sexta-feira, 26 de abril de 2013

CUIDADO COM A CULTURA


Potes Ceramicos

Mandioca que faz a farinha
  Conversando com Marco Sabaru Tingui Botó, filho do Cacique Eliziano, por ocasião da Mobilização Local para a Conferencia de Saúde, em Kariri-Xocó dia 25 de Abril 2013, culturalmente tudo estar relacionado. Entre os pontos de vista Marco comentou sobre nossa ceramica, as mulheres de nossa tribo faz a troca de potes de barro pela farinha Tingui-Botó. Segundo Marcos, os agricultores indígenas de sua etnia faziam farinha no sistema tradicional, torrada no forno, mexida com palheta de pau, a mandioca era ralada no caititú. No anos de 1990 foi construida uma Casa de Farinha Mecanizada, com maior prudutividade, os equipamentos elétricos faz quase tudo, não vemos mais as pessoas juntas trabalhando como antigamente. A Casa de Farinha Tradicional não existe mais, agora não tem ninguém que saiba mexer farinha no forno como antes, porque tudo quem faz é as máquinas. Comentando sobre a Ceramica Kariri-Xocó , falei que esta arte do barro estar correndo risco de desaparescer, as ceramistas estão ficando velhas, as jovens não querem aprender a trabalhar com argila. Chegamos uma conclusão, que nosso sistema de trocas do pote de barro Kariri-Xocó, pela farinha Tingui-Botó pode acabar um antigo costume dos dois povos. Muito frequente encontrar nas rodas de conversas de Kariri-Xocósobre as ceramistas estão ficando pouca, umas ja morreram pela idade avançada, outras estão ficando velhos, ainda não temos um geração de outras mais jovens assumindo este trabalho. Os vasos ceramicos estão perdendo espaço para os eletrodomésticos, onde os indígenas estão substituindo a vasilhame de barro pelo plástico, com a garrafa fica mais fácil de guardar na geladeira. Temos que ter cuidado para não perder nossas antigas tradições, devemos ter um certo cuidado com nossa cultura.

Nhenety Kariri-Xocó

quarta-feira, 24 de abril de 2013

NOSSA DIVERSIDADE CULTURAL


Chefes de Casas são pais de família
 
As Jovens Indígenas

Dança do Toré Sem os Trajes Tradicionais
Diversidade nos Cocares
Crianças, Jovens, Adultos e Anciões
Grupo de Jovens
Jovens Guerreiros
Toré em Círculos
Mulheres Indígenas
A união étnica entre vários grupos indígenas em Porto Real do Colégio-AL., fortaleceu a comunidade Kariri-Xocó na luta pela conquista da terra. Apagar uma Memória Social de um Povo Vivo é praticamente quase imposível, porque alguma coisa fica como testemunho. Mostramos quem somos nas histórias, nos cantos revelamos fatos, nos trajes de toré a pluralidade, na pintura corporal singularidade de expressão . Os casamentos inter étnicos uma diversidade cultural, reforçou nossa comunidade, também não podemos esquecer o encontro com outros povos do passado e na atualidade. Na falta da matéria prima para confecção de artesanato, criamos opções de sobrevivencia, substituimos com outros elementos, ou fazemos trocas de produtos com parentes. Alguns povos observavam nossos torés, aprenderam os cantos e danças, cada etnia aprende algo de outra comunidade.  Nosso Cachimbo Xanduda de Angico agora reproduzidos nas aldeias por aí. O que significa essa diversidade, somos o Brasil uma nação multicultural , muitas cidades nasceu de aldeamentos, missões religiosas, vindo outros povos houve fusão formando a sociedade de hoje.Embora em nossa comunidade tem a presença de muitas etnias, entendemos uns aos outros com o tempo de relação, as vezes se diferenciamos nos trajes, nos cantos, mas no fundo somos um povo unidos.

Nhenety Kariri-Xocó

terça-feira, 23 de abril de 2013

COMEMORAÇÕES DO ÍNDIO II

Tenda para o evento
Casais assinando o contrato para a construção das casas
Grande Mesa das Autoridades presentes
Reunidos para as competições esportivas
Preparação para disputa cabo de força
Dançando Tore defronte a Mesa das autoridades
Sandro e Lirinho
Grupo de Toré com cocares de caroá

Cacique Juarez conversando com o Pajé Júlio Suíra
Índios descontraídos

segunda-feira, 22 de abril de 2013

COMEMORAÇÕES DO ÍNDIO I


Exposição de Artesanato
Grupo de Toré

Jogo de Futebol
Crianças no Cabo de Força
Meninas  na Equipe do Cabo de Força
Fila dos Presentes
Corrida de Saco
Crianças do Toré
Corrida de Jegue

Assistindo Futebol
  Na Aldeia Kariri-Xocó teve comemorações dos indígenas, com canto e danças do Toré, torneio esportivo. O campo de futebol teve torneio com os clubes da aldeia, distribuição de premios para as crianças, premiações. Estamos todos felizes por estar realizando um sonho dos casais novos, que ainda não tem suas moradias, o legal de tudo isso ver as pessoas participando no momento coletivo da comunidade, na paz, ser índio é viver perto um do outro, brincar juntos, pescar, caçar, trabalhar em mutirão, comer em confraternização, dançar e cantar em grupo. Aprendemos com os brancos o jogo de futebol, também chamado de esporte coletivo, no município de Porto Real do Colégio somos Tetra Campeão, ficamos muito orgulhosos de nossas equipes desportiva. Com a internet podemos registrar com textos, fotos até vídeos, poderemos fazer a história contando os fatos acontecidos na aldeia com possibilidade de conhecer o mundo. Na tecnologia exibimos na praça da aldeia as produções de vídeos, exposição de fotos, músicas, os adultos e anciões gostam muito dos mais jovens estar preservando nossa Memória Indígena. Estamos acompanhando as mudanças culturais, com imagens tiradas anos atráz, comparando com as atuais exergamos a evolução, dos hábitos, costumes. Nosso papel agora é registar essa época do momento, sem esquecer nossa identidade, nossas raizes culturais. O municpio de Porto Real do Colégio nasceu de uma Missão Jesuítica, a aldeia cresceu virando uma cidade, sua população originária também de nosso povo e outras nações que vieram de fora, somos todos colegienses.

Nhenety  Kariri-Xocó

DIA DO ÍNDIO KARIRI-XOCÓ 2013


Grupo de Toré Kariri-Xocó 2013

Toré no Pátio da Escola
Cacique José Tenório puxando Toré na escola

Pajé Júlio Suíra de óculos e Cacique Juarez cocal azul

Toré Vamos Embora
Toré das Crianças
No espaço da Escola Indígena Pajé Francisco Queiroz Suíra, foi oficializado a assinatura dos documentos para a construção de 100 casas, pelo Programa Minha Casa Minha Vida, que atenderá as famílias indígenas sem moradia. O Dia do Índio foi comemorado com esperança de tempos melhores para uma aldeia em expansão, tivemos Apresentação de Toré Kariri-Xocó com o Cacique José Tenório e os indígenas, homens e mulheres da tribo, trajados tradicionalmente pintados. Tivemos a presença dos representantes da Caixa Economica Federal, Prefeitos dos municípios de Porto Real do Colégio e São Brás-AL., vereadores, secretários municipais, lideranças indígenas e a comunidade Kariri-Xocó. Houve discursos das autoridades presentes, lideranças, em clima de muita festa pela cosntrução das unidades habitacionais, trazendo mais emprego para a comunidade e melhores condições de vida para todos da aldeia. Em seguida foi apresentado um vídeo da planta do projeto das casas, modelo, estilo das habitações que vai ser construídas na Terra Indígena. As festividades continuada tivemos também torneio de Futebol de Campo, atletismo, corrida de jegue, distribuição de premios troféus e medalhas para os vencedores das competições esportivas. A noite o Grupo Força Jovem exibiram também vídeos : " Somos Índios, Saudades dos Que Partiram, Ceramica Kariri-Xocó, Toré Dança Tradicional, Exposição de Fotos, distribuição de lanches para todos presentes.

Nhenety Kariri-Xocó

sábado, 20 de abril de 2013

COLAR DO ÍNDIO



   Considerando o mundo tribal como uma série de significados, para a definição do índio guerreiro (arqueiro), pescador, caçador etc... como forma de status sócio-cultural. Como diz a tradição: “se quiseres conhecer um índio olhe o seu colar”, porque em seu pescoço traz seus títulos, habilidades, capacidade e sua formação ao longo de sua vida como membro de uma sociedade. Ao iniciar suas atividades na comunidade, o jovem segue o processo de reconhecimento, segundo a tradição, nas artes de caçar, pescar, coletar, curar, necessárias a sua formação, como maturidade individual. Uma das formas de simbolizar sua capacidade de ação nessa sociedade é a constituição do “Colar”. Cada elemento (dente, pedras, semente, etc.) funciona como um distintivo do índio.
Numa caçada pela floresta um guerreiro caçou uma onça, todos podem comer o animal, mas somente ele quem pegou a caça pode usar o dente canino da fera, como prova de sua bravura.Para que uma pessoa use uma semente de árvore no colar é necessário que ela tenha uma profunda habilidade, conhecimento desse grande senhor da floresta e sua utilidade para a comunidade. Assim também funciona com o pescador, que ao capturar o maior peixe terá o direito de usar um de seus ossos. Quem faz pequenas proezas, é considerado pequeno na comunidade. Por isso, nem tudo pode ser colocado no colar, somente uma ação especial considerada importante para a tribo e principalmente ao próprio indivíduo como forma de título. Isso tudo acontecia quando o indigena vivia dependente da natureza, quando   em sua cultura todos exerciam suas atividades tradicionais. Atualmente o índio pode carregar em seu pescoço um cordão com uma chave de moto, então ele deve ser um motoqueiro. Podemos encontrar diversas formas de colares, exemplo quando vamos a uma reunião na cidade, recebemos um crachá com o nome do participante e sua função na atividade que exerce na sociedade. Também encontramos jovens com telefones pendurado no pescoço em forma de colar, etc...
http://www.indiosonline.net/avaliando_pelo_colar/ 

Nhenety Kariri-Xocó


quinta-feira, 18 de abril de 2013

CONTO DA MULHER RAPOSA

Raposa Kasturina, Desenho : Nhenety
      No tempo que nossa aldeia passou a ser cidade, nossas terras foram delimitadas , para  fundar Porto Real do Colégio, os indígenas ficaram sem proteção, as coisas ficaram bem difíceis. Pelas histórias da época disse o cacique Cícero Irecé falou-lhe o Sr. Germídio, que esta cidade ficou mal assombrada. A índia Kasturina revoltou-se com os brancos, que haviam tomado as terras de seu povo, ela era muito sabida, quando chegava a noite transformava-se em raposa. Isso mesmo a índia virava em raposa, assombrando todo mundo da cidade, com seus uivos arrepiantes, as pessoas domiam logo cedo para não se encontrar com a fera. Muitos homens saiam a sua procura quando ela uivava, chegando lá no lugar, a raposa já estava em outra parte da rua, gritando até altas horas da noite. Nesse vai e vém os homens da cidade nunca pegaram ela. Somente uma vez alguém viu ela se transformando em raposa, disse o Sr. Germídio que os mais velhos contavam, os brancos diziam isso aconteceu porque nós tomamos as terras dos índios. O tempo foi passando Kasturina foi ficando velha, quando ela morreu a raposa nunca  mais apareceu, os brancos tomaram um alívio. Aos poucos a vida dos índios foi melhorando, pelo menos os brancos tiveram respeito pelos donos das terras. Nessas terras tem dono, ninguém pode invadir nosso torrão natal , pelo menos os índios ficaram numa rua como aldeia,viveram em paz até seu reconhecimento.

Nhenety Kariri-Xocó


quarta-feira, 17 de abril de 2013

CORDEL O CURRAL CAIU

José Matias da Silva, ancião de 78 anos
    Os indígenas Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio-AL., sem condições de trabalho no início do anos de 1970, saiam pela fazendas da região para ganhar dia de trabalho. Entre os indígenas José Matias da Silva conhecido por José Vitória fez um cordel " O Curral Caiu "  de sua autoria , relembrando este tempo nas fazendas.

Na Fazenda Santa Rosa
Voçe sabe o que se deu
Na mudança de um curral
Na hora que ele pendeu

A pois era um Dia Santo
Mais ninguem não conheceu
Nos gritos de seu Pedro Chaves
Quase morre um amigo meu

Mais quando o curral caiu
Todo mundo ali correu
Tinha Aniceto e seu Pedro Chaves
Encostado estava eu

Chamei por Nossa Senhora
Quem estava ali por fora
Viu tudo que aconteceu

Seu Pedro Chaves
Ele era um home de educação
Como se maltrata outro
Sem haver alteração ?

Mais quando o curral caiu
Foi com ele no chão
No Pino de meio dia
Na hora de almoçar

Seu Pedro Chaves então falou
Vamos logo terminar
Mais ele disse assim
Augusto começava a gritar

Negrada tenha cuidado
Que o Curral vai arriá
Começamos Quinta Feira
Para se mudar mourão

Setenta e sete pessoas esta de prontidão
Foi encostado em um recanto
Porque era um Dia Santo
Do Padre Cícero Romão "

Nhenety Kariri-Xocó









sexta-feira, 12 de abril de 2013

COMIDAS TÍPICAS KARIRI-XOCÓ

Tapioca
Bolo Pé de Moleque

Milho Assado
Beijú
Delícias das Comidas
Peixe Traíra
Variedade das Comidas
   Atualmente fica difícil manter nossa culinária tradicional, após tantos anos de contatos com outros povos, aderindo novos produtos da alimentação diária. O povo brasileiro aprenderam muito com os indígenas, na culinária : usso da farinha de mandioca na alimentação, mingau de milho, pamonha, pipoca, paçoca, beijú, tapioca, carne moqueada. Aqui em Kariri-Xocó nossa alimentação estava baseada nos peixes do São Francisco : traíra, sarapó, pirá, cará, xira, que era cozido em moqueca, assado na brasa, bobó de caramujo, fruta do umari, genipapo. As caças do mato eram muito utilizadas na alimentação indígena, veado, teiú, capivara, jacaré, nambú, rolinha ave muito apreciada por todos em unanimidade. A farinha de mandioca é a base alimentar do índio, tendo ela a fome vai embora da tribo. Cada ano que passa nossos agricultores,  estão ficando velhos, os jovens não querem trabalhar na roça, assim vamos comprando produtos que antes produzimos. Falta uma educação compatível com nossa realidade cultural, valorizando nossos agricultores, pescadores, caçadores, atividades produtivas tradicionais com nossa identidade. Novos produtos que estamos absorvendo em nossa alimentação, com o tempo vai tornar também parte do universo cultural indígena, porque tudo muda.

Nhenety Kariri-Xocó

quinta-feira, 11 de abril de 2013

CONTO DO PIRAPOTI


   Nas águas do São Francisco antes do represamento das grandes barragens, tinha peixes de todo o tamanho, histórias com as peripércias dos pescadores do rio não faltava nas aldeias, em cidades e povoados. Faz muito tempo que ocorreu uma notícia de um grande peixe assombrava os ribeirinhos do Baixo São Francisco, atacava qualquer pessoa que fosse ao rio . Numa manhã uma índia foi de nossa tribo foi encher seu poti no rio, um peixe enorme engoliu o vasilhame, a mulher deu um grito que chamou ateção de toda a tribo. Os indígenas desceram o barranco do rio, ela contou o ocorrido, o grande peixe engoliu o poti achando que era eu, estou aqui tremendo de medo escapei por pouco. A notícia correu na aldeia, ninguém queria mais ir ao rio, com medo daquele monstro descomunal . Passou vários dias os pescadores de uma cidade distante, acharam um grande peixe morto, boiando no rio, levaram até as margens, suas escamas era do tamanho de um prato, sua barriga era enorma. Quando abriram o peixe, encontraram um poti de barro, assim como falaram, os pescadores dizeram que o peixe morreu  de fome. Pelo que contaram o poti que o peixe engoliu, ficou com a boca para a frente, a comida que ele comia ficava no vasilhame de barro. O tempo foi passando o peixe enfraquecendo sem alimentar-se, toda comida ficava retida no poti, o peixe terminou morrendo. Pirá na linguagen nativa é peixe, poti nós chamamos o vaso ceramico feito pelas mulheres Kariri-xocó. Assim ficou a história do Pirapoti o peixe vaso que engoliu o poti, nunca mais apareceu outro peixe desse não, o rio estar secando, o homem fez barragens em todo São Francisco.

Nhenety Kariri-Xocó

terça-feira, 9 de abril de 2013

CABOCLO DE CASCO


Caboclo de Casco. Desenho : Nhenety
   Nas matas de Kariri-Xocó que existiam no passado, cobria uma vasta área além do horizonte, também tinha muitos mistérios com seres sobrenaturais. O índio Juarez Itapó falou,  que seu pai Kirino esperiente caçador, estava em cima da árvore esperando porco do mato, demorou quase o dia inteiro nada chegou. Quando chegou a tarde os pássaros parou de cantar, ficou um silencio na floresta,  de repente começou ouvir uns gritos bem longe, eiii, eiii..., cada vez mais foi se aproximando, gritando cada vez mais alto, que estrondava as árvores ao redor. Parece que vinha quebrando árvores pela frente, os bichos fugiam daquele terrivel ser assustador, bateu um calafrio, foi aparecendo um grande ser da a mata, tinha um olho só natesta, com um corpo encoraçado, possuía uma perna somente, mas caminhava rápido como um veado veloz, o umbico era vervelho quando gritava abrindo e fechando. Meu pai ficou com medo, pelos que ele ouvia dos mais velhos antes dele, aquele ser pelas características era o " Caboclo de Casco " . Pelas histórias contadas o Caboclo de Casco era invulnerável a flecha e a bala, muitos caçadores do passado perderam a vida na mata, deixando mulher e filhos. O Caboclo de Casco olhava de um lado para o outro, farejando algo no ar, não encontrando nada começou a gritar, foi embora gritando pela mata novamente, assustando todos os bichos da floresta. Kirino desceu da árvore embalado na maior rapidez, chegou em casa sem nada, contou a todo mundo da aldeia o acontecido, os outros indígenas dizeram : " home voçe teve a maior sorte do mundo, escapar do Caboclo de Casco ", Kirino respondeu : escapei porque estava em cima de um pé kruirí, fiquei quietinho sem fazer barulho nenhum . Agora com a derrubada da grande mata, o Caboclo de Casco foi embora para outra região de florestas virgens.

Nhenety Kariri-Xocó