sábado, 30 de setembro de 2023

CIDADES KATUANDI / DÔ-NÁM JÍM


Porto Real do Colégio = Simidô (simi 'casa, aldeia' + -dô 'sufixo para aldeias e cidades' também 'cidade, teto'), onde habitam os Kariri-Xocó, Natú, no estado de Alagoas = Lhumanám (lhuma-nám 'lagoa-água').


São Brás = Tômalhadô (Tômá 'curvado', tradução de Brás que vem do latim Blasius, cujo vem do grego Blaisos 'curvado' + -lhá 'sagrado, santo(a), são' + -dô 'cidade, aldeia'), onde habitam os Kariri-Xocó, Natú, no estado de Alagoas = Lhumanám (lhuma-nám 'lagoa-água').


Porto da Folha = Urêkraêndô (urêkrá 'porto' + ê(rám) 'folha' + -dô 'cidade'), no estado de Sergipe = Maparakanamá (da frase má pará kanamá 'no rio dos siris', tradução do Tupi siri-y-pe), onde vive os Xokó. 


Traipú = Sakramadô (sakramá 'fonte de morro' (sá 'fonte' + kramá 'morro') + -dô 'cidade'), no estado de Alagoas = Lhumanám (lhuma-nám 'lagoa-água'), onde vivem os Wakonã.


São Sebastião - Sitiamalhádô - ( Sitiá "respeitar" + -má "adjetivizador" + -lhá "sagrado, santo" + -dô "cidade"), no estado de Alagoas = Lhumanám (lhuma-nám 'lagoa-água'), onde vivem os Karapotó.


Feira Grande = Bêtaradô (bêtará 'trocar, negociar', fusão do verbo nativo bê 'trocar' + moitará 'trocar' do Tupi + -dô 'cidade'), no estado de Alagoas = Lhumanám (lhuma-nám 'lagoa-água'), onde vivem os Tingui-Botó.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



ESTADOS DO NORDESTE / TIMASIMINÁM PÔ ASSATÍVA


Nordeste = Assatíva (Do Tupi assa-tyb-a 'abundância de travessias')


Alagoas = Lhumanám (lhuma-nám 'lagoa-água')

Bahia = Kuanlhatô (kuam-lhatô 'baía-baía')

Ceará = Sêtiú (sêti-ú 'ave-água', do Tarairiú, etimologia abaixo)

Maranhão = Kramassám (krama-ssam 'mar-super, marzão'

Paraíba = Paradsá (pará-dsá 'rio-ruim')

Pernambuco = Tukramá (tu-kramá 'buraco-mar')

Piauí = Paràkitamá (para-akitama 'rio-piaba')

Rio Grande do Norte = Terapissimá (Do Tarairiú, etimologia abaixo)

Sergipe = Maparakanamá (da frase má pará kanamá 'no rio dos siris', tradução do Tupi siri-y-pe)


ETIMOLOGIA DO CEARÁ

Baseado na hipótese de que o nome Ceará, que antes era Siará, seja de origem Tarairiú e também através da comparação com o termo Pre-tiaba ou Presiaba, traduzido como Carcará e gra-sia 'abutre' do Xukurú junto com raí 'lagoa, poço' de cucuraí 'poço de água fria', portanto sia-rá 'poço das aves (carcarás (?))'


ETIMOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE

Baseado no termo registrado pelos holandeses de uma aldeia chamada Terapíssima, governada por João Vvioauin, traduzido para o Tupi como Tabussuram, discordamos de que Terapíssima seja corrupção do termo Tupi, baseado nos registros deixados das línguas Tarairiú, aldeia é 'mari-TARO' no Xukurú e um único verbo foi registrado conjugado no futuro xiku-MA = 'vai dar de corpo, irá defecar', conjugando o verbo xikugo 'defecar' que foi registrado independentemente, mostrando -MA é o marcador do futuro, sobrando apenas PISSI, que baseado no USSU do Tupi, significaria 'grande', portanto TERA-PISSI-MA 'futura aldeia grande'.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


sexta-feira, 29 de setembro de 2023

ORAÇÃO DO PAI NOSSO EM KATU - LÊNHÁM SURÔ KUJÍM


- Surô kujím

imbassá má sônsé

( Pai Nosso estador no céu ).

-  Lôdzêmá mahím a-nê

( Santificado assim teu-nome ).

-  A-tarê ku-lá sô a-grankubá

( Tu-venhas nós-para ao teu-reino).

- Mahím a-rêgê

( Assim (seja) tua-vontade ).

- Manhí má atissirí

( Aqui na terra ).

-  Matí má sônsé

( Como no céu ).

-  Amigrí kujím pô lhualô kamá

( Pão nosso de cada dia ).

-  ku-kí prôkrá shuhím

( Nós-para daí hoje ).

-  A-krapán-sôyá kujím ayaôm-nám 

( Tu-perdoe-oxalá nossas ofensa-s ).

-  Mahím matí kujím krapám

( Assim como nós perdoamos ).

-  ku-ayaôn-sá-nám

( Nossos-ofens-or-es ).

-  Yô a-mapôkrá-sôyá dzí má aparú-nhám

( Não tu-deixes-oxalá caí em tenta-ção ).

-  Magá a-pômakê-sôyá pô aparú, mahím-lhá

( Mais tu-livres-oxalá do mal assim-sagrado (amém) .





Autores da matéria: Suã Ari Llusan em Katuandi e Nhenety KX no Português 




HÍM MÁ IMAKÊSSÁ HAÊ IMPRÔRÊSSÁ-PÁ SIKIÔ NASSÁ-PRÍ SUMANDÍKÍ AWASSÁM DSÁ PÔKÔM HAÊ PÔKÔM PÔ SIKIÔ ALUAMÁ / O HUMANO QUE PRATICAR O BEM E SEGUIR A VIDA ATÉ O FINAL CARREGARÁ A PARTÍCULA NEGATIVA OU POSITIVA DO SER ESPIRITUAL

 

*SERES PODEROSOS*

Suwidêssá-krám-nám 'vencedores poderosos' = suwidêssá 'vencedor' (su- 'ele/ela' + widê 'vencer, ganhar' do Dzubukuá widde + -ssá 'ador') + -krám 'poderoso' + -nám 'plural'


*SERES BONS*

Lôdzê-lhá-nám 'iluminados sagrados' = lôdzê 'iluminar, acordar' (lô 'furar' + dzê 'pano') + -lhá 'sagrado, bom' + -nám 'plural')


*SERES RUINS*

Ayaôn-dsá-nám 'os injuriadores perversos' = ayaôn 'ofender, injuriar' do Tupi aiaõ + -dsá 'mal, malvado, ruim'


*SERES QUE TRAZEM DOENÇAS*

Sakôn-sô-nám 'as enfermidades mortais' = sákôm 'morrer' (sá 'sair, saltar, nascer, parir' + kôm 'outro, diferente, estranho') + -sô 'dor, doença'.



Awá 'energia que depende da conexão' do Tupi aguaá 'altibaixos'

para nativizar mais ainda adicionemos -sám 'super, sobre, superior, acima'

Awassám 'energia superior de conexão, partícula'


A partícula positiva ou negativa para os humanos não precisa ser igual, deve ter uma pequena diferença por estamos falando de humanos e sobre-humanos, mas deve ter algum sinal de sua origem.


Quando um humano desobedece o ser espiritual bom este se afasta do humano e aí vem o seres ruins e as doenças e morte.


Aí o ser humano vai absorver a energia positiva ou negativa conforme sua conexão.


A conexão com os seres bons traz a aparência de fartura, felicidade, alegria


A conexão com seres ruins traz a fome, dor, pobreza etc...




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




PODEROSA ORAÇÃO NAS LÍNGUAS PORTUGUESA E KATUANDI


Poderosa Oração 

( Dzômá Lênhám )


- Passarinho, se eu der-lhe um baque,

(kraníní, tí bájím pôkrá lhuá vám,)

- Tenho pena de você:

(bájím kô nú pô ajím:)

- Cai o corpo pra uma banda

(Dzí hím nhám lá lhuá bá)

- Cabeça-também - pode crê!

(tipiá-pá - krám tú!)

- Passa das nuvem pra cima.

(Mí pô sêhôi lá sám)

-Só volta quando chover.

(Lhuá tá antô dzé'a.)


- Caçador nas minha unha

(bênhánsá má bájím kisêkrá)

- Passa mal que se agoneia:

(Mí lê pá tí minú)

- Dou-lhe almoço de chicote,

(Pôkrá ilá amí pô prisêpám)

- Janta pau, merenda pêia,

(bêtassí kí, umirím kúm)

- De noite ceia tapona

( Lá tassí kú pankrá)

-Murro-também no pé da orelha.

(pankráhám-pá má bê pô makí)


- Homens de plumas

(Majím pô sôm)

- Antes do sol derreter

(Kenhê pô shútô môndikí)

- As unhas do meu pássaro

(Hím kisêkrá-nám pô bajím kraní)

- Pulem os muros

(Sam hím manakrô-nám)

- Vejam os fogos clarões-também na cidade

(tulhú hím kishá-nám ká-pá má simidô)

- Anunciando que o sonho morreu-não

(Tôbê-prá pá nátulhúnhám luarê-bí)

- Há momentos que passeiam no passado

(Kô antô-nám pá práêbô má kênhê)

- Há mais amgios na porta dos fundos

(Ikô magá nishí-nám má yô pô bôrôm)

- A esperar

(Sô nhandí)

- As pedras bonitas

(Hím krá-nám tilishím)

- Que desencatam as águas!

(Sôpá shimbí hím nám-nám!)


- Quando a pedra cai do céu

(Antô hím krá dzí pô sêhôi)

- se enterra sete palmos na terra

( tí santí sô krá má atissirí)

- Em cada dia sobe um palmo

(Má lhuálô kammá sám lhuá krá)

- Em sete dias está no chão

(Má sô kammá bá má atissirí)


- O facão tem imã

(Hím wíkákú kô krandimí)

- Risca os cinco veios

(Kêtá hím ká dzêbênám)

- Encontrando os cinco choros da nascente

(Dê-prá ká bêkúdzê pô issassá)

- O desenho do Caboclo Bugre deve (ser) riscado

(kêtanhám pô Jinkanikó Jimpú mandí akêtamá)

-  com a pedra de raio-também deve-se colocar

(lamá hím krá pô krí-pá mandí kratí)

- Os cinco pontos de Salomão

(Hím ká rô pô Shinhám)

- na estrela matutina (Vênus)

(Má irô sanhamá (Kalhuamá))


- No centro dos cinco choros

(Má nám pô ká bêkúdzê)

- Um buraco de~ve (ser) cavado

(Lhuá tulhukrá-nám mandí atulhukramá)

- A pedra-também colocada

(Hím krá-pá akratimá)

- Esquentada pelo corpo

(Akashamá pô nhám)

- pela força da palavra-também

(pô krandí pô indsiê-pá)


- Pelos cinco mistérios-sagrados da estrela matutina

(Pô ká sárômá-lhá pô irô sanhamá)

- Pelas sete estrelas brilhantes à noite

(Pô sô irô inkassanssá sô tassí)

- Pelos raios-sagrados do matinal amanhecer

(Pô sakatá-lhá pô sanhamá sanhám)

- Pelas sete gotas-sagradas do orvalho

(Pô sô nánkiní-lhá pô nansanhám)

Pelas sete forças sagradas do vento

(Pô sô krandí-lhá pô menusí)

- Pelos sete mistérios dos raios solares-sagrados

(Pô sô sárômá pô sakatá shutômá-lhá)

- Pelas sacrossantas águas dos rios

(Pô lôdzê-lhá nám pô krá)

- Pelas sete ondas do mar-sagrado

(Pô sô samê krakú-lhá)

- Pelo fogo

(Pô shakishá)

- Pelo ar

(Pô menusí)

- Pela terra

(Pô atissirí)

- Pelos sete mistérios da escuridão

(Pô sô sarômá pô tassí)

- Que se revele o grande mistério desse mar infinito

(Sôpá tí tô hím akúma sarôma pôhím krakú lambibí).




Tradutor da matéria: Suã Ari Llusan frases no Katuandi 


ETIMOLOGIA DE CETOBUYE 'BALEIA' DO DZUBUKUÁ


Após checar no vocabulário registrado por Jolkesky, notei o seguinte:


Ofayé: katoi

Karajá: kətura

Proto-Guaicuru: *kˀote

Trumai: kˀate 


Todas possuem o significado de peixe, e como dito em publicações mais antigas, o Kariri passou por um processo intenso de palatalização, cujo transformou alguns de seus antigos *k em *ts (cf. dsatte 'cortar' em comparação ao Caribe akôtô e o Tupi kytĩ), isso comprova uma dúvida antiga que eu tinha na questão ortografica, já que não havia razão para Nantes usar a letra C para representar um s em cetobuye, indicando que houve um erro tipográfico e que a palavra na verdade era dcetobuye, utilizando o dígrafo dc comum no Katecismo Indico. 


Portanto a raiz original do Proto-Atumun *kətə 'peixe' virou dsetto no Dzubukuá e com a adição de bu-ye 'CL-grande', virou dsetto bu-ye 'peixe CL-grande', ao julgar pela existência do termo genérico muidze, é possível que dsetto tivesse se especializado e se tornou o nome de alguma espécie ou de peixe ou de mamífero aquático que pudesse ser comparada com a baleia.


Assim sendo aqui está a reconstrução para cada língua Kariri:


Proto-Kariri *tsəto 'peixe de alguma espécie, mamífero aquático'


Dz.: dsetto

Kp.: tcetò

Sp.: tsetó

Km.: tsetò

Kt.: seto

KX.: dsêtó

Dz-Tx.: dseto





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


quinta-feira, 28 de setembro de 2023

PÁTIÁSÔM PÔ ÚKÚFÁSSÁM / ACORDE DO SONO PROFUNDO


Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám

Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám


bêlêdsiê húm apráttíssám

dêháí kúbôrêdí yá nám

ikássássêm ílá Lê-nám

bêrêdsiê húm apráttíssám


Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám

Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám


Sánkrántí-nám kútâvê

tákárê êlám kátêrê

Lôdzê-nám kítêtâvê

kájím mágá ílá sôháê


Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám

Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám


sússánê gádzám tánkrándí

súdsô lôkrá luámándí

súdádídí húm sákíní

sám-nám lôkrá prátí-prátí


Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám

Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám


láhím máttí bêlêdsiê-lám

dsiêdí márêbí kôm lhússám

máhím Pátiá-lhá nhê súbám

pôháê pôháê á-lhá Sônkrám


Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám

Pátiásôm pô úkúfássám

iká shútô húm bôkrássám


Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo

Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo


fale já o teu pretender

prudência a satisfazer

ao azucrim irá espantar

fale já o teu pensar


Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo

Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo


Virtudes de glórias plena

portadas por grei tão serena

Luzentes de sagácia abundam

Em graça eles se inundam


Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo

Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo


Ele possui real poder

Lava as almas a bel prazer

seu trono já a se sentar

pras perfeições pensar e pensar


Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo

Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo


Então como dito adiante

sem usar verb'abundante

assim Patiálhá se inicia

graça eterna todo dia


Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo

Acorde do sono profundo

o sol reluz fremebundo




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



CLASSES DE PALAVRAS KATUANDI / KÁNHÁM-NÁM DSIÊ-NÁM KÁTUÁNDÍ


Verbo = mákênhám (lit.: 'fazer-mento', portanto 'ação, construção')

Artigo/Demonstrativo = ássêpiákúkárárá (do Tupi acepiacucar-ar-a 'mostrador, apresentador')

Advérbio = môkárússárá (do Tupi mbo-caru-ssar-a 'alimentador', por que advérbios alimentam o contexto)

Substantivo = nê (lit.: nome)

Adjetivo = mánhám (lit.: 'sinalização, marcação')

- Aumentativo = ákúmánhám (lit.: grandificação)

- Diminutivo = kíníshánhám (lit.: diminuição)

- Superlativo = ákúmáwídônhám (lit.: grandificação acima de tudo)

Numeral = lhúmá (lit.: 'numero-al, numeral', lhú deriva de túlhússô 'olho, observar, perceber')

Pronome = mándínhám (lit.: 'carregar-mento, carregamento' por carregar a expressão de um possível referente na frase)

Preposição = nákánhám (lit.: 'pre-pôr-mento, preposição')

Interjeição = pôkánhám (lit.: 'ex-pôr-mento, exposição, expressão')

Conjunção = díránhám (lit.: 'com-juntar-mento, conjunção').






Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


SÍKIÔ SÍMUNÊ LÔKRÁ MÁDÍ LHUÁ ÍNKÍ / TODA CULTURA TEM UMA MARCA


 Síkiô símúnê lôkrá mádí lhuá ínkí. Átúkrámá bátí-dê má ámmí, táká, mákênhám, líssándzô kôm-pá... sútárê-dê pô lhuá piámá díkánhám árám, ámpátí inê mádí síkiô ínkí. Máhím máttí ádsí-nám nênhám sikiô ínkí. Ítíhím máhím-ígá símúnê-prí tímádí. Sôpá lhuálô têrê ájím pôkôm têrêkú pôkôm sútúkê díkánhám-nám kôm, ítíhím ákúmá-ígá.


 Toda cultura tem uma marca. O que utilizamos no alimento, vestimenta, Construção,  cura etc...vem de uma determinada espécie de planta, animal tem o  nome científico. Assim como os minerais têm sua identificação. Por isso até a cultura tem sua marca. Porque cada povo indígena ou sociedade utiliza espécies diferentes por isso é importante.


     


Autores da matéria: Suã Ari Llusan texto em Katuandi e Nhenety KX texto em Português 



quarta-feira, 27 de setembro de 2023

AIATIBÁR


 AIATIBÁR


 Menerurú governa o Jardim Sagrado com seus Santos, suas criações rondam o mundo todo, uma dessas criações era chamada de Aiatibár, era um sagui, originador do costume de todos os saguis, seu nome se traduz como "plantador" do Tupi ayatib-ar


 Existia uma aldeia no interior da mata chamada Têrêquiniquidô, habitada por saguis, muito longe, porém perto do coração da floresta. O pajé odiava muito as confusões causadas por Aiatibár, então chamado Nhanduijár, pois ele tinha costume de correr rápido após roubar a comida dos outros. Eles viam como desperdício a sua tendência de jogar as sementes no chão, por não querer engolí-las, deixando para os outros limparem sua bagunça e comerem-nas para não gastar a comida da aldeia.


 Um dia o Têrêquiniquiára (cacique) deu um basta nas ladroagens de Nhanduijár, chamou os guerreiros para o assustar de vez. Quando Nhanduijár veio roubar a comida de Kantací, os guerreiros estavam a espera, com suas lanças e tacapes, partiram para cima do arteiro sagui, Nhanduijár tomou um grande susto, mas ainda assim conseguiu coletar algumas frutas, correu a toda velocidade para fora da aldeia e mais adentro da mata. Ainda perto da aldeia, comeu os frutos que tomou, sempre odiando a ideia de engolir a sementes, as cuspiu e lançou do alto das árvores até o chão.


 Nhanduijár não foi visto por muitas luas, no tempo que passou a aldeia se viu em uma crise enorme, um ser amedrontador chamado Aiuijár (do Tupi ayu-îar 'dona da fome') chegou na aldeia e tomou toda a comida dos Têrêquiniquís, muitas vezes ele veio e se foi com a comida, esgotando a comida guardada deste povo. A fome chegou, não havia mais o que comer, Aiuijár ficou furioso ao saber e ordenou que este povo arranjasse mais comida para ele, os saguis de Têrêquiniquidô estavam desesperados.


 Um dia, do meio da mata, surge Nhanduijár, os Têrêquiniquís indignados protestaram a sua volta, o pajé bradou enfurecido por conta da ousadia de Nhanduijár de voltar, o sagui perguntou por que estavam tão raivosos, o pajé contou sobre a promessa de Aiuijár e disse que era o fim do povo dos saguis. Nhanduijár não estava prestando atenção nele, pois notou uma sombra diferente sobre a aldeia, uma que cobria a luz do sol onde antes havia um raio de luz claro, o povo, por conta do desespero, não havia notado que, uma árvore nova havia nascido na mata, era um pé de mamão gigante, maior que qualquer jamais tinha visto.


 Os saguis foram ver o gigante Jacaratiára, Nhanduijár subiu nele e viu do topo distante da aldeia um caminho coberto por gigantescas árvores de fruta que elevavam-se acima da floresta, ele notou, era o caminho que ele havia tomado nos últimos meses para sobreviver e percebeu naquele momento o que havia acontecido, ele semeou as árvores ao cuspir as sementes no chão. Quando contou para o povo de Têrêquiniquidô, logo ele sugeriu que eles espalhassem mais das sementes pelo resto da floresta toda vez que comessem ao invés de engolir elas, assim nasceu o Tússô-lhá "Ciclo Sagrado" entre os saguis.




ÁIÁTÍVÁR



 Súnhê má Práêmítímá-lhá Sônkrám lámá Êkômôndíká-sám-nám-lhá, ítúrê-dê sípôfônhám-nám pô árá lôkrá, pôfônhám hím lhuá ánêmá Áiátívár, sôrêkúnhám húm láhím, ísônsá sússímú sôrêkúnhám-nám lôkrá, sinê súwôrônê máttí "plantador" pô Ává ayatib-ar.


 Síkiô láhím lêidíssó má ákrômá rêdsê ánêmá Têrêkiníkídô, ábámá pô sôrêkúnhám-nám, mánhíssám, mágá nhíshíssám súiddí kí-nê. Sidiôdêní mágá láhím prônhám mámákê ákámá pô Áiátívár, ánêmá láhím Nhándúdzár, tí sússímú rêkú rêkúmá ápôkôm kôttí sammí kôm. Ítúlhú-dê láhím máttí ákrákômá súêssêinhám ílá ítíká ássêmêm-nám má átí, pô rêgêbí míkô ílá-dê, prímá ílá kôm-nám jôsíu súití kô-pá yá krákôbí ámmí lêidíssó.


 Kámá lhuá súlámbítú Têrêkíníkídzár má kôttínhám Nhándúdzár, sibêkútú ôrôfô-nám ílá sássêm yá lôkrá. Sutárêtú ántô kôttí ámmí Kántássí, ôrôfô-nám síbákrámmá-dê, lámá krôkí wívá-nám-pá, sirêkú-dê láhím prôtí sôlí sôrêkúmá, Nhándúdzár sússássêm ákúmá, mágá láhím-ígá sikrátú bêkre-nám lhuá, sirêkútú yá rêkúmá ílá ápedí lêidíssó, mágá ákrômá rêdsê. Láhím-igá nhíshí lêidíssó, síkôlám, diôdênímá yá lôkrá práttínhám míkô ássêmêm-nám, súêkú ílá-dê ítíká-pá ábedí kí-nám átí-kí.


 Túlhúbítú Nhándúdzár pô krábuá mágá, má ántô ámímá lêidíssó má kímôáíve ákúmá, môssássênsá ánêmá Áiúdzár (pô Ává ayu(cey)-îar 'issám ámmírê') sútárê má lêidíssó mí-pá ámmí lôkrá Têrêkíníkí-nám, mágá ántô sútarê súperê-pá lámá ámmí, krákômá ámmí ákrátírômá tí têrêjím hím. Ámmírê sútárê, sikiôbí kôkrám, súlêwídôtú Áiúdzár sô tíkránhám súmôátírôntú-pá têrêjím hím súdê-dê láhím mágá ámmí ílá, sôrêkúnhám-nám Têrêkínídô má sássênkú.


 Shú lhuá, pô nám rêdsê, sútepelêbítú Nhándúdzár, Têrêkíníkí-nám súpuám sútárênhám, prônhám súássêntú yá lêwidô sássênú súpiáuássúnhám Nhándúdzár pô bêrêwí, sôrêkúnhám bêlêpátú sôpá alêwídômá-nám láhím, prônhám bêlêtú má súpiádínhám Áiúdzár bêlê-pá lám sátêrêjím sôrêkúnhám. Mábímá Nhándúdzár, tí igrántútú tássí kôm sám lêidíssó, lhuá súkêikôssá íká shútô mápá kênhê láhím átíáiá, átêrêjím, tí sássênkú, grantúbí láhím kí sêmê síssátú má rêdsê, bê-dzákrádsá ákúmá-igá, mágá ákúmá pô atúlhúmá.


 Sirê láhím sôrêkúnhám-nám túlhú dzákrádsár ákúmá, súbetú má hím Nhándúdzár túlhú-pá má dseká ákímá lêidíssó bô lhuá ákêikômá pô kí-nám bêkre ákúmá-igá súbessá-nám sám kí-nê, igrántútú, bô láhím ámímá íntí má buá-nám lámbí ílá básánhám pí-pá má ántô hím ákiômá, yássêmê kí-nám sô êkú ássêmê átíkí. Sibêlêtú ántô ílá átêrêjím Têrêkínídô, mákí súmôím súpríbê-dê pô sánhám kí-nê ántô lôkrá sikônhám míkô ílá-dê sôkôm, máhím síssátú Tússô-lhá "Ciclo Sagrado" ní sôrêkúnhám-nám.



Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



MÀNTÔSÔNNHÍJÍM / LINHA DO TEMPO KATUANDÍ


- Sípôfôttú májím álhuámá Námá-lhá tí Sônkrám (ná-3500 n.K)

- Sipôfôttú ísêá lá Námá-lhá tí Sônkrám (ná-3500 n.K)

- Íkiô máká ákáttámmá, ánêmmá Krábê, láhím átúká lôkrá kláiê-nám, krôbêlêmá kiônhám sátúká-nám têrê-nám kíajím kôm (ná-3500 n.K)

- Súbánrántú atêrê Nhíhó má rígú-lhá (ná-3500 n.K)

- Sinándsáttú Sáú ilá mákê sêá-nám Nhíhó, Sáú láhím álhuámmá sêá súkrôbêlê sikrám isêá Námá-lhá dzíkrámbíssá-pá, tí abêlêmmá múttí "shílhá tilishím-pá" má sibêlênhám Nántí (ná-3500 n.K)

- Súbábíttú Sônkrám Pissôrê ilá kámínnê sô átêrêjím másséssá (ná-3500 n.K)

- Súpelêttú Pissôrê, súprí Barí má imbá (ná-3500 n.K)

- Súbábíttú Sáú Krá dê/pôrê Átíddárám pôhô, súnússí-dê Kárírí nússínhám álhuámmá ilá dê/pôrê átíssírí sê 

- Sútárêttú Kárírí má Ássátívá (3500 n.K)

- Níbêlênhám lámá sátêrê-nám Ássátívá, dikránnhám assímúmmá abêlêmmá-pá

- Dsánhám ní Nhíhó-nám 'gránsá-nê nátú-nám' Dsehó-nám-pá 'gránsá-nê ká-nám' (mê-3500 a.C)

- Nhánhám Jím-nám, Tiúmímí-nám, Páiáiá-nám, Môrítí-nám-pá, pôprôkráttínhám súttúnhám Árákídzám (mê-3500 a.C)

- Tárênhám Ává-nám (1000 m.K)

- Tárênhám Kláiê-nám lámá Krá Nánkú (Pedro Álvares Cabral) ababímmá tí Nánsám Sômbalê (1500 m.K)

- Íníddê-dê Tárôbá bísámú Nátú-nám lámá Lôgrám Kávákíní má iámbêlê Ôpárá (Krá Sám Pránsískú, 1501 m.K)

- Páràssúkámmá, túmêká Tárôbá, ákránánkámmá lámá sátêrê Nátú má lêidísó Símídô (1661 m.K)

- Sipôfô tí Kráníbêkú, típiá Súkárírí Ássátívá, grámmúnnhám Kárírí má Málhídzá Wôyom-nám (1682 m.K)

- Isêáttú Sômbuá têrêjím Sêókó lámá Sábuê Árám, issá gránsá-nê Sábuê (1690 m.K)



PORTUGUÊS


- Menerurú cria o primeiro homem Cemacuré (pré-3500 a.C)

- Menerurú cria uma esposa para Cemacuré (pré-3500 a.C)

- Ambos tem um filho documentado, ele se chama Crumnimni, ele seria pai de todos os brancos, implicando a existência de pais de outros povos da humanidade (pré-3500 a.C)

- Povo Kariri se origina da lagoa sagrada (pré-3500 a.C)

- Dédzú "se divide" para formar as mulheres Kariri, Dédzú sendo a primeira mulher talvez implique que ela era a esposa de Cemacuré e também imortal, pois é descrita como "jovem e bonita" na relação de Nantes (pré-3500 a.C)

- Menerurú envia o Grande Pai/Pissôrê/Sumé para ensinar aos povos do mundo (pré-3500 a.C)

- O Grande Pai/Pissôrê/Sumé vai embora, deixa Badzé (Fumo) em seu lugar. (pré-3500 a.C)

- Dédzú manda Kró descobrir/explorar o Brasil ou Kariris tomam a decisão independente de descobrir/explorar novas terras (pré-3500 a.C ~ 3500 a.C)

- Kariri chegam no Nordeste (3500 a.C)

- Interação com os povos do Nordeste, compartilhamento cultural e linguístico

- Divisão entre os Nhiho 'clã dos avós' e os Dseho 'clã dos filhos' (pós-3500 a.C)

- Aliança com os Katuandí, Chumimis, Payayás e Moritises, expansão do culto de Warakidzã (pós-3500 a.C)

- Chegada dos Tupis (1000 d.C.)

- Chegada dos Portugueses com Pedro Marachá (Pedro Álvares Cabral) enviado pela Rainha Isabel (1500 d.C)

- Tarobá pajé dos Natús encontrou-se com Américo Vespúcio na foz do Opará ( Rio São Francisco, 1501 d.C)

- Maruandá, bisneto de Tarobá, foi cristalizado com seu povo Natú na Aldeia do Colégio (1661 d.C)

- Canindé chefe dos Kariri do Nordeste cria a Confederação dos Cariris na guerra dos Bárbaros. (1682 d.C)

- Jaciara Índia Xokó tornou-se esposa de Muirá Ubi, nasce os clãs dos Muirá ( 1690 ).



     


Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



terça-feira, 26 de setembro de 2023

PREPOSIÇÕES KATUANDÍ / NÁBÁNHÁNNÁM KATUANDÍ


má 'em, no, na' (também usado como 'para, a' para locais, ex.: eu vou para São Paulo é ba-rê-kí mú Sám Páulú e não ba-rê-kí lá Sám Páulú, reconstruído a partir da mesma raíz que o Kariri mó)


lá 'para, a' (decifrada no vocabulário de Antunes)


lamá 'com' (lá 'para' + má 'em')


sô 'ao, à, contra' (emprestada do Kariri)


kí 'em direção à' (reconstruída baseado no equivalente Kariri -dsi/-tci'


pô 'por, de (origem)' (marca a origem de algo, por exemplo gi-ssá-ttú pô Fôrtálêza 'eu saí (originado) de Fortaleza', reconstruído baseado no equivalente Kariri bó) 


yá 'de (modo)' (marca o material ou modo de algo, por exemplo b-aribá yá má 'meu prato (à moda/ao estilo/ao material) de feijão', reconstruído baseado no equivalente Kariri dó)


tí 'por causa de' (se difere de pôr através da marcação da causa de uma ação, também chamado de preposição ergativa, torna os verbos passivos, por exemplo: sipáttú krádzó tí Kárlú 'foi morta a vaca por causa de Carlos', neologismo criado a partir da raiz *ti 'cabeça')


assênú 'por culpa de' (emprestado do Tupi acenoi 'culpar', conjugável na 2ª declinação)


kápíssám 'por respeito de, por vergonha de' (ká-pí-ssám 'causar-pessoa-verdadeira, honrar, respeitar', tradução do Tupi mboabáeté, conjugável na 1ª declinação)


bándí 'por espera de' (bám 'perna' + dí 'firme' = bándí 'ficar de pé, esperar', conjugável na 1ª declinação)


lahím 'então' (lá 'para' + hím 'este')


mahím 'assim' (má 'em' + hím 'este')

     


Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



AFIXOS DA LÍNGUA KATUANDI / LÁDDÍ IMBÊ KATUANDÍ


Tempo

Passado = -tú (< *tú < *atú < *n-atú 'velho, ancestral')

Futuro = -kí (< *kí 'pequeno, breve, logo, futuro')


Plural

-nám 'plural de substantivos'

-dê 'plural de pronomes'


Outros


prô- 'pro-' ou lhú- 'pro-' (< prô 'além' de prôdênhê, empréstimo do Kipeá e lhú de tulhú 'olho, visão' com extensão para 'frente, adiante')


vá- 'para-' (como em vá-kô 'para-comer, comer paralelamente, parasita', vá deriva de vá 'braço', reconstrução do Proto-Atumun *pa)


ná- 'pre-' (como em ná-ddí 'pre-fixar, prefixo', vem de n-atú 'ancestral')


mê- 'pós-, pos-' (como em mê-bá 'pós-colocar, colocar após, atrasar' de sêmêntiá 'criança')


tú- 'ambi-, bi-, di-' (como em tú-ssá 'ambi-nascer, nascer dois, gêmeos' de tú 'dois' que deriva de túlhúsô 'olho')


lô- 'anti-' (como em lô-krá 'anti-sentir, antipatia, antipático', de ôlôfô 'soldado, guerreiro')


lí- 'eu-, bom' (como em lí-makê 'eu-fazer, caridade, boa ação' de tilíshím 'bonito, bom')


má- 'dis-, des-, mal-, ruim' (como em má-nhándí 'des-parar, caos, discórdia' ou má-ná-práttí 'mal-pre-pensar, lembrar incorretamente', do Proto-Atumun *ma 'negação, privativo')


rôm- 're-' (como em rôn-ná-práttí 're-pre-pensar, relembrar', de rômpátí 'tatu' devido ao seu formato circular e a relação desse formato a ciclos)


tô- 'circun-' (como em tô-rê 'circun-andar, andar em círculos' do Kariri tó 'redondo')


dê- 'pseudo-, falso' (como em dê-nê 'pseudo-nome, nome falso, nome artístico' de dêodênê 'demônio, odiar')


dsá- 'semi-' (como em dsá-buá 'semi-lua, meia-lua', do Kariri dsatte 'cortar')


ká- 'prefixo causativo' (como em ká-tassí 'causar-escuro, escurecer', de ká, reconstruído da palavra krá 'mão', que antes are ká-rá 'mão-mão')


-nhám '-mento, -ação, sufixo de ação ou resultado' (como em dí-nhám 'firmar-mento, firmamento, asseguração', de bênhám 'carne, corpo')


-sám 'super-, sobre, acima' (como em krá-ssám 'pegar-acima, exagerar, de Sansé 'céu')


-sôm 'sufixo imperativo' (como em a-krá-sôm! 'tu-pegar-imperativo' ou 'pegue!', de Sônsé 'céu, Deus')


-lhá 'sufixo que denota sacralidade ou importância do objeto marcado' (como em Sôm-lhá 'Deus Sagrado' ou Sánkrántí-lhá 'virtude sublime', do Fulni-ô -lyá)


-má 'sufixo do gerúndio' (como em ba-makê-má 'eu-fazer-ndo' ou 'estou fazendo, estou trabalhando' de makê 'fazer, trabalhar')


-lám 'sufixo que denota término de uma ação' (como em ba-kô-lám 'eu terminei de comer', do Dzubukuá lambui 'acabar')


grám- 'con-, com-' (como em grán-prô-krá 'com-adiante-mão, compartilhar' de grám 'casa, juntar')


pô- 'ex-, para fora' (como em pô-nám 'fora-águar, desaguar, derramar, verter', de pô 'de, por', preposição reconstruída para a língua Katuandí da mesma raiz que bó do Kariri)


krô- 'in-, em-, interno, dentro' (como em krô-bêlê 'dentro-falar, sussurar, falar pra dentro', do Kariri klo/kro 'estar dentro')


ní- 'inter-' (como em ní-têrê-má 'inter-nação-al, internacional', de aníníshíma 'amigo').


     


Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



VERBOS EM KATUANDI / DSIÊMAKÊNHÁM MÚ KATUANDÍ


Ser - Veja Regra 1 no final

Estar - Veja Regra 2 no final

Ter - Veja Regra 3 no final

Fazer - makê (3ª declinação)

Ir - rê (3ª decl), wí (do Kariri wi, 4ª decl), wírê (4ª decl)

Vir - tá (do Kariri té/the, 4ª decl), rê (3ª decl), tárê (4ª decl)

Chegar - táddê (tá 'vir' do Kariri té/the + dê 'perto') (4ª decl)

Partir - perê (do Kariri pele/pere, 4ª decl) pússárê (pú 'soprar, sair' + sá 'nascer, parir, florescer, sair' + rê 'ir', 3ª decl)

Ficar - bêddí (bê 'pé' + dí 'firme, duro', 1ª decl)

Sair - perê (do Kariri pele/pere, 4ª decl) pússárê (pú 'soprar, sair' + sá 'nascer, parir, florescer, sair' + rê 'ir'. 3ª decl)

Voltar - bêrêwí (bê 'virar, girar' do Kariri bêinê 'virar para ver' + rê 'ir' + wí 'ir', 4ª decl)

Andar - prá < (reconstruído do Proto-Macro-Jê *mbra(C) 'andar, caminhar', 3ª decl)

Correr - prákú (lit.: andar grande, 3ª decl), rêkú (lit.: ir grande, 3ª decl)

Nadar - rênám (lit.: ir na água, 3ª decl), báhá (Do Kipeá bahá, 4ª decl)

Pular - sákú (lit.: sair grande, 3ª decl)

Sentar - kagrám (lit.: acomodar-se, 1ª decl)

Levantar - kákú (lit.: causar grande, crescer, 1ª decl), bá (do Kariri boe/bae, 4ª decl)

Comer - kô (reconstrução, 3ª decl)

Beber - kô (3ª decl), nánkô (1ª decl)

Dormir - ú (reconstrução, 2ª decl)

Sonhar - prôtulhúsám (prô- do Kariri prôdenhe 'além' + tulhú 'olho, ver, enxergar' + sám 'super, sobre, acima, sublime' = prôtulhú-sám 'revelação sublime', 4ª decl), ná (4ª decl)

Acordar = úpá (2ª decl), pôdsô (do Kariri pôdsô/potçó, 4ª decl)

Descansar = kágrámmá (lit.: acomodar-se muito, 1ª decl)

Trabalhar = makê (3ª decl)

Estudar = minnê (composto Kipeá mŷ-nê 'receber-claro', 4ª decl), krápô (3ª decl)

Ensinar = káminnê (1ª decl), kákrápô (1ª decl)

Aprender = minnê (composto Kipeá mŷ-nê 'receber-claro', 4ª decl), krápô (3ª decl)

Ler = pí (3ª declinação)

Escrever = kêttá (lit.: fazer escuro, 3ª decl)

Desenhar = kêttálí (lit.: fazer escuro e bonito, 3ª decl)

Ouvir = makí (3ª decl)

Ver = pí (3ª declinação), tulhú (1ª decl), sô (1ª decl)

Olhar = pí (3ª declinação), tulhú (1ª decl), sô (1ª decl)

Observar = pí (3ª declinação), tulhú (1ª decl), sô (1ª decl)

Cheirar = gí (do Kipeá gŷ 'ser cheirado', 4ª decl), kránám (lit.: pegar com o nariz, 3ª decl) 

Tocar = kraní (lit.: pegar pequeno, 3ª decl)

Sentir = krá (lit.: pegar, 3ª decl)

Pensar = práttí (lit.: andar da cabeça, 3ª decl)

Saber = tikrám (lit.: ter cabeça forte, 1ª decl), krántí (lit.: força da cabeça, 3ª decl)

Conhecer = bêttê (do Kariri ubette/ubeté 4ª decl), kedê (do Fulni-ô khdê, 4ª decl), kuáve (do Tupi cuaba, 4ª decl) 

Querer = rêgê (3ª decl), sere (do Kipeá saerae, 4ª decl), pôtár (do Tupi potara, 4ª decl)

Precisar = magárêgê (lit.: querer muito, 1ª decl), áwáúve (do Tupi aùaúba 'querer muito'4ª decl), êkó (do Kariri eco/eico, 4ª decl)

Amar = dikrám (lit.: compartilhar, amar de forma recíproca, 3ª decl), sá (amar familiarmente, amar fraternamente, amar paternamente, 3ª decl), sôm (amar empáticamente, amar universalmente, 3ª decl), kánishím (amor de amizade, do Kariri uká 'amar' + nishím 'amigo(a)', 4ª decl)

Odiar = diôdênê (3ª decl)

Esperar = nhándí (lit.: corpo firme, parado, 3ª decl), babanhí (do Kariri babanhi, 4ª decl), árôm (do Tupi arõ, 4ª decl)

Encontrar = dê (do Kipeá dé, idjé, 4ª decl), túhúm (lit.: olhar certo, 1ª decl)

Perder = tútassí (lit.: olhar escuro, 1ª decl)

Receber = mí (do Kariri mui/mŷ, 4ª decl), krámí (lit.: pegar e receber, 3ª decl)

Dar = prôkrá (lit.: pegar adiante, 4ª decl)

Pegar = krá (lit.: mão, 3ª decl)

Deixar = prí (do Kariri pli/pri, 4ª decl)

Pagar = prôkráméré (lit.: dar-dinheiro, 4ª decl)

Poupar = krátílô (lit.: mão-botar-defender, 3ª decl)

Viajar = rêmenúsám (lit.: ir-sair-longe, 3ª decl)

Visitar = rêgrám (lit.: ir-casa, 3ª decl), apêkó (do Tupi apecó, 4ª decl)

Convidar = ênhêbêkú (lit.: notícia de chamada, ênhê do Kariri + bêkú 'gritar, chamar', 4ª decl)

Gostar = práttílí (lit.: pensar-bom, 3ª decl)

Desgostar = práttílíbí (lit.: pensar-bom-não, 3ª decl)

Pedir = piánúm (3ª decl)

Responder = bêlêhúm (lit.: falar certamente, 3ª decl)

Perguntar = bêlêpá (lit.: falar o que, 3ª decl)

Chamar = ká (do Kariri, 4ª decl), bêkú (lit.: falar grande, 3ª decl)

Ocupar = kabá (lit.: fazer lugar, 1ª decl)

Limpar = kálí (lit.: fazer bom, 1ª decl)

Arrumar = káhúm (lit.: fazer certo, 1ª decl)

Cozinhar = nanshá (lit.: água-fogo, 3ª decl)

Conversar = bêlê (lit.: falar, 3ª decl)

Dançar = a'alêndá (do Xocó a'alendá, 3ª decl)

Cantar = amará (do Kariri amará 'cantigo', 4ª decl), bêttí (lit.: falar bonito, 3ª decl)

Assistir = pí (lit.: observar, 3ª decl)

Jogar = sántú (lit.: pular-alegre, 3ª decl)

Brincar = mabí (lit.: ouvir-não, tradução baseada no Kariri benhekie, 3ª declinação)

Sorrir = hahásê (hahá 'rir' + sê 'alegre', 3ª decl)

Chorar = kánantú (lit.: causar água do olho, 1ª decl), bêssiká (composto do Kariri besí 'triste' + ká 'gritar', 4ª decl), ayasêó (do Tupi aiaceó, 4ª decl)

Gritar = bêkú (lit.: falar grande, 3ª decl), ká (do Kariri, 4ª decl), fáunê (do Fulni-ô fawnê, 4ª decl), ássêm (do Tupi assema, 4ª decl) 

Corrigir = káhúm (lit.: causar certo, 1ª decl)

Organizar = grántí (lit.: com-botar, botar em conjunto, organizar, 1ª decl)

Compreender = gránkrántí (lit.: saber em conjunto, 3ª decl), grántikrám (lit.: saber em conjunto, 1ª decl)

Ignorar = krátúbí (lit.: não entregar visão, 3ª decl)

Ajudar = králí (lit.: mão boa, 3ª decl)

Marcar = káttá (lit.: causar preto, escurecer, pintar, 1ª decl)

Consertar = wípôfô (wí do Kariri (w)i 'ferramenta' + pôfô 'criar, fazer')

Mudar = bêkôm (bê 'virar' do Kariri + kôm 'outro, estrangeiro', 4ª decl)

Crescer = buyewí (Do Dzubukuá buyewi, 4ª decl), kúsám (tradução do Dzubukuá buyewi, 3ª decl)

Reduzir = kákiníshí (lit.: causar pequeno, 1ª decl)

Aumentar = kámagá (lit.: causar mais, 1ª decl)

Escolher = práttíddí (lit.: pensar firme, 3ª decl)

Recusar = prôkrábí (lit.: dar não, 4ª decl)

Aceitar = prôkráhúm (lit.: dar sim, 4ª decl)

Comprar = nhá (do Kipeá nhaehi 'resgatar', 4ª decl)

Vender = dsiêlí (lit.: palavra boa, 1ª decl)

Comunicar = grámbê (lit.: falar em conjunto, comunicar, 1ª decl)

Planejar = prôpráttí (lit.: pensar adiante, 4ª decl)


REGRA 1 DO VERBO SER NO KATUANDI / DSIÊGRÁNTÍNHÁM LHUÁ


 O verbo 'ser' na língua Katuandi não existe como uma palavra separada, no lugar disso, se usa do contexto para denotar o o estado de ser da palavra em uma frase, por exemplo:


Eu sou brasileiro = correto no português

ba-brasílijím lit.: Eu-brasileiro = correto no Katuandi


sou falante dessa língua = correto no português

ba-bêlê imbê hím lit.: eu-falar língua essa = correto no Katuandi


REGRA 2 DO VERBO ESTAR NO KATUANDI / DSIÊGRÁNTÍNHÁM TÚ


 O verbo estar, assim como o verbo ser, é implicado na frase sem o uso dele, por exemplo:


PORTUGUÊS

- Onde tu estás ?

- Estou em casa.


KATUANDI

- Mupá ajím sikrám ? (lit.: onde tu talvez ?)

- Mú grám bajím (em casa eu)


REGRA 3 DO VERBO TER NO KATUANDI / DSIÊGRÁNTÍNHÁM NÁM


O verbo ter na língua Katuandi é substituido pelo verbo existir, a diferença sutil sendo que a formação das frases possessivas não se parecem com a do português na sua estrutura:


Eu tenho carne = correto no português

I-kô bênhám ba-kí = 'ele-existir carne eu-para' ou 'existe carne a mim'


Tens os documentos ? = correto no português

I-kô tílônhám a-kí sikrám ? = 'ele-existir documento tu-para talvez' ou 'existe talvez documento a ti ?'


       



Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



A CONEXÃO DA TERRA E O CÉU

    

 Os indígenas perderam muito da língua, mas acredito que as palavras chaves que abre as portas do mundo espiritual ao mundo cultural terrestre nos rituais permanece intactos e ocultos.


      A consciência é o caminho entre a Terra e o Céu. Conheço vários pajés de várias etnias e culturas realmente a consciência é o elo. Como chamos: kujím kiênhám nám luá-lhá bênhám-lhá-pá (somos a junção entre a alma e matéria sagrada).


        A palavra a *Céu* faz a conexão ao ser pronunciada, mas o elo se se realiza na consciência também no apontar com o gesto o *dedo* para o alto nas estrelas. O ritual é a união pronunciada e o movimento do corpo numa consciência única. Nêm-práttí-á "mover-pensar-um" ou "mover em uma única consciência" = nêmpráttíá "ritual".


      Cada palavra muda o aspecto do mundo físico na configuração do mundo, cada palavra original é como o DNA o elemento matriz do princípio da criação da fundação do povo étnico. Subênêm álhô indsiê kándí ára abêmmá mú dínhám ára, álhô indsiê asômmá muttí DNA níndí isámmá barásôm pôfônhám sabánhám dsáhó apikiámmá.




Autores da matéria: Suã Ari Llusan e Nhenety KX





segunda-feira, 25 de setembro de 2023

SUBSTANTIVOS BÁSICOS KATUANDI / SINNÊNÁM KATUANDÍ


Homem = majím

Mulher = sêá, áspikídá, sá

Criança = sêmêntiá, sêmên, mêntiá, sêtiá, sê, mên, tiá

Família = assánnê (lit.: amor coletivo)

Amigo = aninishímmá

Comida = ammí, kiô

Água = kraunám, krá, ú, nám

Fogo = shakishá, kishá, shá

Terra = atissirí, tissirí

Céu = sônsé

Sol = krá-shutô

Lua = krá-buá

Estrela = irô, inkô, irôinkô

Animal = tí, antí, ampátí

Planta = kre

Árvore = kí

Flor = prússá (prú do Kariri purú "flor" + sá "nascer, florescer")

Fruta = bêkre (lit.: carne da planta), suttú

Casa = grandilhá, grám, dí, lhá

Aldeia = lêidísó, grànkúma (lit.: casa grande)

Montanha = krábôm, bendô 

Rio = bónkrá (lit.: caminho d'água)

Mar = kràkúma (lit.: água grande)

Peixe = krattí (lit.: animal d'água'

Pássaro = krání (krá 'classificador de objetos redondos' + ní 'pequeno' = krání 'coisa redonda e pequena')

Inseto = túmmáttí (túmmá 'parece com piolho' + -ttí 'animal') 

Ar = púndí (lit.: coisa de soprar)

Frio = mekrám (lit.: vento forte)

Quente = shukrám (lit.: sol forte)

Chuva = sêhôidzé'á

Vento = menusí

Neve = sêtúmekrám (sê 'chuva' + tú 'branco' + mekrám 'frio')

Noite = tassí (lit.: escuro)

Dia = kammá (lit.: claro), shú (lit.: sol)

Manhã = kanná (< do Kariri, cf. canatci 'amanhã'), étíssíká (lit.: benção)

Tarde = krassê (lit.: agradecer)

Ontem = tassíkí (lit.: na direção da noite (passada))

Hoje = kammá hím, shú hím (ambos lit.: dia este)

Amanhã = kannakí (cf. Kariri canatci 'amanhã'), étíssíkákí

Agora = hínkí (lit.: na direção deste)

Felicidade = sêndí 

Tristeza = bêssíndí

Raiva = rêndí, fômmá (lit.: fô 'guerreiro' de ôlôfô + -má 'adjetivizador' = fô-mmá 'característica de guerreiro, bravura, raiva')

Medo = rêmábíndí (rê de rêgê 'querer' + má de magá 'mais' + -bí 'negação' + -ndí = rê-má-bí-ndí 'coisa de não querer mais, pavor, medor, terror')

Amor = sá (derivado de sá 'mãe'), dikránhám (lit.: compartilhamento)

Ódio = fômmákú (fômmá 'raiva' + kú 'grande')

Riso = háhá

Lágrima = nántulhússô (lit.: água do olho)

Sorriso = hahássê (hahá 'rir' + sê 'alegriar, alegrar')

Sono = úrê (ú 'dormir' + rê 'querer')

Sonho = prôtulhúsám (prô- do Kariri prôdenhe 'além' + tulhú 'olho, ver, enxergar' + sám 'super, sobre, acima, sublime' = prôtulhú-sám 'revelação sublime')

Compreensão = tikránsám (lit.: sabedoria sublime)

Ignorância = kránhám (lit.: esgotamento)

Sim = húm

Não = êyô, ê, yô, bí

Talvez = sikrám

Gratidão = bêrêyó, bêrêyóstiá, pôhaêttê

Gentileza = sitiándí (lit.: coisa de respeito)

Ajuda = kralí (krá 'mão, pegar' + lí 'bom', literalmente 'ser uma mão boa')

Caminhada = rênhám (lit.: andamento)

Corrida = rêkúnhám (lit.: corrimento)

Natação = báhánhám (lit.: nadamento)

Salto = sáprínhám (lit.: saltamento)

Assento = kágránndí (kágrám 'causar casa, acomodar, acomodar-se' + -ndí 'coisa' = kagránndí 'coisa de se acomodar')

Refeição = ammíkú (ammí 'comida' + kú 'banquete')

Bebida = nánkô (nám 'água' + kô 'comer')

Canto = bêttí (bê 'falar' + ttí 'bonito')

Dança = a'alêndá (< do Xocó a'alendá)

Audição = makínhám (lit.: ouvimento)

Visão = tulhúnhám (lit.: visamento)

Toque = kránínhám (lit.: tocamento)

Cheiro = gí

Sabor = dúhé (do Katembri duhé 'comida gostosa')

Quem = ampá

O que = upá, sôpá

Onde = mupá

Quando = antôpá

Por quê = sôpá

Como = muttí, muttípá

Quanto = magápá, sôpákú

Tamanho = kiníkú (lit.: pequeno-grande)

Comprimento = múkí (lit.: curto-comprido)

Largura =  sêgrám (lit.: fino-grosso)

Altura =  kiníkú (lit.: pequeno-grande)

Profundidade = kíprômmú (kí 'pele, estado de ser' + prômmú 'profundo' = kí-prômmú 'estado de profundo, profundidade')

Idade = kínatú (kí 'pele, estado de ser' + natú 'velho, ancestral' = kí-natú 'velhice')

Força = krandí (registrado por Antunes em inkrandibiça 'preguiçoso', literalmente 'ele que não tem força')

Fraqueza = krandíbí (lit.: força-não)

Doçura = kídúkêm (kí 'pele, estado de ser' + dú 'sabor' + kêm 'mel' = kí-dúkêm 'estado de doce, doçura')

Acidez = kínámbirô (kí 'pele, estado de ser' + námbirô 'ácido gástrico' = kí-námbirô 'estado de acido, acidez')

Amargura = wántí (do Dzubukuá wantthy 'amargo')

Salgado = kínhánhí (kí 'pele, estado de ser' + nhánhí 'sal' = kí-nhánhí 'estado de sal, salinidade, salgado'

Calor = shukrám (lit.: sol forte)

Ano = irô (lit.: estrela)

Mês = buá (lit.: lua)

Dia = kammá (lit.: claro), shú (lit.: sol)

Hora = antôkú (lit.: tempo grande).





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



FRASES EM KATUANDI II / INDSIÊNNÊ MÚ KATUANDÍ II (TÚ)


Como você está se sentindo hoje? = Muttí ajím shúhím sikrám ? (lit.: como tua pessoa hoje talvez)


Estou cansado(a). = ikô bahéndí bakí (lit.: existe cansaço a mim)


Estou feliz. = ikô sêndí bakí (lit.: existe alegria a mim)


Estou triste. = ikô bêssíndí bakí (lit.: existe tristeza a mim)


Estou com medo. = ikô banaréndí bakí (lit.: existe medo a mim)


Estou animado(a). = ikô kôgándí bakí (lit.: existe animação a mim)


Estou com dor. = ikô núndí bakí (lit.: existe dor a mim)


O que você está pensando? = sôpá atikránrêndí ? (lit.: o que é teu pensar)


O que você gosta de fazer nas horas vagas? = sôpá assá makê mú antô aprímmá ? (o que tu gostas de fazer em tempo solto)


Preciso de ajuda. = shinkú bamagárêgê kralí (lit.: por favor eu necessito de ajuda)


Você pode repetir, por favor? = shinkú arômbêsôm (shinkú a-rômbê-sôm 'favor tu-refalar-imperativo' ou 'por favor refale')


Como se diz isso em [nome da língua indígena]? = muttí bêrêdsiê mú X ? (ex.: muttí bêrêdsiê mú Dsehó ? 'como se diz isso em Kariri ?')


Qual é a palavra para "água"? = sôpá indsiê lá "água" ?


Posso aprender mais sobre a sua cultura? = shinkú bakrám minnê mú assimmúnnênám sikrám ? (shinkú ba-krám minnê mú a-ssimmú-nnê-nám sikrám 'favor eu-poder aprender sobre tu-costume-coletivo-plural talvez' ou 'por favor posso talvez aprender tua cultura ?')


Gostaria de saber mais sobre a língua [nome da língua indígena]. = bassá lahím minnê mú imbê X (ba-ssá lahím minnê mú imbê X 'eu-amar então aprender sobre língua X' ou 'eu amaria aprender sobre a língua X'


Você pode me ensinar algumas palavras em [nome da língua indígena]? = shinkú akrám káminnê lhuákôn-nám indsiê mú imbê X sikrám ? (lit.: por favor tu podes talvez ensinar algumas palavras na língua X)


Isso é importante. = sakúmmá (s-akúmma 'ele-grande' ou 'ele é grande, ela é grande, isso é grande'


O que você come no café da manhã? = sôpá anammí lá kanná ? (lit.: o que teu comer à manhã)


Onde você aprendeu a língua [nome da língua indígena]? = mupá aminnêtú imbê X ? (onde aprendestes a língua X)


Você pode me contar uma história tradicional? = shinkú akrám bêrêdsiê wôrôbí assimmúmmá sikrám ? (lit.: por favor tu podes talvez falar conto tradicional)


Qual é a sua comida favorita? = anammí assámmá sikrám ? (lit.: (é) tua comida amada talvez)


Como se prepara essa comida? = muttí tô ammí hím (lit.: como preparar comida essa)


Como é a vida na sua aldeia? = muttí sikô mú lêidísó sikrám ? (lit.: como (é a) vida na aldeia talvez)


Posso visitar a sua aldeia? = bakrám rênishí alêidísó sikrám ? (lit.: eu posso visitar tua aldeia talvez)


Quais são as tradições de casamento na sua cultura? = sôpá sussimmú bôittô mú assimmúnnê (sôpá su-ssimmú bôittô mú a-ssimmú-nnê 'qual ele-costume casar em tu-costume-coletivo' ou 'qual é o costume de casar em tua cultura ?')


Como se cumprimentam na sua cultura? = muttí dêháivêpá tipôkôm sikrám ? (lit.: como olá entre si talvez)


Qual é o significado deste gesto? = sôpá makí hím sikrám ? (lit.: que sinal (é) esse talvez)


Onde posso encontrar artesanato tradicional? = mupá dê krámakê assimmúmmá sikrám ? (lit.: onde talvez encontrar artesanato cultural)


Como é celebrado o Ano Novo na sua cultura? = muttí tússêakúma Irô-lhá mú assimmúnnê sikrám (lit.: como talvez celebrar o Irô-lhá (Plêiades sagrada) em sua cultura)


Qual é a música tradicional da sua comunidade? = sôpá dsiêttí assimmúmmá mú agràkúma sikrám ? (sôpá dsiêttí assimmúmmá mú a-gràkúma sikrám 'que melodia cultural em tu-comunidade talvez')

 

Como você se veste tradicionalmente? = muttí titaká lá sussimmúndí sikrám ? (lit.: como talvez vestir a si próprio tradicionalmente ?)


Qual é o seu instrumento musical favorito? = sôpá awíbêttí assámmá sikrám ? (sôpá a-wíbêttí assámmá sikrám 'que tu-instrumento.musical amado talvez' ou 'qual talvez é teu instrumento musical amado ?')


Como se diz "obrigado" em [nome da língua indígena]? = muttí bêrêdsiê "obrigado" mú X


Posso ajudar de alguma forma? = bakrám králí iláná yêttê sikrám ? (ba-krám králí i-láná yêttê 'eu-poder ajudar ele-com coisa talvez' ou 'posso talvez ajudar com algo ?'


Você pode me mostrar como fazer isso? = akrám tô muttí makê hím sikrám ? (lit.: pode talvez mostrar como fazer isso ?)


Gostaria de aprender mais sobre as plantas medicinais da sua cultura. = bassá lahím minnê mú arápínám adzômmá assimmúnnê. (ba-ssá lahím minnê mú arápí-nám adzômma a-simmú-nnê 'eu-amar então aprender sobre planta-plural medicinal tu-costume-coletivo)


Como se expressa "gratidão" na sua língua? = muttí bêrêdsiê "gratidão" mú animbê sikrám (muttí bêrêdsiê gratidão mú a-n-imbê 'como falar gratidão em tu-rel.-língua talvez' ou 'como talvez falar gratidão em tua língua ?'


Eu admiro a sua cultura. = batushím assimmúnnê (ba-tushím a-ssimmú-nnê 'eu-admirar tu-costume-coletivo')


Você pode me ensinar uma dança tradicional? = shinkú akrám káminnê a'alêndá assimmúmmá sikrám (lit.: por favor tu podes talvez ensinar dança cultural ?'


Como se diz "família" em [nome da língua indígena]? = muttí bêrêdsiê "família" mú X


Estou interessado(a) em aprender mais. = bassá lahím minnê magá (lit.: eu amaria aprender mais) 


Qual é a importância da natureza na sua vida cotidiana? = Sôpá akúmakê kôsôm mú assikô akannákísêmmá sikrám ? (sôpá akúma-kê kôsôm mú a-ssikô akannakísêmmá sikrám 'que grande-ança natureza em tu-vida cotidiana talvez')


Como você se relaciona com a terra? = muttí ajím tikiê iláná atissirí ?


Como se diz "céu" em [nome da língua indígena]? = muttí bêrêdsiê "céu" mú X ?


Você pode me mostrar o seu artesanato? Atôkrám akrámakê sikrám ? (tu podes talvez mostrar teu artesanato ?)


Como se celebra a passagem para a vida adulta na sua cultura? = muttí tússêakúma immíndí lá ikô aôrômmá mú assimmúnnê 


Qual é a história do seu povo? = Sôpá sintikránnatú atêrêjím sikrám ? (lit.: o que é talvez o saber antigo do teu povo


Como posso respeitar a sua cultura de forma adequada? = Muttí bakrám sitiá assimmúnnê lá inkándí sikrám ? (Como talvez eu posso respeitar tua cultura adequadamente ?)




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



domingo, 24 de setembro de 2023

FRASES EM KATUANDI I/ INDSIÊNNÊ MÚ KATUANDÍ


Oi, Olá = dêháivêpá

Tchau, Adeus, Até logo = atissalí, aliô, alêssiá, ôdsê

Bom dia = étíssiká háê

Boa tarde = krássê háê

Boa noite = tassí háê

Obrigado(a), Gratidão = bêrêyó, bêrêyóstiá, pôhaêttê

De nada = sôhaê, sôhaêstiá

Por favor = shínkú (shím 'bom' + kú 'grande')

Desculpa, perdão = wamme < (w-amme 'eu-culpa' ou 'minha culpa' do Kariri ame(pre) 'por culpa de')

Sim = húm

Não = êyô, ê, yô, bí

Talvez = sikrám

Com licença = atíkráká

Prazer em lhe conhecer = ussê mú bêttê alá (u-ssê mú bêttê a-lá 'eu-estar.alegre em conhecer tu-para' ou 'estou alegre em conhecer a ti')

Meu nome é X = X banê (ex.: Fransísku banê 'meu nome é Francisco')

Eu sou indígena = batêrêjím (ba-têrêjím 'eu-indígena')

Sou da família X = yajínnê X bajím (y-ajínnê X ba-jím 'dele-família X eu-pessoa' ou 'da família X é minha pessoa')

Tu é da família X = yajínnê X ajím  (y-ajínnê X a-jím 'dele-família X tu-pessoa' ou 'da família X é tua pessoa')

Eu sou pescador = impákrattíssa bajím (im-pákrattí-ssa ba-jím 'ele-pesca-dor eu-pessoa' ou 'é pescador minha pessoa')

Eu sou caçador = impássa bajím (im-pá-ssa ba-jím 'ele-caça-dor eu-pessoa' ou 'é caçador minha pessoa')

Sou da aldeia X = ingrajím X bajím (in-grajím X ba-jím 'dele-aldeia X eu-pessoa' ou 'da aldeia X é minha pessoa')

Sou da cidade X = ingrajínkrá X bajím (in-grajínkrá X ba-jím 'dele-cidade X eu-pessoa' ou 'da cidade X é minha pessoa')

Nasci no dia X do mês X do ano de X = bassátú mú shutô X mú krabuá X mú irô X (ba-ssá-tú mú shutô X mú krabuá X mú irô X 'eu-nascer-passado em dia X em mês X em ano X')

Eu falo a língua Kariri = bambêrêdsiê imbê Dsehó (bam-bêrêdsiê imbê Dsehó 'eu-falar língua Kariri')

Eu falo a língua Katuandi = bambêrêdsiê imbê Katuandí (bam-bêrêdsiê imbê Katuandí 'eu-falar língua Katuandi')

Eu sei = unedsô ou batikrám (u-nedsô 'eu-saber' ou ba-tikrám 'eu-saber'

Eu não sei = unedsôbí ou batikrámbí (u-nedsô-bí 'eu-saber-não' ou ba-tikrám-bí 'eu-saber-não'

Como está o tempo ? = muttí antô sikrám ? (lit.: como tempo porventura)

Está ensolarado = yashutômmá (y-ashutômma 'ele-ensolarado' ou 'ele (o tempo) está ensolarado')

Está chovendo = isêhôidzé'á (i-sêhôidzé'a 'ele-chuva' ou 'ele (o tempo) chove'

Está quente = yatuwêmmá (y-atuwêmmá 'ele-quente' ou 'ele (o tempo) está quente')

Está frio = yamanusímmá (y-amanusímmá 'ele-frio' ou 'ele (o tempo) está frio')

Eu gosto disso = uká hím ou bassá hím (u-ká hím 'eu-amar isso' ou ba-ssá hím 'eu-amar isso')

Eu não gosto disso = ukábí hím ou bassábí hím (u-ká-bí hím 'eu-querer-não isso' ou ba-ssá-bí hím (eu-querer-não isso)

Onde fica o banheiro ? = mupá magárêgêssábá sikrám ? (lit.: onde banheiro porventura)

Quanto custa ? = sôpákú iméré ? (sôpákú i-méré 'quanto dele-valor' ou 'quanto o valor dele ?'

Pode me ajudar, por favor ? = shinkú akralíkrám balá ? (shinkú a-kralí-krám ba-lá 'favor tu-ajudar-poder eu-para'  ou 'por favor podes ajudar a mim ?'

Estou perdido = apudsírêmmá bajím (lit.: está perdida a minha pessoa)

Tenho fome = ikô ammí bakí (i-kô ammí ba-kí 'ele-existir fome eu-direção' ou 'existe fome na minha direção')

Tenho sede = ikô rêgênám bakí (i-kô rêgênám ba-kí 'ele-existir sede eu-direção' ou 'existe sede na minha direção')

O que está fazendo ? = Sôpá amakê sikrám ? (lit.: o que teu fazer porventura)

Como foi seu dia ? = Muttí ashutô sikrám ? (lit.: como teu dia porventura)

Eu te amo = bassá mú akí (lit.: meu amor em tua direção)

Você é bonito(a) = atilishím (a-tilishím 'tu-bonito')

Você é inteligente = anatikrannê (a-n-a-tikran-nê 'tu-relacional-argumento-saber-oso' ou 'tu é sabichão' ou 'tu sabe muito'

Você é engraçado = assê balá (a-ssê ba-lá 'tu-alegrar eu-para' ou 'tu alegra a mim')

Isso é delicioso = suttá hím (s-u-ttá hím 'ele-4.decl-saboroso isso' ou 'isso é saboroso')

Isso é interessante = sikánnê (s-i-ká-nnê 'ele-ele-luz-oso' ou 'isso é luminoso' ou 'isso é interessante, isso é relevante')

Tem animais de estimação ? = ikô sampátí dikránhám akí sikrám ? (i-kô s-ampatí dikránhám a-kí sikrám 'ele-existir ele-animal afeto tu-direção porventura' ou 'existe animal de afeto em tua direção porventura ?'

Tenho um cachorro = ikô lhuá bashiú bakí = (lit.: existe um cachorro a mim)

Tenho um gato = ikô lhuá amattí bakí = (lit.: existe um gato a mim)

Estou estudando = uminnêmá ou bakrápômá (u-minne-má 'eu-estudar-gerúndio' e ba-krápô-má 'eu-estudar-gerúndio' ou 'eu estou estudando'

Estou trabalhando = bamakêmá (ba-makê-má 'eu-trabalhar-gerúndio' ou 'eu estou trabalhando')

Vamos nos encontrar amanhã = udêddêssôm mú kannákí ou batulhúddêssôm mú kannákí (u-dê-ddê-ssôm mú kanná-kí 'eu-encontrar-plural-imperativo em manhã-direção' e ba-tumê-ddê-ssôm mú kanná-kí 'eu-encontrar-plural-imperativo em manhã-direção' ou 'encontremos na direção da manhã (amanhã)').





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



AS VIRTUDES EM KATUANDI / SÁNKRANTÍ-NÁM

 

Sánkrantí-nám (As Virtudes)


Sôntilí ou Sôntilí-lhá 'Sabedoria'

Antôká ou Antôká-lhá 'Paciência'

Tihúnsê ou Tihúnsê-lhá, Tihúm-yá ou Tihúm-yá-lhá 'Fé'

Dikránhám ou Dikránhám-lhá 'Amor'

Kuwám ou Kuwám-lhá 'Direito'

Kumandí ou Kumandí-lhá 'Dever'



ETIMOLOGIA


Sánkrantí = sám 'super, sobre, acima, superior, justiça' + krantí 'saber, sabedoria, conhecimento, razão' + -nám 'plural'

Sôntilí = sôm 'Deus, divino' + tilí 'coroa' (ti 'cabeça + lí 'bonito, decoração')

Antôká = antô 'tempo' + ká 'bom'

Tihúnsê = tihúm 'confiar' (tí 'cabeça' + húm 'afirmar') + sê 'fio, conectar, conexão'

Tihúm-yá = tihúm 'confiar (tí 'cabeça + húm 'afirmar') + yá 'juntar'

Dikránhám = di-kra-nhám 'com-dar-mento' ou 'compartilhamento'

Kuwám = k-u-wám 'nós-4.decl-haver' ou 'nosso haveres' 

Kumandí = k-u-mandí 'nós.4.decl.-carga' ou 'nossa carga, nosso dever'.



Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



CONTO CAÇADA TRADICIONAL EM KATUANDI / WÔRÔBÍ IMPÁKÊ ASSIMMÚMMA MÚ IMBÊ KATUANDÍ


Em época de grande crise na tribo,os índios faziam uma grande reunião ao redor da fogueira, para solucionar os problemas, principalmente na falta de alimentos. O pajé chamava o cacique para organizar uma equipe de caçadores, estes saiam pela floresta ao amanhecer, nestas incursões durava dias até chegar atingir os objetivos. No grupo escolhido pela comunidade, tinha homens especializados em várias atividades; chegando no rio não viam peixes, mas no grupo o guerreiro Pirapotã dizia: ” aqui tem peixes de água profundas”, logo mergulhava e pescava surubim, niquim e curimatã. Seguindo a caçada chegaram no meio da floresta encontraram muitas frutas,  outro guerreiro Itawaçú era o homem mais hábil em subir em árvore, escalou tirando muitos frutos: goiaba, pitanga, aricuri. Continuando chegaram na beira de um lago, avistaram muitas aves: nambú, marrecas, patos selvagens, mas elas eram veloses, quando o melhor arqueiro da tribo Muirátã atira suas flechas certeiras, pegando vários pássaros. O rastejador Candará observa as pegadas das caças, descobre onde mora as cutias, preás, tatús, pegaram muitos animais. Pelo cheiro das flores o farejador Natirã encontrou uma colméia de abelhas, retiraram muito mel. Enfim no final da caçada tradicional, grande confraternização, voltaram para a aldeia, trazendo muita fartura, os produtos da floresta saciou a fome dos índios, porque caçaram em grupo, a vocação de cada um da equipe ajudou a complementar a necessidade do povo. Nhenety Kariri-Xocó.


Simakê lahím sêmênam mú intô marê akúma mú têrêjím suyábessa atôbômma ikishádsiênam, ilá lambí pudsínam, lá itipiássa mú suwábí ammínam. Suká lahím bidzammú namhê ilá yákê grandí impássanam, suparê lahím hím pô rêdsê mú kannákê, sirêsám pô shutônam subewíssatiá bánam. Mú grandí asinêmma pô têrêjím, sikôgô majinnam subêttêssa mú magá makéssa; tônásshá mú kranná situlhúbí krattínam, simbêrê lahím mú grandí imbêássa Krattíkiddi: "inkôgô mú rô krattínam kraunnánam akragámma", munnê subahaddô lahím salhá-pá krattí akrêmma, krattí susássa, krattí kransêmê-pá. Wapôkôm impákê suttarênam mú inám rêdsê suddênam-pá suttú magá, imbêassa ambê Kràkúma majím akrandímánnê subakíssa, subetú kraperêsshá suttú magá: suttúkikí, suttúprí, rikulhí. Rêsshá sutarê mú sube lhuá rigú, situlhúnam lahím yèndénam magá: hôipá, balênam, balêbayenam, assirênê má, antô sutarêtú issabuêssa alishíngá Sabuêddí sudsê-pá sikrònam ahúmma, krásshá yèndénam magá. Situlhúbênhêssa Kikiá situlhú imbêssirêssa apámanam, sukeikôbí mupá subá banníbánsánnam, fukónam, rômpenam-pá, sikránam ampátínam magá. Pô gíssa sakánam inambígíssa Natirám suddêtú grandilhá akennênam, sikraperênam kem magá. Mulám mú alambíkê impâkê assimmúma, agraníkê akúma, sutarênam lahím ilá agrandilhannê, mittêsshá abuôkê magá, sulambítú simarê têrêjím wínam rêdsê, tíbê supánam agrandíma, akakê lhuálô grandí suwôrihôtú tígra arêgêkê têrêjím.





Autores da matéria: Tradução em Katuandi Suã Ari Llusan e Texto Português Nhenety KX 



OUTRA PALAVRA KATUANDI DESCOBERTA


 Ainda checando o vocabulário anotado por Antunes descobri um novo vocábulo que suspeito ser palavra Katuandi. A palavra sendo:


Atôrnê - mentiroso


que surge na frase


Atôrnê dêaká - mentiroso sem vergonha


 Foi aí que me bateu, no vocabulário deixado por Mamiani em sua gramática e anotado novamente por Aryon Rodrigues mostra o seguinte:


PRETORÈ - mentiroso


 Veja que temos a palavra Kariri nativa PRE 'mentir' no começo e uma que não surge em lugar nenhum exceto no Kipeá, que, por conta de Mamiani, sabemos comprovadamente que interagiram com os Natú do povo Katuandi.


 Reforçando mais ainda esse argumento, a palavra para 'mentir, enganar' do Fulni-ô é adikneká e no Xukurú existem arago 'brigar, mentir', jupegugo 'mentiroso' e uegwe 'mentira', nenhum cujo se parece com tôr e torè, assim sendo possível argumentar a etimologia Katuandi da palavra.


Atôrnê portanto sendo a-tôr(ê)-nê 'ARG.GEN-mentir-oso' sendo ARG.GEN 'argumento genérico', basicamente um prefixo sem um significado específico que funciona na marcação da palavra.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



POSSÍVEL ETIMOLOGIA DE CEMACURÉ, O PRIMEIRO HOMEM ORIGINÁRIO NA CULTURA KARIRI


Perguntei para Nhenety sobre o significado da palavra Cemacuré, o homem que foi descrito como aquele criado diretamente por Menerurú e seria pai de Crumnimni, que é pai de todos os brancos. Sendo seu filho pai dos europeus, Cemacuré pode ser implicitamente o Avô da humanidade, então descobrir o significado de seu nome traria muita informação sobre como o povo Kariri pensava e entitulava suas entidades mais louvadas.


 Temos algumas teorias propostas baseadas nas raízes anotadas:


ema ku-ré 'sema nós-valente/raiva' > 'Sema que é nosso valente/nossa raiva' de RÉ 'raiva, ira, agastar-se'

sema ku-ré 'sema nós-padre' > 'Sema que é nosso padre' de RÉ de WARÉ 'padre'

sema ku-ré 'sema nós-homem' > 'Sema que é nosso homem' de RAE 'homem, macho'

sema ku-ré 'sema nós-velho' > 'Sema que é nosso velho' de RE de RENGHE 'velho, marido'


 Devido ao contexto, sugeri que Cemacuré talvez fosse uma abreviação, um método comum de nomenclatura, principalmente com protagonistas tão importantes dos contos do povo Kariri, com o tempo, as histórias precisavam encurtar seu nome, talvez sendo uma abreviação de uma frase antiga: 

s-emapré ku-rengé ku-tçohó-á 'o nosso ancestral (que) é o motivo de nosso existir'

 s-emapré ku-rengé ku-tçohó

 s-emapré ku-rengé 

s-emá ku-ré 

Cemacuré


Adicionamos também a tradução do Katuandi baseada diretamente na do Karirí: in-ti k-u-natú ku-kiôgô-nam 'por causa de nosso ancestral nós existimos'

in-ti k-u-natú ku-kiôgô

in-ti k-u-natú

in-ti k-u-ná

Intikuná.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



sábado, 23 de setembro de 2023

BÊTTÍ-LHÁ SÔNKRÁM / CANTO SAGRADO DE MENERURÚ/SÔNKRÁM


Frutífera Sabedoria Sagrada e Suprema

De nosso senhor Supremo Menerurú/Sônkrám

Luz e escuridão certamente existências divinas

Alma se alia a matéria

Formando assim o humano


O mundo inteiro é composto por quatro clãs excelsos

O calor corporal é governado pelo clã Kishá-lhá

O sangue que corre em nossas veias pelo clã Krauná-lhá

governa este Sônkram, ele surge no clã Manusí-lhá

Todos os elementos nascem dele, o clã Atissirí-lhá 


Menerurú à humanidade ensinou

Politã à caça evocou

Warakidzã ao sonho guiou

Assim então a percepção dos descendentes ampliou


Frutífera Sabedoria Sagrada e Suprema

De nosso senhor Supremo Menerurú/Sônkrám

Luz e escuridão certamente existências divinas

Alma se alia a matéria

Formando assim o humano


Susutússú Tikram-lhá Sám

Kusônnam Sansammá Sônkrám

Ká kabbí-pá kô-lhá húm ám

Luá-lhá tigrammá lá bênhám

Lá pôfô muhím luanhám


Tôkrá lôkrá sigrammá pô lhukôm asámmanam-lhá

Unhikôndí abênhámmá sunhê tí Kishá-lhá

Krábê irêssa mú kubêá sunhê tí Krauná-lhá

itiapássa hím Sônkrám, subba mú Manusí-lhá

Atindí lôkrá issá inhím, asámma Atissirí-lhá


Sônkrám lá luanhánsa suminêtú

Sêmêlhá pássa sutammidítú

Warakidzam unám sitipiatú

Muhím lahím itulhú kánam simagátú


Susutússú Tikram-lhá Sám

Kusônnam Sansammá Sônkrám

Ká kabbí-pá kô-lhá húm ám

Luá-lhá tigrammá lá bênhám

Lá pôfô muhím luanhám.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



SUGESTÃO DE DECLINAÇÕES DAS LÍNGUAS KATUANDI


 O que Mamiani denotou como declinações em sua gramática são forma de conjugação pessoal com propósito possessivo e de conjugação verbal, sabemos através deste padre que os Natús, membros do povo que nomeamos Katuandi, eram muito próximos dos Kipeá, considerados por Mamiani em seu catecismo como membros "da mesma nação", assim sendo, podemos argumentar que a influência linguística internacional destes dois grupos seria grande, a ponto terem aspectos similares na fala um do outro, para seguir um sistema lógico, foi proposto um sistema que parcialmente imita o método Kipeá, seguindo temas básicos: uma declinação para palavras que começam com consoante, uma para aquelas que começam com vogal, uma exclusivamente para verbos e a última dedicada aos empréstimos de outros idiomas nativos, aqui estão os exemplos em cada língua:


Xokó


1ª declinação = va- 'eu', a- 'tu', i- 'ele, ela', va-X-de 'nós (excl)', k-u- 'nós (incl)', a-X-nã 'vós', i-X-nã 'eles, elas'


va-gandillá 'minha casa'

a-gandillá 'tua casa'

i-gandillá 'casa dele(a)'

va-gandillá-de 'nossa casa, sem incluir você'

k-u-gandillá 'nossa casa, incluindo você'

a-gandillá-nã 'vossa casa'

i-gandillá-nã 'casa deles(as)'


2ª declinação = v- 'eu', a-w- 'tu', i-w 'ele, ela', v-X-de 'nós (excl), k- 'nós (incl)', a-w-X-nã 'vós', i-w-X-nã 'eles, elas'


v-ammí 'minha comida'

a-w-ammí 'tua comida'

i-w-ammí 'comida dele(a)'

v-ammí-de 'nossa comida, sem incluir você'

k-ammí 'nossa comida, incluindo você'

a-w-ammí-nã 'vossa comida'

i-w-ammí-nã 'comida deles(as)'


3ª declinação = va-n- 'eu', a-n- 'tu', s-i-n- 'ele, ela', va-n-X-de 'nós (excl)', k-u-n- 'nós (incl)', a-n-X-nã 'vós', s-i-n-X-nã 'eles, elas'


va-n-ammí 'eu como, eu me alimento'

a-n-ammí 'tu comes'

s-i-n-ammí 'ele(a) come'

va-n-ammí-de 'nós comemos, sem incluir você'

k-u-n-ammí 'nós comemos, incluindo você'

a-n-ammí-nã 'vós comeis'

s-i-n-ammí-nã 'eles(as) comem'


4ª declinação = u- 'eu', a- 'tu', y-u 'ele, ela', u-X-de 'nós (excl)', k-u- 'nós', a-X-nã 'vós', y-u-X-nã 'eles, elas' 


u-wanho 'meu costume'

a-wanho 'teu costume'

y-u-wanho 'costume dele(a)'

u-wanho-de 'nosso costume, sem incluir você'

k-u-wanho 'nosso costume, incluindo você'

a-wanho-nã 'vosso costume'

y-u-wanho-nã 'costume deles(as)'


Etimologia: do Dzubukuá wanho 'costume' (empréstimo = 4ª declinação)




Natú


1ª declinação = ve- 'eu', e- 'tu', i- 'ele, ela', ve-X-de 'nós (excl)', k-u- 'nós (incl)', e-X-nan 'vós', i-X-nan 'eles, elas'


ve-grandllá 'minha casa'

e-grandllá 'tua casa'

i-grandllá 'casa dele(a)'

ve-grandllá-de 'nossa casa, sem incluir você'

k-u-grandllá 'nossa casa, incluindo você'

e-grandllá-nan 'vossa casa'

i-grandllá-nan 'casa deles(as)'


2ª declinação = v- 'eu', e-w- 'tu', i-w 'ele, ela', v-X-de 'nós (excl), k- 'nós (incl)', e-w-X-nan 'vós', i-w-X-nan 'eles, elas'


v-ammí 'minha comida'

e-w-ammí 'tua comida'

i-w-ammí 'comida dele(a)'

v-ammí-de 'nossa comida, sem incluir você'

k-ammí 'nossa comida, incluindo você'

e-w-ammí-nã 'vossa comida'

i-w-ammí-nã 'comida deles(as)'


3ª declinação = ve-n- 'eu', e-n- 'tu', s-i-n- 'ele, ela', ve-n-X-de 'nós (excl)', k-u-n- 'nós (incl)', e-n-X-nan 'vós', s-i-n-X-nan 'eles, elas'


ve-n-ammí 'eu como, eu me alimento'

e-n-ammí 'tu comes'

s-i-n-ammí 'ele(a) come'

ve-n-ammí-de 'nós comemos, sem incluir você'

k-u-n-ammí 'nós comemos, incluindo você'

e-n-ammí-nan 'vós comeis'

s-i-n-ammí-nan 'eles(as) comem'


4ª declinação = u- 'eu', e- 'tu', y-u 'ele, ela', u-X-de 'nós (excl)', k-u- 'nós', e-X-nan 'vós', y-u-X-nan 'eles, elas' 


u-telo 'meu cachorro'

e-telo 'teu cachorro'

y-u-telo 'costume dele(a)'

u-telo-de 'nosso cachorro, sem incluir você'

k-u-telo 'nosso cachorro, incluindo você'

e-telo-nan 'vosso cachorro'

y-u-telo-nan 'cachorro deles(as)'


Etimologia: telo de uma língua irmã do Fulni-ô, compare com o Yaathê ith'lô 'cachorro'




Wakonã


1ª declinação = ba- 'eu', a- 'tu', i- 'ele, ela', ba-X-dê 'nós (excl)', k-u- 'nós (incl)', a-X-nam 'vós', i-X-nam 'eles, elas'


ba-malhambá 'minha roça'

a-malhambá 'tua roça'

i-malhambá  'roça dele(a)'

ba-malhambá-dê 'nossa roça, sem incluir você'

k-u-malhambá 'nossa roça, incluindo você'

a-malhambá-nam 'vossa roça'

i-malhambá-nam 'roça deles(as)'


2ª declinação = b- 'eu', a-w- 'tu', i-w 'ele, ela', b-X-dê 'nós (excl), k- 'nós (incl)', a-w-X-nam 'vós', i-w-X-nam 'eles, elas'


b-ammí 'minha comida'

a-w-ammí 'tua comida'

i-w-ammí 'comida dele(a)'

b-ammí-dê 'nossa comida, sem incluir você'

k-ammí 'nossa comida, incluindo você'

a-w-ammí-nam 'vossa comida'

i-w-ammí-nam 'comida deles(as)'


3ª declinação = ba-(n)- 'eu', a-(n)- 'tu', s-i-(n)- 'ele, ela', ba-(n)-X-dê 'nós (excl)', k-u-(n)- 'nós (incl)', a-(n)-X-nam 'vós', s-i-(n)-X-nam 'eles, elas'


ba-n-ammí 'eu como, eu me alimento'

a-n-ammí 'tu comes'

s-i-n-ammí 'ele(a) come'

ba-n-ammí-dê 'nós comemos, sem incluir você'

k-u-n-ammí 'nós comemos, incluindo você'

a-n-ammí-nam 'vós comeis'

s-i-n-ammí-nam 'eles(as) comem'


4ª declinação = u-/w- 'eu', a- 'tu', y-u 'ele, ela', u-X-de/w-X-de 'nós (excl)', k-u- 'nós', a-X-nã 'vós', y-u-X-nã 'eles, elas' 


w-issá 'minha mãe, minha senhora'

a-issá 'tua mãe, tua senhora'

y-u-issá 'mãe dele(a), senhora dele(a)'

w-issá-dê 'nossa mãe, nossa senhora, sem incluir você'

k-u-issá 'nossa mãe, nossa senhora, incluindo você'

a-issá-nam 'vossa mãe, vossa senhora'

y-u-issá-nam 'mãe deles(as), senhora deles(as)'


Etimologia: Surge no vocabulário de Antunes como Içákúiçá 'Nossa Senhora', talvez empréstimo de uma língua irmã do Yaathê ou do próprio Yaathê, compare com o Yaathê isa 'minha mãe'


REGRA DA TERCEIRA DECLINAÇÃO


A segunda e a terceira declinação possuem infixos entre o pronome e a palavra conjugada, na segunda é -w- e na terceira é -n-, o infixo -w- da segunda declinação é sempre obrigatório, pois todas as palavras daquela declinação começam com vogais, portanto necessitando desse infixo conector. A terceira declinação não possui tal obrigatoriedade, se o verbo começar com consoante, deve-se retirar o infixo -n- e colocar apenas o pronome ao lado do verbo, note os exemplos:


si-n-ammí 'ele(a) come' vs si-pá 'ele(a) mata, ele(a) espanca, ele(a) caça'.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



REFORMA DOS PRONOMES KATUANDI


Xokó

va- 'eu, meu, minha' (ex.: va-gandilla 'minha casa')

a-(n)- 'tu, teu, tua' (ex.: a-n-ammí 'tua comida')

i- 'ele, ela, dele, dela' (ex.: i-vê 'ele/ela fala, fala, conversa, idioma')

va-X-de 'nós, nosso, nossa (excl)' (ex.: va-tuandi-de 'nosso grupo')

k-(u)- 'nós, nosso, nossa (incl)' (ex.: k-u-isá 'nossa mãe, nossa senhora')

a-(n)-X-nã 'vós, vosso, vossa' (ex.: a-n-atêrêji-nã 'vossa nação')

i-X-nã 'eles, elas, deles, delas' (ex.: i-mallamba-nã 'roça deles, roça delas')


Natú

ve- 'eu, meu, minha' (ex.: ve-grandlla 'minha casa')

e-(n)- 'tu, teu, tua' (ex.: e-n-ammí 'tua comida')

i- 'ele, ela, dele, dela' (ex.: i-vê 'ele/ela fala, fala, conversa, idioma')

ve-X-de 'nós, nosso, nossa (excl)' (ex.: ve-tuandi-de 'nosso grupo')

k-(u)- 'nós, nosso, nossa (incl)' (ex.: k-u-isá 'nossa mãe, nossa senhora')

e-(n)-X-nã 'vós, vosso, vossa' (ex.: e-n-eterezin-nan 'vossa nação')

i-X-nã 'eles, elas, deles, delas' (ex.: i-mallambe-nan 'roça deles, roça delas')


Wakonã

ba- 'eu, meu, minha' (ex.: ba-gandilla 'minha casa')

a-(n)- 'tu, teu, tua' (ex.: a-n-ammí 'tua comida')

i- 'ele, ela, dele, dela' (ex.: im-bê 'ele/ela fala, fala, conversa, idioma')

ba-X-de 'nós, nosso, nossa (excl)' (ex.: ba-grandí-dê 'nosso grupo')

k-(u)- 'nós, nosso, nossa (incl)' (ex.: k-u-isá 'nossa mãe, nossa senhora')

a-(n)-X-nam 'vós, vosso, vossa' (ex.: a-n-atêrêjin-nam 'vossa nação')

i-X-nam 'eles, elas, deles, delas' (ex.: i-malhambá-nam 'roça deles, roça delas')



Note que a única palavra que surge conjugada com o prefixo da primeira pessoa do plural k- surge com o mesmo 'conector' -u- que existe na quinta declinação do Kariri (k-u-isá 'nossa mãe, nossa senhora'), isso talvez seja um indicador de que, assim como no Kariri, houvesse uma forma de divisão na conjugação verbal e possessiva, chamado por Mamiani de declinações.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



A CONFIGURAÇÃO DO MUNDO EM KATUANDI


Português

Na postagem Revitalizando o mundo mencionei: 'A língua é uma visão de mundo do povo nativo no sistema comunicativo'. Agora ampliando essa compreensão 'as palavras de uma língua configura o mundo'. Cada vocábulo sintoniza o elemento representativo desse universo linguístico, na convivência do povo nativo com os seres da natureza. 


       O grupo étnico falante reconhece o céu na aparência das astros nas suas respectivas potencialidades culturais e conexões espirituais, visualiza com familiaridade o meio ambiente terrestre e aquático. O conhecimento das plantas que alimentam, o poder da cura das ervas, assim como os animais essenciais a vida. 


     Nas fusões de povos muda a aparência e fisionomia das pessoas pelo diferencial genético. A sociedade passará transmutação nesse processo evolutivo por misturar caracteres físicos biológicos, também influenciará na configuração do povo habitantes desse mundo local.


      As fusões de palavras de línguas diferentes também mudarão a configuração do mundo, porque foi nesses termos firmados a linguagem original. O mundo não é estático, mas estar em constante movimento, junto com a cultura e suas gerações, como mecanismo de sobrevivência para existência de um novo mundo com outra configuração.


Xokó

Mú ilokrássa "Páke Rõkó Massendí", vapá lahí nhevê: 'ivê impá intullussôndí massendí tuakó ahikónefa mú tuandí allámma'. Lá hí páke lluko hí intipiakrássa 'illásanã lluá vêllandí impá krãddí massendí'. Lluálo illássa impá tuanhahí âdsí intíssa hí tuairo avêllámma, mú tuabá tuakó lamú sirendínã sõssire.


 Tuandi ateremma illássa impá rõbette sõsé mú kandí ironã ná illuálo inkrãddibánã asimúmma tuandínã aluámma-pá, impá tullú lamú inkassendissa atúmma âhimma akrámma-pá. Tiakrãndí kranã yamíssa, inkrãddi dzo barínã, muhí muttí ampatínã asõma lá ikogossa.


 Mú tuakondí tuakónã, impá nên kandí nhãndi-pá ajinã impo yolossa assámma. Impásékí my intuanhássa po intanênsa mú lo iressa ayáma po tuá kanendinã anhãmma akogomma, lotuá impásékí kroká mú inkrãddissa tuakónã imbassa mú lo massendí ahímma.


 Impánã nên-pá inkrãddissa massendí tuakondinã vêllandínã ivênã anolomma, tikõ tú mú lo vendí akrãmma ivê assõmma. Impábi vêkrã massendi, impá mú rêndí adaddemma magá, tuá lamú simmú sandínã-pá, mutí íssa isãbássa lá inkogossa massendi amemma lamú inkráddissa akõma.


Natú


Mú ilokresse "Lá Roká Massendi" lahín vakevê: 'ivêsse tullusôndí massendí tuaseme esemeatímme mú tuandí elleme'. Lá hín lá yóko hín intipiekresse 'idsienan llua ivêsse ikrandí massendí'. Llualo vêndí inisshí atindí etímme hín inkossú evême, mú ingrambásse tuaseme esemeatímme lammú aressenan aresan.


 Tuandí etuasememme illesse ivette sansé mú kesse iroinkonan mú illualo inkrembánan esimumme tuandi eluamme-pe, intullu lammú inkessendísse tobosse eatimme ekraunamme-pe. Tipiekresse kronnan intississe, krandí haêndi erembínan, muhín muttí enkinan ekome lá inkiogosse.


Inen kesse imbesse-pe mú tuakondí tuasemenan po elofomme esamme. Immísek tuanhesse po intanense mú lo erendí eyekome po tuá kêr enhomme ekiogome, muhîlammú innakrosek mú krandísse tuasemenan imbansse lo massendí ehímme.


 Innennan-pe krandísse massendí tuakondí ivênan tok, tíbe lahín muhíntú mú lo uvendínan ekrandíme ivê esamme. Ebambíme massendí, mú rendí etakamme magá, tuá lammú simmú essammenan-pe, muttí isse isambasse lá inkogosse massendí esemme lammú krandísse ebemme.


Wakonã


 Babêlêdsiê mú atêrêkúma "Lá Rônká Masséssa": 'Imbê tulhússa masséssa nhím tuajím atêrêma mú tuássa abêmma'. Lá hím lá bêkú rô intikránsa 'idsiênam nhím lhuá imbê immattíhaê masséssa'. Ihaêtuá lhuákú idsiê ssiríssa atímma nhím rô bassú abêmma, mú grambá tuajím atêrêmma lammú yarêssanam inkôgôssa.


 Grandí atuajímma imbêlêssa irômmiká sansé mú kandí irôinkônam mú illuálô inkrandibánam asimmúmma tugrandí aluáma-pá, itulhú lammú asêndímma atúmma assirímma atakámma-pá. Intikránsa kránnam yammíssa, krandí dzô arambínam, muhím muttí ambatínam akúma lá inkôgôssa.


 Inêm mú grakundínam tuajím kandí benhandí-pá ajínnam pô akôbêma assámma. Immisêkí ingranhássa pô intanênsa mú rô rêndí ayókúma pô grama kaêr anhamma akôgômma, muhìlammú inakrôsêkí mú inkrandíssa tuajím imbássa rô masséssa ahímma.


 Inênnam-pá krandíssa masséssa grakundínam idsiênam imbênam abêma, tíbê lahím muhintú bêndínam akrandíma imbê asámma. Bambí masséssa, mú rêndí atakáma magá, grá lammú simmú assámanam-pá, muttí wíssa isambássa lá inkôgôssa masséssa sêmê lammú krandíssa abêma.



Autores da matéria: Tradução em Katuandi Suã Ari Llusan e Texto em português Nhenety KX 



sexta-feira, 22 de setembro de 2023

A CONFIGURAÇÃO DO MUNDO

 

 Na postagem Revitalizando o mundo mencionei: 'A língua é uma visão de mundo do povo nativo no sistema comunicativo'. Agora ampliando essa compreensão 'as palavras de uma língua configura o mundo'. Cada vocábulo sintoniza o elemento representativo desse universo linguístico, na convivência do povo nativo com os seres da natureza. 

       O grupo étnico falante reconhece o céu na aparência das astros nas suas respectivas potencialidades culturais e conexões espirituais, visualiza com familiaridade o meio ambiente terrestre e aquático. O conhecimento das plantas que alimentam, o poder da cura das ervas, assim como os animais essenciais a vida. 

     Nas fusões de povos muda a aparência e fisionomia das pessoas pelo diferencial genético. A sociedade passará transmutação nesse processo evolutivo por misturar caracteres físicos biológicos, também influenciará na configuração do povo habitantes desse mundo local.

      As fusões de palavras de línguas diferentes também mudarão a configuração do mundo, porque foi nesses termos firmados a linguagem original. O mundo não é estático, mas estar em constante movimento, junto com a cultura e suas gerações, como mecanismo de sobrevivência para existência de um novo mundo com outra configuração. 



Autor da matéria: Nhenety KX 



quinta-feira, 21 de setembro de 2023

VAMOS REFLORESTAR MENTES NAS LÍNGUAS KARIRI E EM PORTUGUÊS

 

*KARIRI*


Dzubukuá

"Bokuwia peleidsekie immettea!"


Kipeá

"Bocuwíá peretçéché simétéá!"


Sapuyá

"Pokuwiá peletsecé simetteá!"


Kamurú

"Pokuwià pelitsicè simetteà!"


Katembri

"Bokuwia pesekieifishe simetea!"


Kariri-Xocó

"Bokuwiá peleidsekié simeteá!"




*KATUANDI*


Xokó

"Ubasõ vêre rõtuki tiakandinã!" 


Natú

"So vêru rotuki tiakandanan!"


Wakonã

"Lá kubêrêwí rôntuí intiakránssa!"


Português

"Vamos reflorestar mentes!"




Autores da matéria: Tradução nas Línguas Kariri Suã Ari Llusan e Frase em Português Elizabeth Suzart 



GRATIDÃO AO/À SENHOR(A) DONO(A) DO MILHO EM DZUBUKUÁ E NAS LÍNGUAS KATUANDI


 Português

Senhor/Senhora, agradecemos a vós pela colheita do milho que vai trazer abundância e saúde de seu povo .


Dzubukuá

Nan'heram/Nan'hedzi nan'he kra, hinhetto bo itatte pui dimuittedili buobuye ikangritte dseho.


Xokó

Seãji/Sekua seh krãnã, aba vereyó sarandi matilla saratasekindi sima sikogo situatereji


Natú

Seaza/Sekua seh kranan, vereya arinda matilla aratasekanda mai koga tueterezi


Wakonã

Sômmaji/Sônkua sôm kranam, babêlêyó yarassa matishaká yararêssa mássa inkiôgôssa igàtêrêjim.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



SÚPLICA PARA ALCANÇAR SUSTENTO NAS LÍNGUAS KATUANDI XOKÓ, NATÚ, WAKONÃ E PORTUGUÊS

 

Xokó

Lãgrire Sõkrãkó Madendi, Sendi Tuki, Pandi Grire, mine ny uba pianõ isõvê miaji ky rakrãndi ky umade ky X ti.


Natú

Langore Sokraka Mada, Semaka Kituari, Panda Gore, nem na pianu isovê zim ya rakranda ya madu X ti.


Wakonã

Lammarê Sônkranká Imadêkrássa, Inansêssa Tuí, Impássa Marê, mú anê kipianôm isômbê l'ajím lá imbakêssa pô kimadê lá X.


Português

Lantirê Sônkranká Vencedor, Senhor da Mata, Matador da Fome, em teu nome pedimos por respeito a ti humildemente por nosso ganho de X.



Explicação

O nome Lammarê Sonkranká é uma descrição da função desse Deus e não uma restauração de um nome antigo, infelizmente não temos registros do nome da divindade, mas sem dúvidas uma divindade da caça, pesca e fartura existia, portanto decidimos nomeá-la de forma simples:


Lammarê = lám 'acabar' + marê 'fome', ma de matilha 'milho' + rê de rêgê 'desejar' = lam-marê 'acabar-fome' ou 'ele acaba com a fome'


Sônkranká = sôm 'senhor, chefe, céu, Deus' de sônsé 'céu' + krám 'forte, força' de krandi 'força, forte' + ká 'filho', cognato de kó do nome Xo-kó, assim formando sônkrám 'Todo Poderoso' + ká 'filho'


formando Lam-marê Sonkran-ká 'Filho de Deus que acaba com a fome', denotando uma função e posição similar a de Politão no panteão Kariri.


 Os nomes do Xokó (Lãgri Sõkrãkó) e Natú (Lango Sokrakó) são traduções diretas do Wakonã, o Xokó usa a raiz gri e o Natú go de seus equivalentes da palavra 'mandioca' junto com rê 'querer, desejar' para indicar fome.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



REVITALIZANDO O MUNDO EM KATUANDI (WAKONÃ)


 A língua é uma visão de mundo do povo nativo no sistema comunicativo. Para o indígena esse mundo tem tudo que eles precisam para viver, terra, sol, lua, estrelas, plantas, animais, pessoas, rios, nuvens, chuva, inverno, serras, mar, não falta nada. 

     Um certo dia chegou o colonizador e perguntou assim: " índio qual o tamanho de sua terra e o indígena respondeu, o sol nasce e se põe nossas terras, onde o céu se encontra com a terra, com a floresta e naquelas serras, no final na linha do horizonte onde faz esse circulo completo".

    Portanto o colonizador dividiu esse mundo, colocou num pedaço de terra incompleta, destituíndo todos os valores culturais, a língua, as crenças, organização social e tudo mais.

      Revitalizar uma língua é como curar as cicatrizes deixadas pelo colonizador, regenerar o que ficou, tomando um tônico eficaz falando novamente a linguagem dos antepassados, mas atualizando no mundo de hoje. Seria como reconstruir o mundo novamente a partir das ruínas, assim numa evolução.


 Intulhusô atissírikú nhím tuandi atêrêjimma mú yássa abêlêdsiêmma. Lá têrêjím ô atissírikú immakêssa lá kiôgô, atissirí, krashutô, krabuá, irôinkônam, kranam, ambátínam, ajinnam, kranánam, sêhôidzé'a, intitibênhamkússa, tôkúnam, krakú, isêrêbí yêttêbbí magá.

 mú dê haê tarênhê inkràtissírssa pábêlê-pá múrô: "têrêjím, ôppá kúkiní anatissíri ?" ômbêlê-pá têrêjím: "issá krashutô isêrê-pá bàtissirínandê, múppá sé tidde inhirô atissíri, inhirô tuí inhirô-pá múbbê tôkúnam, mú lambí mú sêppô imatulhússa múppá timakê rô tubú ilambima".

 itirô inkràtissírissa ikrànhê rô atissírikú, itinhê-pá mú lhuá benam atissíri ilambiyôma, bêdibbikê lohum ilhussanam assimúmma, imbêlê, itúkramássanam, ituássa atêrêjimma lohum magá-pá.

 Rôkiôgô imbêlê mútí dzô dsandinam aprimma pô inkrátissírissa, rôssa asômma, kônshákê taká krahaê bêlêkêsê imbêlê natúnam nhím, kusôm sêmêttí mú atissírikú lá igí. Lárô mútí rômakê atissírikú pô bênam, múrô mú lhuá inkiyámpíssa.





Autores da matéria: Tradução em Wakonã Suã Ari Llusan e Texto em português Nhenety KX 




IKLIKIETTE DO BEWI BUO / SÚPLICA PARA ALCANÇAR SUSTENTO


 Eu e Nhenety produzimos juntos uma súplica na língua Dzubukuá para fazer pedidos à Politã ou Poditã, cá está o texto e sua tradução:


Politam nan'he dibuotammuiddili, diwiddeli ammi, nan'he leidse, danlan hiadse idzenne anhey klikie amplitte hiwidde do X


"Seu Politã que traz sustento, que vence da fome, que é senhor da mata, desejo por respeito a ti pedir tua permissão para eu ganhar/eu conseguir X 


(hiwidde do X = meu ganhar de X, portanto a pessoa pede a coisa que ela quer na caça como hiwidde do witane malanhoua = meu ganhar de dois catetos).





Autores da matéria: Suã Ari Llusan e Nhenety KX 




quarta-feira, 20 de setembro de 2023

A PALAVRA BOM NAS LÍNGUAS KATUANDI


Notei mais um padrão:


porraêtê (pohaêtê) 'bom, obrigado, tudo bom'

dêhaivêpá 'como vai, bom dia'

rêipôrámêpá (hêipôrámêpá) 'como vai, bom dia'


 Note que o tema de 'bom' se repete nesses três, e em todos, as sílabas que mais se parecem são (hêi, hai e haê), o que indica que elas são a principal raiz que denota o conceito de 'bom'. A segunda raiz que mais se repete é *pô*, principalmente na primeira que significa apenas 'bom' e 'obrigado', o que talvez indique que ao lado de *hay ~ hae formem o composto *po-həy 'bom-bom' ou *həy-po 'bom-bom'.


 Ainda tenho que analisar melhor as outras para entender seus significados, mas creio que já seja possível restaurar as duas palavras que indicam o conceito de bom nas línguas Katuandi:


Xokó: pohai, pohei, haipo, heipo

Natú: poha, haipa, heipa

Wakonã: pôhai, pôhaê, pôhêi, haipô, hêipô, haêpô.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




POSSÍVEL CIRCUNFIXO ADJETIVIZADOR KATUANDI


Existem duas palavras cujo suas funções se aproximam de adjetivos que foram registradas em documentos:


akoma 'grande'

aninixima 'amigo'


 Ambas possuem o padrão a-X-ma circunfixando-as, o que me faz pensar de que esse circunfixo se trata do marcador de adjetivos dessa língua, até agora só encontrei dois exemplos, irei continuar pesquisando.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




TESTE DE REVITALIZAÇÃO DA LÍNGUA WAKONÃ


_inttú shí irônássá imbêlê Nakonám kôtêrê Katuándi nhím ilá. Indsiênam ademma yánnhi arômakêmapá, kubêlêddi imbêlê Nakonám kí impudsibíssa lá áppa._


"isso é um teste de revitalização da língua Wakonã da nação Katuandi. Com as palavras encontradas e reconstruídas, podemos falar na língua Wakonã sem problema algum."


 Como sempre, a maioria das palavras aqui foram usadas para demonstrar a viabilidade da restauração dessa língua sem a dependência total do léxico de outros idiomas, exceto por tu de inttu 'praticar, testar' e 'de' de ademma 'encontrado, achado', cujo são empréstimos diretos do Kipeá tú 'praticar' e idjé 'encontrar', todas as palavras e a morfologia foram de aspectos que foram analisados no vocabulário de Antunes como não sendo de outro grupo linguístico exceto o do Wakonã. Vou compilar tudo logo logo, como disse no grupo de estudos Kariri, por conta de um trabalho, estarei ocupado e terei que publicar com pouca frequência, mas digo com toda certeza, esses achados são grandiosos para a revitalização das línguas Katuandi.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




PREPOSIÇÃO DATIVA KATUANDI


 Este é o único exemplo de uma palavra servindo de preposição cujo não se assemelha a nenhum morfema de qualquer língua disponível:


Sêtsô estráiá ilá trábaíxá plantá dêtsaká dôtsaká - caboclo está para plantar feijão e batata 


 Essa frase possui elementos já analisáveis como parte de outras línguas que influenciaram o povo  Wakona-Kariri-Xukuru, sêtsô dêtsaká e dôtsaká são Fulni-ô, estráiá, plantá e trábaíxá são portugueses, sobrando apenas ilá, que ao julgar por sua posição na frase, está servindo de preposição dativa e possivelmente conjugada na terceira pessoa i-la = '3-para' = 'para ele, para ela'.


 Note que, nem o Fulni-ô, nem o Xukurú e nem o Karirí possuem esse morfema com essa função, o Xukurú tem kino, Fulni-ô tem khôfeⁿa e o Kariri tem dô, dôhô, aí e amŷ como preposições conjugáveis e o português 'para' e 'a' não se assemelham também, sobrando apenas uma etimologia Wakonã para essa palavra.


 Portanto reconstruo de volta para essa língua a preposição dativa como:


Xokó: la (i-la 'para mim', mi-la 'para ti', si-la 'para ele(a)', u-la 'para nós', mi-la-na 'para vós', si-la-na 'para eles(as)')

Natú: l- (l-a 'para mim', l-i-m 'para ti', l-i 'para ele(a)', l-u 'para nós', l-i-mi-nan 'para vós', l-i-nan 'para eles(as)').





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




FORMA DE AGRADECIMENTO KATUANDI


 Como dito no texto anterior, bêlêtsiê tem algo a ver com a ação de ser expressar oralmente, ou seja, falar, proferir, dizer, conversar, declarar e outros. Com isso dito, notei que a seguinte palavra tem uma estrutura bastante similar à palavra anterior:


bêrêió = obrigado


 Novamente argumento por sua etimologia Katuandi, pois temos registros separados da palavra de gratidão das línguas do Nordeste que participam do povo documentado por Antunes, os Xukurú tem proxikimen, os Fulni-ô tem kelyá, kelyáq e kelyá-fô e o Dzubukuá tem nhietto para gratidão, portanto essa palavra é um perfeito candidato para uma etimologia Katuandi, podemos analisar como:


bêrê-ió


 Existem duas possibilidades, a primeira depende da variação fonética de uma palavra já registrada: iô 'não', como podem ver ela tem ô ao invés de ó, o que talvez indique que seja uma palavra distinta, mas caso a pronúncia não afetasse (o que é duvidoso), bêrê-ió seria 'dizer-não' ou 'dizer-sem' ou no português algo como 'sem palavras'.


 O segundo argumento seria de que o Wakonã compartilhava de uma raiz ou pegou emprestado diretamente uma raiz do Kariri, cujo surge no Dzubukuá como -ye 'grande' e no Kipeá como -yẽ 'grande', sabemos por conta do Kamurú e Sapuyá que a pronúncia desses dois era de um schwa, portanto é possível argumenta pela mudança de jə (iâ) > jɔ (ió), fazendo com que bêrê-ió seja 'palavra-grande', dando o sentido de uma palavra com grande teor de respeito e gratidão, portanto 'gratidão, agradecer', creio eu ser essa a hipótese mais provável.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




ACHADO DA LÍNGUA WAKONÃ


Outro achado que encontrei agora mesmo foi a frase "Kálicê bêlêtsiê baskíô" = "fala comigo", essa frase possui três palavras, a mais provavel de ser identificada é a bêlêtsiê.


 Como disse nas primeiras publicações sobre as línguas do Ramo Xokó-Natú, a palavra avêl'a 'boca' seria um composto de a-vê-l'a, com vê sendo uma palavra cognato de wẽ 'dizer, falar' do Proto-Macro-Jê, aqui nesta língua que suspeito ser o Wakonã temos bê em bêlêtsiê, cujo suspeito ser a mesma raiz que a que encontramos no Xokó e no Natú, junto com lê e tsiê, duas palavras que sem dúvidas indicam o ato de se expressar oralmente, talvez lê seja cognato do -re/-le de peré/pele 'declarar, nomear' das línguas Kariri, faltando saber a etimologia de tsiê.


 Kálicê é um desafio para mim, julgando pelo teor da frase, talvez essa palavra dê o tom de súplica, o que talvez indique sua função como algo parecido 'espero que', 'oxalá' ou até mesmo 'por favor'


 Restando baskiô, cujo suspeito ser ba-si-kiô, com skíô sendo um morfema cognato do ji de ã-*jikêô*, funcionando de forma similar ao -adse/-etçã 'pessoa' do Kariri como em hi-etçã 'minha pessoa' = 'eu', ba seria cognato distante do Proto-Macro-Jê *wa 'pronome de primeira pessoa do singular', portanto temos ba-skíô 'minha pessoa, eu'.


concluindo temos literalmente kálicê bêlêtsiê baskíô 'oxalá falar eu' ou "por favor falar eu".





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




NOMINALIZADOR DAS LÍNGUAS KATUANDI


Eu creio que encontrei uma coisa bastante interessante, sei que está um pouco tarde, mas gostaria de deixar aqui para caso eu me esqueça de enviar amanhã.


No vocabulário registrado por Antunes em sua publicação "Wakona-Kariri-Xukuru" ele menciona uma palavra interessante, inkrandibiça 'preguiçoso', logo de cara essa palavra me parece suspeita de ser uma forma de particípio, sendo possível separar a estrutura como


in-krandi-bi-ça


Quando separamos assim, vemos uma palavra um pouco familiar, *krandi*, notaram a semelhança ? É a mesma que a palavra krody 'força, forte', o que indica que essa palavra está modificando uma palavra que significa 'força, forte', minha teoria é de que -bi- seja uma negação, assim dizendo krandi-bi 'forte-não' = 'fraco, preguiçoso', com in- sendo a terceira pessoa 'ele, ela' e -ça sendo o nominalizador, portanto


in-krandi-bi-ça 'ele(a) que é coisa de não ser forte' > 'ele(a) que não é forte' > 'ele(a) que é fraco' > 'ele(a) que é preguiçoso(a)'


Após estudar as duas publicações de Lapenda sobre o Xukurú e o Yaathê, sou capaz de afirmar que essa estrutura não pertence a nenhum dos dois, o Xukurú e as línguas Tarairiú tinham o sufixo -gó como nominalizador e o Fulni-ô possui -ho como sufixo de agente verbal, indicando que -çá não pertence nem ao lado Xukurú deste povo, nem o lado Fulni-ô, e muito menos o Karirí já que este possui as estruturas si-X-te e di-X-li, portanto sobrando apenas o lado Wakonã, que como mencionei antes, seria um descendente da mesma família que o Natú e o Xokó, a família Katuandi, portanto temos esta nova estrutura para estas línguas, cujo adaptado para as gramáticas estabelecidas seriam:


Xokó: iN-X-sa, ex.: (pofo 'criar, fazer, inventar' > im-pofo-sa 'criador, inventor')

Natú: X-(i)-sa, ex.: (mak 'fazer, trabalhar' > mak-i-sa 'trabalhador')


 Além de também indicar que a palavra krandi era compartilhada com a família Kariri (como crodí do Kipeá) e por último, restaura a negação -bi da antiga língua Wakonã, juntando-se ao êyo registrado no Xokó.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




quinta-feira, 14 de setembro de 2023

ITUÁ PUPPÚ PIANHITTÉ IDDEHÓ MÓ WOLIDZE KARIRI-XOCÓ


 Ituá puppú pianhitté iddehó, mó pibihetté moadsekú, badzé iddehó, iddhú iddehó, pawí iddehó dehém dadipuppú raddawí buhohé dó tokenheá. Wekó dó wán tukietsetté mó puppú uhekié bó raddawí buraddá dadioff-line dó widdó mó bihe iraddakietté han'hó, moró pelewí hiadseddé yetteumanran'á budsehó dadibewí ihan'hotté mobihemarakú mó ipotté modsohokú idsohotté.


 Itisú ibuyehohó monnekú adse bó kasendiá mannusý dó tupupputté, Raddá mó iraddatiddhytteá buyehohó, Dzú mó prí, Dhú mó ikongotté buyehohó mó itasutté dó idsohotté dsohó. Anró anhiddhú dadihuddakié idsohotteá buhohó iddehoá mó ikietsetté mobuihokú mó kasendiá momoihikú mó idsohotteá modsohokú (arankedzóá, inkoá, ukié, manni, raddawiá, krobuyé, kroá) hó iklú iraddawisú dadittewí arankeakí.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan