terça-feira, 6 de agosto de 2013

TRABALHO, DESEMPREGO E PROGRAMAS



Terra Planagem do local da construção das casas
Indígenas trabalhando no transporte de materiais
   O Projeto Itiúba da Várzea de Porto Real do Colégio, empregava muitas famílias indígena na mão de obra , no plantio de arroz irrigado . Com invenção de máquinas plantadeiras e colheitadeiras desempregou muita gente, as máquinas faz todo o serviço que antes era feito pelos trabalhadores. Na decadencia do arroz em nosso município a Vázea do Itiúba , planta cana-de-açúcar, financiada por usineiros, empregando temporariamente poucas pessoas, outras máquinas também faz todo o serviço. O arroz irrigado exigia muita mão-de-obra, na semeadura, arracar plantas, plantação, corte e batimento. As pessoas não tem onde trabalhar, alguns homens viajam fora da aldeia para ganhar o salário. Aqueles que são pedreiros, carpinteiros e armadores vam procurar nas empressas da construção civíl. As roças a FUNAI, dava uma tarefa de terra arada, por família, 7 Kg de milho e de feijão, esse era o Programa da Agricultura, feito pelo órgão indigenísta, para as aldeias de Alagoas. O desemprego é visível, pessoas assistindo televisão, virou rotina, por não ter o que fazer. A sorte de muitas famílias de casais, são os velhos aposentados do INSS, que ajudam os netos, na alimentação. A olaria faliu, os tijolos manuais, perdeu mercado para os blocos da cerâmica. Trimestralmente vem as feiras da CONAB, 50 Kg de alimentação. O PETI ( Programa de Erradicação do Trabalho Infantil ), atende muitos meninos e jovens, que estudam na escola da tribo em 2006 .
Indígenas no serviço de fundação da base das casas
O Bolsa Família, programa social do Governo Federal também atendem pessoas abaixo da linha da pobreza. As associações de desenvolvimento comunitário, faz um trabalho social, na implantação de projetos de subsistência, financiamento do PRONAF ( Programa Nacional da Agricultura Familiar ). Isso explica como a comunidade indígena, sobrevive na luta constante, com as mudanças da ordem econômica, políta que ocorre no mundo, chega no nível local até as aldeias. Com a Ampliação da BR 101 que corta a a Terra Indígena Kariri-Xocó, muitos indígenas trabalhou na construção da estrada em 2012 e 2013, ainda tem indígenas no serviço, mas estar terminando a obra. Agora este ano em 2013 vai ser construído na aldeia 100 novas residencias para as famílias sem habitação do Programa Minha Casa Minha Vida. Com esse impulso da cosntrução de casas trará mais trabalho para a comunidade, mais renda . Os trabalhadores indígenas e não índios já iniciaram o trabalho de construção das casas, nossa aldeia vai ficar maior, pessoas que mora em galpões a anos vai receber uma casa dígna para sua família.  Todos os dias os caminhões passam com materiais de construção para a grande obra, novos tempos vai chegar.
http://www.indiosonline.net/trabalho_desemprego_e_programas/   .

Nhenety Kariri-Xocó.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

BRINCANDO DE COZINHADA

Crianças pescando na Lagoa Comprida
  No nosso aprendizado cultural indígena observamos os adultos em suas atividades diárias, pescando caçando, pescando, fazendo ceramica, confecionando, aprender os hábitos dos bichos, dos pontos dos peixes do rio, identificar plantas comestíveis, modo de prepara-los como nossa alimentação. Ao redor da aldeia temos campos, rio, floresta, cidade, povoados e as lagoas.  As crianças da tribo tem muitas brincadeiras, mas uma delas leva ao caminho educativo social e cultural por treinar meninos e meninas na lida de Pai e Mãe de família.
Potinhos de brinquedo
Os meninos e meninas combinam para brincar de cozinhada, fazer uma comida coletiva pelos integrantes dos grupos. As meninas ficam encarregada de arrumar panelas, verduras, farinha, pratos, água, lenha, sal. Os menino mais velho leva os outros para a matagal atrás de casa, caçar passarinhos, calangos, frutas e toda a mistura, tipo uma luta pela sobrevivência. Quando todos chegam com as coisas, as menina maior fica responsável como a cozinheira, ensinando as menores a arte de cozer os alimentos. Todos participaram da cozinhada,umas foram apanhar lenha, outras água. Após cozinhar os alimentos, adquiridos, doados, caçados, agora é hora de comer. A menina mais velha coloca os pratos no chão e começa a botar a comida, com todos os ingredientes. As vezes a comida sai salgada, desgostosa, um pouco crua, mais só assim acertamos, aproximando da nossa realidade. Quando crescerem saberão a agirem na vida real. Na vida prática dos adultos passa por um processo muito parecido de arrumar o alimento, conhecer esse mundo tribal para dele tirar o sustento da família, vai um pouco além , buscar as ervas medicinais na mata quando algum filho fica doente, viajam até fora da aldeia para as cidades buscar trabalho fora.
Pescando de Rede
Brincar de cozinhada era só um básico do que tínhamos em nível local. Atualmente muito raramente brincam de cozinhada. Isso poderia ser uma forma própria educativa Espontânea de nosso povo indígena, buscando alternativa de coletividade, companheirismo. Neste lida de andar de sobrevivencia aprendir muito com outros colegas mais experientes, eles diziam que aprenderam com os outros mais velhos que passaram por essa fase de idade. Posso dizer que aprendir a subir em árvores, nadar, pescar, mergulhar no rio, fazer arapucas, arco e flecha, confeccionar petecas, enfim uma série de coisas que hoje posso repassar aqui neste momento.  http://www.indiosonline.net/brincando_de_cozinhada/   .

Nhenety Kariri-Xocó.

MANDIOCA PARA FARINHADA

Mandioca  ( Origem do oeste do Brasil (sudoeste da Amazônia) .
    Iniciamos os trabalhos agrícolas, logo no mês de fevereiro, na arrancação de tocos, vem março para preparação da terra. O termo " Mandiocada para Farinhada ", vem da atividade da roça de arrancar a mandioca, para fazer a farinha de forma tradicioanal. Mandiocada começa no arrancamento da planta até o raspamento da raíz. Da moagem , prenssagem, mexer a massa chama-se farinhada. Quando vem as chuvas no terceiro mês, plantamos milho, feijão e mandioca. Colhemos milho, feijão em junho e julho, ficando na roça só a mandioca para arranca-la em dezembro. Os índios criam porco, galinha ou bode, para comer na farinhada, no dia de arrancar a mandioca, vai muita gente participar. Na roça homens arranca mandioca a mão, outros de enxada em punho, escava o chão, os rapazes pegam as raízes, levam para as mulheres raspar. enquanto isto na casa de farinha, é rodado o caititú, espreme a massa na prensa, enxuta colocam no forno, aquele que mexe não para, fogo acesso faz torrar, a farinha estar pronta. Agora vai ensacando a farinha quentinha, no final da farinhada faz beijú, bolo ou tapioca. Quando a mandioca é muita, leva uns três dias mais ou menos, para terminar a farinhada. Alí parece festa, todos trabalhando no que mais gosta de fazer, naquilo que sempre viu, desde ao nascer. A farinhada é uma atividade muito cansativa, os homens trabalham em turnos, quem fica mexendo a massa e os que ficam no forno. Os que saíram para descansar, vai comer carne de porco, com feijão e farinha, a prova do bom gosto. Terminando a farinhada geralmente os indígenas faz um toré, comemorando a fartura, porque com farinha na mão, a fome vai embora da tribo. Em nossa aldeia tinha uma casa de farinha na Colonia Indígena construída pelo S.P.I. Serviço de Proteção ao Índio em 1960 desativada em 1993. Na Colonia o velho Zé Quirino era a pessoa que mais fazia farinha, os seus filhos e netos arracava a mandioca e transportava a produção até a casa de farinha, começava a raspar a raiz retirando a casca, logo depois era triturada no caititú, prensada e torrada no forno de lenha. Agora para fazer farinha os índios Kariri-Xocó vai até os brancos no Povoado Sampaio município de São Brás, temos que dar alguma coisa ao dono da casa para ter nosso produto tão essencial na alientação indígena . O ideal era ter uma casa de farinha na Terra Indígena para não sair á grande distancia na fazer esse trabalho de farinhada. http://www.indiosonline.net/mandiocada_para_farinhada/   .


Nhenety Kariri-Xocó.


domingo, 4 de agosto de 2013

TAPAMENTO DA CASA DE TAIPA


Casa de Taipa recém construída
Interior da Casa de Taipa
   Na tradição da solidariedade tribal dos índios Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio, Estado de Alagoas, o mutirão sempre foi uma atividade marcante neste povo indígena. Uma das atividades tradicionais que marcava em outubro a dezembro era o “ Tapamento da Casa de Taipa “. O futuro noivo que pretendia casar com uma jovem da comunidade, chamava familiares para ir a floresta tirar a madeira da casa : esteios, caibros, varas, enchimento, forquilhas , embiras e cipós. O rapaz que pretendia casar escolhia o lugar de erguer a casa, logo começava a cavar os buracos para fincar as forquilhas no chão, para deixar a casa armada e coberta com sapé, estava terminado a primeira etapa da construção da casa. O noivo antes de casar convidava toda a comunidade tribal para a festa do “ Tapamento da Casa de Taipa “. Na frente do casa tinha o terreiro , um pátio limpo e amplo onde ia acontecer o evento, atrás ficava o barreiro buraco onde seria retirado o barro , as pessoas vinham chegando todos animados cantando rojões em duplas, cada uma desafiando os outros, para ver quem cantava mais alto, ou mais afinados. O dono da festa bancava as despesas da panelada, comida para todos presentes, tinha feijoada com carne de porco, miúdos de boi, e bebida a vontade , vinho de jenipapo. Homens que ficava no barreiro cavava o barro, as crianças carregava água da lagoa para aguar a argila, logo começavam a traçar até ficar no ponto. As duplas de cantadores entoavam cantos conhecidos , onde todos acompanhavam em coros : Oi oi minha terra da bandeira, oi oi minha terra bandeirar. Os cantos de mutirão (batalhão) eram muitos : “ Alagoana, Terra da Bandeira, Meu Bezerro, Meu Louro, Fulou da Tiririca, Semana Ê , etc. Homens, mulheres, crianças e velhos participavam do tapamento, carregando bolos de barro nas costas, lavando argila do barreiro para casa, outros ficavam tapando as paredes envaradas. Começavam a tapar as paredes de fora da casa, o dono do serviço servindo a bebida a vontade, homens do barreiro não parava de traçava o barro . Isso o Sol ia se pondo no horizonte, estava pronta a casa, com a participação da comunidade, cada um colocou o seu bolinho de barro, derramou seu suor, trabalhou, cantou e dançou, aquele lugar estar cheio de lembranças, nas paredes estar as marcas das mãos e dos dedos de quem estava ali. Continua a festa até umas horas, finalizando com a comida da panelada, todos começam a comer tripa de boi, mocotó , bofe, livro e ubre, carne, orelha e tromba de porco. Quando termina a festa o dono da casa agradece a todos os participantes, e ele promete quando tiver um “ Tapamento de Casa de Taipa “ ele vai trabalhar para a tradição continuar.  

 http://www.indiosonline.net/o_tapamento_da_casa_de_taipa/  .

Nhenety Kariri-Xocó 

INFLUENCIA DA MUSICA

    
Bar e Discoteca Beira Rio 1979-1996

Grupo de Seresta e Grupo JL

  Os Kariri-Xocó tem grande representatividade musical na sua cultura, o Toré conjunto de cantos e danças indígenas, cantos de rojão quando realizam trabalhos coletivos no plantio das roças, colheita, mutirão em geral.  Mas a música de trazida pelos europeus no período colonial foi muita absorvida pelos indígenas, por que os nativos da terra consideram a música  muito especial . Os jesuítas introduziram a  “ Música Sacra “, cânticos, hinos, rezas, louvores para evangelização dos indígenas, foi muito demorado mesmo após a expulsão dos religiosos  no século XVIII o processo continuou com os colonizadores, os índios conheceu suas músicas folclóricas, costumes, manifestações culturais e afins. Chegamos até o século XX  nossos pais conheceram  o Chorinho e Serenata através do índio Manoel Queiroz grande instrumentista tocava violão e cantava na década de 1920-1930. Logo após veio novas gerações Cícero , Zé Brinquinho, André Lino, Ademir, Bonival,  nas décadas de 1950-1960. O que influenciou com mais intensidade foi a música através do rádio que só chegou aqui em nossa aldeia quando somente nos anos entre 1940-1950, os índios escutava os aparelhos de Antonio Correia e João Sampaio. A partir de 1960 pouquíssimos indígenas foi comprando rádios Alírio, Pié, Zé Taré, Cícero, Zé Militão e outros que não lembro, daí em diante passaram a gostar da Música Popular Brasileira, as pessoas tinham seus ídolos. Meu pai Alírio era fã de Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, outros preferiam Dalva de Oliveira,, Ângela Maria. Nos meados dos anos 1960 até 1975 na praça da cidade de Porto Real do Colégio tinha o Serviço de Autofalante onde era tocadas músicas das paradas musicais no Toca-disco, todo mundo ouvia, época da Jovem Guarda.
Sede do Guarani foi nosso clube de dança no finais de semana década de 1980
Apareceram novos ídolos cantores para os adultos e juventude indígena, como também as crianças. Roberto Carlos era o preferido de nossa juventude do anos de 1970, na aldeia muita gente gostava do estilo brega, dependia da preferencia de cada um. As músicas mais tocadas na aldeia : Verônica - Mauricio Reis, Livro Aberto - Genival Santos, Eu Vou  Rifar Meu Coração - Lindomar Castilho, De Que Vale Minha Vida Agora - Barto Galeno , Chega - Evaldo Freire , Você Pode Me Perder  - Paulo Sergio , Erro de Matrimonio – José Ribeiro, O Fruto de Nosso Amor – A Cruz Que Carrego – Evaldo Braga , Minhas Coisas – Odair José e Velha Moça – Roberto Muler . Na sede do Esporte Clube Kariri de nosso time de futebol era o local onde tinha um salão onde os adultos dançavam nos sábados e domingos, logo após os jogos a noite começava a tocar as músicas no aparelho de toca-discos.
Monumento onde ficas Auto-falante até 1975

Na casa de meu pai escutava sempre o rádio, procurava sintonizar as músicas que mais me agradava na minha preferencia musical, a banda brasileira de rock pop Renato e Seus Blue Caps,  canção: "Primeira Lágrima", as músicas cantadas era na língua inglesa (a maioria britânicas), como "Não Te Esquecerei", versão de "California Dreaming", de The Mamas & The Papas, "Menina Linda", versão de "I Should Have Known Better", "Até o Fim", versão de "You Won't See Me" (ambas de Lennon/McCartney) e "Escândalo", versão de "Shame And Scandal In The Family" (Donaldson/ Brown). The Fevers - quando ainda cantava o vocalista Almir Bezerra canções : Eu te darei o céu , Eu estou apaixonado por você . Pholhas - banda de rock brasileira, da cidade de São Paulo., que fazia covers de bandas dos EUA e Inglaterra , músicas : "My Mistake", "She Made Me Cry", "I Never Did Before" e "Forever". Nilton Cesar cantor que ouvi muitas músicas : Férias na Índia, A Namorada que Sonhei, Amor... Amor... Amor... e Professor Apaixonado, Felicidade, quando alguma pessoa casava na Rua dos Indios , o noivo colocava o Toca-disco e os adultos começava a dançar  . Luiz Gonzaga o Rei do Baião, cantando acompanhado de sua sanfona,  levou a alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, meu pai Alírio ligava o rádio , nas canções tinha histórias da pobreza, do sertão nordestino. As músicas mais que ouvi : Asa Branca , A feira de Caruaru , A triste partida , A vida do viajante , Á-bê-cê do sertão , Ave-maria sertaneja , Beata Mocinha, "O Cheiro de Carolina", No meu pé de serra, O xote das meninas , O fole roncou , São-joão na roça . Meu pai gostava mais do Trio Nordestino,  trio baiano (formado por Lindú, Cobrinha e Coroné), músicas : "Procurando tu", Chililique, Forró Pesado.

Ginásio São Francisco 1960-1992
    Os alunos que terminava a 4ª Série Primária na aldeia Kariri-Xocó iam logo estudar no Ginásio São Francisco na cidade de Porto Real do Colégio, em 1977 fomos uma turma de mais de 40 indígenas matriculados lá naquele ano. No percurso do caminho para o ginásio tinha a Discoteca Beira Rio, quando era na sexta-feira após o final das aulas todos nós indígenas saiamos para dançar as musicas de sucessos da parada musical. Muito legal aquela época curtir com nossas colegas também daqui da cidade, aprendemos a dançar no rítimo das músicas.

Quando a Aldeia Kariri-Xocó mudou para a Fazenda Modelo gostei muito de Kid Abelha banda brasileira, vocalista Paula Toller, com as músicas : Por Que Não Eu, "Fazer Amor de Madrugada" , Como Eu Quero , Homem com uma Missão.  Legião Urbana banda do DF, músicas : Que País É Este , "Será", "Ainda é cedo" e "Por Enquanto", "Geração Coca-Cola" .

     Na música internacional  tocava diariamente The Beatles  - banda de rock britânica, vocalistas: James Paul McCartney,  músicas  Hey Jude, Let It Be,Yesterday , John Lennon músicas : All You Need Is Love,  "Help!", "Strawberry Fields Forever" , "Imagine", "Woman". Dueto Ebony and Ivory Paul McCartney & Stevie Wonder  também me marcou muito. ABBA - grupo sueco de música pop , canções : "Waterloo", "Mamma Mia", "Fernando" . Bee Gees ,Bee Gees banda formada por três irmãos: o mais velho Barry Gibb e os gêmeos Robin e Maurice Gibb. O vocalista Barry Alan Crompton Gibb, com sua voz fina e aguda. (  os sucessos mais conhecidos estão "How Deep Is Your Love?", "Stayin' Alive",    ) . Saturday Night Fever (trilha sonora do filme "Embalos De Sábado A Noite"  curti muito, músicas "Night Fever" e "Stayin' Alive", e ainda Barry Gibb . Os  Freddie Mercury  da banda britânica de hard rock  Queen, musica que eu gosto "Love of My Life", "Bohemian Rhapsody", "Somebody to Love". Freddie Mercury and Montserrat Caballe - How can I go on . Tina Charles - cantora britânica , músicas : I'm On Fire, I Love To Love (But My Baby Loves To Dance ), Love Me Like A Lover, Dance Little Lady Dance, Dr Love, Rendezvous e Love Bug . Donna Summer - cantora pop norte-americana estilo disco dos anos 70, Rainha da Disco , músicas : "I Feel Love", Once Upon a Time , I Remember Yesterday; Thank God It's Friday , MacArthur Park  e outras mais. A-ha  - banda norueguesa de synthpop formada na cidade de Oslo, vocalista Morten Harket , canções :  "Velvet", "Take on Me" , "The Sun Always Shines on T.V." . Scorpions  - banda de heavy metal e hard rock  alemã , vocalista Klaus Meine , sucessos que gosto mais "Love at First Sting", "Still loving you", Wind of Change, "Send me an Angel", "Rhythm of Love", "In Trance", "Rock you like a Hurricane", "When the smoke is going down" . Bob Welch - Sentimental Lady , Honey Drippers - Sea Of Love , The Cars - Drive , Tim Moore - Yes , Jeff Beck - People Get Ready , Chicago - Hard To Say I'm Sorry , Bonnie Tyler - Total Eclipse Of The Heart , Bonnie Tyler - Here She Comes , Kim Carnes - Meet You At The Wrong Time Of My Life , ZZ TOP - Rough Boy , Mick Fleetwood - You Weren't In Love , Chicago - If You Leave Me Now , Peter Cetera e Crystal Bernard - (I Wanna Take) Forever , Kim Carnes - You Are Everything , David Gates - Take Me Now  , Stylistics - Give A Little Love For Love , The Hollies - The Air That I Breathe , Rita Coolidge - All Time High , Chicago - You're The Inspiration , Europe - Carrie , Ginno Vanelli - Hurt To Be In Love , Kenny Loggins - Meet Me Half Way , Scorpions - Always Somewhere , Boney M - Somewhere In The World , Albert Hammond - When I Need You , Nazareth - I Don't Want To Go On Without You , Morten Harcket - Los Angeles ,   Rick Ocasek - Emotion In Emotion , Heaven - Knocking On Heavens Door , Robin Zander and Ann' Wilson - Surrender To Me .

      Na Música Classica eu tenho uma grande admiração poder da voz de Luciano Pavarotti - cantor (tenor lírico , músicas que gosto muito "Nessun Dorma", dueto com Zucchero & Pavarotti Miserere, dueto com U2 Miss Sarajevo, Pavarotti & Friends Celine Dion My Heart Will Go Onby , Bocelli e Pavarotti - Ave Maria , Luciano Pavarotti & James Brown - "It's A Man's World" ,  Andrea Bocelli feat Luciano Pavarotti and Plácido Domingo   .

     Quero lembrar que a Influencia da Musica foi uma transformação cultural,  Ademir e André Lino cantava altas horas animando nas noites a Musica Popular Brasileira,  podemos perceber,  nossa aldeia teve entre a década de 1980-1990 a Banda Indiamar tocava na aldeia e interior do municipio, temos as Duplas Sertaneja Rei e Reinaldo que gravaram um CD . Outros indígenas cantaram e tocava na Banda de Forró Milho Verde, logo após vocalistas indígenas Erú e Panela cantavam na Banda Mal de Amor, a Aldeia tem agora a Banda JL. Nas casas podemos perceber tocando músicas de todos os generos musicais mais conhecidos : Sertanejo, Forró Eletronico, Forró Pé de Serra, Brega, Rock Pop e MPB a final somos o Brasil sintonizado com o mundo. Mesmo com tudo isso nós Kariri-Xocó gravamos CDs e DVDs com nossa música indígena do Canto e Danças do Toré, vídeos, páginas na Web, livros mencionando a cultura, devemos sim participar da evolução da humanidade sem esquecer quem somos.

Nhenety Kariri-Xocó 





sábado, 3 de agosto de 2013

FUTEBOL NA TRIBO

 

Guarani década de 1990
novo campo sendo construido 2002
Antigo campo de futebol 1979-2002

Campo de futebol atual 2013
Futebol Feminino década de 1990
Time que jogou no dia de São João 2013

  O esporte dos brancos ja faz parte de nossa vida a muito tempo, pelo contato direto com a sociedade colegiense conhecemos seus hábitos de lazer e saúde bom para nosso corpo físico.Vivendo na cidade de Porto Real do Colégio, os jovens indígenas conheceram o futebol em 1950. Os brancos fundaram um Clube de Futebol Colegiense, destacando o índio Miguel Queiroz, filho do Pajé Suíra de nossa aldeia, como o melhor jogador do município,tornando-se conhecido em todo o estado. O Clube Colegiense parou de competir nos campeonatos de futebol amadores da região, criaram outra equipe esportiva, o time do Cruzeiro em 1969. Nesta equipe da cidade jogava muitos indígenas : Antônio Frade, Antônio de Cícero , Ernane, Gilvan, no time principal. Em 1975 já com bastante jogadores, sem atender a demanda dos atletas, os índios fundaram o Kariri Esporte Clube, só de indígenas, tendo como primeiro Presidente o índio Pilão. O Kariri disputou nos municípios circunvizinhos,campeonatos e torneios, sagrando Campeão na cidade de São Brás em 1977. A parti de 1980, os índios criaram outra equipe de futebol, O Guarani Futebol Clube, formando mais mais um time na aldeia. O Guarani disputou quatro campeonatos municipal em Porto Real do Colégio, tornando-se Tri-campeão 2002, 2004e 2011,  tambémVice-Campeão em 2001, o Kariri foi campeão em 2010. Na Aldeia Kariri-Xocó tem várias equipes de futebol: Kariri Esporte Clube, Esporte Clube Guarani, Familiense, Associação Desportiva de Veteranos e Esporte Clube Artistas. Essas equipes jogam em cidades do interior de Alagoas e Sergipe, com times de futebol amadores. Para aumentar laços de amizade, jogam em outras aldeias indígenas: Fulni-ô, Tinguí-Botó, Xucurú-Kariri, Cocal, Karapotó, Xocó e Pankararu. Na tribo temos um campo de futebol, cada tarde uma equipe treina. Todas as equipes respeita a tarde do outro time de futebol, a comunidade Kariri-Xocó, gosta do esporte. O futebol feminino foi fundado na tribo em 1982 com a geração das jovens Marlivan, Iranildes, Maria Helena, Nete, Idaci etc... depois veio a geração de Saburica, Fernanda, Cristina, Wilma etc., assim vamos registrando nosso futebol através dos tempos .   http://www.indiosonline.net/futebol_na_tribo/  .

Nhenety Kariri-Xocó.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A FLORESTA EXPRESSÃO DA BIODIVERSIDADE


Interior da Mata do Ouricuri

Caminho do Pau Ferro na Mata do Ouricuri
   O mundo tem muitos tipos de ecossistemas lindos, nenhum melhor de que o outro porque todos são necessários para nosso planeta.   Mas entre os ecossistemas existente a floresta juntamente com os corais são a expressão máxima da biodiverssidade, a sua exuberância em espécies, de animais e vegetais, em condições habitáveis para os seres humanos vem desde os tempos imemoriais. Os indígenas tiveram participação na formação desse ecossistema, agindo no meio ambiente, criando espécies da necessidade cultural.
Para os tupis, Nhanderu no começo do mundo criou a terra, colocou o índio para cuidar da Grande Roça (a floresta), nasceu assim a tribo e tudo que o povo indígena queria estava ali.
A verdadeira roça tem tudo em abundância , é o conjunto total do ambiente e utilizado pela tribo: árvores frutíferas, pau-de-arco, pau-de-canoa, genipapo para pintura, cana de flecha, coité como instrumento musical, sapé para cobertura da maloca, mandioca, milho, banana, mamão, urucum,etc. Temos na roça diverssos animais: cutia, paca, anta, arara, abelha, onça, tatu, pássaros em geral, peixes, répteis, insetos. Para complementar a Grande Roça temos dentro dela rios, lagos, argila para a cerâmica, serras, cavernas. Atualmente é muito difícil possuir uma Grande Roça como no princípio, mas a maneira de aproximar-mos mais dessa realidade é a Agrofloresta, por cultivar maior número possível de plantas, respeitando as condições naturais. Em termos de importância global, a floresta constitui como a maior indústria do mundo, produz gases indispensáveis a vida , o gás carbónico e o oxigênio, sem esses elementos todos morreríamos . Todos os seres vivos que faz parte de uma região, faz
parte da roça. Cada ecossistema é um tipo de roça: Mata Atlântica,
Caatinga, Cerrado,Floresta Equatorial, Mangue, Pantanal etc. No Brasil
cada povo indígena tinha sua roça, muitas árvores centenárias e
milenares é um legado de nossos antepassados, devemos fazer nossa parte “plantar”, que a natureza nos ajudará a criar seus filhos amados.  http://www.indiosonline.net/a_floresta_expressao_da_biodiverssidade/    .

Nhenety Kariri-Xocó

FESTA DOS INSETOS

Vasourinha de Botão
  Olhando o campo verde ao redor da aldeia vemos muitos pequeninos animais, são os insetos: gafanhotos, borboletas, grilos, besouros e vespas. As borboletas tem cores brilhante e variadas, algumas espécies só aparecem umas vez por ano na primavera. Fico maravilhado á noite com a festa dos insetos, ao redor da lagoa atrais da minha casa. Os grilos cantam pela floração das ervas vira uma festa sagrada da natureza, é o ritual deles anunciando a multiplicação das sementes para cobrir a terra com seu manto verde. Cada inseto se alimenta com sua planta específica, só eles tem autoridade de fecunda-la, responsáveis pela reprodução. Os insetos aguardam o ano inteiro para chegar esta noite especial na natureza. Cada espécie tem seu dia, momento, hora e tempo de atuação no meio ambiente.   Quando era criança eu e meus colegas Dijalma, Lenoir, Aderaldo, Joelton, saimos chutando a grama de manhã, pulava vários insetos, principalmente os gafanhotos de várias cores: vermelhos, amarelos, pretos e principalmente os verdes de maior número. Os gafanhotos preferidos por nós eram os Soldadihos coloridos, estes estavam sempre agrupados nos pés de velame .Pegamos muitos e criamos fazendas de brinquedos de criança, pegamos também Esperança espécies de insetos Louva Adeus, estas eram maiores. Embora que os gafanhostos comem as plantações de milho e feijão de nossas roças. As meninas gostavam de brincar pegando borboletas , acho pelas belezas de suas cores junto as flores do campo.  Agora na atualidade atraz de minha casa tem um arbusto florido, chega de manhã beija flores, borboletas, besouros, mangagá, lbérulas, gafanhotos fazendo uma verdadeira festa dos insetos, cada vez mais os campos fica mais pequeno, nossa comunidade indígena estar crescendo, o espaço urbano vai tomando lugar com construção de novas casas até quando vamos ver esses bichinhos coloridos alegrando nosso mundo . http://www.indiosonline.net/festa_dos_insetos/   .

Nhenety Kariri-Xocó.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

COMERCIO E COMERCIANTES



   Os índios vendem sua produção agrícola, da cerâmica, da olaria, do artesanato e da pesca aos brancos no comércio da cidade de Porto Real do Colégio. Na Aldeia indígena temos também comerciantes índios, que tem mercearias, vendendo produtos de supermercado,  muito importante para nosso povo fazer suas compras aqui mesmo, valorizando a economia local. Temos a Mercearias Pingo, Mercearia União, Maria Santa, Tái e Coisa tivemos ao longo dos anos, muitas que faliram. A Mercearia Pingo era a maior da tribo em 2006, vendia de tudo um pouco produtos enlatados, produtos de beleza, alimentação, limpeza e outros. Depois veio a Mercearia Nunes do senhor Dalírio, temos agora a Mercearia Kariri  Fulni-o, João Variedades, Divá e outros mais que estão aparecendo. Temos Casas de materiais de construção que vende porta, cimento, ferro, lampadas, cola, fio elétrico etc. Neste comércio interno os índios aposentados, funcionários, e assalariados, compram a prazo, por mês. Também na aldeia indígena chegam prestanistas, para vender a prestação nas portas dos índios, oferecem lençóis, mosquiteiros, panelas, redes, colchões e roupas. Esta atividade de comerciantes brancos que vendem na tribo, já faz mais de 30 anos. Os indígenas compram no comércio da cidade de Colégio e propriá, Elétro-domésticos: Televisão, geladeira, DVDs, CDs, liquidificadores e ventiladores. Compram móveis: armários, camas, estantes, guarda-roupas etc. Assim é o comércio e comerciantes na tribo Kariri-Xocó, muitas lojas já trabalham com os indígenas a anos, muitas dos móveis característicos do lar vem daí, pelo contato permanente com a sociedade nacional e agora internacional  .  http://www.indiosonline.net/comercio_e_comerciantes_da_tribo/   .

Nhenety Kariri-Xocó.

CAMINHANDO ATÉ O REI

Ilha de São Pedro
Grande caminhada na Terra
    Na província de Sergipe no século XIX  os índios Xocós foram perseguidos, descriminados pelos colonizadores que queriam o território indígena, muita luta e sofrimento deixava nós a mercê dos fazendeiros da região do Baixo São Francisco, em Porto da Folha na Ilha de São Pedro e Terras da Caiçara. No Território Xocó terras inundáveis das lagoas proporcionava a fertilidade da terra para o plantio de arroz, a ilha molhada pelas águas do rio facilitava à colheita das roças, na Caiçara a mata cobria grande área, pastagens naturais de caatinga almentou a cobiça do invasor.  Diante das ameaças de perder as terras o Cacique Inocêncio Pires,  Manoel Lapada empreenderam uma viagem até o Rio de janeira para falar com o Imperador D. Pedro II. Nesta viagem foi de muita penúria, sem recursos financeiros, sem transportes fizeram uma grande caminhada, passando privações, dormindo pelas estradas, enfrentando onças, cobras e pessoas indesejáveis.  Após muitos dias de caminhada chegaram a capital do Império, passaram outros tempo até falar com  D. Pedro II, reclamaram dos invasores do Território Indígena dos Xocós, segundo informações dos mais velhos  Inocêncio recebeu as garantias do Rei que as terras era dos índios. Contentes o Chefe Inocêncio  e os indígenas que estavam acompanhando retornaram para a aldeia trazendo boas novas. Nada adiantou os invasores das terras continuaram com as perseguições até finalmente expulsarem grande maioria cerca de 80 % do povo Xocó da Ilha e Caiçara, sem alternativa os índios buscaram  refúgio entre os Kariri de Porto Real do Colégio, com esta união étnica destes dos grupos formaram a Comunidade Kariri-Xocó.

Nhenety Kariri-Xocó          

FACHIAMENTO DA ROLINHA

Fachiador com candeeiro na cabeça, estilingue e bisaco a tiracolo : desenho Nhenety
   Na época da fartura dos pássaros, muitas aves povoam do sertão para os campos, e capoeira de mato ralo, nos arbustos fazem seus poleiros de dormida, o céu fica repleto de bandos e mais bandos formando figuras interesantes. Os caçadores indígenas tem uma técnica de capturar esses pássaros à noite, arrumam um candeeiro com corda pressa na cabeça, para iluminar a caça, veste calça velha, faca, peteca (estiling), bota de couro ou sapato para proteger os pés de espinhos. Dizia minha mãe Maria de Lourdes que na década de 1930 e 1940, o Fachiamento de Rolinha era com vara de mameleiro, porque naquele tempo tinha em grande abumdancia estes pássaros. os fachiadores mais velhos Euclides, Erpídio, Dunga, Otávio, Antonio de Zeca e muitos outros. Entre os pássaros mais caçados se destacam-se as rolinhas- capim, rolinha cardo-de-feijão, rolinha-azul, nambu, e outros. Cada caçador matam numa média de 100 rolinhas, caçando a noite toda, encontrando inúmeros perigos, cobras, escorpiões, buracos, raposas chocas e visagens. Com as novas gerações de Fachiadores de 1950 a 1970 a rolinha ficou mais pouca, porque migraram para o Alto Sertão, foi criadas várias barragens lá agora tem água.Os lugares mais freqüentados pelos fachiadores são as grotas de Mauro Barreto, Antônia Ananias, Cambotá, Caminho do Paturi, Cercado Grande e outros. Entre os fachiadores indígenas que mais se destacaram nestas caçadas foram : Candará, Zeca, Lula, Divardinho, Adelsom, Juarez, Zé Bachinho, Antônio Minhoca e outros. De manhã quando retornavam as mães de famílias , com as crianças saiam logo para despenar os pássaros, a rua da aldeia ficava alva de penas, as rolinhas são pássaros muitos saborosos e nutritivos, as mulheres faziam uma fritada para tomar o café. Ao meio dia o almoço estava garantido, a aldeia cheirava a rolinha fresca fervendo, a barrigada era certa, a noite a mesma coisa , agora rolinha assada na brasa. Nós não passávamos fome porque aproveitavar-mos a chance que a natureza nos oferecia.  http://www.indiosonline.net/fachiamento_da_rolinha/  .

Nhenety Kariri-Xocó.

PEGAR PÁSSAROS MOLHADOS


Anum pássaro muito fácil de pegar
   O inverno aqui na tribo vem no mês de abril ou maio, chove muito na terra, o solo fica ensopado, com barro vermelho pegajoso, as grotas começam a estrondar pelo barulho das águas, enche lagoas, o rio, o mato fica verde. Temos um costume quando chove, os rapazes vam no pasto pegar pássaros de mão, os bichinho ficam molhado, não podem voar, as penas ficam pesadas, é fácil do índio pegar. Tem pássaros que voam sem problemas, outros não , alguns ficam encolhidos debaixo de uma moita. O anum pássaro preto alarmento, é o mais fácil de pegar, a nambu também sente dificuldade de voar, muitos índios pegam para comer, em tempo de crise, quando a fome acochar. Tornar-se um assado gostoso, assado na brasa, café e farinha azeda de mandioca. O índio que mais gosta de pegar anum molhado é o Sr., Pedro Girí, sai convidando ou outros “ Vamos pegar Anum Molhado “, alguns vam com ele, trazem muito passarinhos. A técnica é só correr atrás dos pássaros no capim, sem poder voar, os bichos corre pouco e cansam, basta segurar com a mão e colocar no saco. Mas agora isso quase não se usa mais, os pássaros estão poucos, as condições de vida da gente mudou, temos que manter o costume , “ Pegar o Pássaro Molhado “ e soltar de volta para a natureza devolver.  http://www.indiosonline.net/pegar_passaros_molhados/   .

Nhenety Kariri-Xocó.

INFLUENCIA DA TELEVISÃO

                                                        

Modelo antigo da TV
    Na Aldeia Kariri-Xocó município de Porto Real do Colégio-AL., sempre escutávamos as histórias de dia e principalmente os mais velhos ao redor das fogueiras, isso antes da chegada da energia elétrica.  Os anciões ficavam nas portas conversando com os adultos, as crianças ficavam escutando deitada na esteira de piripiri feita de junco, olhando a lua e as estrelas brilhantes no céu. Ali contavam os acontecimentos do passado, daquele tempo presente, das pescarias no Rio São Francisco, trabalhar para fazendeiros e donos de lagoas, caçadas facheando rolinhas pequenos pássaros  comestíveis. Quando havia algum acontecimento importante na tribo cantavam o Toré como comemoração, assim foi passando de geração em geração. Depois apareceu o rádio desviou um pouco a  atenção do indígenas para as novidades do Brasil desconhecido, notícias, programas, músicas passaram ajuntar as pessoas ao pé do aparelho. Mas as mudanças apareceram com mais frequência foi com a televisão, com suas imagens, comerciais, novelas, jogos, desenho animado, jornal, programas de auditório, ficamos conhecendo o mundo, pouca gente podia possuir o aparelho, a sala da casa do índio José Francisco Tononé ficava cheia de pessoas, tinha que chegar cedo para pegar um lugar no pouco espaço.  Tempo depois mais índios começaram a comprar mais aparelhos de TV, a aldeia ficava mais quieta, o povo ficava nas casas vendo as novelas, filmes e jogos do campeonato brasileiro, nas portas era mais difícil encontrar os anciões contando histórias, as crianças queriam ver os desenhos animados. Quando aparecia algum produto de consumo no comercial da TV logo o objeto apresentado tornava um sonho a realizar, roupas, calçados, perfume, carros, viagens, moda, ainda mais apareceu novos costumes desconhecidos logo assimilados pelos jovens, com o passar dos anos percebemos quanta coisa mudou em nossa aldeia.  Chamamos as pessoas para cantar o Toré,  alguns respondem eu não, vou assistir a novela, outro diz vou ver o jogo que vai ser bom hoje, até os mais velhos estão focados na televisão , não podemos esquecer nossa cultura, vamos novamente contar nossas histórias, voltar as atividades  tradicionais , era isso que nos faziam um povo diferente dos outros. Mas aos pouco vou concientizando de nossos valores culturais, este ano fazemos o Toré Junino que há anos deixamos de fazer, veja :  http://kxnhenety.blogspot.com.br/2013/06/i-tore-junino-kariri-xoco.html  ,  http://kxnhenety.blogspot.com.br/2013/06/i-tore-junino-kariri-xoco-parte-2.html   , vamos continuar no ano que vem fazendo o cantos e danças do Toré porque são nossas tradições.

Nhenety Kariri-Xocó

CAMINHO DE TRADIÇÃO

Caminho no Inverno









Pessoas, carros e motos no caminho
Descendo a ladeira das cajazeiras
  Antes de chegar os colonizadores no Baixo São Francisco cada povo indígena tinha sua aldeia em ambas as margens do rio, cada etnia com seu território, lugar das roças, ponto das caçadas, local dos peixes, florestas inteiras cobriam vasta região.  Na própria aldeia que moravam era também  espaço de suas tradições, para haver ritual o pajé marcava pela lua, onde todos ficavam sabendo a data certa.  Quando vieram os bandeirantes e jesuítas tudo mudou, índios massacrados, outros reduzidos em aldeamentos  jesuítico ou missões  religiosas , aqui os sobreviventes dessas grupos indígenas foram reunidos em Urubu-Mirim como fora chamada a nossa aldeia pelos padres.  Os indígenas foram obrigados a conhecer  a  religião Cristã, aprender nova língua, com cultura diferente das nossas .  Nós não aceitamos essa condição de extermínio, para darmos continuidade nossas raízes ancestrais, praticamos nossos rituais do Ouricuri às escondidas.  As vezes os padres jesuítas saiam para outras aldeias distantes rio acima ou a baixo, neste ínterim fugimos momentaneamente para as matas longe dos olhares dos colonizadores, fazemos nossas caminhadas para praticarmos nossos  rituais as pressas,   dando a entender  a eles que deixamos nossos costumes.  Terminando as proibições dos jesuítas e diretores da aldeia contra os indígenas, foi possível fazer nosso ritual mais sossegado, mas continuamos com nossas tradições longe dos brancos. Assim ficamos com duas aldeias, uma para morada perto do rio vizinho a cidade, e outra aldeia no interior da floresta conhecida como Ouricuri. Ficou a tradição de fazer a caminhada da aldeia na margem do rio para a Mata do Ouricuri que dar aproximadamente uma légua de distancia. O caminho de chão batido, no verão fica empoeirado, no inverno muita lama ficando as marcas de nossas pegadas.  Caminhando no período chuvoso junto com ao Cacique Otávio na estrada tradicional, ele dizia  “ este é o rastro de Miguel Suíra estar vendo o pezão dele, aquele outro me parece a marca do pé de Maria Tinga porque  é estrito bem fininho “. Em outra ocasião caminhando com minha mãe Maria de Lourdes ela identificou a marca do pé meu Pai Alírio que era seu esposo, dizendo seu pai vai aí na nossa frente olha o rastro dele , faz tempo que saiu terá que pegar peixe no rio, eu repliquei como a senhora sabe que essa marca no chão é do pé dele, ela respondeu meu filho já conheço seu pai o pé dele é achatado sambeto. Naquele tempo isso era possível nosso povo era em menor número, hoje fica difícil identificar o rastro de alguém no caminho. Agora estar mudando os rastros do caminho, começou com os pés, depois apareceu o cavalo, a carroça, bicicleta, moto e muitos automóveis.


Nhenety Kariri-Xocó
       

HISTORIA NA CASA GRANDE

    Na retomada da Fazenda Modelo conhecida por Sementeira em 1978,  os índios Kariri-Xocó ocuparam as residências disponíveis no local, funcionários da CODEVASF foram retirados da terra indígena.  A população indígena foi distribuída nos casarões antigos, galpões, báia, curral, casas , escola outras famílias não tendo onde morar fizeram barracas. Veja no blog as casas ,   http://kxnhenety.blogspot.com.br/2013/02/antigas-casas-kariri-xoco.html   , Entre as construções  que encontramos no lugar: Casa Grande , Casarão Velho, Escola, Galpão da Antiga Fábrica de Arroz,  Galpão da Oficina Mecânica, Baia, Cocheira, Igrejinha, Casas dos Funcionários. Nas  residências ficaram muitas famílias morando , o momento era de mudança para construção da Nova Aldeia, cada casa ocupada tem sua história para ser contada pelos seu moradores, estes espaços residenciais tornaram-se  unidades social  da comunidade naquele período de luta.  A Casa Grande ficou ocupada por 22 famílias agora mencionadas :  Alírio e Maria de Lourdes,  Ivete e Antonio Cruz, Luiza Tenório e Família, Arnaldo e Chica, Zé Brinquinho e Especília, Helena Tenório e Lucineide, Mané Galo e Ianí, Antonio Tenório e Landa, Gena e Zeire, Dinalva e Juarez,  Zé Tenório e Givalda, Gergina e Família, Gringo e Antonia, Maria Vermelha e Miguel, Cacique Cícero e Anália , Zé Gatinho e Eurides, Paulo Nunes e Maria Véia,  Zé Taré e Antonia ,temos ainda pessoas que eram consideradas como família porque tinham filhos, Zefina, Vera, Roselita fechando com Euda. Esta casa era bastante animada, os mais velhos contavam histórias, os adultos saiam para pescar nas lagoas repletas de peixes, no alpendre nos fundos da residência muitos fogos  de lenha acessos, tudo ali era repartido entre todos. Quando veio a enchente de 1979 ficamos ilhados , os meninos saiam para pegar mangas que tinha em abundância na margem do Rio São Francisco, chegou alimento mandado pelo governo amenizou a fome por uns dias. Os Jovens estudavam no Ginásio São Francisco na cidade, foi alugada uma canoa para atravessar os alunos. Quando chegamos da aula, nossos colegas  Lenoir, Zé Birrinha, Dijalma e eu Zé Nunes fazemos mingau de milho com leite em pó nosso jantar . Logo após as águas baixar apareceu uma superpopulação de preás ( pequeno roedores ) comestíveis nos arredores da Casa Grande, Davi e meu irmão Antonio fizeram aratacas pegamos bastantes , nossas mães tirava o couro do bicho era um prato favorito. O alpendre circundava toda a casa, a noite armava as redes de dormir, outros forrava lençóis no piso, esteiras, tapetes. Lembro que nos anos de 1980 Jaime trouxe um toca disco e dançamos os sucessos  da música popular brasileira. Na vitória da conquista da terra foi feito um Toré na Casa Grande, Antonio Tinga puxou o canto, muito emocionante, ver todas as pessoas das outras casas chegar para comemorar. Chegou o projeto de construção de 110 casas em 1981, cada família deveria bater 10.000 tijolos, queimar e entrar com a mão de obra, recebia do governo 10 sacos de cimento, madeira e telha.  As famílias que moraram na Casa Grande no começo  foi de 1978 a 1981. Em 1982 foi concluída a construção das casas,as famílias receberam suas habitações,  a Casa Grande ficou como sede do Posto Indígena Kariri-Xocó até 2003 quando foi transferido para a cidade de Porto Real do Colégio. Após a desativação do Posto Indígena na área outras famílias ocupam  a Casa Grande até chegar outro projeto de casas.  As famílias que se encontram morando na Casa Grande atualmente: Esso e Rita, Vânio e  Cil , Galego e Esposa, Mudinha e Esposa, Zé Van e Esposa, Vânia de Zeire e Esposo, Ara e filhos. Esta casa sempre acolheu as famílias desamparadas de nossa aldeia, ainda hoje tem gente morando fazendo novas histórias .          

Nhenety Kariri-Xocó.