sábado, 31 de dezembro de 2022

AS PALAVRAS PARA 'FECHAR' NOS DIALETOS DZUBUKUÁ E KIPEÁ


 Ao longo desse ano, fui capaz de perceber várias coisas sobre as línguas do ramo Nhihô (Kipeá, Dzubukuá e Katembri), especificamente sobre o Kipeá e o Dzubukuá, estas duas línguas compartilham boa parte de seu vocabulário, sua diferença dialetal é mais perceptível pelas fonemas ao invés do léxico, traduzindo: a diferença estava mais na maneira como uma palavra era pronunciada ao invés do fato de serem palavras completamente diferentes (vide Dz.: amoedha vs Kp.: (a)mŷsã, mesma palavra, pronúncias diferentes). Isto não quer dizer que estas línguas eram cópias carbono uma das outras, apenas indicava que elas pertenciam ao mesmo grupo ou a um grupo aproximado um do outro, uma diferença notável é no vocábulo para 'fechar', a ideia parecia ser expressada com verbos totalmente diferentes uns dos outros, vejamos os exemplos de cada catecismo:



Katecismo Indico de Nantes (Dzubukuá), pág. 30


"Peihamcli uquie..."


"Houve Solcris", lit.: "Fechou o sol"



Catecismo da Doutrina Christãa (Kipeá), pág. 97


"...no subabécrí kenhé nó ibuânghété cutóá"



"...pois estava fechado pelo peccado dos nossos pays"



 O conceito de 'fechar' só surge uma vez no catecismo de Mamiani, ele não menciona tal verbo em sua gramática, enquanto o verbo *peham* de Nantes surge múltiplas vezes dentro de catecismo, vamos discutir primeiro sobre o verbo Dzubukuá:



1º) PEHAM: Este verbo só surge no dialeto Dzubukuá, o mais interessante é a semelhança da primeira sílaba (PE) com a primeira sílaba do seu antônimo PEMWI 'abrir', existe uma possibilidade de que PE não seja um sinônimo de sua segunda sílaba em nenhum dos dois casos, é possível que signifique algo como 'tranca, trancar' e o segundo verbo (seja ele HAM ou MWI) modifica sua função, portanto PEHAM seria 'fechar tranca' e PEMWI seria 'abrir tranca', isso não quer dizer que não exista a possibilidade deste verbo ser um sinônimo, fui capaz de encontrar nas línguas Hupd'äh do Alto Rio Negro e Yuhupdeh o verbo pö 'abrir, estar aberto' e o no Krenak pok 'fechar'. No Kipeá, apenas PEMŶ surge, não fui capaz de encontrar seu antônimo com a raiz PE.


2º) BABE: Este verbo só surge no dialeto Kipeá, as informações que podemos retirar são de que o primeiro verbo (BA) é da quinta declinação (su-babe-kri), muito provavelmente é um composto de sinônimos, já que não apresenta significado múltiplo, portanto separável como BA = fechar + BE = fechar.



 Antes de concluir, devo dizer que por que um cognato de PEHAM ainda não foi encontrado, é difícil definir a qualidade da vogal e a obrigatoriedade da nasalização, ou seja, eu não posso afirmar se essa vogal é um A verdadeiro ou um schwa e se ele precisar estar sempre nasalizado ou não, também não arriscarei muito ao reconstruir o H, pois não sei se é um H verdadeiro ou se deriva de um *p, portanto manterei a reconstrução para cada dialeto simples:


1) Proto-Kariri *peha ~ *pehã 'fechar'


Dz.: pheham, pheyham

Kp.: pehá, pehã

Sp.: phehá, pheháng

Km.: ppehà, ppehàng

Kt.: pheha, phehan

Kx.: phehá, phehã

Pp.: pehá, pehã




2) Proto-Kariri *(u)babe 'fechar'


Dz.: babe, bambe

Kp.: babé

Sp.: papé

Km.: papì, pangpì

Kt.: babe, banbe

Kx.: babé

Pp.: babê


Os verbos independentes:


1) Proto-Kariri *pe 'trancar, tranca, fechar, abrir (?)'


Dz.: phe

Kp.: pé

Sp.: phé

Km.: ppè

Kt.: phe

Kx.: phé

Pp.: pê


2) Proto-Kariri *ha ~ *hã 'fechar'


Dz.: ham

Kp.: há, hã

Sp.: há, háng

Km.: hà, hàng

Kt.: ha, han

Kx.: há, hã

Pp.: há, hã


3) Proto-Kariri *(u)ba 'fechar'


Dz.: ba, bam

Kp.: bá

Sp.: pá

Km.: pá, páng           

Kt.: ba, ban

Kx.: bá

Pp.: ba



4) Proto-Kariri *be 'fechar'


Dz.: be

Kp.: bé

Sp.: pé

Km.: pì

Kt.: be

Kx.: bé

Pp.: bê



Autor da matéria: Ari Loussant


quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

O SUFIXO TÇÃ INEXPLICADO

 

Existe um sufixo cujo Mamiani nunca se dedicou a explicar, deixando-nos com dúvida sobre qual seria sua função, ele usou ele em quatro palavras/frases diferentes:


1º) A primeira vez que esse sufixo surge é nos exemplos de afixos de negação (página 71), especificamente no 5º exemplo, onde ele usa-o no verbo Te 'vir':


Tetçã bo hibŷsapri 'eu vim para que não me açoute'


2º) O segundo surge na página 96, em um exemplo peculiar que ele usa pra explicar o sufixo WO:


Yacàwotçã 'sou por ventura hum cachorro ?'


3º) O terceiro exemplo são dois ao mesmo tempo, eles se encontram no início do catecismo, na parte 'Do Santissimo Sacramento da Eucharistia' em sua última página, é difícil dizer qual parte eles estão traduzindo, pois as cantigas não são traduções diretas:


Nó uró crodíwotçã                El alma contra el diablo

Potúbae só nhewó                Con este pan es fuerte

Bihé nó sidí hidióhó              Que para nuestra suerte

Bó Canghitçã                                 Vino del Cielo


A tradução literal seria


Pois este/isto robusto-jeito-?

É medonho contra/a diabo

Somente se ele é dado para mim

Por/de (out of) bom-?


4º) O quarto é o exemplo mais importante, que pode nos ajudar a conectar um significado para essa palavra, isto é na palavra MOHOTÇÃ ~ MOHETÇÃ 'baldadamente, sem motivo'


 Aryon Rodrigues diz que esse sufixo seria um da primeira pessoa do singular ou 'eu', no entanto eu discordo dessa teoria, nem ele nem ninguém elaborou o por quê do Kipeá ter um único sufixo pronominal para a primeira pessoa e não ter incluído as outras, afinal os pronomes dependentes todos surgem a partir da esquerda. 


 Não creio que essa palavra seja um pronome, na verdade creio que essa hipótese foi fruto da maneira como Mamiani exemplificou essa palavra, levando a esta confusão na interpretação de seu significado. Acredito que a palavra tenha o mesmo significado que surge em MOHOTÇÃ, que significa 'sem motivo', vou elaborar.


A palavra MOHOTÇÃ ou MOHETÇÃ é composta por três raízes, seu significado esta ao redor do tema de 'sem motivo, sem razão, simplesmente', elaborando melhor sobre cada raiz temos:


1ª) A primeira raiz, que parece ser a raiz locativa MO 'em, para (local)'.


2ª) A segunda raiz que varia entre HO e HE, o que implica que sua vogal é fraca, é difícil dizer qual raiz seria essa, mas é possível que essa palavra seja ou um reforço semântico de TÇÃ e signifique 'simples' ou é um intensificador que significa 'mais, muito' e é cognato do HAE de MAEHAE 'mais' e o HO de IHO 'muito' do Dzubukuá.


3ª) A terceira raiz que se assemelha bastante a TÇÃ 'duro, rijamente, tesamente, apertadamente', é possível que a raiz tenha evoluído de seu significado de 'duro, rígido' > 'rude, simples' > 'simplesmente, sem razão'


 Concluo portanto que o significado literal de cada raiz que compõe essa palavra é 'em-muito-simples' ou 'em-simples-simples', favoreço mais a primeira hipótese, se esta hipótese estiver correta, podemos traduzir os textos anteriores como:


Tetçã bo hibŷsapri = 'Veio simplesmente para longe/para fora do meu açoitar' (Ainda acho difícil explicar o por quê de Mamiani ter falado na primeira pessoa o verbo 'vir', se não for um lapso dele, talvez seja uma regra da gramática dos Kipeá que ele não elaborou onde outro elemento da cláusula além do verbo serve para indicar em que pessoa está sendo falado, em minha opinião não faz sentido, pois verbos sem prefixo normalmente funcionam na terceira pessoa, então isso ainda é um mistério)


Yacawotçã ? = É simplesmente como cachorro ? ou literalmente cachorro-como-simplesmente (Novamente, Mamiani conjuga isso na primeira pessoa, o que pode levar à confusão de que esse sufixo é um pronome, mas repito, as outras vezes que ele surge não indicam essa função, além de nada explicar a razão dos Kariri terem um sufixo exclusivo para primeira pessoa do singular quando todo seu sistema deriva da esquerda do morfema)


Nó uró crodíwotçã

Potúbae só nhewó

Bihé nó sidí hidióhó

Bó Canghitçã


Seria


Pois este simples jeito robusto ou pois este jeito robusto simplesmente

É medonho contra o diabo

Somente/Apenas se ele é dado para mim

de (out of) simples bondade


Concluo portanto que esse sufixo tem o significado de 'simples, simplesmente' e que ele deriva da palavra TÇÃ 'rijo, duro, rijamente, tesamente, apertadamente'.



Autor da matéria: Ari Loussant 

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

EXPLICANDO A NEGAÇÃO BO

 

 Na página 71 no 5º exemplo dos afixos de negação, Mamiani menciona uma palavra que se assemelha bastante ao BO que significa 'de, por', o exemplo é:


Tetçã bo hibŷsapri


 Explicarei o sufixo -tçã em um texto posterior, nesse gostaria de focar no bo, se seguíssemos a lógica que conhecemos, BO seria 'de, por', porém isso não faz sentido, pois tornaria a frase em 'veio por/de meu açoitar', o que não demonstra nenhuma negação como Mamiani tentou explicar.


 Neste caso, a palavra que Mamiani está usando é uma que está em um exemplo na página 85 da gramática que explica que BO significa o mesmo que EX do latim, EX tem o significado de 'longe (de)' ou 'para fora (de)'. Por um tempo, não havia notado esse significado para essa palavra ou esse exemplo da pág. 85, quem me lembrou de sua existência e também demonstrou uma função extra dessa palavra foi o representante do povo Pipipan, Itsãebu Ký Pipipan ou Genildo, no exemplo que se encontra na página 137 do catecismo de Mamiani:


"Piwonheá cuné mo iwó inhúnhú Tupã dipirí didehoá bo Waré ?"


"Casaõ por ventura bem como filhos de Deos os que casão entre si sem estar presente o Paroco ?"


 Novamente vemos BO, notem que nesta frase ele está indicando 'ausência' ou 'longe (de)', portanto 'dipirí didehoá bo Waré' significa literalmente 'aqueles que casam entre si longe do/fora do padre', algo parecido com o inglês 'away from'. A frase que vimos anteriormente no exemplo da negação portanto seria traduzida como Tetçã bo hibŷsapri 'veio (sem motivo?) longe do/fora do meu açoitar'.


 Por que estou falando desta palavra sendo que ela é uma que foi explicada (embora muito brevemente para esclarecer sua função completa) pelo próprio Mamiani ? Simples, ela ajudará na criação de palavras que indicam uma ação feita para fora, como EX-portar, ES-clarecer e EX-trair, além de também poder se estender semanticamente para um afixo privativo, digamos por exemplo, LE-BO "mal-longe/fora" ou BO-LE "longe/fora-mal" ou seja 'longe, distante ou sem mal'.



Autor da matéria: Ari Loussant



segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

A PALAVRA RODEAR

 

 Esta palavra surge somente duas vezes na língua Kipeá, na palavra bŷró 'rodear o mato buscando caça' e no catecismo de Mamiani na página 84:


"Tikŷkí bŷdí mó iwo(RÓ) erá"


"Espalhar cinza á roda da casa"


 Ainda não encontrei essa palavra no Dzubukuá, existe uma frase idêntica à da página 84 de Mamiani na página 130 do catecismo de Nantes, só que nela a palavra toquiqui (tokiki) é usada, portanto não sei dizer se o RO do Kipeá é um L que se fundiu com o R ou se é realmente um R verdadeiro. Com isso dito, reconstruí essa palavra de duas formas *ro ~ *lo "rodear", trazendo para todos os dialetos como:


Dz.: ro, lo

Kp.: ró

Sp.: ró, ló

Km.: rò, lò

Kt.: ro

Kx.: ró, ló

Pp.: rô


Autor da matéria: Ari Loussant




PALAVRAS QUE COMPÕEM NEMBAE


As palavras que compõem NEMBAE "mudar-se de lugar"


 Essa palavra é um composto de duas palavras, a primeira é o verbo NE ou NEN 'mudar-se' e possivelmente 'mover-se'.


 O segundo elemento é um que foi discutido anteriormente sobre a palavra Natuba, revelando sua vogal verdadeira para nós e também confirmando seu significado de 'lugar'.


 Nada indica fraqueza da vogal, portanto a vogal da reconstrução será a mesma, é difícil dizer se a nasalização é obrigatória ou apenas um fenômeno comum do dialeto Kipeá, portanto a palavra será reconstruída como *ne ~ *nẽ 'mudar-se, mover-se'


Portanto reconstruo esse verbo para todos os dialetos (com suas novas ortografias) como:


Dz.: ne ~ nem

Kp.: ne ~ nen

Sp.: ne ~ neng

Km.: ni ~ ning

Kt.: ne ~ nen

Kx.: ne ~ nen

Pp.: ne ~ nen



A palavra para lugar também será reconstruída como *bə 'lugar' e para os outros como:


Dz.: bâ

Kp.: bae

Sp.: péi

Km.: pà

Kt.: bo

Kx.: bâ

Pp.: bae



Autor da matéria: Ari Loussant 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

O GATO DE BOTAS EM KAMURU


Gato de botas / Mokhí mú Cifú



Ari Loussant faz uma tradução do português para a língua Kariri Kamuru, leiam o conto como ficou:


O Gato de Botas de autoria do escritor francês Charles Perrault, publicado em 1697. 


ERA UMA VEZ um velho moleiro que tinha três filhos. Antes de morrer, reuniu os seus filhos e diante deles dividiu os seus bens pelos três.


Ao filho mais velho, o moleiro deu-lhe o moinho. Ao filho do meio deixou-lhe o burro. E ao mais novo entregou-lhe um gato.


O filho mais novo, com o gato no seu colo, comentou desiludido:


- Que vou eu fazer com um simples gato?


Qual não foi a sua surpresa quando ouviu o gato responder-lhe:


- Se me deres umas botas pretas, um fato e um saco, farei de ti um homem rico!


Assim fez o rapaz e o gato, todo aperaltado, partiu deixando o seu novo dono muito baralhado.


O gato das botas dirigiu-se ao bosque e caçou duas perdizes, que meteu dentro do saco. Dirigiu-se depois ao castelo do rei e ofereceu-as ao rei, em nome do seu amo, o marquês de Carabás.


Dia após dia, o gato continuou a oferecer presentes ao rei, em nome do marquês, o que fez com que o rei ficasse curioso em saber quem era o marquês de Carabás.


Numa bela tarde, enquanto o rapaz e o seu gato descansavam à beira rio, a carruagem do rei aproxima-se. O gato, rapidamente acorda o seu amo e diz-lhe para se despir e atirar-se ao rio. O rapaz, meio confuso, faz o que o gato lhe diz. Então o gato das botas corre em direção à carruagem, com ar aflito, e grita:


- Socorro majestade! Roubaram as roupas ao meu amo, o marquês de Carabás!


O rei, reconhecendo o nome do marquês, pára prontamente e empresta ao jovem nobres roupas, oferecendo-lhe boleia até à sua casa. O jovem entra na carruagem, meio embaraçado e aflito, pois não sabia o que dizer, sentando-se entre o rei e a sua bela filha, que o acompanhava.


O gato prontamente indica o caminho ao cocheiro do rei e, depois de a carruagem arrancar, corre desenfreado até às terras junto ao castelo do ogre.


Quando lá chegou, viu os camponeses, a quem disse:


- Se querem livrar-se do Ogre malvado, quando o rei passar digam que todas estas terras pertencem ao marquês de Carabás.


E continuou a correr, em direção ao castelo. Quando chegou, encontrou o ogre, que era o dono de todas aquelas terras, sentado a descansar. O ogre ao vê-lo, perguntou:


- Quem és tu? E que fazes no meu castelo?


Ao que o gato respondeu:


- Eu sou o gato das botas, um humilde servo vosso… ouvi dizer que possuís poderes mágicos. É verdade? Será que vós conseguiríeis transformar-vos num leão?


Ao ouvir isto, o ogre transforma-se imediatamente num enorme leão!


O gato, cheio de medo, responde:


- Que maravilha… mas será que conseguiríeis transformar-vos num minúsculo ratinho?


E o ogre, orgulhoso e imprudente, transforma-se logo num pequeno ratinho. O gato das botas, sem perder tempo, salta em direção ao ratinho e come-o.


Nessa altura, chega o coche do rei às portas do castelo, e o gato das botas dirige-se a eles para os receber:


- Bem-vindo ao castelo do meu amo, o marquês de Carabás!


O rei, impressionado com a simplicidade do jovem rapaz, que se encontrava ao pé da porta admirado, convida o agora marquês de Carabás a casar com a sua linda filha. O rapaz aceita e vive feliz para sempre acompanhado da sua bonita princesa e do seu fiel gato.

Fonte: https://bebeatual.com/historias-gato-das-botas_66



Gato de Botas em Kamurú 



Gato de Botas / Makkì mà Cupò


MÁ TTOSÙ KKÙ NGÌ, tsà ttosù tìbàilùi tìtsoggòlùi pù sò nyungà samùi. Cì tì nyày, tsucè lùi tì nyungà à suhò mà s'angprì napò lùi tì cè à sò saytsà.


Tà nganù pù ttosù, tì lùi bàiy sày nà patsù. Tà nganù pù sùi, tì lùi ekkì sày nà patsù. Tà nganù pù mò, tì lùi makkì sày nà patsù.


Kkì lùi mò nganù, tìpranìlùi, makkì mà tì kkutù sapohò: Gì wì gè makkì pù tsòy sà ?                     


Tà sì pepprìy, gà makkì wibì lùi suhò solì lùi: 


- Nà tì matì cupò rò yà, juirò suhò tupè gìày à nà, ppè mawày matì àyamùi gì nyà.  


Marò wì lùi nà mosù suhò makkì, tìkkaròlùi tà ggùi, puwì lùi tà plì sì sinàng tìletsàlùi. 


mumè lùi makkì mà cupò tà letsè suhò tài lùi dài puigà, gè tsù lùi masùi pò sì tupè. Mumè lùi apohò tà ì ggò masì, padà tà masì gà dài puigà, mà ì tsè ì sinàng, pasì mà Karabàs.


Nyicì à nyicì, tsuttù lùi makkì tà padà pày masì sày, mà ì tsè ì sinàng, ppè salanày lùi rò masì sày, tà nutsà agè pasì mà Karabàs.


Mà tsàng nyisì pù cè, sorò tà sà ikkò, molàng suhò makkì mà ì pà wotsù, tì ttamùi ì mabupà masì. Makkì, ppè ppatsà là tà siputtè sì sinàng, palè sày tì romù suhò lilùi wotsù sày tahèng. Mosù, tìletsàlùi pù lè, wì lùi tìkkitèlùi nà makkì. Pùi lùi tarò makkì mà cupò mabupà sì mùi, tìpepprilùi kkà:


- T'à bà gì ày, là simattè! sà kkocùi lùi ì rò à gì sinàng, pasì mà Karabàs.


Nyecì tù ì tsè pasì, duifì tà sittolittè suhò loidì mùng rò à mosù sày, và lùi pamùy sarà cù. Tà là mosù mà mabupà, tìgokràlùi suhò tìpetsèlùi, nà natsò nì kkì gè, tì tatì tù masùi masì suhò sì nutsùi, tìmingsàlùi.


Dù là tà sìttottè wò sì tìmabupamùilùi masì sày suhò, apohò ì plittè mabupa, pù là cetsè nì ratà cù sà ì ggò ngirù.


ninà ttà lùi marì, nì lùi laytsà à, tà gè palè: - Nà là saràng mùi ngirù pù ngà, ninà mahà masì, t'là pà tsoggò lì ratà lopà pasì mà Karabàs mùi.


Dù lùi tà pù mà ggò samùi. Ninà ttà lùi, nì lùi ngirù, tìsìlùi pò lì ratà lopà, tìtatìlùi tà ikkò. Ngirù nì tù sày, pagè:


Agè ayatsà ? Ugè mà gì ggò tà wì ayatsà ? 


Sò gè makkì solì: - Makkì mà cupò gìatsà, à ssùi pù molì... gì bì lùi tsoggò nùy pu mòi ayamùi, rò tsà ? À nù tì pà matsà aprimà ?


Sò bì rò, tì pà ngirù tà sigaibeittè matsà aprimà pù mà!


Makkì, matsedù, solì: Gè mà... iponà, à nù tì pà matsà mubanì pù pùi ?


Ngirù, masà suhò menì, tì pà là matsà pùi mubanì, Makkì mà cupò, tìngidunìlùi, sayprì mubanì mùi suhò tò ang'rò.


Rò ngì sày, ttà là sì mabupà masì ì tàytsà ggò sày, mumè makkì mà cupò sàytsà satà mùi: Kkà tìttàlùi tà ì ggò gì sinàng, pasì mà Karabàs!


Masì, tìpepprìlùi nà ì tsèiy mosù, tìgemabìlùi, gùi là gà tà ggùi pasì mà Karabàs tèi ppinyè sì nyutsùi sapohò. Pahuikkì là molàng suhò pà hase lotsò cetsùi sapohò suhò sí makkì pù sicè sapohò tahèng.



Autor da história traduzida em Kariri Kamuru: Ari Loussant







O GATO DE BOTAS EM SAPUYÁ


Gato de botas / Mokhí mú Cifú


Ari Loussant faz uma tradução do português para a língua Kariri Sapuyá, leiam o conto como ficou:


O Gato de Botas de autoria do escritor francês Charles Perrault, publicado em 1697. 


O Gato de Botas em Sapuyá



Gato de botas / Mokhí mú Cifú á



Português (PT):

ERA UMA VEZ um velho moleiro que tinha três filhos. Antes de morrer, reuniu os seus filhos e diante deles dividiu os seus bens pelos três.



Sapuyá (SP):

MÚ TSÁ NGÍ CEHÓ KHÚ, tsá thosú tífélí gé tsochó lí pú só nyunyú seimúi. Cehó tí nyáthé, kicé lí sí nyunyú khó mú sá eiprí naná lí tí kyé á só seiy tsá.



Tradução Literal (TL):

em ARTG.INDEF. tempo antes, ARTG.INDEF. velho (avô-fogo) moleiro (3CRF-moer-SFX.PASS.RCNT) que existir CL três descendentes (descendente-descendente) sua direção (3S-perto-direção). antes 3CRF morrer-NMLZ, juntar (colocar-atar) PASS descendentes e em 3PL frente (frente-frente) repartir (repartir-repartir) PASS 3CRF bem PL três para eles/elas (3S-para) PL



PT:

Ao filho mais velho, o moleiro deu-lhe o moinho. Ao filho do meio deixou-lhe o burro. E ao mais novo entregou-lhe um gato.



SP:

Téi nú pú ké, tí lí féy séiy néi poytsú. Téi nyú pú sí, tí lí ekhí séiy néi poytsú. Téi nú pú ngá, tí lí mokhí séiy néi poytsú.    



TL:

para descendente CL antigo, ser dado PASS moinho para ele/ela ERG pai (pai-pai). para descendente CL meio, ser dado PASS burro (carga-animal) para ele/ela ERG pai. para descendente CL jovem, ser dado PASS gato (miau-animal) para ele/ela ERG pai.



PT:

O filho mais novo, com o gato no seu colo, comentou desiludido: - Que vou eu fazer com um simples gato?



SP:

Khé lí típléikéilí, ngá nú, mokhí mú sí khutú seipohó: Gé gí ní mokhí pú tsúi séi ? 



TL:

falar PASS desiludido (3CRF-mentir-NEG/sem-SFX.PASS.RCNT), jovem descendente, gato em 3S colo com ele/ela (3S-com): que 1S causar gato CL simples com (3S-perto) ?



PT:

Qual não foi a sua surpresa quando ouviu o gato responder-lhe:



SP:

Sí pephlíy séiy, tó mokhí penyemúi lí khó sopéi lí: 



TL:

3S assustar-NMLZ para ele/ela, ARTG.DEF gato ouvir (orelha-receber) PASS e responder (contra-falar) PASS:



PT:

- Se me deres umas botas pretas, um fato e um saco, farei de ti um homem rico!



SP:

- Néi tí tí cifú á pú kotsó, jeró khó tú gíéiy éi néi, phé yeiwáy tí éiyeimúi gí nyéi.



TL:

se ser dado FUT bota PL CL preta, traje (respeito-roupa) e saco para mim (1S-para) 2S ERG, CAUS riqueza FUT tua direção (2S-direção) 1S ERG.



PT:

Assim fez o rapaz e o gato, todo aperaltado, partiu deixando o seu novo dono muito baralhado.



SP:

Muró lí néi ngasú khó mokhi, téi ichí tíkharólí, peilewí lí téi plúy sí nangsé tíngeitséilí



TL:

ser assim PASS ERG jovem (jovem-fogo) e gato, a/para este bem-roupado (3CRF-bom-roupa-SFX.PASS.RCNT), sair (sair-sair-ir) PASS a/para deixar 3S senhor (senhor-senhor) confuso (3CRF-ruim-cabeça-SFX.PASS.RCNT)



PT:

O gato das botas dirigiu-se ao bosque e caçou duas perdizes, que meteu dentro do saco. Dirigiu-se depois ao castelo do rei e ofereceu-as ao rei, em nome do seu amo, o marquês de Carabás.



SP:

tí múimí lí mokhí mú cifú á litsí séiy khó cá lí púikói pú dái, gé kí lí múkhló pó sí tú. Tí múimí lí eipohó téi í chá yeisé khó padúi lí téi yeisé t'á dái púikói á, mú í cháy í sé, peisé mú Karabás.



TL:

3CRF dirigir PASS gato em bota PL mato para ele/ela e caçar PASS perdiz (cinza-galiforme) CL dois, que colocar PASS dentro (em-dentro) 3S saco. 3CRF dirigir PASS após a/para 3S castelo rei (grande-senhor) e oferecer PASS a/para rei ARTG.DEF'PL dois perdiz PL, em 3S nome (nomear-NMLZ) 3S senhor, marquês (beira-senhor) em Karabás.



PT:

Dia após dia, o gato continuou a oferecer presentes ao rei, em nome do marquês, o que fez com que o rei ficasse curioso em saber quem era o marquês de Carabás.



SP:

Cé éi cé, thusú lí mokhí téi padúi pá á yeisé séiy, mú í cháy peisé, phé seileinéiy lí ró yeisé séiy téi néi agé peisé mú Karabás.



TL:

dia frente dia, continuar (praticar-continuar) PASS gato a/para oferecer presente PL rei para ele/ela, em 3S nome marquês, CAUS curiosidade (desejar-desejar-saber-NMLZ) PASS este/isto rei para ele/ela a/para saber quem marquês em Karabás.



PT:

Numa bela tarde, enquanto o rapaz e o seu gato descansavam à beira rio, a carruagem do rei aproxima-se. O gato, rapidamente acorda o seu amo e diz-lhe para se despir e atirar-se ao rio. O rapaz, meio confuso, faz o que o gato lhe diz. Então o gato das botas corre em direção à carruagem, com ar aflito, e grita:



SP:

Mú tsá cesí pú cé, soró téi eykhó á ngaléi khó mokhí mú í péi wotsú, tí theití sí yeifupá yeisé. Mokhí, photsó pá téi ipuythé sí nangsé, kheté téi tí romú khó tí lilí wotsú séiy teihéng. Ngaléi, tíngeitséilí pú lé, muró lí tikhetélí néi mokhí. Púy lí teiró mokhí mú cifú á yeifupá sí múi, típephlílí khá:



TL:

em ARTG.INDEF. tarde CL belo, enquanto (contra-este) a/para descansar (descansar-descansar) PL rapaz (jovem-homem) e gato em 3S beira rio (caminho-água), 3CRF aproximar (perto-colocar) 3S carruagem (grande-cavalo-veículo) rei. gato, CAUS acordar PTCL.PLDZ a/para rapidamente (3S-correr-NMLZ) 3S senhor, dizer a/para 3CRF despir e 3CRF lançar/jogar rio para ele/ela também. rapaz, confuso CL breve, ser assim PASS dito (3CRF-dizer-PFX.PASS.RCNT) ERG gato. correr PASS então gato em bota PL carruagem direção dele (3S direção), assustado (3CRF-assustar-PFX.PASS.RCNT) dizer:



PT:

- Socorro majestade! Roubaram as roupas ao meu amo, o marquês de Carabás!



SP:

- T'éi chó gíéiy, léi síyéithé! Khocí á í ró á gí nangsé, peisé mú Karabás.



TL:

- a/para'2S ajudar a mim (1S-para), 2PL majestade (3S-grande-NMLZ)! roubar PL 3S roupa PL 1S senhor, marquês em Karabás



PT:

O rei, reconhecendo o nome do marquês, pára prontamente e empresta ao jovem nobres roupas, oferecendo-lhe boleia até à sua casa. O jovem entra na carruagem, meio embaraçado e aflito, pois não sabia o que dizer, sentando-se entre o rei e a sua bela filha, que o acompanhava.



SP:

Só nyecé í cháy peisé, diphí téi itholithé khó lepá ró á ro céi ngaléi séiy, téi padúi pamúy seirá cí. Téi péi ngaléi mú yeifupá, tíkréilí khó tílepélí, néi nonéi kyéi gé peilé, tí tatí ná musí yeisé khó sí nyutsí, gé teiró mitéi séiy. 



TL:

a/ao relembrar (saber-novamente) 3S nome marquês, parar (parar-parar) à prontamente (3S-preparar-NMLZ) e emprestar (breve-presentear) roupa PL CL nobre rapaz para ele/ela, a/para oferecer carona (veiculo-levar) casa dele (3S-casa) até. entrar PTCL.PLDZ rapaz em carruagem, embaraçado (3CRF-bagunçar-SFX.PASS.RCNT) e aflito (3CRF-preocupar-se-SFX.PASS.RCNT), pois saber (saber-saber) NEG que dizer (dizer-dizer), 3CRF assentar PROG entre (em-meio) rei e 3S filha (descendente-mulher), que então acompanhar para ele/ela.



PT: 

O gato prontamente indica o caminho ao cocheiro do rei e, depois de a carruagem arrancar, corre desenfreado até às terras junto ao castelo do ogre.



SP:

Dó pá téi itholithé wó téi sí tíyeifupamúilí yeisé khó, eipohó í plúy yeifupá, púy pá cetsé kyéi ratá cí eithéi í chá ngulí.



TL:

indicar PTCL.PLDZ a/para prontamente caminho a/para 3S cocheiro (3CRF-carruagem-levar-SFX.PASS.RCNT) rei e, após 3S deixar carruagem, correr PTCL.PLDZ desatado (atar-atar NEG) terra (terra-terra) até próximo (perto-perto) 3S castelo ogro (ogro-ogro).



PT:

Quando lá chegou, viu os camponeses, a quem disse:



SP:

Nuinéi théi lí múlí, né lí lukléi, téi gé khé:



TL:

quando (quando-quando) chegar PASS lá (em-lá), ver PASS plebeu (comum-gente), a/para que dizer:



PT: 

- Se querem livrar-se do Ogre malvado, quando o rei passar digam que todas estas terras pertencem ao marquês de Carabás.



SP:

- Néi léi seiléi mú ngulí pú ngéi, nuinéi meichéi yeisé, t'léi khé tsochó ulí ratá lopéi peisé mú Karabás seimú. 



TL:

- se 2PL desejar tirar ogro CL mal, quando passar rei, a/para'2PL dizer existir aquilo terra todo (todo-todo) marquês em Karabás direção dele/dela (3S-frente-direção)



SP:

Sú lí téi púy mú seimú chá. Nuinéi théi lí, gé lí ngulí, tísélí pó ulí ratá lopéi, títatílí téi eykhó. Ngulí né ná séiy, peigé:



PT: 

E continuou a correr, em direção ao castelo. Quando chegou, encontrou o ogre, que era o dono de todas aquelas terras, sentado a descansar. O ogre ao vê-lo, perguntou:



TL:

continuar PASS a/para correr para direção dele castelo. quando chegar PASS, encontrar PASS ogro, aquele que é senhor (3CRF-senhor-SFX.PASS.RCNT) aquilo terra todo, sentado (3CRF-assentar-SFX.PASS.RCNT) a/para descansar. ogro ver PROG a ele/ela, perguntar (dizer-que):



PT: 

- Quem és tu? E que fazes no meu castelo?



SP:

Agé eiyeitséi ? Ugé mú gí chá téi ní eiyeitséi ?



TL:

quem tu ? Que em meu castelo a/para causar ?



PT:

Ao que o gato respondeu: - Eu sou o gato das botas, um humilde servo vosso… ouvi dizer que possuís poderes mágicos. É verdade? Será que vós conseguiríeis transformar-vos num leão?



SP:

Só gé mokhí sopéi lí: - Mokhí mú cifú á gíeitséi, éi fí pú mang'lú... gí bí lí tsochó núy tsá pú mói eiyeimú, ró tséi ? Éi nuthó tí péi téi tséi apriméi ?



TL:

a/ao que gato responder PASS: - gato em bota PL eu, 2S servo CL humilde (humilde-humilde)... 1S ouvir PASS existir poder (poder-NMLZ) PL CL mágico tua direção (2S-frente-direção), este/isto verdade/verdadeiro ? 2S poder (poder-poder) 3CRF virar a/para ARTG.INDEF. leão (Africa-onça)



PT: 

Ao ouvir isto, o ogre transforma-se imediatamente num enorme leão!



SP:

Só bí ró, tí péi ngulí téi iteichithé téi tséi apriméi pú yéi! 



TL:

a/ao ouvir esse/isso, 3CRF virar ogro a/para imediatamente (3S-agora-NMLZ) a/para ARTG.INDEF. leão CL grande!



PT:

O gato, cheio de medo, responde: - Que maravilha… mas será que conseguiríeis transformar-vos num minúsculo ratinho?



SP:

Mokhí, tsemó, sopéi: Ge yéi... iponéi éi nú tí péi téi tséi mubaní pú púi ?



TL:

gato, cheio de medo (medo-cheio), responder: que grande... contudo 2S poder 3CRF virar a/para ARTG.INDEF. rato (curto-roedor) CL pequeno ?



PT:

E o ogre, orgulhoso e imprudente, transforma-se logo num pequeno ratinho. O gato das botas, sem perder tempo, salta em direção ao ratinho e come-o.



SP:

Ngulí, tipeiysimó khó mekyéi, tí péi pá téi tséi pí mubaní. Mokhí mú cifú á, tíngimeiplúykyéilí, seiprí mubaní seimúi khó tó eiró.



TL:

ogro, orgulhoso (3CRF-subir-NMLZ-coração-cheio) e imprudente (pensar-sem), 3CRF virar PTCL.PLDZ. a/para ARTG.INDEF. pequeno rato. gato em bota PL, aquele que não deixa passar tempo (3CRF-tempo-passar-deixar-NEG-SFX.PASS.RCNT), saltar rato direção dele/dela e comer este.



PT:

Nessa altura, chega o coche do rei às portas do castelo, e o gato das botas dirige-se a eles para os receber:



SP:

Téi ró ngí, théi sí yeifupá yeisé í téiy chá séiy, tí múimí séiy tsá mokhí mú cifú á sa téi múi:



TL:

a/para este tempo, chegar 3S carruagem rei castelo 3S entrada (entrar-NMLZ) castelo para ele/ela, 3CRF dirigir para eles/elas (3S-para PL) gato em bota PL para eles/elas (3PL a/para) receber



PT:

- Bem-vindo ao castelo do meu amo, o marquês de Carabás!



SP:

- Títhéilí nyé téi í chá gí sé, peisé mú Karabás!



TL:

vindo (3CRF-vir-SFX.PASS.RCNT) bem a/para 3S castelo 1S senhor, marquês em Karabás!



PT:

O rei, impressionado com a simplicidade do jovem rapaz, que se encontrava ao pé da porta admirado, convida o agora marquês de Carabás a casar com a sua linda filha. O rapaz aceita e vive feliz para sempre acompanhado da sua bonita princesa e do seu fiel gato.



SP:

Yeisé, típephlílí néi í tsúiy ngasú, gé tí gé tímeikhabílí, gó pá tó téi ichí peisé mú Karabás téi pí sí nyutsí seipohó. Húikhe pá ngaléi khó pá sé cetsí seipohó kho sú mokhí pú sitsé seipohó teihéng.



TL:

rei, assustado ERG 3S simplicidade jovem, que 3CRF encontrar admirado (3CRF-mais-bom-ver-SFX.PASS.RCNT), convidar PTCL.PLDZ. ARTG.DEF. a/para este marquês em Karabás a/para casar 3S filha com ele/ela. aceitar (sim-dizer) PTCL.PLDZ rapaz e viver alegre esposa (atar-mulher) com ele/ela e 3S.POSS gato CL leal (coração-atar) com ele/ela também.





sábado, 10 de dezembro de 2022

O SIGNIFICADO DE EIBARU "TER DESEJO DE COMER CARNE"

 

Assim como vários compostos dessa língua, este parece ser mais um cujo os elementos diretamente batem com a ordem da tradução, EI muito provavelmente é quem carrega o significado de 'ter desejo', sendo este uma extensão semântica de seu significado original 'necessitar', cujo vemos em EIKO 'ter mister, necessitar'.


 Já os últimos dois não se parecem com palavras Nhihô para comer (nhu, do, ami) e carne (*nV(?), dz-e(?)), isso pode indicar um caso similar ao que vimos em KIBU, onde as palavras surgem de empréstimos da família Macro-Jê, a raiz que mais se parece com BA é *a-mbə 'comer.INTR' do Proto-Jê-Setentrional (i.e. Jê do Norte), mais uma vez reforçando a interação histórica entre esses dois grupos linguísticos.


 RU no entanto é um pouco mais complicado de se reconstruir, Nikulin em seu artigo de 2020 não reconstruiu uma raiz similar a essa para o Proto-Cerrado, existe porém uma reconstrução na página 375:


 "PK *ro ‘morder, comer carne’, em nossa proposta, poderia ser cognato apenas da

forma Ofayé (se ambas < PMJ *rũ₂(C)), mas semanticamente corresponde melhor ao material reproduzido nesta entrada."


 Isto se encontra na parte chamada *Rejeitado*, o que vai dificultar um pouco na criação de uma hipótese. Comecemos com o fato de que para essa palavra surgir no Kipeá, ela teria que ser exclusivamente um empréstimo do Karajá, tanto pela questão fonológica quanto pela semântica, essa palavra não foi reconstruída para o Jê Setentrional, a palavra do PMJ é *pry(C) ~ *prôp ~ *prôm° ‘morder’, portanto veríamos algo como *PRO* no Kipeá se essa palavra viesse dos Jês do Norte. Outra evolução que não é comum é a de o > u, pode acontecer como no Dz.: buronunu vs Kp.: boronunu ou no próprio Dzubukuá em bororu ~ buroru, porém não existem exemplos dentro de empréstimos que demonstrem essa mudança, sabemos que houve algo parecido por causa da mudança de i > e que vemos nos empréstimos do Macro-Jê (hẽ < *pῖm 'madeira', Dz.: ñe < *-nji ~ *-ji 'frio' (se esse for um empréstimo do MJ)), portanto não descarto a possibilidade de uma mudança de o > u.


 Se essa palavra for realmente um empréstimo do Karajá, cujo entrou cedo na língua e passou por um alçamento vocálico, podemos reconstruir esse composto como:


EI "ser necessário, desejar"

BA "comer" (provavelmente sendo utilizado como reforço semântico)

RU "comer carne" (possível empréstimo do Karajá ?)



Autor da matéria: Ari Loussant


sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

LISTA DE PALAVRAS - TECNOLOGIA


 A

1º) Amplificador


Dz.: pheyâthe

Kp.: peyãete (peyenté)

Sb.: phéyeithé

Km.: ppèyattè

Kt.: pheyothe

KX.: pheyâthé

Pp.: peyãeté


lit.: "coisa que causa grande (faz crescer)"


Lista de Palavras - Tecnologia.docx




1 / 8


LISTA DE PALAVRAS - TECNOLOGIA



A


1º) Amplificador



Dz.: pheyâthe

Kp.: peyãete (peyenté)

Sb.: phéyeithé

Km.: ppèyattè

Kt.: pheyothe

KX.: pheyâthé

Pp.: peyãeté


lit.: "coisa que causa grande (faz crescer)"




Lista de Palavras - Tecnologia.docx


1 / 8

LISTA DE PALAVRAS - TECNOLOGIA


A

1º) Amplificador


Dz.: pheyâthe

Kp.: peyãete (peyenté)

Sb.: phéyeithé

Km.: ppèyattè

Kt.: pheyothe

KX.: pheyâthé

Pp.: peyãeté


lit.: "coisa que causa grande (faz crescer)"



2º) Antena


Dz.: bla (< "antena" < b-l-a (lamâte) < ba "ser estendido")

Kp.: bra (< "antena" < b-r-a (ramâte) < ba "ser estendido")

Sb.: pál (< "antena" < pá-l (lamâte mâ cru) < pá "ser estendido")

Km.: pùr (< "antena" < (à > èi > ùi > ù = cabetê) < pà-r (ramâtê mâ cru) < pà "ser estendido")

Kt.: poy (< "antena" < (a > o = cabetê) < (b > p = camutê) < ba-y (iamâtê mâ cru) < ba "ser estendido")

KX.: bái (< "antena" < ba-i (iamâtê mâ cru) < bá "ser estendido")

Pp.: rbá (< "antena" < r-ba (ramâtê mâ tu) < bá "ser estendido").






Lista de Palavras - Tecnologia.docx




1 / 8


LISTA DE PALAVRAS - TECNOLOGIA



A


1º) Amplificador



Dz.: pheyâthe

Kp.: peyãete (peyenté)

Sb.: phéyeithé

Km.: ppèyattè

Kt.: pheyothe

KX.: pheyâthé

Pp.: peyãeté


lit.: "coisa que causa grande (faz crescer)"




2º) Antena



Dz.: bla (< "antena" < b-l-a (lamâte) < ba "ser estendido")

Kp.: bra (< "antena" < b-r-a (ramâte) < ba "ser estendido")

Sb.: pál (< "antena" < pá-l (lamâte mâ cru) < pá "ser estendido")

Km.: pùr (< "antena" < (à > èi > ùi > ù = cabetê) < pà-r (ramâtê mâ cru) < pà "ser estendido")

Kt.: poy (< "antena" < (a > o = cabetê) < (b > p = camutê) < ba-y (iamâtê mâ cru) < ba "ser estendido")

KX.: bái (< "antena" < ba-i (iamâtê mâ cru) < bá "ser estendido")

Pp.: rbá (< "antena" < r-ba (ramâtê mâ tu) < bá "ser estendido")





Lista de Palavras - Tecnologia.docx


1 / 8

LISTA DE PALAVRAS - TECNOLOGIA


A

1º) Amplificador


Dz.: pheyâthe

Kp.: peyãete (peyenté)

Sb.: phéyeithé

Km.: ppèyattè

Kt.: pheyothe

KX.: pheyâthé

Pp.: peyãeté


lit.: "coisa que causa grande (faz crescer)"



2º) Antena


Dz.: bla (< "antena" < b-l-a (lamâte) < ba "ser estendido")

Kp.: bra (< "antena" < b-r-a (ramâte) < ba "ser estendido")

Sb.: pál (< "antena" < pá-l (lamâte mâ cru) < pá "ser estendido")

Km.: pùr (< "antena" < (à > èi > ùi > ù = cabetê) < pà-r (ramâtê mâ cru) < pà "ser estendido")

Kt.: poy (< "antena" < (a > o = cabetê) < (b > p = camutê) < ba-y (iamâtê mâ cru) < ba "ser estendido")

KX.: bái (< "antena" < ba-i (iamâtê mâ cru) < bá "ser estendido")

Pp.: rbá (< "antena" < r-ba (ramâtê mâ tu) < bá "ser estendido")




2 / 8

B


1º) Bateria


Dz.: bâykhây (< lit.: coisa de guardar eletricidade)

Kp.: baeikra (< caixa de eletricidade)

Sb.: beiythíy (< lit.: coisa de providenciar eletricidade)

Km.: prà (< "bateria" < *p-r-à (ramâtê) < pà "relâmpago")

Kt.: vû (< "bateria" < vû (o > û = cabetê) < vo (etê) < bo "relâmpago")

KX.: bâikrá, bâikhâi (mesmo que Kp e Dz respectivamente)

Pp.: bal (< "bateria" < bal (o > a = cabetê) < bo-l (lamâtê mâ cru) < bo "relâmpago)



C  

1º) Câmera


Dz.: neday

Kp.: nedai

Sb.: netáy

Km.: nitày

Kt.: neday

KX.: nedái

Pp.: nedái



lit.: "coisa de capturar luz"



Lista de Palavras - Tecnologia.docx




1 / 8


LISTA DE PALAVRAS - TECNOLOGIA



A


1º) Amplificador



Dz.: pheyâthe

Kp.: peyãete (peyenté)

Sb.: phéyeithé

Km.: ppèyattè

Kt.: pheyothe

KX.: pheyâthé

Pp.: peyãeté


lit.: "coisa que causa grande (faz crescer)"




2º) Antena



Dz.: bla (< "antena" < b-l-a (lamâte) < ba "ser estendido")

Kp.: bra (< "antena" < b-r-a (ramâte) < ba "ser estendido")

Sb.: pál (< "antena" < pá-l (lamâte mâ cru) < pá "ser estendido")

Km.: pùr (< "antena" < (à > èi > ùi > ù = cabetê) < pà-r (ramâtê mâ cru) < pà "ser estendido")

Kt.: poy (< "antena" < (a > o = cabetê) < (b > p = camutê) < ba-y (iamâtê mâ cru) < ba "ser estendido")

KX.: bái (< "antena" < ba-i (iamâtê mâ cru) < bá "ser estendido")

Pp.: rbá (< "antena" < r-ba (ramâtê mâ tu) < bá "ser estendido")





2 / 8


B



1º) Bateria



Dz.: bâykhây (< lit.: coisa de guardar eletricidade)

Kp.: baeikra (< caixa de eletricidade)

Sb.: beiythíy (< lit.: coisa de providenciar eletricidade)

Km.: prà (< "bateria" < *p-r-à (ramâtê) < pà "relâmpago")

Kt.: vû (< "bateria" < vû (o > û = cabetê) < vo (etê) < bo "relâmpago")

KX.: bâikrá, bâikhâi (mesmo que Kp e Dz respectivamente)

Pp.: bal (< "bateria" < bal (o > a = cabetê) < bo-l (lamâtê mâ cru) < bo "relâmpago)




C  


1º) Câmera



Dz.: neday

Kp.: nedai

Sb.: netáy

Km.: nitày

Kt.: neday

KX.: nedái

Pp.: nedái



lit.: "coisa de capturar luz"




Lista de Palavras - Tecnologia.docx


1 / 8

LISTA DE PALAVRAS - TECNOLOGIA


A

1º) Amplificador


Dz.: pheyâthe

Kp.: peyãete (peyenté)

Sb.: phéyeithé

Km.: ppèyattè

Kt.: pheyothe

KX.: pheyâthé

Pp.: peyãeté


lit.: "coisa que causa grande (faz crescer)"



2º) Antena


Dz.: bla (< "antena" < b-l-a (lamâte) < ba "ser estendido")

Kp.: bra (< "antena" < b-r-a (ramâte) < ba "ser estendido")

Sb.: pál (< "antena" < pá-l (lamâte mâ cru) < pá "ser estendido")

Km.: pùr (< "antena" < (à > èi > ùi > ù = cabetê) < pà-r (ramâtê mâ cru) < pà "ser estendido")

Kt.: poy (< "antena" < (a > o = cabetê) < (b > p = camutê) < ba-y (iamâtê mâ cru) < ba "ser estendido")

KX.: bái (< "antena" < ba-i (iamâtê mâ cru) < bá "ser estendido")

Pp.: rbá (< "antena" < r-ba (ramâtê mâ tu) < bá "ser estendido")




2 / 8

B


1º) Bateria


Dz.: bâykhây (< lit.: coisa de guardar eletricidade)

Kp.: baeikra (< caixa de eletricidade)

Sb.: beiythíy (< lit.: coisa de providenciar eletricidade)

Km.: prà (< "bateria" < *p-r-à (ramâtê) < pà "relâmpago")

Kt.: vû (< "bateria" < vû (o > û = cabetê) < vo (etê) < bo "relâmpago")

KX.: bâikrá, bâikhâi (mesmo que Kp e Dz respectivamente)

Pp.: bal (< "bateria" < bal (o > a = cabetê) < bo-l (lamâtê mâ cru) < bo "relâmpago)



C  

1º) Câmera


Dz.: neday

Kp.: nedai

Sb.: netáy

Km.: nitày

Kt.: neday

KX.: nedái

Pp.: nedái



lit.: "coisa de capturar luz"




3 / 8


2º) Celular:  


Dz.: pâwu (< lit.: "caixa de falar", com lenição (etê) e derivação de bu "cabaça")

Kp.: mekra (< lit.: "caixa de falar", com monossilabização de kramemu + fusão com kra "seco", no sentido da caixas serem naturalmente objetos vazios/ocos)

Sb.: khetáy (< lit.: "caixa de falar", com derivação de tá "pegar")

Km.: kkitáy (< lit.: "caixa de falar", com derivação de tà "pegar")

Kt.: mevu (< lit.: caixa de falar", com lenição (etê) de bu "cabaça")

KX.: phâkra, phâwu (< lit.: "caixa de falar")

Pp.: mekrá, kenkrá (< lit.: "caixa de falar")



D


E


F


G


GH/ CH / GG


H


I


J


K


L


M


N


O


P


R


S


T


U


V


W


X


Y


Z


TS / C


DZ / Z



Autor : Ari Loussant



UM NEOLOGISMO NÃO TÃO NOVO ASSIM

 

Há alguns meses atrás vi a necessidade da criação de um neologismo que indicasse locais, lugares, quartos, ambientes e etc., decidi então criar um sufixo a partir do verbo BA "viver, morar, estar" para suplantar essa necessidade, tornando-se -BA "sufixo que denota local de X", onde X é a palavra da qual ele está sufixado, alguns exemplos de neologismos que podem ser criados com isso são:


(Exemplos em Kipeá)


ami-ba ou do-ba > Amiba, Doba "restaurante", literalmente "lugar, ambiente ou quarto de comer"


dzo-ba > Dzoba "farmácia", literalmente "lugar de medicina"


brasi-ba > Brasiba "Brasil", literalmente "lugar da nação brasileira"


 O propósito deste texto é demonstrar que essa ideia que tive não é nova, é extremamente possível que os Nhihô há séculos atrás pensaram a mesma coisa, pegar o verbo BA e transformá-lo em um sufixo. Isto é notável na página 140 do Catecismo de Mamiani:


Kipeá:


Benhéwonhé uró hinhádi. Buânghecrí tudenhé inhenhé Natiá so Caraí no sipá Capitaõ Caraí inhá



Português:


Declararei isso com hum exemplo. O principal dos Indios da Natuba cõmeteo hũ crime antigamẽte contra os Brancos matando hum Capitaõ



Ignorando a primeira parte (Benhéwonhé uró hinhádi), a frase se traduz literalmente como: "Foi mal antigamente principal dos Natús para Branco pois foi morto capitão branco por ele (o principal dos Natús)". Percebam que uma parte da frase não bate com o português, no Kipeá temos Natiá, claramente um termo étnico que assim como Kipeá e Dzubukuá, é uma raiz (Nati) junto com o sufixo plural (-a). 


 Porém note que na tradução portuguesa, Mamiani se refere a estes não como Natiá ou Natús e sim como "Indios da Natuba", note "Indios *DA* Natuba" e não "Indios Natuba", o que indica que eles pertenciam a Natuba e não que eles eram Natuba, isso implica que essa palavra é um topônimo de origem Nhihô com uma junção entre a raiz Natu/Nati "?" e um sufixo ou talvez uma palavra -ba/ba "?", já que o composto usa o termo étnico Natu, isso indica que é algo que pertence a esse povo, podemos teorizar que a tradução mais apropriada de *ba seria "lugar, local", "aldeia" ou "moradia", portanto traduzindo Natuba como "Local/Aldeia/Moradia Natú".



Autor: Ari Loussant



quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

PORQUE A PREFERÊNCIA EM USAR O CH

 

Segundo Valdivino Kariú: na introdução da segunda edição da gramática Kipeá tem uma passagem que diz que quando os Tapuias iam pronunciar [Ch] pronunciava como os Italiano pronuncia o [C] antes do [I] e dar o exemplo  Capuccinto  (Kaputchino).


A preferência em usar o Ch é pq os religiosos estavam acostumados com  a pronuncia Tupi.


Th e Ch podem ser substituído por [Ć]


Ć do alfabeto Latino para os povos Islavos.


Ć se pronuncia Tch


Uma vez que Ch se pronuncia Tch ou Tx


Ari Loussant responde. Oi Valdivino, boa tarde! Nessa ortografia há um pouco de influência alemã de Martius (o estudioso que anotou os dois dialetos do sul), nesse caso o CH representa uma fricativa velar sonora ou g fraco ou g holandês, o som que você mencionou está sendo representando no ponto 2.19 pela letra C.


Já o TH do ponto 2.10 do Sapuyá representa junto com o PH e o KH as consoantes aspiradas


Esqueci de dizer no texto, a razão pelo qual esse sufixo toma a forma de vogal (-i) e semivogal (-y) é para os dialetos que possuem consoantes finais, como o Pipipã, Kamurú e Sapuyá por exemplo, digamos que temos uma palavra que termina com -l, *kal* por exemplo, se essa palavra for um verbo, ela pode virar um substantivo com o sufixo nominalizador novo, nesse caso ele tomaria forma de vogal, pois estaria perante uma consoante, portanto *kal-i* > *kali*


Autores: Valdivino Kariú e Ari Loussant




NOVA ORTOGRAFIA AS LÍNGUAS NHIHÔ MERIDIONAIS

 

*Sapuyá*


1) Vogais:


1.1) *Á* representa a vogal /a/


1.2) *ÁI* representa a vogal /ɛ/ (é aberto)


1.3) *É* representa a vogal /e/ (e fechado)


1.4) *ÉI* representa a vogal /ə/ (schwa)


1.5) *Í* representa a vogal /i/


1.6) *Ó* representa a vogal /o/ (o fechado)


1.7) *ÓI* representa a vogal /ɔ/ (o fechado)


1.8) *Ú* representa a vogal /u/ 


1.9) *ÚI* representa a vogal /ɨ/




2) Consoantes


2.1) *B* representa a consoante /b/


2.2) *D* representa a consoante /d/


2.3) *G* representa a consoante /g/


2.4) *CH* representa a consoante /ɣ/


2.5) *P* representa a consoante /p/


2.6) *T* representa a consoante /t/


2.7) *S* representa a consoante /s/


2.8) *SH* representa a consoante /ʃ/


2.9) *PH* representa a consoante /pʰ/


2.10) *TH* representa a consoante /tʰ/


2.11) *KH* representa a consoante /kʰ/


2.12) *M* representa a consoante /m/


2.13) *N* representa a consoante /n/


2.14) *NY* representa a consoante /ɲ/


2.15) *F* representa a consoante /f/


2.16) *TS* representa a consoante /ts/


2.17) *DZ* representa a consoante /dz/


2.18) *C* representa a consoante /tʃ/


2.19) *J* representa a consoante /dʒ/


2.20) *H* representa a consoante /h/



Autor: Ari Loussant


KAMURÚ ACENTOS VERSÃO CORRIGIDA


*Kamurú*


1) Vogais:


1.1) *À* representa a vogal /a/


1.2) *ÀI* representa a vogal /ɛ/ (é aberto)


1.3) *È* representa a vogal /e/ (e fechado)


1.4) *ÈI* representa a vogal /ə/ (schwa)


1.5) *Ì* representa a vogal /i/


1.6) *Ò* representa a vogal /o/ (o fechado)


1.7) *ÒI* representa a vogal /ɔ/ (o fechado)


1.8) *Ù* representa a vogal /u/ 


1.9) *ÙI* representa a vogal /ɨ/




2) Consoantes


2.1) *B* representa a consoante /b/


2.2) *D* representa a consoante /d/


2.3) *G* representa a consoante /g/


2.4) *GG* representa a consoante /ɣ/


2.5) *P* representa a consoante /p/


2.6) *T* representa a consoante /t/


2.7) *S* representa a consoante /s/


2.8) *SS* representa a consoante /ʃ/


2.9) *PP* representa a consoante /pʰ/


2.10) *TT* representa a consoante /tʰ/


2.11) *KK* representa a consoante /kʰ/


2.12) *M* representa a consoante /m/


2.13) *N* representa a consoante /n/


2.14) *NY* representa a consoante /ɲ/


2.15) *F* representa a consoante /f/


2.16) *V* representa a consoante /v/


2.17) *TS* representa a consoante /ts/


2.18) *DZ* representa a consoante /dz/


2.19) *C* representa a consoante /tʃ/


2.20) *J* representa a consoante /dʒ/


2.21) *H* representa a consoante /h/



Autor: Ari Loussant


PRONOMES DE SUJEITO E OBJETO NO KARIRI

 

(Classe que presenteia)

KX.: Babun

1PS = ghi-, ghi y-, gidz-, gidzu, dzu

2PS = â-, ây-, âdz- 

3PS = i-, s-, si-, h-, hi-

1PPLE = ghi- -te, gya-

1PPLI = k-, ku-

2PPL = â-  -a, ây- a, âdz- a, râ-, lâ-

3PPL = i- a, s- a, si- a, h- -a, hi- -a, sa-, ha-  


Sb.: Pápúng 

1PS = gí , gí y-, gí ts-, gí tsú, tsú

2PS = éi, éi y-, éi ts- 

3PS = í, íng-, s-, sí-, síng-

1PPLE = gí   té, gyá 

1PPLI = k-, kú-

2PPL = éi-  á, éi y- á, éi ts- á, léi-

3PPL = í  á, íng á, s- á, sí á, síng á, sá-             

      


(Classe que recebe)                        


KX.: Mûpun

-wû-, -wi-, -bi-, -ghû- (variantes fonéticas do prefixo gi-)

-râ- (derivado de ro â, literalmente "para este tu"), -ghâ- (derivado de ghi âyây "para este tu")

-sû-, -hi-, -hû-, -shi-, -shû- (variantes fonéticas do prefixo si-)

-jay- (fusão entre gi- e a partícula plural -a + sufixo -ây e africação de gy > j, literalmente "para nós, excluindo você")

-kay- (fusão entre k- e a partícula plural -a + sufixo -ây, literalmente "para nós, incluindo você)

-lây- (derivado de lo âyây, literalmente "para todos vocês")

-say- (fusão entre s- e a partícula plural -a + sufixo ây "para", literalmente "para eles/elas/estes")



Ex.: girâba "eu te presenteio" (gi-râ-ba)

âbimûkri "tu me levaste"  (â-bi-mû-kri)



Múipúng

-wúi-, -wí-, -bí-, -ghúi-  (variantes fonéticas do prefixo gi-)

-réi- (derivado de ró éi, literalmente "este tu"), -chéi- (derivado de chí éi "este tu")

-súi-, -hi-, -húi-, -shi-, -shúi-  (variantes fonéticas do prefixo si-)

-jay- (fusão entre gi- e a partícula plural -a + sufixo -ây e africação de gy > j, literalmente "para nós, excluindo você")

-kay- (fusão entre k- e a partícula plural -a + sufixo -ây, literalmente "para nós, incluindo você)

-léiy- (derivado de ló éiyéi, literalmente "para todos vocês")

-sáy- (fusão entre s- e a partícula plural -a + sufixo éiy, literalmente "para eles")



Ex.: gísúiphá "por mim ele foi morto", mesmo que sípá gínyéi (forma ergativa)

éisúidó lí ró amí khité ? "tu preparou esta comida ?"



Autor: Ari Loussant



INSPIRAÇÃO DE PRONOMES OBJETO NO KARIRI

 

Basicamente um pronome de objeto é um pronome que conjuga por aquele que está sofrendo ação na frase


como no Tupi ou no Fulni-ô, ele vem logo em seguida do pronome do sujeito


vou dar um exemplo usando os pronomes em Kariri


temos o pronome gi- da primeira pessoa e o a- da segunda


vamos conjugar eles com o verbo pedi "dar", versão causativa de di "ser dado"


giapedi "eu te dei", separando eles fica gi-a-pedi, onde o primeiro pronome é o sujeito e o segundo é o objeto


Perfeito, vou começar a desenvolver pronomes de objeto para o KX


vou sugerir alguns, daí você me diz qual você acha mais bonito


A conjugação anotada por Mamiani e Nantes não possui conjugação para os objetos, apenas para o sujeito, isto é uma inovação que sugeri.


Estou me inspirando nas conjugações de objetos presentes no Fulni-ô e no Tupi antigo


Valdivino lembrando que o Abanēenga do Norte (Tupi antigo) é a língua da família Tupinambá.



Autores: Ari Loussant e Valdivino Kariú.




ANALISANDO AS LÍNGUAS

 

No caso do 1.9 está juntando duas vogais o grosso do Tupi é um som que inicia no I e termina no U essa do Dzubukuá é um som que inicia no U e termina no I.


O grosso do Tupi é presente no Kipeá que foi escrito como um y com acento circunflexo.


O y no Dzubukuá sempre é i


Acredito que seja um i que se aproxime do í de saída


Assim como o w no Dzubukuá sempre é U


No Kipeá é V


E o V é U


Essa confusão foi interferência do Latim


Vejo que o W sendo U no Dzubukuá deva ser um Ú agudo


Æ é presente no Kipeá 

Œ  é presente no Dzubukuá


No Sapuya e Kamuru é visível uma troca fonética do K pelo G e do Dz por Tz


Valdivino Kariú diz: " Eu acredito que seja uma particularidade do Dzubukuá 

Esse fonema UI. E IU I grupo do Tupi uma particularidade do Kipeá. I grosso do Tupi".


Ari Loussant informa: " Eu coloquei a vogal û para representar os dígrafos de Nantes (wj, uj, ui, wi e etc), considero ele um i grosso por causa da correspondência entre ele e o Kipeá, onde ele aparece, muitas vezes aparece o y com circunflexo de Mamiani, como no caso de hemui vs yemý, mas é bom discutirmos isso, você poderia mandar em áudio como você acha que o som deveria ser pronunciado ?".


Valdivino continua: " Na palavra Banabuiu, Uirapuru, Na gramática do Queiroz 2012, ele traz a fonética, do Ui ".


Ari Loussant diz: " A vogal que esse u representa é o i grosso"


Ari afirma que o U partido e o I partido são o mesmo som.


Valdivino acredita que são próximos, mas não o mesmo.


É essa a diferença nos dialetos.


No Kipeá é o I grosso do Tupi já no Dzubukuá não é.


Autores: Ari Loussant e Valdivino Kariú



SUGESTÃO DE NEOLOGISMO SUFIXO -I/-Y "NOMINALIZADOR"

 

Etimologia: derivado da palavra *e* "carga", com evolução semântica de "carga" > "objeto, coisa" > "sufixo nominalizador" e evolução fonética de /e/ > /i/ e após vogais /j/



Propósito: Servir como sinônimo do sufixo -te "nominalizador", para facilitar na criação de rimas em cantos e poemas, um exemplo:


Poema Sapuyá: 


théi pá í chái sáy

sá á pó lómú chéi pú cé sáy 

í pónéi céy má khú tsó kyéi

pó théiy gí páy í téi


téi pú tóy í pón tí gái

í má khú múy pó lópéi gí dái

méi tsúiy gí gé khá

méi khá gí gé próy téi khá



Chega o alento da primavera

nascem por todos os lados muitas belas flores

contudo, beleza maior não existe

do que retornar para casa


Para o doce abraço de sua mãe

Para a calorosa recepção de todos meus amigos

Na simplicidade encontro o amor

No amor encontro motivo para cantar



 Nas primeiras duas linhas temos dois homófonos, o primeiro é o verbo nascer sufixado com o novo sufixo -y, criando a palavra sá-y "coisa de nascer, nascimento" e por extensão semântica "primavera", já o segundo é uma versão palatalizada de sá, também o verbo "nascer", nesse caso o segundo sáy significa "flor". Outras vezes que -y foi usado foram na palavra pá-y da última linha do primeiro verso, que significa "coisa de morar, casa, moradia", cé-y "coisa de belo, beleza", théi-y "coisa de vir, coisa de chegar, retorno, volta", mú-y "coisa de tomar, coisa de receber, tomada, recepção", tsúi-y "coisa de simples, simplicidade".



Autor da matéria: Ari Loussant


terça-feira, 6 de dezembro de 2022

PERMISSÕES DOS DIALETOS MERIDIONAIS SAPUYÁ E KAMURÚ


Permissão de consoantes dos dialetos Nhihô Meridionais.docx


1 / 3


Permissão de consoantes dos dialetos Nhihô Meridionais



Sapuyá



Língua(s) Base: Sapuyá



Consoantes já existentes no dialeto Sapuyá (Martius): b, d, g, p, t, k, s, sh (sh ou x de xícara), th, ph, kh, m, n, ny (ɲ), r, l, w, ch (ɣ), f, ts, dz, c (tsch ou tch como no português tchau), j (dj de dia), h



Consoantes finais: -l, -r, -m, -n



Sílaba tônica representada por ´, ex.: khakhatsihó (cacazihoh)



Vogais nasais represantadas pelo dígrafo -ng, ex.: singsökhó (sinseccoh)  



Vogais já existentes no dialeto Sapuyá (Martius): a, e, ä (é aberto), i, o, ö (schwa), u, ü (i grosso)



Encontros consonantais permitidos (Sapuyá):


kr, pr, tr, gr, br, dr, kl, pl, tl, gl, bl, dl, sC, rC, CsV, -l,



Consoantes a serem permitidas (Sapuyá):




Permissão de consoantes dos dialetos Nhihô Meridionais.docx




1 / 3


Permissão de consoantes dos dialetos Nhihô Meridionais



Sapuyá



Língua(s) Base: Sapuyá



Consoantes já existentes no dialeto Sapuyá (Martius): b, d, g, p, t, k, s, sh (sh ou x de xícara), th, ph, kh, m, n, ny (ɲ), r, l, w, ch (ɣ), f, ts, dz, c (tsch ou tch como no português tchau), j (dj de dia), h



Consoantes finais: -l, -r, -m, -n



Sílaba tônica representada por ´, ex.: khakhatsihó (cacazihoh)



Vogais nasais represantadas pelo dígrafo -ng, ex.: singsökhó (sinseccoh)  



Vogais já existentes no dialeto Sapuyá (Martius): a, e, ä (é aberto), i, o, ö (schwa), u, ü (i grosso)



Encontros consonantais permitidos (Sapuyá):


kr, pr, tr, gr, br, dr, kl, pl, tl, gl, bl, dl, sC, rC, CsV, -l,



Consoantes a serem permitidas (Sapuyá):


2 / 3


dz (permitido), -l (permitido), -r (permitido), -ng (não-permitido), -m (permitido), -n (permitido), -s (permitido)



Assuntos pendentes:



Encontros consonantais a serem permitidos (Sapuyá):


tr/tl (permitido), dr/dl (permitido), sC (permitido), rC (permitido), CsV (permitido)





Kamurú



Língua(s) Base: Kamurú



Consoantes já existentes no dialeto Kamurú (Martius): b, d, g, p, t, k, s, ss (sh ou x de xícara), tt, pp, kk, m, n, r, l, w, gh (ɣ), f, v, ts, dz, c (tsch ou tch como no português tchau), j (mesmo que o som dj de dia do português), h



Consoantes finais: -l, -r, -s, -m, -n



Sílaba tônica representada por ` ex.: tsùligù (zuliguh)



Vogais nasais representadas pelo dígrafo -ng, ex.: khùmamàng (cumamang)


Vogais já existentes no dialeto Kamurú (Martius): a, e, ä (é aberto), i, o, ö (schwa), u, ü (i grosso)



Encontros consonantais permitidos (Kamurú):


kr, pr, tr, gr, br, dr, kl, pl, tl, gl, bl, dl, sC, rC, CsV



Consoantes a serem permitidas (Kamurú):


v (permitido), dz (permitido), -l (permitido), -r (permitido), -ng (não-permitido), -m (permitido), -n (permitido), -s (permitido)



Encontros consonantais a serem permitidos (Kamurú):


tr/tl (permitido), dr/dl (permitido), sC (permitido), rC (permitido), CsV (permitido)



Autor: Ari Loussant


Permissão: Adriana Korã



PERMISSÕES DO DIALETO KARIRI-XOCÓ 1 / 2


Língua(s) Base: Kipeá e Dzubukuá (Koiné) com substrato Natu e Xocó


Consoantes permitidas: b, ch (mesmo que tch de tchau), d, dh (do Dzubukuá), g, gh (ɣ), p, t, k, ph, th, kh, s, sh (mesmo que x de xícara), m, n, nh, r, l, w, ts, dz, dy (do Kipeá), h, c, z, v


Consoantes finais: (sem consoantes finais) (palavra com consoantes finais tem elas retiradas)


Sílaba tônica representada por: ´ ex.:  


Vogais nasais representadas por: ~, exceto perante o e, i, u e ý


Vogais permitidas: a, â, e, i, o, u, û, ô (vogal aberta), ê (vogal aberta)


Encontros consonantais permitidos:

kr, gr, pr, br, tr, dr, kl, gl, pl, bl, tl, dl, Cw, sk, sd, sch



Consoantes a serem permitidas: z (permitido), v (permitido), c (permitido), ‘ (permitido), f (permitido), sh (permitido), zh (permitido)


Encontros consonantais a serem permitidos: tr (permitido), tl (permitido), dr e dl (permitido)


Ordem dos constiuíntes preferida: SOV e VSO


O gato gosta de lasanha


SVO: (nâ) mokhi sukhá lazanhá

SOV: (nâ) mokhi lazanhá sukhá (permitido)

VSO: sukhá (nâ) mokhi lazanhá  (permitido)

VOS: sukhá lazanha (nâ) mokhi

OVS: lazanha sukhá (nâ) mokhi

OSV: lazanha (nâ) mokhi sukhá


Ou ordem livre.


Autor da matéria: Ari Loussant

Permissão: Nhenety



segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

NOVO MÉTODO CRIAÇÃO DE PALAVRAS LÍNGUAS NHINHO


Um novo método de criação de palavras para as línguas Nhiho



 Apesar de eu chamar de novo, não é necessariamente algo inovador, este método vem sido utilizado de maneira consciente ou não por várias línguas no mundo todo, é uma fusão de várias mudanças fonéticas que ocorrem naturalmente nas línguas, como lenição, ablaut, fortição etc. É novo pois, até onde meus estudos chegaram, eu não notei os Kariris utilizando esse tipo de mudança fonética de propósito para criar novas palavras, portanto é algo novo que estará sendo introduzido de maneira sistematizada em cada uma das línguas dessa família.


 O que é este método do qual estou falando ? É bem simples, não sobraram muitas palavras para que hajam conversas naturais entre aqueles que desejam ser falantes dessas línguas, sabemos disso. O método mais primitivo (não no sentido ruim, e sim no sentido de primário, a primeira coisa que vem na cabeça) de criação de palavras é composição, onde você pega duas palavras e junta elas para formar uma nova, esse método não é ruim e era visto como algo extremamente produtivo para o falantes antigos, o problema é que há um limite de quanto podemos fazer isso com as palavras que temos atualmente, é um sistema que não gera palavras novas e sim reutiliza as existentes, se dependermos desse método, logo chegaremos a criar palavras gigantes que iriam quebrar a estética dissilábica da família Nhihô. Com isso dito, vou demonstrar para vocês um pouco de como esse método funciona, peguemos uma palavra como exemplo do Dzubukuá kye (quie) "amarrar, atar"


kye > ke, kem, kye, kyem, khe, khem, khye, khyem, ge, gem, gye, gyem, tse, tsem, dze, dzem, se, sem, he, hem, dhe, dhem, de, dem, te, tem, le, lem, re, rem, ghe, ghem, we, wem, be, bem, pe, pem, phe, phem


 Como vocês podem ver, temos uma lista, tal lista começa com a palavra original e logo depois passa para outra versão dela, é possível notar um padrão de palavra normal, palavra nasal, palavra normal e palavra nasal (representada pelo -m final da ortografia do Dzubukuá) nesse grupo de palavras, agora vocês podem estar se perguntando, qual é o método utilizado aqui, vou explicar agora



 Basicamente este método utiliza de todos os sons disponíveis da língua Nhihô no qual está sendo trabalhada e força a palavra a mudar foneticamente para criar uma variante dela. Kye (quie) "amarrar, atar" deriva do Proto-Kariri *ce "atar, amarrar", o som original é /c/, mas começamos com uma versão despalatalizada (isto é sem o som /j/ como em k(y)e) e desvozeada (ou seja com o k e não com g) e não aspirada (com k e não com kh), criando a variante *ke*, logo em seguida fazemos a mesma coisa só que com o som nasal, criando *kem*, depois passamos para suas versões palatalizadas: *kye* e *kyem*, aspiradas: *khe* e *khem*, vozeadas *ge* e *gem* e por aí vai.


 Para não divagar muito, não irei explicar nesse texto todas as mudanças, logo mostrarei uma versão mais detalhada sobre quais sons podem mudar para quais sons, por enquanto irei explicar outra parte desse método.


Uma pergunta que pode surgir é se só poderão criar palavras na quantidade de variantes que existem, como por exemplo, voltemos na lista e contemos quantas variantes tem nela: 40, a pergunta nesse caso seria se só poderão ser criadas 40 palavras, uma para cada variante ?


 E eu respondo que não, esse sistema permite que as palavras sejam reutilizadas (hipoteticamente) infinitas vezes, na realidade as palavras podem ser derivadas dependendo da necessidade do falante, você não necessariamente vai criar infinitas palavras, pois a quantidade depende da criatividade e necessidade do falante, aqui está um exemplo prático disso:


kye "atar" > kye "prender" > kye "prisão, cadeia" > kye "prisioneiro" > kye "escravo" > kye "espólio de guerra" > kye "tesouro" > kye "moeda" ou kye "joia" >  kye "preço" > kye "vender"

                          > kye "negociar"

                            > kye "comprar" 

                            > kye "negócio" 

                             > kye "coisa" 

                       > kye "mercado" ou "feira"

                          > kye "shopping"

                       > kye "valor (preço ou moral)"

                          > kye "moral"


 Como se pode ver, a palavra "atar" foi derivada 19 vezes, cada derivação se torna uma palavra independente, podendo ter portanto sua própria derivação, chegando a um ponto que podemos justificar a mudança do verbo "amarrar, atar" para "vender", sem essas mudanças nunca poderíamos ter chegado tão longe a ponto de criar significados tão distintos do original, afinal é extremamente difícil justificar para um linguista que o verbo "atar" deu origem ao substantivo "moral" sem uma linhagem da evolução semântica. 


  Com este método, múltiplas palavras podem ser criadas a partir de uma só raiz, como puderam ver eu só usei 1 das 40 alternativas que eu tinha naquela  lista que eu demonstrei. "Ah, mas agora temos 19 palavras idênticas, como iremos distinguir elas dentro de uma frase ?", simples, ainda existem 39 variantes não utilizadas, e isso é por que eu ainda não expliquei o outro processo dentro desse sistema de criação de palavras: o ablaut.


 O ablaut ou apofonia é um processo fonético de substituição de uma vogal raiz por outra, como no caso do inglês sing, sang, sung e song, onde a raiz sVng teve sua vogal permutada 4 vezes para denotar coisas distintas, a mesma coisa pode ser feita nas línguas Nhihô baseado nos processos fonéticos que ocorreram dentro dessas línguas:


Ex.: comecemos com o /e/, este pode facilmente se transformar em /i/ ou o é aberto /ɛ/ , já o /i/ pode se transformar no i grosso /ɨ/, o i grosso pode virar o schwa /ə/ ou /u/ (como visto no Dzubukuá e Kamurú respectivamente), o schwa pode virar tanto /e/ (Kipeá) quanto /o/ e /a/ (Dzubukuá e Kamurú) e por último o /o/ pode virar /u/ (Sapuyá) ou o ó aberto /ɔ/.


O exemplo que utilizamos foi uma palavra do Dzubukuá, esta língua permite 9 ou 8 vogais, /a/, /ə/ /e/, /ɛ/, /i/, /ɨ/ /o/, /ɔ/ <- (hipotético) e /u/


Podemos criar 40 variantes seguindo todos os processos fonéticos que logo logo explicarei melhor, presumamos que existam 9 vogais nesta língua, portanto 40 x 9 = 360, temos 360 variantes que podemos utilizar à vontade.


Com isso explicado, voltemos para a pergunta, como iremos resolver o problema de termos muitas palavras idênticas ? Trarei de volta a lista com o vogal substituída por um V, cujo o significado é "vogal não determinada":


kV, kVm, kyV, kyVm, khV, khVm, khyV, khyVm, gV, gVm, gyV, gyVm, tsV, tsVm, dzV, dzVm, sV, sVm, hV, hVm, dhV, dhVm, dV, dVm, tV, tVm, lV, lVm, rV, rVm, ghV, ghVm, wV, wVm, bV, bVm, pV, pVm, phV, phVm


 a V está ali para implicar que qualquer uma das nove (ou oito) vogais do Dzubukuá podem ser encaixadas na palavra, portanto temos 360 (ou 320) palavras cujo podemos utilizar à vontade, para este exemplo, vamos escolher algumas palavras da lista de derivações semânticas

> kye "vender"

                          > kye "negociar"

                            > kye "comprar" 

                            > kye "negócio" 

                             > kye "coisa" 

                       > kye "mercado" ou "feira"

                          > kye "shopping"

                       > kye "valor (preço ou moral)"

                          > kye "moral"


Vamos escolher o verbo "comprar", como podemos ver, ele é idêntico ao verbo "vender", ele é derivado a partir do verbo "negociar", cujo possui um sentido neutro e pode significar uma transação indo para ambos os lados, agora temos duas palavras que se faladas sozinhas podem ser confundidas, como resolver esse problema ? Peguemos uma palavra das 360/320 que temos guardadas, vamos escolher arbitrariamente a palavra phV, e para ela vamos escolher a vogal /a/, portanto *pha*, por enquanto essa palavra só significa "atar, amarrar", assim como a palavra do qual ela derivou, mas agora vamos impor o mesmo processo que kye passou para chegar até "comprar", criando a palavra *pha* "comprar", portanto agora temos um sinônimo do qual podemos utilizar para distinguir as palavras criando a palavra:


kyepha "comprar"


 É assim que o problema de homofonia será resolvido, utilizando as outras variantes para criar sinônimos com estruturas distintas, a escolha será feita pelos representantes das línguas (a liderança), cujo irá determinar quais palavras devem ser escolhidas dentro da lista para seus respectivos dialetos.



Autor: Ari Loussant


POESIA DZUBUKUÁ


O orador / Dikhlimeli



Bo uthua dhê bu-yâ

Loco bo âmro dikhâli bâ

Dâ âñidi âkhaa ghiây

Namhe bo bu-ghâ yakhu hây


Ghiñiti ghikhlimea âñây

Bo âñitithe bo ânâdhethe kây

Dinâghâli izo khaya

Kukli âñây loco âzo kuwoa



Das frutas, a grande mãe

Que é eterna guardiã deste 

Ofereça tuas bênçãos à mim

Principal das flores noturnas


Dedico minhas preces à ti

Para que tu dedique tua sabedoria à todos nós

Sábia luz da noite

Pedimos a ti que sempre ilumine nosso caminho.



Autor: Ari Loussant