Era uma vez uma antiga sabedoria contada pelos povos que escutam a voz da Terra e conversam com o vento. Essa sabedoria dizia que a natureza era uma grande família. Uma família viva, pulsante, onde cada elemento tinha seu papel, seu parentesco, seu espírito.
Na origem de tudo, surgiram quatro grandes anciões: o Fogo, o Ar, a Água e a Terra. O Fogo e o Ar eram os guardiões do masculino. A Água e a Terra, as matriarcas do feminino. Unidos, esses quatro formaram a semente da vida, e dela nasceu uma linhagem de incontáveis seres e fenômenos.
O Sol, irmão do Fogo, aqueceu as águas profundas dos mares. A Água, tocada por seu calor, evaporou e dançou com o Ar. Dessa união nasceu a fumaça — uma filha leve e errante. Ao se condensar no alto do céu, a fumaça se fez nuvem: a neta. Quando chorou, deu à luz a chuva: a bisneta. E as águas da chuva correram pela Terra, formando os rios: os tataranetos do Fogo e da Água. Assim crescia, geração após geração, a árvore genealógica do mundo.
Mas não parava por aí. A montanha, imensa e silenciosa, era filha da Terra e do Fogo. Foi o calor interior, vindo das profundezas, que fez a Terra estremecer e erguer suas serras, cuspindo lava pelos vulcões. Cada forma da paisagem tinha seu nascimento, seu sangue, sua linhagem.
Os humanos, por sua vez, também pertenciam a essa grande família. Em seus corpos, levavam os quatro elementos: a Terra nos ossos, a Água no sangue, o Fogo na energia que os movia, e o Ar na respiração — o espírito que sopra a vida.
Na visão dos povos originários, a Terra era chamada de Mãe, e por vezes de Avó, pois na tradição os avós criam os netos com carinho ancestral. O Sol era Pai. A Lua, Mãe. Assim se formava o laço eterno: o céu, a terra, os rios, os animais, as árvores e os humanos — todos parentes, todos filhos da mesma essência.
"Observem bem", dizia o ancião Nhenety Kariri-Xocó aos que o escutavam, "olhem as montanhas, sintam o vento, vejam a chuva e reconheçam os traços da família. Como irmãos e irmãs dessa natureza sagrada, devemos protegê-la. A Avó Natureza tem suas leis, e cabe a nós segui-las com respeito e gratidão."
E assim, quem ouvia aquela história nunca mais olhava o mundo da mesma maneira. Porque, ao reconhecer a Natureza como família, reconhecia a si mesmo como parte do todo.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho da capa no dia 11 de maio de 2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário