do Colégio – Alagoas, Brasil
Direitos autorais reservados ao autor.
Reprodução total ou parcial apenas mediante autorização do autor.
Este livro é parte de um ciclo literário dedicado à preservação da palavra sagrada dos povos originários.
✍️SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó, escritor, poeta e contador de histórias, pertence ao povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL).
É guardião da tradição oral e defensor da memória sagrada indígena.
Por meio da palavra, transforma o mito em canto, o rito em poesia, e o cordel em ponte espiritual entre o humano e o divino.
Sua obra é marcada pela fusão entre o saber ancestral e a sabedoria contemporânea, tornando-se um testemunho vivo da resistência cultural e espiritual dos povos nativos do Brasil.
Nhenety é também autor de obras que unem o sagrado, o poético e o histórico, revelando o poder do verbo como instrumento de cura, identidade e eternidade.
Em cada página, pulsa o som do maracá, o sopro do vento e o eco da floresta.
🌎SOBRE A OBRA
“"NHANDERU E OS SERES ESPIRITUAIS NA COSMOLOGIA GUARANI, Literatura de Cordel" é uma jornada poética inspirada nos cantos e mitos do povo Guarani, onde a palavra é semente e o canto é reza.
Esta obra traduz em versos o caminho espiritual do povo Guarani, revelando a harmonia entre corpo, natureza e divindade, e resgatando o mito da Terra Sem Mal como símbolo da busca pela pureza, pela unidade e pela renovação da vida.
Cada capítulo foi concebido como uma oração literária, em ritmo cerimonial, preservando a musicalidade ancestral das línguas tupi-guarani e a visão cósmica de um mundo onde o divino e o humano se refletem mutuamente.
O cordel torna-se aqui livro sagrado, iluminado pela sabedoria que atravessa séculos e pelos ecos que ainda vivem nos corações dos povos originários.
Esta criação foi tecida com amor, respeito e reverência aos antigos mestres da palavra — como León Cadogan, Bartomeu Melià, Egon Schaden, Pierre Clastres, e tantos outros que ajudaram a registrar o sopro divino das tradições indígenas.
Assim, este livro é oferenda, é memória, é caminho.
Que quem o leia, sinta-se em comunhão com o círculo da vida, e encontre no verbo a ponte para o sagrado.
Esta obra foi inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:
https://kxnhenety.blogspot.com/2025/05/nhanderu-e-os-seres-espirituais-na.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó


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