terça-feira, 30 de agosto de 2022

VERBO NI 'EXISTIR, HAVER, TER, CAUSAR'


 Recentemente notei que entre algumas palavras da língua Kipeá existe o tema 'ter' ou 'causar' no começo delas:


NHIKIENGI 'CAUSAR compaixão'

NHICORO 'TER preguiça'

NHICRAE 'TER vontade'


e muito provavelmente


BABANHI 'esperar' através de BABA 'estar-estar' + NHI 'haver' ou 'causar'

NIYO (Escrito NIO por Mamiani), possivelmente composto entre NI 'causar' mais o HO de TSOHO 'existir' com palatalização da fricativa velar /ɣ/ > /j/, com transformação de ativo para passivo: 'causar existir' > 'criar' > 'ser criado, fazer-se'


 A existência desse verbo também pode ser comprovada pelos seus cognatos externos, um encontrado na família Nadahup com o mesmo formato (Hup: ni 'estar' Hupd'äh do Alto Rio Negro: ni 'estar, existir' e Yuhupdeh: ni 'estar, existir, ter') e outro também com o mesmo formato e significado encontrado na língua Yaathê de acordo com o estudioso Geraldo Lapenda em sua publicação "Estrutura da Língua Iatê" de 1968 na página 19: ni 'ter'.



Autor da matéria: Ari Loussant


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS PELE E PERE


Em ambas as palavras pele / pere 'sair' e pele / pere "dizer, contar"


Há alguns meses atrás eu publiquei minha hipótese sobre essas duas palavras e qual seria seu significado, na época eu estava convencido de que ambas faziam parte do um grupo de palavras pequeno que possuíam o prefixo causativo pe- atrelado à elas, hoje vejo por um lado diferente, comecemos com o pele / pere 'dizer, narrar':


1º) Pele / Pere 'dizer, narrar': Essa palavra possui dois morfemas, *pe* e *le*, assim como Mamiani explicou, a maioria das palavras dentro dessa língua tendem a ser monossilábicas, e por conta disso, a maioria das palavras que possuem mais de uma sílaba e que são nativas dessa língua são tratados como compostos, teorizo ser o mesmo caso aqui, palavras com sentido único e direto normalmente indicam que a palavra é um composto de sinônimos, outra informação importante é a variação do fonema [e] da primeira sílaba, dentro do catecismo de Nantes a primeira sílaba surge como *po* duas vezes, o que normalmente indica uma variação na pronúncia da vogal e portanto um schwa, reconstruo a primeira sílaba como *pə 'dizer, falar, contar, narrar', já a segunda sílaba provavelmente só surge outra vez no verbo perguntar do Dzubukuá (u-LE-quiddi) e do Kipeá (e-RE-kidi) o que ainda indica o ato de se expressar oralmente, portanto reconstruo essa palavra também como *le 'dizer, falar, contar, narrar'.


2º) Pele / Pere 'sair': Essa palavra teorizo, assim como seu homófono, ser um composto de sinônimos, a primeira sílaba se parece bastante, tanto na estrutura como no significado, com a palavra do Proto-Macro-Jê *py₁c° 'sair', é difícil dizer se isso indica que a palavra é um empréstimo ou um cognato distante, mas pode dar uma pista sobre a pronúncia correta dessa palavra, indicando que o [e] de PE não é um /e/ fechado e sim uma vogal diferente da que foi anotada, tal natureza pode ser corroborada pela clara necessidade dos falantes das línguas Kariri de discernir esse composto com outras palavras para carregar um sentido extra que afirmasse qual dos dois estava sendo falado, como PELE-WI 'sair-ir' que indica a palavra de movimento e ME-PELE 'dizer-dizer' que indica a palavra de expressão, portanto hipotetizo que a palavra PE tenha tido o mesmo fonema que o PE de PELE de falar, portanto um schwa, com essa primeira sílaba como *pə 'sair', já a segunda sílaba, até onde eu sei, não surge em outros vocábulos dessa língua, mas como disse anteriormente, suspeito ser essa palavra também um caso de composto de sinônimos, portanto o significado da segunda não se difere muito da primeira, portanto reconstruo essa palavra como *le 'sair'.



Autor da matéria: Ari Loussant


sábado, 20 de agosto de 2022

O POSSÍVEL ERRO DE PELIBO


 Falarei dessa palavra logo em seguida pois a primeira sílaba é a mesma palavra pe que foi discutido anteriormente, libo no entanto é o "erro" que gostaria de discutir, essa palavra surge uma única vez nessa forma, mas surge duas vezes em sua forma alternativa e muito provavelmente original *dibo*:


Ambos do Katecismo Indico, p. 359

...do coho hanwoba anhiéra ennaa, diboba arôa ;

"vosso cuidado seria de varrer vossa casa, de lavar a roupa"


e


diboba aiddhia enna iddeho didibote do andzeya...

"deveis lavar vossos corações com o sabaõ de hum verdadeiro pezar..."


 Uma evidência que explica a existência de libo é a palavra danlan 'querer, desejar', cognata do Kipeá saerae, que surge como danlan duas vezes, dalan uma vez e *lanlan* um vez.


 Vamos começar discutindo a possibilidade etimológica antes de presumir que algo está certo ou errado. Comecemos com Danlan e voltemos depois para Dibo:


 Danlan é cognato de Saerae, ambos tem o significado de 'querer, desejar', a estrutura de ambos sugere que a palavra do Proto-Kariri fosse *cələ. 


 Danlan surge com duas variantes dentro Catecismo de Nantes: dalan (sem nasalização, o que corresponde com a estrutura vocálica conservadora do Kipeá) e lanlan (o principal problema dessa discussão)


Antes do argumento final, vamos concluir a hipótese de Dibo:


 Dibo não surge no Kipeá, mas surge em uma frase que Martius anotou de um dos dialetos do Sul: la tibo giro anah "(la ?) lavar minha roupa desejo", o que indica sua continuidade entre os dialetos dessa família. Não parece ser um empréstimo do Proto-Macro-Jê, é muito provavelmente uma estrutura nativa dessas línguas, o único possível cognato da primeira sílaba que fui capaz de encontrar foi da língua Hup j'id "lavar" (o j' do Hup na ortografia de Patience Epps indica a consoante /ɟˀ/), se essa raiz estiver conectada, seria possível reconstruir essa palavra como *ɟi "lavar" com fortição *ɟ > d.


 Bo não tem qualquer cognato que pude encontrar nos documentos que tenho disponível, no Proto-Caribe temos algo como *kVka, e no Boróro kabi, nenhum dos dois se parece com a raiz *bo, também não tenho razão para acreditar que é um empréstimo do Macro-Jê, pois não se parece nem com *pũ₂c 'limpar' ou *pi 'lavar, mas é possível deduzir que seu significado não está distante da primeira sílaba, portanto não irei reconstruir essa palavra, mas manterei ela com o significado hipotético de 'lavar, limpar'.


 Devemos levar em consideração que Nantes tentou anotar boa parte de seu catecismo de forma fonética e não tão padronizada quanto Mamiani, se esse for o caso para todas as palavras, teríamos que considerar a possível evolução de oclusivas palatais (isto é /c/ e /ɟ/) para uma lateral /l/ no dialeto Dzubukuá, seguindo os seguinte modelo:


1º) *c e *ɟ > ð ~ d > l


 Deve-se lembrar que isso é uma possibilidade, a outra possibilidade é interpretar isso como um erro tipográfico, já que só ocorreu uma vez por palavra. O fato de eu estar argumentando sobre essa possibilidade é por que essa transformação fonética já ocorreu em outra língua brasileira, o Ingain do grupo Jê Meridional ou Jê do Sul, vide o exemplo abaixo:


Proto-Macro-Jê *j-ar(a)

Proto-Jê-Meridional *θ-ãr

Kaingang *ɸẽr

Laklãnõ *ðãl

Ingain *l-ar


 De acordo com Nikulin, a transformação foi 

*c > *θ > *ð > *l 

ou 

*c > *θ > *ɬ > *l. 


 Futuros estudos irão esclarecer melhor se devemos considerar essa variação de fonemas um erro de quem escreveu o catecismo ou uma genuína transformação única do dialeto Dzubukuá.



Autor da matéria: Ari Loussant



A PALAVRA PEKLA


Pekla 


/'pekla/ (de acordo com a ortografia de Nantes em duas ocasiões, pág. 159 e pág. 195)


 Esta palavra surge cerca de 7 vezes no Katecismo Indico de Bernardo de Nantes, com o significado de 'lavar' e por extensão semântica 'riscar', é composta de duas raízes pe e kla, a primeira, ou possivelmente ambas, são muito provavelmente empréstimos de línguas do grupo Macro-Jê, analisemos a primeira raiz:


*Pe*

 

 Esta raiz tem o significado de lavar e possui uma estrutura idêntica à do Proto-Macro-Jê *pi, esta palavra provavelmente foi adotada no mesmo período que hem / hẽ "madeira, lenha", que vem do Proto-Macro-Jê *pĩm°, pois demonstra a mesma evolução da vogal *i > e, apesar de ao contrário de hem / hẽ, não ter passado pelo processo de *p > h, o que provavelmente indica que essa transformação era alofônica, ou seja, ambos os fonemas transitavam entre si.



*Kla*


 Esta é a mais difícil de se conectar, não fui capaz de encontrar um cognato no Proto-Macro-Jê, mas fui capaz de encontrar a palavra krəjkrəj da língua Arikapú no trabalho de Andrey Nikulin que tem o significado de 'lavar', apesar disso não indicar que essa palavra veio diretamente do Arikapú (pois essa língua faz parte da família Jabutí, uma família do Sul de Rondônia), isso indica que houve uma palavra na família Proto-Brasílica e possivelmente dentro do Macro-Jê com a estrutura *kɾə(j) ~ *klə(j) "lavar". 


 Se esta primeira hipótese estiver incorreta, então é possível que kla faça parte do mesmo grupo de palavras que klu / kru, que são encontros consonantais formados a partir da abreviação de palavras dissilábicas, no caso de klu / kru, é possível ver algo próximo de sua estrutura original no Boróro *kudu, o que indica que houve um período em que uma consoante (provavelmente uma oclusiva alveolar surda /t/ ou sonora /d/) sofreu rotacismo /ɾ/ ou lateralização /l/ e devido à sílaba tônica oxítona das línguas Kariris, "engoliu" a vogal da primeira sílaba, portanto:


1º) kutu ~ kudu

2º) kuɾu ~ kulu

3º) kɾu ~ klu.



Autor da matéria: Ari Loussant



quarta-feira, 17 de agosto de 2022

CARGOS POLÍTICOS DO PODER EXECUTIVO


Presidente = Dz.: klâratsâ / Kp.: kraeratsãe / Sb.: klörazö ~ lörazö / Km.: krörazang (composto entre klâ / krae / klö ~ lö / krö "povo, gente", palavra que deriva dos dialetos do sul + ra / ra / ra / ra "terra" + tsâ / tsãe / zö / zang "cabeça")


Vice-Presidente = Dz.: tûklâratsâ / Kp.: týkraeratsãe / Sb.: ttuklörazö ~ ttulörazö / Km.: ttukrörazang (composto entre tû / tý / ttu / ttu "sub-, vice-" + Dz.: klâtsâ / Kp.: kraetsãe / Sb.: klözö ~ lözö / Km.: krözang "presidente")


Ministro = Dz.: yâdze / Kp.: yãedze / Sb.: yöze ~ yöce / Km.: yangze ~ yangce (composto entre yâ / yaen / yö / yang "grande" + dz- / dz- / z- ~ c- / z- ~ c- "prefixo relacional", adicionado genericamente para evitar o encontro vocálico + e / e / e / e "carga, fardo", literalmente "cargo grande", baseado no birmanês ဝန်ကြီ wankri)


Senador = Dz.: gedzâmtsâ / Kp.: yedzaetsãe / Sb.: gezözö ~ gecözö / Km.: gezaza ~ gecaza (composto entre  ge / ye / ge / ge "cima, arriba" + dz- / dz- / z- ~ c- / z- ~ c- "prefixo relacional", adicionado genericamente para evitar o encontro vocálico + âm / ae / ö / a "casa", da primeira sílaba do Dzubukuáâmra ~ era e do Kipeá era e possivelmente ambu 'tocaia' + tsâ / tsãe / zö / za "pessoa", literalmente "pessoa da casa/câmara superior (senado federal)")


Deputado Federal = Dz.: tûdzâmtsâ / Kp.: týdzaetsãe / Sb.: ttuzözö ~ ttucözö / Km.: ttuzaza ~ ttucaza (composto entre tû / tý / ttu / ttu "sub-, vice-" + dz- / dz- / z- ~ c- / z- ~ c- "prefixo relacional", adicionado genericamente para evitar o encontro vocálico + âm / ae / ö / a "casa", da primeira sílaba de Dzubukuá âmra ~ era e do Kipeá era 'casa' e possivelmente ambu 'tocaia' + tsâ / tsãe / zö / za "pessoa", literalmente "pessoa da casa/câmara inferior (câmara dos deputados)")


Governador = Dz.: naratsâ / Kp.: naratsãe / Sb.: narazö / Km.: nang'razang (composto entre nara / nara / nara / nang'ra "estado, província" + tsâ / tsãe / zö / zang "cabeça")


Vice-governador = Dz.: tûnaratsâ / Kp.: týnaratsãe / Sb.: ttunarazö / Km.: ttunang'razang (composto entre tû / tý / ttu / ttu "sub-, vice-" +  naratsâ / naratsãe / narazö / nang'razang "governador"


Prefeito = Dz.: yâbatsâ / Kp.: yãebatsãe / Sb.: yöpazö / Km.: yangpazang (composto entre yâba / yãeba / yöpa / yangpa "cidade" + tsâ / tsãe / zö / zang "cabeça")


Vice-Prefeito = Dz.: tûyâbatsâ / Kp.: týyãebatsãe / Sb.: tuyöpazö / Km.: tuyangpazang (composto entre tû / tý / ttu / ttu "sub-, vice-" + yâbatsâ / yãebatsãe / yöpazö / yangpazang)


Deputado Estadual = Dz.: nara tûdzâmtsâ / Kp.: nara týdzaetsãe / Sb.: nara ttuzözö ~ nara ttucözö / Km.: nang'ra ttuzaza ~ nang'ra ttucaza (frase composta de nara / nara / nara / nang'ra "estado, província" + tûdzâmtsâ / týdzaetsãe / ttuzözö ~ ttucözö / ttuzaza ~ ttucaza "deputado")


Vereador = Dz.: dumedili / Kp.: dumediri / Sb.: tumetili / Km.: tumetili (literalmente significa "aquele que dá dizer" ou seja, "conselheiro", tradução baseada no inglês councillor).



Autor da matéria: Ari Loussant



CLIMA E ESTAÇÕES DO ANO


Clima = Dz.: kyehâ / chesae / cesö / cisa (composto entre kye / che / ce / ci "dia, sol" + hâ / sae / sö / sa "vento, ar", inspirado pelo chinês 天氣 tiānqì)


Meteorologia = Dz.: bâlinâ / baerinae / bölinö / balina (composto entre bâ / bae / bö / ba "subir" + li / ri / li / li "para lá, além" + -nâ / -nae / -nö / -na "saber fazer", com extensão semântica para "-logia", tradução direta do termo grego μετεωρολογία meteorología)


Climatologia = Dz.: kyehânâ / chesaenae / cesönö / cisana (composto entre kyehâ / chesae / cesö / cisa "clima" + -nâ / -nae / -nö / -na "-logia"



Estações do Ano


Primavera: Dz.: puruha / Kp.: purusa / Sb.: purusa / Km.: purusa "lit.: nascer das flores"


Verão: Dz.: makye / Kp.: mache / Sb.: mace / Km.: maci "lit.: sol que queima, escaldante"


Outono: Dz.: âradzi / Kp.: aerãdzi / Sb.: örazi / Km.: arazi "lit.: cair das folhas"


Inverno: Dz.: ñikudzi / Kp.: nhikudzi / Sb.: nikuzi / Km.: nikuzi "cair da neve"


 Estas estações do ano não refletem muito bem o clima nativo do Nordeste, por isso decidi dar nomes separados para as duas estações que ocorrem nessa região:


Estações do Ano (Nordeste)


Estação chuvosa: Dz.: dzâ hângi / Kp.: dzae saengi / Sb.: cö söngi / ca sangi "lit.: estação de chuva" a palavra hângi / saengi / söngi / sangi é um composto entre hâ / sae / sö / suo "vento, ar" + ngi / ngi / ngi / ngi "quando, tempo" = "temporada, estação"


Estação seca: Dz.: kla hângi / Kp.: kra saengi / Sb.: kla söngi / Km.: kra sangi "lit.: estação seca"



Autor: Ari Loussant



terça-feira, 9 de agosto de 2022

SIGNIFICADO DE APLU / EPRU E O NÚMERO MIL


 Há um tempo atrás eu havia lido a publicação de De Goeje chamada Das Kariri de 1932, ela com certeza não é a melhor fonte para os estudos dessa família, já que está lotado de hipóteses sem sentido baseadas na fala de Mamiani de que essa língua se assemelha ao hebraico no aspecto monossilábico, De Goeje parece ter interpretado isso como se as línguas Kariri tivessem o mesmo sistema de raízes triconsonantais da família Semítica, a ponto de teorizar que até as consoantes e vogais tinham significados por si só.


 No entanto, isso não significa que tudo que De Goeje disse é inválido, ele foi um dos primeiros que deu um impulso nos estudos comparativos entre a família Kariri e a família Caribe, também teve algumas hipóteses bem precisas sobre o significado de algumas palavras, como no caso de plu/pru, que ele traduziu como 'intumescimento', ou no português moderno 'inchaço'. Mamiani em sua gramática (página 59) traduz essa palavra como "tudo isso", além dela surgir novamente entre os classificadores (página 54) como o classificador para molhos e cachos, corroborando para o argumento de que seu significado era de 'inchaço' e possivelmente 'inchar'.


 Agora que sabemos da existência dessa palavra, vamos para o argumento principal, a palavra para mil, já sugeri alguns sistemas de numeração, o mais recente segue da seguinte maneira:


0 = Dz.: di / Kp.: dý / Sb.: tü / Km.: tü (derivado da raiz *dV 'não', no sentido de não haver algo)


1 = Dz.: tsa / Kp.: tsã / Sb.: za / Km.: zang (derivado da raiz t͡sə 'cabeça' no sentido de primeiro, assim como foi utilizado no Dzubukuá *itsebute, a vogal foi alterada de ə > a para soar diferente da palavra para cabeça)


2 = Dz.: dae / Kp.: dé / Sb.: dä / Km.: dä (derivado da raiz *dɛ "amigo, camarada", inspirado pela palavra rengre do Kaingang que significa 'dois' e 'companheiro, irmão')


3 = Dz.: ho / Kp.: so / Sb.: so / Km.: so (derivado da raiz *so 'a, contra', no sentido de estar contra os outros dois dedos)


4 = Dz.: ga / Kp.: ga / Sb.: cha / Km.: cha (derivado da raiz ɣə 'muito', inspirado pela raiz utilizada no número 4/5 do Kamurú *bicho, a vogal foi alterada de ə > a para soar diferente da palavra para muito)


5 = Dz.: mui / Kp.: mý / Sb.: mü / Km.: mü (derivado da raiz *mɨ 'tomar, levar, ser levado' com extensão semântica para 'mão' e posteriormente 'cinco')


6 = Dz.: muitsa  / Kp.: mýtsã / Sb.: müza / Km.: müzang (5 + 1)


7 = Dz.: muidae / Kp.: mýdé / Sb.: müdä / Km.: müdä (5 + 2)


8 = Dz.: muiho / Kp.: mýso / Sb.: müso / Km.: müso (5 + 3)


9 = Dz.: muiga / Kp.: mýga / Sb.: mücha / Km.: mücha (5 + 4)


10 = Dz.: ba / Kp.: ba / Sb.: pa / Km.: pa (derivado da raíz *bə 'todos', no sentido de todos os dedos das mãos estarem presentes, a vogal foi alterada de ə > a para soar diferente da palavra para todos)


100 = Dz.: ya / Kp.: yã / Sb.: ya / Km.: yang (derivado da raiz *jə 'grande', a vogal foi alterada de ə > a para soar diferente da palavra para grande)


1000 = Dz.: ki / Kp.: chi / Sb.: ci / Km.: ci (derivado da raiz *ci 'comprido')


1000000 = Dz.: ma / Kp.: ma / Sb.: ma / Km.: ma (derivado da raiz *ma 'longe') 


 Depois de descobrir a existência da palavra *bə 'mão', eu decidi que iria procurar um método para trocar o número 10 e o número 5 para algo mais satisfatório, quando encontrei a palavra plu / pru 'inchaço' logo lembrei da etimologia da palavra thousand do inglês que é descendente do Proto-Indo-Europeu *tuHsont-, cujo muito provavelmente deriva da raiz *tewh₂- 'inchar', portanto decidi mudar os seguintes números


5, 6, 7, 8 e 9 param de usar a raíz mû / mý / mü / mü e começam a usar ba / ba / pa / pa, que deriva da palavra *bə 'mão', portanto:


5 = Dz.: ba / Kp.: ba / Sb.: pa / Km.: pa

6 = Dz.: batsa / Kp.: batsã / Sb.: paza / Km.: pazang

7 = Dz.: badê / Kp.: badé / Sb.: padä / Km.: padä

8 = Dz.: baho / Kp.: baso / Sb.: paso / Km.: paso

9 = Dz.: baga / Kp.: baga / Sb.: pacha / Km.: pacha


O número 10 deixa de ser ba / ba / pa / pa, para que não haja confusão com o número 5 e seus derivados, passa a derivar da palavra *mə 'mais', que surge em maehae e manhem, ambos com o significado de 'mais' no Kipeá e Dzubukuá respectivamente, também haverá uma alteração de ə > a para que não seja homófona da palavra *mə, portanto:


10 = Dz.: ma / Kp.: ma / Sb.: ma / Km.: ma


O número 1000 passa a ser portanto a raiz com o significado de inchaço, inspirado na etimologia do número mil das línguas indo-europeias, portanto:


1000 = Dz.: plu / Kp.: pru / Sb.: plu / Km.: pru


E por último o número 1000000 toma a palavra que anteriormente representava o número 1000, portanto:


1000000 = Dz.: ki / Kp.: chi / Sb.: ci / Km.: ci


Creio que essa é a última alteração grande que farei nos números, não tenho intenção de alterar o sistema biquinário (isto é, a contagem de números maiores que 5 como 5+1, 5+2, etc) e também já estabeleci números cinco e dez satisfatórios, as únicas alterações futuras provavelmente serão a adição de números maiores que um milhão, cujo enviarei em algum momento no futuro.



Autor da matéria: Ari Loussant



ESTUDO SOBRE O SUBSTRATO DO KARIRI


 Esse é um estudo um pouco mais avançado, trata-se de uma discussão sobre a possível ou as possíveis línguas que influenciaram a família Kariri ao longo de sua história, línguas de substrato são línguas de menor influência que são suplantadas por línguas de maior influência (nesse caso o Kariri), mas ainda assim deixam traços de sua existência na fonologia e no léxico da língua maior, isso aconteceu com as línguas celtas que influenciaram as línguas romances que as suplantaram, como no caso do Português, Espanhol e Francês.


 Os Kariri muito provavelmente migraram de sua Urheimat (termo linguístico para se referir à terra natal de um grupo linguístico) na Amazônia para o Nordeste Brasileiro, provavelmente seguindo o caminho dos rios e se assentando em alguns, como os Dzubukuá no Rio São Francisco. Ao longo dessa migração, sem dúvidas esse povo interagiu com outras nações de outros grupos linguísticos, e essas interações deixaram suas marcas dentro da língua Kariri:


 Substrato Macro-Jê


 Essa é a hipótese cujo o léxico é mais fácil de se achar, existem vários exemplos de palavras que tem cognatos dentro da família Macro-Jê, antes achei que era uma herança comum do Proto-Brasílico, mas muitos desses vocábulos parecem ser específicos do Macro-Jê, o que me leva a crer que houve uma língua dessa família que interagiu bastante com os Kariri e exportou seus vocábulos para eles, estas são algumas palavras para exemplificar:


Kro 'pedra', do Macro-Jê *kra(C) ~ *krỹ(C), parece ter semi-suplantado o *də 'pedra, monte' nativo.


Kra 'peito', do Macro-Jê *krat 'base, quadril', se fundiu com o *bu 'pele, casca' nativo para formar *kra-bu 'peito', não existe sinônimo para essa palavra, o que provavelmente indica que *kra substituiu um termo anterior do Proto-Macro-Caribe (também é possível que tenha entrado em um período bem cedo da história do Kariri, a ponto de se tornar a primeira palavra para peito, mas essa hipótese é menos provável).


Ki 'osso' e Bu 'garganta', muito provavelmente de um composto *ci-mbut 'osso-pescoço', nenhum dos dois suplantou *me 'osso' e *nə 'pescoço', o que implica que essas palavras entraram como um composto nas línguas Kariri, Nikulin limita a palavra *mbut ao grupo do Proto-Cerrado, além da palavra para osso ser ki, cujo se assemelha mais ao *ci do Proto-Cerrado do quê o *cet ~ *cek do Proto-Macro-Jê, o que indica que esse composto deriva de uma língua Jê desse grupo.


*pẽ ~ hẽ 'madeira, árvore', cognato do Proto-Macro-Jê *pĩm 'madeira, lenha', a alteração da vogal de *ĩ > *ẽ indica que esse empréstimo entrou bem cedo dentro da família Kariri, a ponto de ter tempo de evoluir junto com a língua, a alteração de *p > *h não parece ter relação com a evolução de *p > *hʷ do Tapayúna e Suyá, essa alteração parece ter ocorrido independentemente dentro do Kariri, não substituiu *dz-i 'madeira' e parece ter coexistido como um sinônimo em alguns dialetos, como no Dzubukuá hemdzi.


 Estes são apenas alguns exemplos que demonstram o quão influente o léxico Macro-Jê foi para as línguas Kariri, a ponto de influenciar até mesmo no léxico anatômico ou palavras tão simples quanto 'pedra' e 'madeira', em alguns casos parece até mesmo ter tomado o lugar de um termo derivado do PMC.




Autor da matéria: Ari Loussant



domingo, 7 de agosto de 2022

SUGESTÃO NOVA ORTOGRAFIA DZUBUKUÁ


 Esta ortografia se baseia nos meus estudos sobre outras línguas do mundo e como elas funcionam, tomando como inspiração algumas ortografias diferentes, começando com as vogais:


1º) Vogais


Para as vogais eu peguei como inspiração a fala da página 72 do Katecismo Indico de Bernardo de Nantes:


winhua wanykutsute no Padzuarê (...)


 Sabe-se que a palavra ware deriva do Tupi abaré, e portanto sabe-se que a vogal e final é pronunciada de forma aberta /ɛ/, Apesar de claramente não ter sido este o propósito de Nantes ao escrever essa palavra com esse acento, decidi usar ele como um "unificador" das vogais alteradas, aqui estão as vogais neutras ou comuns para comparar:


a = /a/

e = /e/

i = /i/

o = /o/

u = /u/


 E aqui estão as vogais alteradas, representando alguns sons nativos e deixando espaço para outros sons não-nativos:


â = /ə/ ou schwa

ê = /ɛ/ ou é aberto

ô = /ɔ/ ou ó aberto

û = /ɨ/ ou i grosso


 Assim são substituídos os dígrafos *oe* e *ui* (e suas variantes) que podem causar confusão na hora de interpretar o som correto, também dão uma representação independente para as vogais é e ó, portanto as palavras ficam assim:


Boette 'roça' > Bâtâ

Ware 'padre' > Warê 

Moedha 'mão' > Mâdha

De, Dhe 'mãe' > Dê, Dhê



2º) Consoantes


 Para as consoantes pouco foi alterado, eu já havia em outra discussão sobre a ortografia Dzubukuá retirado as consoantes geminadas (tt, pp, dd, bb e etc) e acentos que indicam a sílaba tônica, já que este sempre cai na última sílaba, desta vez só mencionarei os mais óbvios:


a) Alterei certas consoantes de certas palavras para refletir sua pronúncia correta, por exemplo, palavras que tinham a fricativa velar sonora /ɣ/ foram erroneamente anotadas por Mamiani e Nantes como h, e até hoje causam confusão sobre a pronúncia correta de certas palavras que tem um h em sua escrita, aqui estão alguns exemplos de palavras que foram alteradas para sua pronúncia correta:


hi- 'prefixo de primeira pessoa' > gi-

iho 'muito' > igâ, gâ

hoho 'outro, ser diferente' > gâgâ, gâ

manhem 'mais, passar' > mâmgâm

boho 'ou' > bogâ



Autor da matéria: Ari Loussant



COMPILAÇÃO DOS DEUSES E SERES DA MITOLOGIA KARIRI


Esta lista tem como objetivo compilar os nomes dos Deuses e outros seres da mitologia Kariri, infelizmente não há uma descrição boa de seus rituais e funções na mitologia, portanto esse texto se limitará a apenas a nomenclatura.


Algumas dessas entidades não tiveram seus nomes revelados para nós e outras tem vários nomes diferentes, portanto o autor desse texto tomou a liberdade para nomear eles com nomes genéricos que descrevem suas funções, aqui está a tradução deles:



Dz.: Dzânam / Kp.: Dzaenã / Sb.: Cönang / Km.: Canang = dzâ/dzae/cö/ca "chuva, nuvem" + nam/nã/nang/nang "senhor, chefe"


Dz.: Tûñi / Kp.: Týnhi / Sb.: Tüni / Km.: Tüni = tû/tý/tü/tü "descer abaixo, abaixo, inferior" + ñi/nhi/ni/ni "alma, espírito"


Dz.: Manuñi / Kp.: Manunhi / Sb.: Manuni / Km.: Manuni = manu "encanto, magia" (ma "distante, longe" + nu "poder") + ñi/nhi/ni/ni "alma, espírito"


Dz.: Manuñidzâ / Kp.: Manunhidzãe / Sb.: Manunizö / Km.: Manunizang = manu "encanto, magia" + ñi/nhi/ni/ni "alma, espírito" + dzâ/dzãe/zö/zang "verdade, verdadeiro"


Dz.: Pañi / Kp.: Panhi / Sb.: Ppani / Km.: Ppani = pa/pa/ppa/ppa "ser morto, morto" + ñi/nhi/ni/ni 'espírito, alma'


Dz.: Hake / Kp.: Sake / Sb.: Sakü / Km.: Sazü = ha/sa/sa/sa 'nascer' + ke/ke/kü/zü 'mulher'


Dz.: Yâdhê / Kp.: Yaendé / Sb.: Yögä / Km.: Yanggä = yâ/yaen/yö/ya 'grande' + dhê/dé/gä/gä 'mãe'


Dz.: Tsadzi / Kp.: Tsãdzi / Sb.: Zazi / Km.: Zangzü = tsa/tsã/za/zang 'um, primeiro, só' + dzi/dzi/zi/zü 'mulher'


Dz.: Klañi / Kp.: Kranhi / Sb.: Klani / Km.: Krani = kla/kra/kla/kra 'plantar' extensão semântica de kla/kra 'cavar' + ñi/nhi/ni/ni 'espírito, alma'


Dz.: Mûñi / Kp.: Mýnhi / Sb.: Muni / Km.: Muni = mû/mý/mu/mu 'água, rio' + ñi/nhi/ni/ni 'espírito, alma'



                                       Deuses da mitologia Kariri

                          (Versão descrita por Martinho de Nantes)

                                                    Hierarquia

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                           Entidade Maior - Dzânam /Dzaenã / Cönang / Canang (Senhor das Nuvens)


Tupá (Touppart) "Deus do céu e possível criador do universo na mitologia Dzubukuá, seu nome implica uma influência Tupi ou cristã, muito provavelmente é o mesmo que Meneruru e Ñimgo, ele foi quem enviou o grande pai para auxiliar os Kariri"


Meneruru "Deus único que subsistia no ar, descrito assim em múltiplas fontes, muito provavelmente é a mesma entidade que Tupá, é descrito como criador do homem Semakure (Cemacure), também existem outras variações do mito que dizem que Meneruru teve dois filhos: Kenbarere e Waridzam"


Ñimgo / Niyo / Nigo / Nigo "Deus criador do Universo descrito na variante da religião Kariri, é descrito como o criador supremo da natureza com

todos os seres para compor o mundo, terra, serra, rio, mar, plantas ,

animais, chuva, sol e lua. O mito também descreve ele como o criador dos Nhiho, os indígenas Kariri. Na variante Kariri da religião, ele também teria o papel de civilizador, sua função muito provavelmente dá continuidade aos mitos de Tupá e Meneruru, todos os três provavelmente são a mesma entidade com nomes diferentes dependendo da tribo"


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                     Entidades Inferiores - Tûñi / Týnhi / Tuni / Tuni


Ngigo (Ou Ngigos já que sempre surge no plural) "Entidades descritas como inferiores ao Deus Meneruru, os cristãos usam 'santos' como analogia para suas funções, porém tais funções nunca são especificadas"


Encantados ou Dz.: Dz.: Manuñi / Kp.: Manunhi / Sb.: Manuni / Km.: Manuni "São descritos por Bandeira como seres sobrenaturais de grande influência que tem o mesmo grau de poder que santos da crença cristã, provavelmente representam uma continuação da crença dos Ngigos da variante Kipeá:"


Dz.: Dz.: Manuñidzâ / Kp.: Manunhidzãe / Sb.: Manunizö / Km.: Manunizang "Os encantados propriamente ditos, são descritos como seres invisíveis, vivos e com poderes excepcionais sobre a natureza, a vida, a morte, a doença, a prosperidade e a riqueza, são também descritos como caboclos que escolheram Mirandela como ponto de concentração, habitando serras próximas, tem como chefe honorífico o Cavaleiro Encantado, eles são capazes de tomar forma física quando quiserem, normalmente escolhem animais ou (raramente) objetos inanimados, que logo passam a ter mobilidade. Não tem interesse em pessoas não-indígenas. São donos de riquezas incalculáveis, das quais compartilham com aqueles que tem sua simpatia, aparecem para qualquer um, mas apenas aparecem sem disfarce para aqueles que escolhem, chamados de "entendidos". Castigam os que não fazem oferendas para eles. Em resumo, é possível interpretar de um ponto de vista antropológico que os encantados de Mirandela representavam aspectos similares ao destino"


Bûtsâ / Býtsãe / Puyzö / Bouyza "O Cavaleiro encantado é descrito como chefe honorífico dos encantados na versão Katembri da religião Kariri, mora na Toca dos Encantados, viaja em um cavalo veloz como o vento e quem quiser suas riquezas tem que montar na garupa de seu cavalo e ir com ele para dentro da Serra da Cangalha e lutar com ele. Seu mito é sem dúvidas bastante recente, pois o cavalo só foi introduzido durante o período da colonização, é possível que ele tenha se fundido com um antigo e hipotético "chefe honorífico" dos encantados ou tenha sido introduzido recentemente dentro dos contos e se tornado o primeiro chefe deles, se a segunda hipótese estiver correta, podemos atribuir sua origem à algum cavaleiro da mitologia cristã, provavelmente alguém como São Jorge."


Dz.: Pañi / Kp.: Panhi / Sb.: Ppani / Km.: Ppani "São os espíritos dos antepassados, não são considerados encantados. São seres invisíveis que habitam lugares indeterminados. Não comem e não bebem e só aparecem nos "trabalhos" para ajudar os vivos com seu conhecimento e poder. Aparecem aos destinados a "trabalhos" na forma corpórea

que possuíam em vida. Sabem todas as coisas e têm poder de ajudar

o homem a anular o mal causado pelos encantados vivos ou feitos.

Nos "trabalhos" aparecem juntamente com os encantados vivos o que

indica não haver oposição ou animosidade entre eles, como também

indica ausência de competição. Apesar de não comerem, beberem ou fumarem, pareciam gostar de oferendas como vinho de milho, cachaça e fumo."


Kenbarere e Waridzam "Não há descrição alguma sobre suas funções na mitologia, ambos são filhos de Meneruru em uma das versões do mito, não são descritos como gêmeos, porém os detalhes que sobraram se assemelham a várias outras histórias de irmãos gêmeos entre as nações Tupi e Jê, o nome de Waridzam surge em uma das fontes como Warikidzam, possivelmente é o mesmo deus da Trinidade abaixo"


Cemacure ou Dhemakure / Semakure / Semakure / Semakure "descrito como o homem que foi criado pelo Deus Meneruru em uma das versões do mito, obteve um filho com sua mulher pelo toque de uma varinha chamado Crumnimni, é propositalmente descrito como homem que foi criado por um Deus e seu filho é descrito como pai dos brancos, isso implica que Cemacure era provavelmente o originador dos homens e possivelmente da humanidade nessa versão do mito, sendo equivalente a Adão da mitologia abraâmica"


Hake / Sake / Sakü / Sazü "esposa de Cemacure e mãe de Crumnimni, possivelmente assim como Cemacure ela era a primeira mulher, funcionado nessa versão do mito como um equivalente da Eva da mitologia abraâmica, teve Crumnimni após ser tocada por uma varinha, é possível que ela seja equivalente da Primeira Mulher da variante Dzubukuá da mitologia Kariri"


Krumnimni / Krunninní / Krungningni / Krungningni "Filho de Cemacure, é descrito como pai dos brancos, ele era possivelmente um mito de justificativa para a separação etnolinguística dos povos do Brasil e depois após a sua chegada, para os brancos. É possível que Crumnimni fosse originalmente o pai dos não-cariris e depois foi associado aos brancos, também é plausível presumir que se havia um "pai" para uma etnia, também havia para outros, portanto é totalmente possível que Crumnimni tivesse um irmão ou mais em seu mito para justificar a origem dos Kariri e, dependendo do caso, de outras tribos vizinhas."


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                          Divindades - Yâñi / Yãenhi / Yöni / Yangni


Yâpa / Yãepa / Yöpa / Yangpa "Grande pai, ser enviado pelo deus do céu para auxiliar os Kariri, comparável ao deus civilizador Sumé da mitologia Tupí, os Kariri sempre recorriam a ele quando estavam aflitos, em seu mito ele é descrito como alguém que é respeitado e temido ao mesmo tempo, transformou os filhos dos Kariri em javalis e os levou para o céu, mesmo assim os Kariri rogaram para que ele voltasse, o que implica que ele teve gigantesca influência e importância na sociedade Kariri, provavelmente sendo ele quem trouxe os ensinamentos e rituais para este povo. Foi ele quem ao partir enviou o Deus do fumo para os Kariri"


Badzâ / Badzae / Pazö / Paza "Deus do fumo, um dos deuses mais importantes da religião Kariri, teve dois filhos, foi enviado pelo grande pai" 


Yâdhê / Yaendé / Yögä / Yanggä "Mãe de Politam e Wanagidzâ e esposa de Badzâ mencionada na versão do mito anotada por Carlos Studart Filho e no catecismo de Nantes, muito provavelmente representa uma influência cristã sobre o mito original dos Kariri"


Politam / Poditã / Poditang / Poditang  "Filho mais velho de Badzâ, deus da caça, em algumas versões do mito ele é confundido com o grande pai e Tupá é confundido com Badzâ, segundo uma versão do mito descrito por Carlos Studart Filho, ele teria descido para a terra com permissão de seu pai para buscar seu irmão mais novo, após este ter fugido depois de brigar com ele, porém Wanagidzâ e seus descendentes o ofenderam e depois o amarram à uma árvore, deixando Politam morrer lá de sede, sua mãe chorou bastante após sua morte e este apareceu mais algumas vezes antes subir para os céus, esta versão do mito se assemelha bastante com a história de Jesus e sua crucificação, provavelmente implica uma influência cristã sobre o mito original" 


Wanagidzâ / Warakidzãe / Wanakizö / Wanakiza "Filho mais novo de Badzâ, descrito em algumas fontes modernas como deus do sonho e em outras como deus da chuva, nenhuma função é dada para ele nos documentos mais antigos, é descrito na variante do mito de Carlos Studart Filho e nos catecismo como o irmão mais novo de Politam" 


Tsadzi / Tsãdzi / Zazi / Zangzü "Primeira Mulher, a primeira mulher que existiu entre os Kariri, foi morta ou por um espinho mágico ou dormiu e faleceu logo após e seu corpo foi repartido em pedaços pelo Grande Pai entre cada homem, que colocaram eles envoltos em algodão, quando voltaram da caça, essas partes deram origem às mulheres"


Klañi / Kranhi / Klani / Krani "Deus das culturas que a terra produz segundo Martinho de Nantes, muito provavelmente um Deus da agricultura para os povos Kariri"


Mûñi / Mýnhi / Muni / Muni "Deus dos rios e das pescarias segundo Martinho de Nantes, ele não menciona gênero ou qualquer outra função dessa divindade"


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Autor da matéria: Ari Loussant


sábado, 6 de agosto de 2022

BORDO/BENDO E BONTO


A origem de BOEDO / BENDO / BONTO

 'monte, outeiro'


 Essa palavra é um composto de duas raízes, a primeira cujo é a mais fácil é boe-/ben-/bon-, cujo muito provavelmente deriva do verbo *bə 'subir', cujo teorizo que tenha tido outros significados extras de 'erguer' e/ou 'ser alto', e por extensão semântica 'colina, monte', algo similar ocorre com as palavras collina do latim (que deriva de collis) e hill do inglês (que deriva do proto-germânico hulliz) ambas derivações do Proto-Indo-Europeu *kl̥H-ní-s 'colina' que deriva da raiz verbal *kelH- 'erguer, ser alto'.


 A palavra mais importante aqui é -do/-do/-to, antes de discutir sobre ela, devo mencionar um fenômeno fonético que ocorreu dentro das línguas Kariris do norte chamado vozeamento. O vozeamento é um processo no qual consoantes surdas passam a ser produzidas com o som da voz, nesse caso a transformação ocorre com oclusivas, portanto


1º) p > b

2º) t > d

3º) k > g


 Existem vários casos da primeira e da segunda transformação, mas a terceira parece ser mais rara, o único exemplo que me vem na cabeça é de Wanagidze do Dzubukuá e do Warakidzã do Kipeá, no entanto é extremamente possível que o fonema original não era nem /gi/ nem /ki/ e sim /ci/ ou /ɟi/ (logo irei discutir a possível etimologia do nome dessa divindade). Voltando para as transformações, darei aqui dois exemplos de palavras Kariris e seus equivalentes fora dessa família:


1º) *bɨ (bui / bý / puy / bouy) 'pé, correr, ir', tem como cognatos

Proto-Macro-Jê *pâr°

Proto-Caribe *pupu-ru ‘pé’

Proto-Tupi *py

Proto-Boróro *bure ~ *byre

Yaathê fêhê 


Possível reconstrução para o Proto-Brasílico: *pɨ(r) ~ *pə(r)


2º) *d- 'terceira pessoal correferêncial', tem como cognatos

Proto-Macro-Jê *t-, *ta-

Proto-Tupi *tə- 

Proto-Caribe *t-

Proto-Boróro *ty-


Possível reconstrução para o Proto-Brasílico: *t(V)-


 A partir desses dois exemplos é possível notar um padrão, onde o som surge surdo na maioria das línguas, ele surgirá vozeado na família Kariri, com isso em mente irei dar meu argumento para a etimologia da última sílaba da palavra para 'monte':


Proto-Caribe *tôpu 'pedra'

Proto-Boróro *tori 'pedra'


 Note essas duas palavras, ambas possuem uma sílaba em comum, tô- e to-, sufixadas ou compostas com outro morfema logo no final, minha hipótese é que essa palavra é reconstruída de volta para o Proto-Macro-Caribe como *tə, se seguirmos a evolução natural dos fonemas dentro das línguas Kariri, o resultado seria *də 'pedra, monte', portanto essa é minha reconstrução para a última sílaba da palavra monte.


*bə-də 'subir/ser alto/erguer-pedra/monte' = 'monte, outeiro'.



Autor da matéria: Ari Loussant




sexta-feira, 5 de agosto de 2022

PORTUGUESES E KARIRI NA PALAVRA BA


A interação dos portugueses com os indígenas Kariri e a palavra BA 'carro'



 O período colonial foi um gigantesco período de interação cultural entre dois mundos distintos: o Velho Mundo e o Novo Mundo, essa interação por consequência trouxe inúmeras novas coisas para o continente americano, sejam elas boas ou ruins, foquemos nos novos conceitos que foram trazidos pelos colonizadores.


 Sabe-se que no período em que os catecismos, vocabulários, dicionários e gramáticas foram produzidos para aprender as línguas destes habitantes desta terra, anos já haviam se passado e muitos aspectos culturais dos portugueses haviam sido passados para os indígenas, temos evidências disso nos vocabulários anotados pelos cristãos, como no caso do Kipeá de Mamiani:


Algumas mais diretas


CABARÙ = cavalo = Empréstimo do português cavalo através do Tupi Antigo cabarú

CABARÀ = cabra = Empréstimo do português cabra através do Tupi Antigo cabará

CRUSÀ = cruz = Empréstimo do português cruz através do Tupi Antigo curussá com nativização de kVr > kr (curu > cru)


Alguns menos diretos e hipotéticos


CUROTÈ = colher (substantivo) = corrupção de colher (?)

MERATÀ = metal = corrupção de metal (?) (metal > metar > metara > merata ( metátese ??))

CURAEMPA = molhar-se a roupa = CU 'verbo nativo que significa molhar ?' + RAEMPA 'nativização da palavra portuguesa roupa com nasalização ?'

BARA = balaio = nativização da palavra balaio ?


 O mais importante dessa interação foi sem dúvidas a fusão de certos conceitos, demonstrando uma possível substituição de significados originais por novos baseados nos objetos que foram introduzidos para eles, dois exemplos bastante claros disto são CRAE "alfanje" e BA "carro". Comecemos por CRAE já que este não o foco deste texto e também é o mais fácil de se responder:


 CRAE significa "borduna", uma espécie de porrete indígena que variava de formato entre cada nação, Nantes e Mamiani adotaram essa palavra e usaram ela para traduzir conceitos do Velho Mundo, como "sabre", "espada" ou "alfanje", já que era o objeto mais próximo na realidade dos indígenas.


 Com esse problema concluído, temos outro problema mais difícil de decifrar, a palavra BA "carro", essa palavra é um gigantesco mistério, temos que levar em consideração algumas coisas:


1º) Essa palavra NÃO está falando de carro no sentido moderno, tudo isso foi anotado no século 16 para o século 17, então "carro" aqui se refere a um objeto completamente diferente, seria o que chamamos hoje de carruagem ou uma carroça (o mais provável é carroça), portanto a palavra é nativa, mas o significado não é.


2º) As civilizações americanas desenvolveram rodas (não sei dizer se as do leste americano ou brasílica fizeram isso em algum momento), mas devido a ausência de animais de grande porte para carregar grandes quantidades de objetos, elas nunca foram utilizadas do mesmo modo que foram no Velho Mundo, onde tinha a presença do cavalo, portanto é mais um argumento para o fato de que esse significado não é nativo e sim uma adoção feita após interagirem com os colonizadores.


 Portanto de onde vem essa palavra ? Meu problema com essa palavra é que não sei seu significado original, e como não gosto da ideia de perder uma palavra completamente sem saber o que ela realmente queria dizer, decidi buscar nos vocabulários e dicionários que possuo, cheguei à três conclusões:


1ª) A palavra deriva de um verbo com o significado de "carregar" e seria um cognato distante do Proto-Macro-Jê *mbyt "pegar, carregar".


2ª) A palavra deriva de um verbo com o significado de "rodar, rolar" de origem obscura (substrato ?) ou cognato distante do Hup pəpəd "rolar".


3ª) Reaproveitamento de alguma palavra com o significado de "barco" ou "canoa", seguindo este modelo:


"barco" ou "canoa" > "veículo (carroças, navios, barcos, canoas)" > "carro"


 Esta lista está em ordem da mais provável para a menos provável, o que se pode concluir com total conhecimento é de que houve um reaproveitamento de um conceito ou verbo nativo do Kariri para se referir a um objeto do Velho Mundo.




Autor da matéria: Ari Loussant



terça-feira, 2 de agosto de 2022

PALAVRA ASTRO DO PROTO-BRASÍLICO


Teoria sobre a palavra para "astro" do Proto-Brasílico



Existem vários casos de semelhança entre as palavras dentro das famílias do leste sul-americano, cujo batizei de modo geral de família Brasílica, por que boa parte dessas línguas se encontram dentro do território nacional do Brasil.


 Uma das coincidências que Ari Loussant  notou foi na palavra para os corpos celestiais, a lua, o sol e as estrelas, nisso ele ver que existem dois grupos:


1º) O primeiro consiste em palavras que possuem uma oclusiva bilabial surda /p/ (p) e outras derivações deste fonema junto ou com a vogal *a ou *e, sem uma consoante coda ou com nasalização da vogal representada por (ng), Lidiane Szerwinsk Camargo em seu artigo de 2013 anotou bem esse grupo, aqui está a lista dela:


Chiquito paa

Fulniô fea ‘estrela’

Jê: 

Jeiko paang 

Guató mabeu ‘estrela’, upina

Kamakã piong ‘estrela’

Meniens pinia ‘estrela’

Kotoxo piâo ‘estrela’

Mongoyó peo 'estrela'

Maxakalí: 

Maxakalí & Pataxó pua. 

Purí: 

Koroado ope ‘sol’.


Este grupo parece carregar uma raiz que pode ser reconstruída para o Proto-Brasílico como *pa ~ *pǝ 'astro'


2º) O segundo grupo se difere um pouco do primeiro, apesar de também parecer que houve ou uma oclusiva bilabial sonora /b/ (b) ou a consoante pré-nasalizada /ᵐb/, este parece ter uma consoante coda oclusiva -t, veja os seguintes exemplos:


Proto-Macro-Jê *mbyt 'astro'


Nadahup

Hup: (wæd)hɔ 'astro' (o d é pronunciado como uma rótica, especificamente o r da palavra Pará)

Hupd'äh do alto Rio Negro: wero 'astro'

Yuhupdeh: wero


Kariri

Kipeá & Dzubukuá: batʰi (Dz.: batthi, Kp.: batì)

Sabuyá & Kamuru: batʰɨ (Sb. & Km.: batthüh)


E possivelmente:


Puri

Puri & Koroado: petara ((a)ra seria alguma palavra ou sufixo para diferenciar o significado da raíz ?)


Boróro

Proto-Boróro: *meɾi (possível rotacismo da consoante coda ?)

Boróro: meri

Umutína: mini, mejni, meni

Otúke: neri


 Este é o grupo mais importante para nós, já que o Kariri parece ter herdado essa raiz, se todas as raízes exemplificadas nesse grupo forem a mesma, é possível reconstruir para o Proto-Brasílico como *mVt ~ ᵐbVt 'astro'.


 Vamos discutir um pouco sobre o Boróro e o Kariri, essas duas línguas fazem parte do grupo Macro-Caribe, fui pesquisar dentro da lista de Swadesh da família Caribe e Ari Loussant não 

 encontrou a mesma raiz nessa família, ou seja, apenas o Kariri e o Boróro possivelmente herdaram essa raiz do Proto-Brasílico, o que irá discutir agora está distante de sua área de especialidade, já que não trabalha com a família Boróro, então tudo a partir daqui é absoluta especulação, continuando:


 Do Proto-Brasílico temos a raiz que foi reconstruída como *mVt ~ ᵐbVt 'astro', para essa palavra entrar na língua Proto-Macro-Caribe ela precisa seguir a regra CV, portanto a consoante coda -t ganha uma vogal epêntica -i ou -e, nesse caso temos -i, seguindo este processo:


Proto-Brasílico: *mVt ~ ᵐbVt 'astro'.

Proto-Macro-Caribe: ᵐbVti


 A partir daqui é onde a teoria começa a passar do meu conhecimento, é difícil determinar qual vogal seria a ancestral do *e do Proto-Boróro e do *a do Proto-Kariri, normalmente colocaria o schwa, mas com seu pouco conhecimento sobre o Boróro, presumo que Ari veria um *o (veja minha próxima publicação sobre a palavra 'cortar'). Note que Ari preservou a consoante pré-nasalizada ᵐb, pois é assim que justificaria a seguinte mudança:


Proto-Macro-Caribe: ᵐbVti 'astro'



Pré-Proto-Kariri: *bati (adquiriu o significado de estrela)

Proto-Kariri: *batʰi

Kipeá & Dzubukuá: *batʰi

Sabuyá & Kamuru: batʰɨ


Pré-Proto-Boróro: *meti (adquiriu o significado de sol)

Proto-Boróro: *meɾi

Boróro: meri

Umutína: mini, mejni, meni

Otúke: neri


A partir daqui Ari Loussant juntou alguns conhecimentos que possue entre essas duas famílias, sei que havia uma mutação entre a consoante *m e *b (ex.: a palavra pra jenipapo é *me* no Kariri e *be* no Boróro), o que implica que havia algum nível de transição entre essas consoantes no período do Proto-Macro-Caribe, reconstruo diretamente como a consoante pré-nasalizada *ᵐb, mas também é possível que o *m e o *b fossem alofones do mesmo som, futuros estudos irão esclarecer esse problema.



Autor da matéria: Ari Loussant



segunda-feira, 1 de agosto de 2022

MEMÓRIA BIBLIOGRÁFICA 7


Nhenety Nos Referenciais Bibliográficos



      No decorrer dos anos fui me dedicando a tradição oral Kariri-Xocó e os povos indígenas do Baixo São Francisco, conhecendo as histórias ao redor das fogueiras tradicionais, transmitidas pelos anciões da da tribo. Após a partida de vários anciões para suas moradas espirituais fiquei com a responsabilidade de transmitir as novas gerações o que me foi repassado.

       A nossa aldeia também é muito visitada por estudiosos de vários estados do Brasil e até do exterior, aqui sempre sou procurado por estudantes universitários em entrevistas para os trabalhos acadêmicos, artigos, TCC, dissertações, teses, assim fui contribuindo também ao estudo das ciências humanas e até biológicas. Nas referências poderão, encontrar Nhenety Kariri-Xocó, José Nunes ou José Nunes de Oliveira. Além dos que visitam a aldeia também tem aqueles estudiosos que ver as minhas obras e participações em outros trabalhos pela web, muitas vezes nunca vieram em Kariri-Xocó mas a tecnologia possibilita as entrevistas online, ou citações. Entre outras possibilidades também sou procurado por reportagens presencialmente ou virtualmente podendo contribuir com a matéria solicitada. Quem faz a internet são as pessoas, aprendemos e também contribuímos com sua construção, ter boas ideias para todos ter um mundo melhor, nossa felicidade só é possível quando o outro é feliz também.

       Nessa demanda como Contador de Histórias Kariri-Xocó, escrevi alguns livros e participei de outros organizado por outros autores. Outras vezes encontramos obras compartilhadas entre indígenas e não-indígenas, em obras conjuntas, organizadores, livros coletivos de vários autores entre etnias numa mesma obra, como poderemos observar ao longo dessa série Memória Bibliográfica. Meu sonho seria um dia reunir tudo isso referente aos Kariri-Xocó para que a comunidade local tenha o acesso as informações necessárias, porque é um direito deles saber de seu passado e presente. Nessa postagem haverá atualizações, por já tem vários projetos de livros em curso que posteriormente será publicado aqui.

      

       

                     

1 ) - ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de; JÚNIOR, Emmanuel de Almeida Farias. 

Povos e comunidades tradicionais

nova cartografia social. Manaus, 2013 .


2 ) - ALMEIDA, Luiz Sávio de. (Org.). Os índios nas falas e relatórios dos Presidentes da Província das Alagoas. Maceió: EDUFAL, 1999 .


4 ) - ALMEIDA, Luiz Sávio de. Índios de Alagoas: memória, educação, sociedade. Maceió: EDUFAL, 2011 .


5 ) - ANAIS [recurso eletrônico] / I Seminário Interdisciplinar de Cinema: América Latina e contemporaneidade, 19 a 21 de junho, 2017 / organizado por Ana Ângela Farias Gomes e Renato Izidoro da Silva. São Cristóvão/SE : Editora UFS, 2017. 


6 ) - BRITO, Kalassa Lemos de. Dando Voz Ao Corpo, Dando Corpo Á Voz: Subjetividades de um corpo-vida. Dissertação ( Pós-graduação ). UFU, Uberlândia, 2013 .


7 ) - BOUYON, E.; CÂMARA, H.; LOCATELLI, L.; GERLIC, S. (orgs). Rede Indígena Solidária de Arte e de Artesanato. RISADA, PT. Thydewá. Ilhéus, 2016 .


8 ) - BOUYON, E.; CÂMARA, H.; LOCATELLI, L.; GERLIC, S. (orgs). Indigenous Solidarity Network of Art and Craft. RISADA, EN. Thydewá. Ilhéus, 2016 .


9 ) - BOUYON, E.; CÂMARA, H.; LOCATELLI, L.; GERLIC, S. (orgs). Réseau Indigène Solidaire d'Art et d'Artisanat. RISADA, FR. Thydewá. Ilhéus, 2016 .


10 ) - BOUYON, E.; CÂMARA, H.; LOCATELLI, L.; GERLIC, S. (orgs). Red Indígena Solidaria de Arte y de Artesanía. RISADA, ES. Thydewá. Ilhéus, 2012 .


11 ) - CÂMARA Neto, Ruy Rodrigues. Cosmologia dos Índios Kariri-Xocó: A Integração Entre Religião e Saúde. In: Anais do V CONEDU – Congresso Nacional de Educação. Olinda-PE. 

17 a 20 outubro 2018.


12 ) - CARIOCA, Crisller Cristina Soares. História e Cultura Indígena: Perspectivas  e possibilidades para as aulas de educação física na cidade de Cáceres - MT . Dissertação ( Pós-graduação ). UFMT, Cuiabá, 2021 .


13 ) - CARVALHO, Lucas Barbosa. Crody, nhinhó, xanduka e pauy: um relatório de viagem à Terra Indígena Kariri-

Xokó. UFS/Sergipe, 29 a 30 do mês de junho de 2018.


14 ) - CHAVES, Carlos Eduardo Lemos. O Direito de Retomada de terras tradicionalmente ocupadas e a

tese do marco temporal [manuscrito]. Dissertação ( Mestrado ). UFG, Goiânia, 2022 .


15 ) - CONRADO, Amélia V. S; ALCÂNTARA, C. N.; FERRAZ, F. M. C.; PAIXÃO, M. L. B. Dança e diáspora negra: poéticas políticas, modos de saber e epistemes outras. (Orgs) Salvador /; ANDA, 2020 .


16 ) - COSTA, Suzane Lima. Povos Indígenas E Suas Narrativas Autobiográficas. n.50 , jul - dez. Salvador, 2014 .


17 ) - COSTA, Suzane Lima. Brazil’s Indigenous Peoples and Their Autobiographical Narratives. Journal of Literature and Art Studies, September, Vol. 6. UFBA, 2016 .


18 ) - CRUDZÁ, Idiane. Poesia na língua Dzubukuá-kariri-kipea. Njinga & Sepé: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras. São Francisco do Conde (BA), vol.1, nº Especial,

p.394-398, dez. 2021.


19 ) - CRUZ, Denízia. Educação Indígena e Educação Escolar Indígena. Dissertação ( Mestrado ), do PPGEAFIN/UNEB. Bahia, 2022 .


20 ) - DODEBEI, Vera; LEITE, Renata Daflon. A Internet Como Exercício Da Interculturalidade - Um estudo de caso do Blog Indígena Arco Digital. Sessão 02. Rio de Janeiro: UFRJ, 2010 .


21 ) - ENGEL, Chaiana A. Flores. Os Cinta Larga: A cultura de uma tribo aplicada a uma coleção de moda. TCC, Universidade Feevale. Novo Hamburgo

2016 .


22 ) - ERAS, Angel R.; TULIÁN, M.; KARIRI-XOCÓ, Nhenety; GERLIC, Sebastián. De Abya Yala Con Amor: Diversidad Indígena Viva. Argentina, Brazil Y Ecuador.Thydewá. Ilhéus, 2022 .


23 ) - EVANGELISTA, Wellem da Silva. ( Re ) Demarcando Territórios: A Criança Indígena Kariri-Xocó Em Face A Infância Moderna. Pistas Para Se Repensar Os Espaços da Criança Nas Análises Das Relações Internacionais. ( TCC), São Cristóvão -  SE, 2022 .


24 ) - FELICE, Massimo Di; AUTORES, Vários. I Congresso Internacional de Net-ativismo - redes digitais e novas práticas de democracia. ATOPOS. São Paulo, 2013 .


25 ) - FERREIRA, Ana Laura Loureiro.

 Luta, suor e terra : campesinato e etnicidade nas trajetórias do povo 

indígena Tingüi-Botó e comunidade quilombola Guaxinim. Tese ( Doutorado ). UFPE. Recife, 2016 .


26 ) - FERREIRA, Gabriella Rossetti. Cultura, Resistência e Diferenciação Social. Ponta Grossa, PR: Atena Editora, 2019 .


27 ) - FERREIRA, Gilberto Geraldo. Educação formal para os índios: as escolas do Serviço de

Proteção aos Índios (SPI) nos Postos Indígenas em Alagoas (1940-1967). (Tese Doutorado

em História). Recife: UFPE, 2016.


28 ) - FERNANDES, Ulysses (Org.). FULKAXÓ: Ser e Viver Kariri-Xocó. Textos: Nhenety 

Kariri-Xocó e Ulysses Fernandes. SESC, 2013. 159 p.


29 ) - ÍNDIOS ONLINE . Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. Brasília: IPHAN, 2009 .


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MEMÓRIA BIBLIOGRÁFICA 6


Bibliografia Kariri-Xocó 2



       As fontes escritas com o acervo bibliográfico sobre os povos indígenas foram formados por colonizadores,  cronistas, religiosos, brasileiros e estudiosos ao longo dos séculos XVI e XX. Mais no século XXI já podemos observar indígenas, universitários, historiadores, escritores, educadores na construção da própria história dos povos nativos. Cada vez mais o índio estar ocupando seu espaço na história nacional com sua própria visão de mundo.

     Antes da Era Digital ter acesso as fontes seria uma tarefa mais demorada e burocrática, agora com as bibliotecas digitais poderemos ler obras raras do Brasil e do mundo inteiro. As instituições disponibilizam seus arquivos online para o público. Os estudos ficaram sistematizados, os dados conectados por portais, sites, blogs na rede mundial de computadores, respeitando conforme as regras e lei da web. Pela grandiosidade do acervo bibliográfico fiz duas postagens Top 200 com a Memória Bibliográfica Kariri-Xocó.




1 ) - ALBUQUERQUE (Cicero Cavalcanti de). Relatorio dos remanescentes indigenas e suas terras no Porto Real do Colegio, estado Alagoas. (Manuscrit inédit, archives S.P.I., 

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22 ) - BRASIL. Ministério da Agricultura - Ofício nº 1/65 do agente Sebastião Francisco da Silva informa a situação dos 350 Cariris, alguns morando ainda em casas de barro e palha enviando o Relatório ao Chefe da SASSI/SPI da 4ª I. R. em 22 de novembro. s.l. BR RJMI/SPI. IR4-074-010-17-f1. Museu do Índio. Rio de Janeiro 1965 .


23 ) - BRASIL. Ministério da Agricultura -  Recibo de Cr $ 1.464,30 ( Um mil e quatrocentos vê sessenta e quatro cruzeiros e 30 centavos ) do agente Agenor da Silva Guedes ao Dr. Raimundo Dantas Carneiro, chefe da 4ª Inspetoria Regional do SPI. Referente ao donativo ao ritual. PIT Padre Alfredo Dâmaso, Porto Real do Colégio -AL. Recife. BR - RJMI/SPI/IR4-072-001-10-f1. 15 dez. 1945.


24 ) - BRASIL. Ministério da Agricultura -  Recibo de Cr $ 120,00 ( Cento e vinte cruzeiros ) do agente Agenor da Silva Guedes ao Dr. Raimundo Dantas Carneiro, chefe da 4ª Inspetoria Regional do SPI. Referente ao tratamento dos índios enfermos Manoel Nunes Suré e Maria José Perigipe do PIT Padre Alfredo Dâmaso, Porto Real do Colégio -AL. Recife. BR - RJMI/SPI/IR4-072-001-29-f. 20 out. 1947.


25 ) - BRASIL. Ministério da Agricultura -  Termo de recebimento de 50 hectares de terras do Campo das Sementes de Porto Real do Colégio para usufruto dos índios. Comunicado pelo agente Agenor da Silva Guedes ao Dr. Raimundo Dantas Carneiro, chefe da 4ª Inspetoria Regional do SPI. PIT Padre Alfredo Dâmaso, Porto Real do Colégio -AL. Recife. BR - RJMI/SPI/IR4-072-10-06-f1v. 15 mar. 1949.


26 ) - BRASIL. Ministério da Agricultura.  Relatório das atividades escolares do PIT Pe. Alfredo Dâmaso, aldeia Cariri de Porto Real do Colégio-AL., pela Aux. de Ens.Terezinha Wanderley ao Chefe do Sêtor Sr. Manoel Joaquim d' Avilar do SPI. PIT Padre Alfredo Dâmaso, Porto Real do Colégio -AL. Recife. BR - RJMI/SPI/IR4-072-007-14-f2. 3 jul.  Recife, 1959.


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144 ) - REQUERIMENTO de José de Sobral Pinto ao rei [D. José] a pedir confirmação da carta patente do

posto de Capitão de Infantaria da ordenança da barra da Boa Siqua e Tiuba do termo da vila do Penedo.  AHU-PERNAMBUCO. AHU_CU_004, Cx. 3, D. 187. Pags. 38/109. 9 out. Vila do Penedo, 1767 .


145 ) - REQUERIMENTO de António dos Santos e Castro ao príncipe regente [D. João] a pedir confirmação da carta patente do posto de Capitão da Companhia dos Portos de Cima Real, uma das de Infantaria da ordenança da vila do Penedo. AHU-PERNAMBUCO. AHU_CU_004, Cx. 4, D. 291. (Pág. 60/109). 19 de ago. Vila do Penedo, 1800 .


146 ) - REQUERIMENTO de Inácio Xavier Bezerra ao príncipe regente [D. João] a pedir confirmação da carta patente do posto de Capitão da Companhia de Porto Real, uma das ordenança da vila do Penedo. AHU-PERNAMBUCO. AHU_CU_004, Cx. 4, D. 290. (Págs. 60/109). 19 de ago. Vila do Penedo,  1800.


147 ) - REQUERIMENTO de José de Oliveira Reis ao príncipe regente [D. João] a pedir confirmação da carta patente do posto de Capitão de Infantaria de ordenança da Companhia de Boacica e Utiuba, termo da vila do Penedo. AHU-PERNAMBUCO. AHU_CU_004, Cx. 4, D. 296. (Pág. 61/109). 22 set. Vila do Penedo, 1800 .


148 ) - REQUERIMENTO de José Durães 

Sampaio ao príncipe regente [D. João] a pedir confirmação da carta patente do posto de Capitão da Companhia do distrito da povoação do Porto Real, entre o rio da Itiuba e Rabelo, uma das de Infantaria da ordenança do termo da vila do Penedo. AHU-PERNAMBUCO. AHU_CU_004, Cx. 4, D. 323. (Págs. 66/109). 9 nov. Vila do Penedo, 1801 .


149 ) - REQUERIMENTO de João Baptista Passos ao príncipe regente [D. João] a pedir confirmação da carta patente do posto de Capitão da Companhia de Infantaria de ordenanças dos Homens Pardos, do distrito de Boasica e Oitiuba, termo da vila do Penedo. AHU-PERNAMBUCO, cx. 21. AHU_CU_004, Cx. 5, D. 360. (Pág. 74/109 ). 7 jun. Vila do Penedo, 1803 .


150 ) - REQUERIMENTO de Joaquim da Fonseca ao príncipe regente [D. João] a pedir confirmação da carta patente do posto de Alferes da Companhia do capitão José Durães de Sampaio, uma das de Infantaria da ordenança 

da povoação de Porto Real, termo da vila do Penedo. AHU-PERNAMBUCO. AHU_CU_004, Cx. 6, D. 424. (Pág. 87/109). 8 jan. Vila do Penedo, 1806 .


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