segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

O SUFIXO -LI DO DZUBUKUÁ


Há uns 3 anos atrás, eu especulei a presença de um sufixo secundário de marcação do passado no Dzubukuá, esse sufixo é -li e ele surge em uma frase onde o verbo (mwiquedde 'mandar') está na forma do passado.


 O -li neste caso bate em função com o uso do sufixo -re no Boróro, que também marca ações passadas, assim, antes do nosso atual -kli, havia um sufixo -li que marcava o passado na nossa língua, sendo ele mais arcaico, visto que kli deriva de um advérbio que Mamiani identificou como 'já', uma possível tradução do Merrime ha 'já'.




Autor da matéria: Ari Llusan 

ORIGEM DA NOSSA PALAVRA PARA AZEDO WANTTHY/WATÌ


Note que a mudança fonética que aconteceu aqui se deu por que o Kariri não permite esse tipo de encontro de consoantes (tswa), assim, para compensar em sem perder muito a essência da palavra, o ts- foi derrubado. O -ri sofreu fortição para -ti, similar ao que aconteceu no Maxakalí, assim:


tswarit > warit > wati/wãtʰi 'azedo'




Autor da matéria: Ari Llusan 

A ORIGEM DO SADÁ 'ESPINGARDA, ESTALAR' DO KIPEÁ


Derivado da palatalização dessa palavra Merrime, esse substantivo deriva do Proto-Jê Setentrional *katõk 'estourar':


*katõk (PJS) > katõ (Mhm) > *kyatã > *tsatá > sadá (Kp)



Autor da matéria: Ari Llusan 

domingo, 2 de fevereiro de 2025

ETIMOLOGIA DO SAPUYÁ-KAMURÚ ZUTSCHEPOTLITAKLÜH


A língua Sapuyá e a língua Kamurú são as únicas línguas Kariri que temos documentação de palavras nativas com o encontro tr/tl, a único outra aparição desse encontro consonantal é no empréstimo da palavra apóstolo, que surge no Kipeá como apostro.


 A palavra zutschepotlitaklüh é decomposta da seguinte forma:


zu-tsche-po-tli-ta-klüh = 'colocar-chuva-tempo-saída-NMLZ-muito'


É separando por cada palavra assim:


zutschepo tlitaklüh


A palavra zutsche é a palavra para 'chover' do Kamurú, sendo cognata do Dzubukuá tidze e do Kipeá tidzò, composto de ti 'colocar' + dze/dzò 'chuva'. Junto com po, cognato do Dzubukuá boe e do Kipeá -bae, cognatos distantes do Boróro boe 'coisa, gente, tempo, universo', tem-se zutschepo 'tempo de chover'


A palavra tli significa 'saída', cognata do Boróro táru 'saída' + um sufixo nominalizador -ta, junto com klüh que significa 'muito' (cf.: klubwi 'muito' e cribae 'todos'), tem-se tlitaklüh 'grande saída, grande descarga (elétrica)', assim conclui-se como:


zutschepo tlitaklüh 'descarga (elétrica) da tempestade (tempo de chover)'.






Autor da matéria: Ari Llusan 

ETIMOLOGIA DOS NÚMEROS SAPUYÁ-KAMURÚ


Julgando pelo que o lia quer dizer, e com o novo conhecimento de comparação direta com o Boróro, podemos concluir que os números significam:


1 = lia-wi gä-bó = contar-pequeno lasca-porção'


A palavra se divide de três formas, parece haver uma espécie de classificação acontecendo aqui, possivelmente através de lia-wi 'contar-pequeno', por que apenas os números menores de 1-3 são marcados com esse classificador.


 Perceba que outras línguas Kariri também parecem seguir esse modelo nos números 2 e 3 (Dz.: wi-tane e wi-tane-dike; Kp.: wa-chani e wa-chani-dikie), possivelmente serve para indicar os primeiros números menores.


No Sapuyá-Kamurú, vê-se que o número em si é gäboh, que parece ser composto de cognatos do Boróro ga 'lasca' + bo 'porção', formando o composto gäboh 'lasca, porção, pedaço'



2 = lia-wi thikani-hüh = contar-pequeno bom-PRED


Como venho comparando o Kariri com o Boróro, também venho comparando, ao mesmo tempo, esses dois, com o Puri-Coroado. Ao que vejo, thikani, assim como o Dzubukuá tane e o Kipeá chani significam 'bom', sendo uma palavra de um grupo de lexemas arcaicos, isso é, palavras nossas que se tornaram obsoletas, sobrevivendo apenas em compostos, proponho que essa palavra é cognata das várias formas de 'bom' do Puri-Coroado: tane, tene, teneka, tenka, teka, thamati, tataring, sendo os três morfemas separáveis principais "ta/te", "ne" e "ka".


3 = lia-wi thikani-hüh-ke = contar-pequeno bom-PRED-PL


 Essa última palavra, ao que vejo, comprova essa relação tripla que venho trabalhando com, o sufixo -ke não tem explicação entre os morfemas documentados por Mamiani, novamente, por que este e o -dike Dzubukuá e o -dikie Kipeá são morfemas arcaicos, eles são sufixos do plural que nossos ancestrais que tiveram sua variante documentada já estavam praticamente substituíndo por -a, -de e -te, como há de se esperar em um qualquer língua do mundo, houve uma evolução nesse caso. O cognato desse sufixo -ke e do -dike e -dikie são o Boróro -ge e -doge e o Puri-Coroado -teka, que surge no pronome 'vós' teke-teka.






Autor da matéria: Ari Llusan 

FINALMENTE DESCOBERTA A ORIGEM DO LIA- DOS NÚMEROS DO KAMURÚ


Os números Kamurú são os seguintes:


1 = lia-wigäboh

2 = lia-withikani-hüh

3 = lia-withikani-hüh-ke

4 = i-bicho

5 = i-bicho


Os prefixo lia surge nos três primeiros números, sendo que os número de 4 para cima provavelmente possuem uma palavra para 'muito', por ioso 4 e 5 são iguais. Lia- é cognato do Boróro réa 'caminho', que quando verbalizado por -do, torna-se:


réa-do 'trilhar, perseguir, narrar, contar'


Assim, lia é o nosso substantivo equivalente para 'contagem, perseguição trilhagem, narração' e também o nosso verbo equivalente para 'trilhar, perseguir, contar, narrar':



Dz.: lia

Kp.: rià

Sp-Km.: lia-

Kt.: lia-

KX.: lia-, ria-





Autor da matéria: Ari Llusan