sexta-feira, 26 de julho de 2013

LANCHAS DO SÃO FRANCISCO




    A navegação no rio de unidade nacional é uma atividade bastante antiga, mesmo antes da construção da ponte em 1972. No meu tempo de criança, alcancei três grandes lanchas a motor, que fazia o trajeto do litoral ao sertão, pelo Baixo São Francisco; era a Tupã, Tupi e Tupigi. Quando elas passavam pela margem do rio, as crianças Kariri-Xocó, pegavam as ondas, feitas pela força dos motores, as embarcações tinham dois andares, mas a Tupã era a maior lancha em 1970. Logo após a construção da Ponte sobre o Rio São Francisco, começou as três grandes lanchas para de navegar neste trecho de Penedo a Pão-de-Açucar. As canoas do passado foram transformadas em lanchas motorizadas, para tentar competir com os automóveis que trafegavam a BR 101. Aqui em Porto Real do Colégio, várias lanchas foram construídas para esse fim; eram: As lanchas Cláudia, Jaspe, Rayane, Rosana, Princesa Rosa, Colegiense , Oriente. Em São Braz a Sãobraense,
Escurial tinha a Goiás e Goiana. Na Aldeia Kariri-Xocó tem a Nova Iraci Tononé e a Nordeste, do índio José Francisco tononé. Estas lanchas faz o transporte de passageiros de Porto Real do Colégio a cidade de Própria, com capacidade de 40 pessoas na lotação. A lancha Oriente fazia o trecho de Penedo ao sertão, era a maior lancha neste estilo, com capacidade para 80 passageiros. Referindo as lanchas dos índios servia para atravessar o Rio São Francisco até Própria, além de levar os indígenas para trabalharem no Projeto de Irrigação de Plantação de Arroz na Várzea de Própria e Cedro de São João. Este tipo de transporte substituiu as canoas, mas fica cada vez mais difícil competir com os carros da BR 101.  http://www.indiosonline.net/lanchas_do_sao_francisco/   .


Nhenety Kariri-Xocó. 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

MOBILIZADOS EM NOVOS TEMPOS



  O Povo brasileiro foram as ruas em suas cidades fazer manifestações por uma melhor atenção do governo dos principais problemas que aflinge a população, para os indígenas não foi diferente. Os Kariri-Xocó do município de Porto Real do Colégio-AL., fizeram uma manifestação pacífica temporariamente na BR 101, no dia 11 de Julho de 2013. Entre as reivindicações dos indígenas saúde de qualidade, educação, agricultura, a Terra Indígena Kariri-Xocó, DNIT . Ao longo nas rodovias em diversos pontos do estado de Alagoas teve vários movimentos, povos indígenas, sindicatos dos trabalhadores. Na manifestação teve faixas, cartazes com as propostas dos índios, dançaram o Toré como uma forma de protesto, por melhores condições de vida. A Comunidade Indígena compareceu em massa, homens, mulheres e crianças com mobilização de paz, atendendo a polícia, a segurança da estrada. Logo após passar a mensagem na BR 101 Terra Indígena , os Kariri-Xocó retornaram para a Aldeia, a estrada ficou bonita com nosso povo caminhando na terra dos antepassados, pintados, cantando e dançando. O Toré de encerramento fizeram uma grande roda com a participação de todos na dança, cantaram vários toantes para trazer boas novas. Falta muita coisa a ser feita na comunidade Kariri-Xocó, a rede de energia elétrica é muito antiga quebra constatemente, o Mine-Hospital construído na área indígena ainda não funciona, falta equipamentos, as estradas no perído das chuvas ficam intransitáveis, falta remédios, a escola indígena insuficiente para atender a demanda da população, alunos da aldeia estuda na cidade de Porto Real do Colégio. Os índios disse se as coisas não melhorar vão retornar a fazer suas mobilizações, não podem ficar assim desse jeito que estar.

Nhenety Kariri-Xocó

quinta-feira, 11 de julho de 2013

PLANTADORES DE ARROZ

  
Arroz de Sequeiro
A introdução da cultura do arroz no Baixo São Francisco, deve-se aos jesuítas,no século XVII. Os índios de Porto Real do Colégio, São Bráz, aprenderam a cultivar o arroz, principalmente as mulheres, plantavam nas lagoas : Grande, Comprida, Camurupim Grande e Várzea do Itiúba. No século XX, fazendeiros e proprietários das lagoas, terras inundáveis, do Baixo São Francisco, constroem suas fábricas de beneficiamento de arroz, nas principais cidades de Propriá -Sergipe , Porto Real do Colégio- Alagoas 1915. Em 1935 o Sr.,José Maria começou a construção da Fábrica de Beneficiamento de Arroz, na Rua dos Índios. Muitos indígenas trabalharam na fábrica, como estivadores, no transporte do arroz em sacos de 60 kg. Em 1975 chega em Porto Real do Colégio o Projeto de Irrigação do Itiúba. Foram cadastrados 300 parceleiros (pequenos proprietários) brancos e 40 indígenas. Os Kariri-Xocó foram muitos descriminados pela CODEVASF( Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco)por serem donos de lotes, deveriam ser mão-de-obra. Os parceleiros índios resolveram abandonar o projeto, ou vender seus lotes, a parti de 1986. Como mão-de-obra barata, os Kariri-Xocó, trabalharam no Projeto Itiúba em Colégio, no Projeto de Irrigação de Propriá em Sergipe, Betume e Igreja Nova, na plantação de arroz. Homens, mulheres e crianças, saíam da aldeia, para trabalhar em Sergipe,atravessando o Rio São Francisco em lanchas. Saiam de casa de madrugada, trabalhavam o dia inteiro, retornando á noite. A parti do ano 2000, a cultura do arroz, entrou em decadência na região, cedendo lugar a cana-de-açúcar. Os índios ficaram sem trabalho, sem lotes irrigados de plantação de arroz.


  http://www.indiosonline.net/plantadores_de_arroz/   .

Nhenety Kariri-Xocó.
 

DESMATAMENTO

Madeira retirada

Corte de Madeira na área do Cercado Grande
Área Devastada
  Esta história vem desde a colonização, quando começaram a derrubada da Mata Atlântica, com o corte do pau-brasil. Logo após veio a atividade canavieira, devastando as floresta da região para instalar os engenhos e plantio da cana-de-açúcar. Na época da República nos anos de 1960 em nossa região ao Sul de Alagoas, a Mata Atlântica foram quase devastada por completo, existindo algumas área verde, aqui e alí . A única floresta que dispomos na Terra Indígena Kariri-Xocó é a Mata do Ouricuri de aproximadamente 100 hectares. Esta unidade ambiental é bastante castigada por lenhadores, além dos caçadores. É triste registrar isso aqui, mas precissamos registrar esses fatos para ficar na história de nossos indígenas; dos construtores e destruidores do meio ambiente. A partir de 2010 uma parceria entre os Kariri-Xocó e UFAL Universidade Federal de Alagoas estamos reflorestando a Mata do Ouricuri, produzindo mudas para o plantio na recucuperação do meio ambiente. As sementes de angico, pau-dárco, caatingueira, barauna, ouricuri são coletadas na própria mata, assim o banco de sementes naturais do local adaptando mais rapidamente ao seu lugar de origem, aos poucos vai recuperando as áreas mais devastadas do ecossistema.

Nhenety Kariri-Xocó.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

RODA DA GIRÓ


Roda da Giró
  Os Kariri-Xocó conhece a cachaça de muitos anos, no passado fabricavam o cauím a base de mandioca fermentada. O termo “Roda de Giró”, é para designar uma rodada de cachaça, homens sentados em círculo tomando pinga. Não faz muito tempo a bebida era ussada nos mutirões de limpa da roça, tapamento da casa de taipa, festas coletivas, era produzida na forma natural, não fazia mal . A bebida indígena podia ser feito o vinho de genipapo, de cajú e principalmente de mandioca. O problema foi quando o colonizador trouxe bebidas com produtos químicos nocivos as pessoas, a igreja tirou o índio de sua vida coletiva, proibiu o cauim, mas veio a bebida de engenho desconhecida do indígena. A cachaça a base de cana, industrializada, com produtos químicos, causam dependência, prejudicial a saúde. Muitos índios se tornaram alcoólatras,chegando falecerem com este problema de alcoolismo. Temos alguns índios com esse problemas, por levarem uma sem opção de trabalho,sem alternativa. Quando os desocupados se encontram em roda, dizem logo, vamos tomar uma pinga, compram cachaça conhecida pelos mais velhos por ” Giró “.  Tudo em excesso pode causar mal a saúde, no passado a bebidas naturais eram consumidas em função social de alguma tarefa cultural, na empleitada , casamentos, nascimentos . http://www.indiosonline.net/roda_da_giro/   .

Nhenety Kariri-Xocó.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

MUSICA E SERESTEIROS


Encontro da Velha e Novas Gerações da Seresta na Aldeia
  O conhecimento dos índios na arte dos civilizados vem do tempo da colonização,. iniciando com as músicas sacras, da igreja católica, rezas, hinos, incluindo as tradições européias. Como europeu vieram suas manifestações culturais, carnaval, festas populares. No século XX a Música Popular Brasileira, foi muito aceita pela população de modo geral, porque foi originada da fusão dos vários povos, na cultura e arte que formou nosso povo. Aqui na Aldeia Indígena de Porto Real do Colégio, a música dos civilizados o Chorinho e a Seresta já era cantada pelo índio Manoel de Queiroz nos anos de 1930, exímio violonista, tocava e cantava como ninguém.
Música Sertaneja também muito cantada
Nos anos de 1940 a 1950 com a nova geração de seresteiros: Cícero Santiago, Bonival, Zé Brinquinho, Andrelino e outros indígenas. Os cantores preferidos pelos seresteiros indígenas que ouviam pelo rádio , eram: Nelson Gonçalves, Luma de Oliveira, Orlando Dias, Ângela Maria, Altemar Dutra. Na geração de 1960 apareceram os seresteiros Ademir Cruz, juntamente com os rapazes da cidade Lú de Queiroz, Zezinho de Antônio Domingos, Roque, Zé Costa. A noite os seresteiros cantavam músicas como: Ronda, O Trem das 11 animava a madrugada. Nos anos de 1970 chegou nas paradas novos cantores brasileiros, Roberto Carlos, Baltasar, Fernando Mendes, Agnaldo Timóteo, todos esses artistas eram imitados pelos indígenas, em serestas e farras pelas ruas da aldeia. Aqueles indígenas com maior poder aquisitivo, comprava toca disco, com vários LPs. A Música Brega também fez parte do repertório local, ouvidos pela rádio e televisão: Bartô Galeno, Amado Batista, Carlos André, Carlos Alexandre, assistido no Programa do Chacrinha da Rede Globo. Curti muito nas duas  décadas 1970 e 1980, as musicas internaconais romanticas, discotecas da época, mas vou falar em outra matéria Em dias de São João de 1980 a 1990, os indígenas contratavam Trios de Forró Pé de Serra, de Zezinho Sanfoneiro, Zequinha e Piau. Com os comícios políticos vieram as Bandas de Forró Eletrônico, Milho Verde, Diamante, Indiamar. Hoje ainda cantam os jovens indígenas músicas Sertaneja, de Zezé de Camargo e Luciano, nas farras da aldeia. Compram DVDs e CDs de Leonardo, Banda Calypiso, Calcinha Preta, Bonde do Forró, Gaviões do Forró, Limão com Mel, Tropicália, Mastruz com Leite.    http://www.indiosonline.net/musica_e_seresteiros/     .

Nhenety Kariri-Xocó.

EPOCA DA PIRACEMA


Coroas de Areia no Rio São Francisco defronte a Aldeia
Amamos o Rio
As Curvas do Rio
Matas Ciliares ao longo das margens do rio
  O Rio São Francisco tem seu curso natural, enche, vasa, fauna, flora, afluentes, regulado pelo regime das chuvas. A partir de 15 de fevereiro os peixes sobem rio acima, é a época da piracema ( reprodução dos peixes), para desovar. Muitos peixes que reproduzem no Rio São Francisco são do mar. Os peixes do mar aqui encontrados, temos : a sardinha, tainha, curimã, bagre, corvina, robalo, cará-peba, pilombêta e outras mais.As espécies do rio são mandim, surubim, pacõmõ,crumatá, locró, tubí, sarapó, lambia, aragú, niquim, espora-pé, piaba, piranha, camurupim, pirambeba, jundiá etc. Neste período de reprodução, os peixes sobem em cardumes, chamadas pelos índios de manjuba, vai aos milhares, procurar seus locais de desova. Muitos pescadores pegavam muitos peixes, porque aos cardumes ficava mais fácil, mais agora é proibido pelo IBAMA, nós achamos certo, temos que preservar o meio ambiente. Mais aqui queremos lembrar que a época da piracema, significa muito para nós indígena, povos da cultura do rio, porque isso acontecia todos os anos, uma tradição ver-mos os peixes subir, era sinal de fartura. As lagoas do rio são criadouros naturais, os peixes entram e crescem, retornando ao rio no mês de junho, época da enxurrada de inverno. Assim o rio regulava a vida em todo Vale do São Francisco, enchente e vazante, era a ordem natural, harmonizando todo o ecossistema.   http://www.indiosonline.net/epoca_da_piracema/   .

Nhenety Kariri-Xocó. 

terça-feira, 2 de julho de 2013

ALIMENTOS NO TEMPO DA FOME

Majongome
Mata Fome
Gangorra
Umarí









Kanapum
  Em período de crise os Kariri-Xocó, saem a procura do suprimento alimentar, para atendendo apelos da família. As mulheres saem para as lagoas, a procura de caramujo, as crianças sobem nas árvores do mari, tiram os frutos para cozinhar na panela de barro. O prato que vamos fazer é o  “ Bobó de Caramujo “ com mari cozinhado e pisado no pilão. Esse alimento tem gosto amargo, mas mata a fome de quem não tem nada para comer. Outra alternativa é coletar inhame brabo do mato, homens sai para a floresta do ouricuri, encontra a rama tipo cipó, cavam o chão e retira o bulbo tão apreciado pela necessidade de comer. O inhame do mato é levado para casa, lavado , tira a casca, coloca no fogo em panela de barro, com sal, até cozinhar. Pode ser comigo com caças silvestres, teiú, tatu e preiá. O milho torrado no fogo, em caco de pote, pode ser pisado no pilão, formando uma paçoca, substituindo a farinha de mandioca. O mel da abelha substitui o açúcar, quando falta, adoça os alimentos amargos, dar gosto , além de nutrir as crianças frágeis, misturando com frutas, como mari, e jenipapo. Temos frutas pequeninas que encontramos nas margens das lagoas, são a “ mata-fome “, pequenas e vermelhas, comemos sua fruta de maça branca, temos goití de porco, Kanapum, gangorra encontrados perto do rio e das lagoas. Os peixes que comemos em tempos de crise é a bruxí ( pequeninos alevinos ), cuíte ( maior que alevinos), tem gosto amargo, estes alimentos aparecem em fevereiro. Além destes alimentos temos o muçu, um tipo de enguia, que encontramos na lagoa, é cozinhada como peixe, pode ser comida na farinha de mandioca, quando dispomos. Essa fase de nossa vida de comer estes alimentos, aconteceu até a década de 1977, mas alguns indígenas utilizam raras vezes, em emergência, foi aparecendo o trabalho na região, e os índios melhoraram as condições de vida  .  http://www.indiosonline.net/alimento_da_fome/  .




Nhenety Kariri-Xocó.    .

FESTA DO PAU DE SEBO

Pau de Sebo : Desenho Nhenety KX
    Residindo na” Rua dos Índios”, os Kariri-Xocó, participava das festividades da cidade. Na Rua Dr.Clementino do Monte, defronte o Rio São Francisco, fazia esquina com a Rua dos Índios. O velho Juaquim Miguel homem branco de Colégio,casado com a índia Xocó Anorina, organizava a Festa do Pau-de-Sebo, todos os anos, com Banda de Pífanos, no final de janeiro, na referida rua. O Pau-de-Sebo consiste em um mastro de madeira, ensebado, com gordura de boi, asteado com uma bandeira de Bom Jesus dos Navegantes, santo homenagiado. No topo do mastro enfeitado, também colocam-se prêmios em dinheiro e objetos de valor, para aquele pretendente que ousava escalar o poste. O Pau-de-Sebo era muito escorregadio, muitos rapazes se esforçavam muito para subir, sem nada conseguir, a não ser em trabalho por equipe. Os índios participavam da festa, os rapazes formavam grupos, junto com os brancos da cidade, para tentar ganhar o prêmio. Todos que subiam no mastro, ficavam melados de sebo, a Banda de Pífanos e Sabumba animava a festa. Equipes de rapazes, formavam escadas humanas, subindo uns sobre os outros, segurando no Pau-de-Sebo, até pegar o prêmio almejado. Os rapazes mais fortes ficavam na base da escada humana, aqueles mais franzinos formavam a parte superior da escada. A equipe que conseguia retirar o prêmio, dividiam o valor entre seu grupo. A Festa do Pau-de-Sebo terminou de ser praticada na década de 1980, por ocasião da morte do velho Juaquim Miguel, o organizador das manifestações culturais de Porto Real do Colégio. Depois que os Kariri-Xocó foram morar na Nova Aldeia nunca mais aconteceu a Festa do Pau de Sebo, esses fatos ficou na nossa história quando residimos a Rua dos Índios durante muito tempo, ficou as saudades .  http://www.indiosonline.net/festa_do_pau_de_sebo/  .

Nhenety Kariri-Xocó.

DO CENTRO PARA A PERIFERIA

Rua dos Índios casas de palha
Morando na Rua Santa Cruz década de 1930









Rua dos Índios 1970

 
Os índios retirados pelos Jesuítas da Colina Alto do Bode, foram levados para os arredores da Capela Rústica de Nossa Senhora da Conceição, após muito trabalhos dos religiosos fundaram um Colégio de evangelização. Durante muitos anos os indígenas ficaram a cargo dos jesuítas, morando perto da Igreja construída, com um território reduzido de " Duas Léguas de Frente e Uma de Fundo " nas margens do Rio São Francisco. Aos poucos foram chegando portugueses ao centro da Aldeia de Nossa Senhora da Conceição em Urubu-Mirim como era conhecida a região, os indígenas foram sendo espalhados para longe do centro da aldeia, que agora estava se transformando na Povoação de Colégio. Com a expulsão dos jesuítas no século XVIII os indígenas ficaram a cargo do Diretório, o Colégio ficou como sede da admistração dos índios e de suas terras para arrendamento aos colonos, principal fonte de renda do novo órgão criado pelo Marques de Pombal. A Diretoria dos Índios de Alagoas foi extinta em 1873, as terras das aldeias foram tomadas pelo poder público, tres anos depois criaram a Vila de Colégio do Porto Real em 7 de julho de 1876. Os índios sem proteção do Governo do Império, foram espalhados para várias ruas da cidade recém criada, outros foram morar no Ouricuri única terra que ainda restava uma pequena mata. Entre as ruas que os indígenas ficaram morando na cidade agora Porto Real do Colégio : Rua Santa Cruz, Rua da Frente ( Dr. Clementino Dumont ), Das Pedrinhas, Murim, Estação, do Cruzeiro, do Sol e finalmente Rua dos Índios conhecida como Rua São Vicente. A criação do S.P.I. o Serviço de Proteção aos Índios em 1910, trouxe novas esperanças aos povos indígenas do Brasil, foram criado vários Postos Indígenas no território nacional. Aqui em Porto Real do Colégio foi criado o Posto Indígena Padre Alfredo Damaso em Março de 1944. A chegada do novo órgão Federal amenizou um pouco a situação precária dos indígenas de Porto Real do Colégio, o agente do S.P.I. recomendou que todos os índios espalhados na cidade em anos anteriores fossem agrupados na Rua dos Índios que já moravam muitas famílas, para facilitar a assistencia do governo. Mesmo assim a rua ficou apertada para grande população indígena, o agente do posto solicitou do Ministério da Agricultura uma doação de terras para os índios plantar suas roças, em 1947 foi doada a comunidade as " Terras da Colonia ". Em 1952 parte das famílias dos indígenas que moravam na Rua dos Índios, Ouricuri  foram morar na Colonia,  por ser mais afastado da cidade, ter uma vida mais reservada para fazer suas tradições. Durou pouco anos, as Terras da Colonia ficou insuficiente para a grande população indígena que estava crescendo, os Kariri-Xocó resolveram ocupar seu antigo território, a Fazenda Modelo em 31 de Outubro de 1978, neste local fica o Alto do Bode, colina de sua aldeia original. Os indígena que moravam na Colonia, Rua dos Índios sairam para morar na Nova Aldeia, onde estar até os tempos atuais. Ainda encontramos até hoje indígenas morando na Rua dos Índios, emboram em menor quantidade, algumas famílias continuaram no local por amor ao torrão que nasceu.

Nhenety Kariri-Xocó

segunda-feira, 1 de julho de 2013

MORANDO NO OURICURI




Indígenas morando no Ouricuri década de 1930
Vestígios ceramicos do local
Vestígios do Forno Véio
João Baca
  A expropriação, discriminação, extinção dos aldeiamentos a parti de 1873, muitas famílias de índios de Porto Real do Colégio, não tinham onde plantar suas roças. Com a criação da Vila de Porto Real do Colégio originária da aldeia , as terras indígenas foram sendo ocupada por moradores da povoação ao longo dos anos. Em 1914 o engenheiro Roberto Pereira Reis a serviço do Ministério Industria Comercio e Obras Públicas veio fazer um levantamento do antigo território indígena para a divisão de lotes para colonização e fundação do Centro Agrícola. http://www.indiosonline.net/morando_no_ouricuri/   .
O índio João Baca faz um Abaixo Assinado na comunidade para assegurar o território indígena, mas foi ameaçado pelas autoridades da povoação local. As terras foram divididas e vendidas pelo Governo do Estado, o Governo Federal ficou com uma pequena parcela criando o Centro Agrícola, os indígenas ficou com as terras do Ouricuri. Sem ter onde plantar nem morar muitas famílias foram morar no Ouricuri, em diversas épocas da nossa história. Entre as famílias que moravam no Ouricuri em plena mata encontramos Chefes de Famílias : João Baca por ser ameaçado, Dona Cristina, Mané Preto Véio, Antônio Correia, Migué Embigão, Dona Zabé, Geraldo e outras mais. Viviam da agricultura, da caça de animais selvagens, na floresta, e as mulheres faziam cerâmica, ainda tinha o forno véio, casa de farinha, poços dágua. Algumas famílias saíram do Ouricuri para morar na Colônia a parti de 1952. Os que moravam no Ouricuri ficavam muito felizes quando ,os outros índios que moravam na Colônia e da Rua dos Índio vinham para o ritual religioso na aldeia no interior da mata a cada 15 dias. A mata do Ouricuri em 1949 tinha cerca de 190 hectares de terra, está á cerca de 6 km do Rio São Francisco, numa altitude de 135 metros acima do nível do mar. Não podemos esquecer as famílias que plantavam no Ouricuri suas roças, mas não moravam lá, antes de terem as terras da Colônia : Euclides Ferreira, Inocêncio Pires, Analbertino, Mané Pretinho, Zé Gatinho etc. Os índios que viviam no Ouiricuri, tinham contato diariamente com a natureza, da floresta, dos animais e dependiam das plantas nativas para sobreviverem.  Lembrando que tinha algumas famílias que só plantavam por falta de terras tomadas pelos invasores da Terra Indígena.

Nhenety Kariri-Xocó

ALDEIA NO ALTO DA COLINA


Alto do Bode colina da Aldeia Antiga
   Nossa aldeia ficava na época do contato com bandeirante e jesuítas, no alto da colina, em 1568. Nesta colina conhecida como ” Alto do Bode “, ficava a aldeia original, no seu topo na chã, tinha as malocas com um terreiro circular. O morro é banhado pela Lagoa Comprida, nas margens do Rio São Francisco.
Encostado tem outro morro onde ficava o semitério indígena, onde os índios eram enterrados em igaçabas. Os índios foram retirados da colina pelos bandeirantes e jesuítas, para os arredores da capela de Nossa Senhora da Conceição no século XVI e XVII.
Angiqueiro Velho aldeia atual
Os indígenas retirados do Alto do Bode a força para serem evangelizados pelos padres, estudarem no Colégio para aprender a língua portuguesa e latina. A mudança foi muito grande, os índios moravam na aldeia tradicional em casas coletivas na ocas sem divisão de paredes, em aldeias redonda. Agora os jesuítas fizeram residencias cada família uma pequena chopana, com rua linear aoredor de uma capela rústica sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, onde atualmente fica a cidade de Porto Real do Colégio. Mas o local sempre ficou sendo utilizado pelos índios para realizarem o ritual do Ouricuri até o final do século XVIII, quando mudaram para as terras altas, longe dos brancos. Diz a tradição que o Pajé Luduvico dessa época, que fez a mudança do lugar para o Ouricuri do Angico Velho 1798. O antigo pajé teria olhado preocupado com a chegada de muitos brancos nas aproximidades da aldeia ficaria difícil praticar o ritual, assim os brancos ouviriam nosso cantos proibidos por eles. Na Aldeia do Angiqueiro Velho ficamos ai sem ser incomodados até os dias de hoje.



http://www.indiosonline.net/aldeia_no_alto_da_colina/   .

Nhenety Kariri-Xocó.





















CINEMA, RADIO TELEVISÃO

   O contato com a sociedade nacional, nas cidades de Porto Real do Colégio-Al.,e Propriá-Se.,faz dos Kariri-Xocó um grupo tribal já familiarizado com as novidades da tecnologia da época. Nos anos de 1940 ,a índia Maria de Lourdes Ferreira, informa que em companhia de seu pai Euclides Ferreira, vendia a louça ( cerâmica) na cidade de Propriá, passava o fim de semana por lá. Nestas andanças, dormia na casas de conhecidos, e a noite freqüentava o Cinema Veneza, uma novidade da época. Anos depois era comum a população de Porto Real do Colégio, ir ao cinema assistir o Filme Paixão de Cristo na Semana Santa. Nos anos de 1971 o Cinema de Propriá vinha para Porto Real do Colégio, apresentar filmes como: Tarzan, Sanção, Hércules, Bruce Lee, Faroeste,de Amor etc. O carro anunciava os nomes dos filmes que ia passar no Salão Paroquial ou no Ginásio Frei Damião na Rua Santa Cruz. Também nos anos de 1948 o índio Antônio Correia trouxe o primeiro Rádio da aldeia, revolucionando o modo de ver o mundo, pelas notícias, novidades, músicas, esporte e novelas. A parti dos anos de 1960 alguns índios já possuíam rádios : Alírio Nunes, João Sampaio, Manarí. Nos anos de 1970 José Militão, José Taré, Pié e Ginú, possuíam do mesmo aparelho. A Copa do Mundo de Futebol de 1970, foi assistida pelo rádio na aldeia indígena, dezenas de pessoas, ficava ouvindo na sala lotada de gente. Nas novelas pelo rádio, tinha índia que chorava pela emoção: Doralice, Luordes, Maria de Elpídio. A noite a Rádio Record de São Paulo, apresentava o Programa dos Caipiras, de músicas sertanejas, das duplas: Tonico e Tinoco, Leu Canhoto e Robertinho, Cascatinha Inhana, Carlito e Cardoso e outras mais. Na Rádio Globo do Rio de Janeiro, o programa favorito dos homens era os jogos do Campeonato Carioca, na tribo com várias torcidas do Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo,comentaristas como João Saldanha, Valdi Amaral e Mário Viana. Agente foi crescendo neste clima de notícias pelo rádio, logo após apareceram as rádios locais a Difusora, Rádio Progresso e Novo Nordeste de Arapiraca. De manhã no rádios de manhã apresentavam Forró Pé de Serra, com Luiz Gonzaga, Gerson Filho,Josa Vaqueiro do Sertão. A tarde tinha Ave Maria das 06:00 horas, o Hino Nacional, Hora do Brasil, o rádio durante muitos anos animou a tribo de Porto Real do Colégio. O Índio José Francisco Tononé, trouxe o primeiro aparelho de televisão para a tribo. As imagens imprecionava os indígenas, as novelas da Globo Mulheres de Areia, Carinhoso, o Bem Amado. O Jornal Nacional dava notícias do mundo desconhecido pelos índios, os jogos de futebol, ficou mais atraente, conhecemos nossos ídolos pelas imagens transmitidas: fico, Pelé, Roberto Dinamite, Jaizinho, Rivelino e outros. A televisão modificou profundamente o comportamento da tribo, no vestir, falar, modo de andar e de ser. Beijos na boca, estilo de cabelo, costumes, alterando para uma nova realidade.  http://www.indiosonline.net/cinema_radio_e_televisao/   .

Nhenety Kariri-Xocó.