domingo, 29 de outubro de 2023

MARCADOR DE ADVÉRBIOS DO KARIRI


 As línguas Kariri tinham seu próprio afixo que criava advérbios, ele surge apenas em um exemplo cognato nas línguas Dzubukuá e Kipeá:


wanybihe 'somente, só'

woibiho 'somente, só'


 Ambos derivam seu significado do numeral bihe/biho 'um', indicando que o prefixo wany-/woi- é o adverbializador das línguas Kariri. Existe a possibilidade de conexão direta com uma raiz encontrada no Quechua:


PKC *jupa- ‘contar/número’, PKW jupaj ‘praticamente’


 O que confirmaria a teoria de Queiroz de que wany- serviria como um prefixo de enumeração, similar ao liaui- (liawi-) encontrado nos numerais do Sapuyá e do Kamurú, aqui proponho a extensão desse prefixo com a nova função de derivação de advérbios a partir de adjetivos e outras raízes das línguas Kariri, com isso reconstruo as seguintes formas:


Dz.: wany-

Kp.: woi-

Sp.: way-

Km.: woy-

Kt.: woi-

KX.: wãy-

Pp.: wôi-

Dz-Tx.: wany-

Kb.: wôi-





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

WEKSINIEN MA KRAN/GRADUAÇÃO DE FORÇA


Reru / Fraco ----------------------------- Kradi / Forte

Eye / Feminino -------------------------- Men / Masculino

Etik / Quente -------------------------- Tet / Frio

Ta / Escuro ------------------------------ Kap / Claro

Lidzema / Doente ---------------------- Wegoma / Saudável

Ikratok / Profano ----------------------- Ikrahay / Sagrado

Tekipru / Cozido ----------------------- Takirata / Cru

Sakensa / Doce ------------------------ Tesu / Amargo

Metwe / Aberto ------------------------ Pusuma / Escondido

Ziwegoti / Público --------------------- Emim / Secreto

Tik / Suave ----------------------------- Takrata / Duro

Tua / Folhas ---------------------------- Krai mako Atupreka / Raízes ou Tronco

Zitok / Não-Kariri ---------------------- Ezi / Kariri




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


TRADUÇÃO DO NOME NHENETY, GUARDIÃO DAS TRADIÇÕES PARA O NATÚ


 No Dzubukuá, a palavra nhenetti significa aconselhar, no Kipeá nhenetì significa 'ser lembrado', ambos indicam um significado original de 'lembrar', baseado nisso, decidi providenciar uma tradução para o nome de meu querido amigo Nhenety para a língua de um dos povos ancestrais dos Kariri-Xocó, os Natú.


 A palavra lembrar é ma-ntuk, com o significado original de 'antigo-ouvir', ntuk deriva de um empréstimo do Katembri eri-ntuka 'orelha', ma deriva de mate ou mat, cognato do Xocó mate de matekraí 'raiz ancestral'. A partir disso, podemos adicionar o marcador de agente -se, transformando em


ma-ntuk-se 'lembrador, memorizador'

Guardião seria aquele que protege, portanto olho-bom = do-hay:


ma-ntuk-se do-hay



 Tradição pode ser interpretada como raiz, portanto kra-i ou ka-i


ma-ntuk-se do-hay krai



Assim formando


Mantukse = Nhenety

Dohay = Guardião

Krai = Tradição



Mantukse, Dohay Krai = Nhenety, Guardião das Tradições





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


terça-feira, 24 de outubro de 2023

SUGESTÕES DE NOMINALIZADORES


 Baseado no fato de que nos sobraram apenas o marcador de agente ativo -sá / -se e o prefixo a- / e-, decidi aqui providenciar sugestões para o marcador de agente passivo, o nominalizador de objetos/instrumentos e também adicionar à lista anterior o nominalizador de locais que foi registrado em duas palavras.


1) Nominalizador de agente passivo (Kt.: assê imakêssá sôwám / Nt.: eze makse suwen)


 Este marcador deriva do verbo takarú 'estar', no Katuandí surge como o prefixo ta-, enquanto no Natú surge como tek-, aqui alguns exemplos:


Katuandí: pú 'soprar' > ta-pú 'soprado, flauta'

satô 'enviar' > ta-ssatô 'enviado, servo'

rêjê 'desejar, querer' > ta-rêjê 'desejado, querido'


Natú: sek 'plantar' > tek-sek 'plantação'

pezuk 'matar' > tek-pezuk 'morto'

mak 'fazer, agir, trabalhar' > tek-mak 'feito, ato, ação'



2) Nominalizador de objetos (Kt.: assê matíki / Nt.: eze metik)


 Nesta marcação, as raízes sufixadas com este nominalizador tornam-se instrumentos ou objetos referentes a ação ou adjetivo, este marcador é -shá / -she, derivado da última sílaba de kônshá 'realizar' do Wakonã


Katuandí: bú 'vermelho' > bu-rê-shá 'vermelho-correr-NMLZ', portanto 'sangue'


Natú: pukep 'varrer' > pukep-she 'varrer-NMLZ', portanto 'vassoura'



3) Nominalizador de locais (Kt.: assê bá / Nt.: eze ba)


 Esse nominalizador é o marcador de locais, ele especificamente denota que o objeto marcado agora é um local de tal objeto, como em Natuba, que seria Natu-ba 'lugar/aldeia dos Natú', surge no Kipeá como bae em nembae 'mudar-se de lugar'.


Katuandí: méré 'dinheiro, valor' > méré-makê-bá 'dinheiro-trabalhar-lugar', portanto 'mercado'


Natú: piso 'curar' > piso-mak-ba 'curar-trabalhar-lugar', portanto 'hospital'





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


TRÊS TIPOS DE NOMINALIZADORES DO KATUANDÍ


Vê-se que no Katuandí existe a presença de três nominalizadores, isto é, morfemas derivacionais com o propósito de criar formas nominais de verbos, adjetivos e também de outros substantivos.


1) Nominalizador a- (Kt.: assê a- / Nt.: eze e-)


 Este primeiro nominalizador é o mais comum da família Katuandí, ele não só deriva substantivos como também marca que a palavra referida está em ou é uma forma nominal, como no Xocó tsá 'fogo', que pode ser opcionalmente marcado com o prefixo a-, formando a-tsa (atsá) 'fogo' sem qualquer mudança no seu significado. Foi reconstruido baseado no método comparativo para o Natú como e-. O cognato dessa marcação foi discutido por Andrey Nikulin em sua publicação "As línguas Maxakalí e Krenák dentro do tronco Macro-Jê" de 2020 na página 20.



2) Nominalizador -sá (Kt.: assê -sá / Nt.: eze -se)


 Este nominalizador surge no composto inkrandibiçá 'preguiçoso', cujo foi previamente desconstruído como in-krandi-bi-çá '3-força-não-NMLZ', ou seja 'ele/ela que não tem força'. Baseado em sua função, é um nominalizador de agente, que marca aquele que comete uma ação, como -ador ou -ante do português. Foi reconstruído para o Natú como -se, com a forma -ze em posições intervocálicas.


3) Nominalizador nulo (Kt.: assê sômá / Nt.: eze sumkru)


 O nominalizador nulo é um marcador sem representação fonética, ele surge em um único exemplo resgatado por Nhenety, a palavra mênsô 'pajé' do Natú, que significa mên 'homem' + sô 'curar', note que não existe nada além dessas duas palavras na composição, mostrando que substantivos podem ser criados sem nenhuma marcação de derivação do significado de um verbo.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


domingo, 22 de outubro de 2023

ETIMOLOGIA DE NUKIBMU, PALAVRA SAPUYÁ PARA CABEÇA

 

A palavra surge ao lado de outra palavra cujo quebra a fonotática esperada do Kariri, no entanto olhando para as línguas que estavam ao redor do Sapuyá e do Kamurú, pode-se inferir uma coisa que será discutida no final dessa publicação.


 A palavra nukibmu se divide como nuki + mu, nuki é possivelmente cognato da seguintes palavras:


Nadahup: PNDH *dũh ‘cabeça’ (n > nd > d)

Arawak: YMN nuhla, PSE nɨuhla ‘cabeça’; MWY nohro, KWX nohlo ‘olho’

Arawa: PARA *nukʰu ‘rosto’


mu é cognato de:


Kunza: musːur ‘cabelo’ 

Kawapana: PKWP *mutuʔ 'cabeça'

Kandoxi: moːʧo 'cabeça'

Jivaro: PJVR *muuke 'cabeça'


Assim formando nukimú 'cabeça' a partir de nukí 'cabeça, rosto' + mú 'cabeça, cabelo', o processo fonético que levou para a anotação de Martius dessa palavra como nukibmu provavelmente se dá pelo mesmo processo de prenasalização encontrado nas línguas da família Maxakalí (ARAÚJO, 1996, p. 13).





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


ETIMOLOGIA DE CHUMIMI

 

A palavra Chumimi surge no Katecismo Indico de Bernardo de Nantes na língua Dzubukuá, é o nome de uma nação parente do povo de Uracapá, creio que encontrei algumas coisas interessantes referente à etimologia desse nome:


mimi, cognato do


Proto-Kak: *bẽːp 'sangue'

Arawa: PARA *eme 'sangue'

Harakmbet: bĩbĩ 'sangue'

Katukina-Katawixi: PKKT *mimi 'sangue'

Pano: PPAN *imi 'sangue'

Chapakura-Wañam: PCPW *mem ‘vermelho’


 Possivelmente Chu (pronunciado Xu, descoberto graças ao Prof. Valdivino Neto Kariú Kariri) derive da mesma raiz que o Proto-Macro-Jê *jum 'sangue', formando shu-mimi 'sangue-sangue', provavelmente uma alusão a uma conexão clânica/nacional deste povo entre eles mesmos ou de uma relação cultural e diplomatica forte entre eles e os Kariri das ilhas do Rio São Francisco.

 



Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


A PARTÍCULA ÔRÔ-/ÔLÔ-, POSSÍVEL MARCADOR DE CLASSE SUPERIOR

 

Existem duas palavras registradas separadamente nas línguas Xocó e Wakonã cujo possuem raízes similares, essas palavras são:


ôlôfô 'soldado'

ôrôní 'esse, pronome demonstrativo proximal'


 Ainda não sou capaz de afirmar com total certeza a procedência de fô de ôlôfô, note a semelhança com raízes referentes a bater como no Proto-Macro-Jê *mbok e o Kariri pó 'ser espancado, bater'.


 ôrôní no entanto tem uma origem certa, comparável com o demonstrativo proximal (i)ni 'este' da língua Kandoxi, comparável também a prefixos de terceira pessoa do singular derivados possivelmente de cognatos destes dois demonstrativos (JOLKESKY, 2016, p. 285, 292, 398, 459, 522).


 Com isso, gostaria de propôr uma teoria para ôrô/ôlô, cujo a presença na seguinte frase talvez indique algo interessante sobre a gramática das línguas Katuandí:


ôrôní atêrêgin jarigá 'quem índio é esse ?' (ANTUNES, 1973, p. 139)


 Sabemos que atêrêgin é 'indígena' como visto em várias outras palavras discutidas aqui anteriormente (ãjikêô, zitok, ajím, etc...), portanto jarigá é o verbo em sua forma interrogativa j-ari-gá '3-ser-INTERR', pode-se confirmar todas esses significados a partir de cognatos em outras línguas:


j = i- 'prefixo de terceira pessoa' encontrado no:


Kariri: i- 

Tupi: i-

Macro-Jê: i-

Fulni-ô: e-

Arawa: NI ʔi

Mura-Matanawi: PRH ʔi ‘3.F’

Mapudungun: -i


e vários outros


 O verbo arí 'ser' é confirmado pelas seguintes palavras:


Arawak: AXN ari 'sim', MCG ario 'sim', NMT aro 'sim'; IGN ani ‘assim’; YVT ani ‘então/3.S’

Quechua: PKC *ari 'sim'


-gá como sufixo interrogativo possui cognato direto no Proto-Arawak *-ka 'sufixo interrogativo'


 Com o verbo, o interrogativo e o substantivo 'indígena' confirmados, resta apenas o demonstrativo 'esse' da frase de Antunes, cujo podemos confirmar através do processo de eliminação que foi feito aqui que ôrôní é o demonstrativo. O ponto desta publicação é demonstrar que o Katuandí tinha algo similar ao Tupi, que eram as classes de animacidade, o que no Tupi Antigo foi denominado por seus estudiosos como classe superior e classe inferior.


 Essas classes também pareciam existir no Wakonã e no Xocó, podemos presumir que o Peagaxinan (Natú) também as tivesse, no entanto não sabemos de seu equivalente "inferior" ou "inanimado", que seria no português os pronomes de objetos "isto", "isso" e "aquilo", também aproveito para dizer que falta o demonstrativo distal 'aquele, aquilo' de forma independente.


 Proponho a seguinte solução:


 MARCADOR DE INANIMACIDADE


 Após pesquisar sobre o marcador de seres animados ou superiores ôrô-, descobri que ele tem relação direta com as seguintes palavras:


Arawak: GRF araɡʷaku 'homem', LKN arhoaka 'homem'

ou talvez

Arawak: BWN ɨʀɨ 'pai', IÑP ɨrɨ 'pai', BRE hiɾ ‘homem’ 


 Todas com o significado de homem, seguindo esta mesma lógica e aplicando a lógica comum de marcação de seres animados e inanimados nas línguas do mundo, os humanos, espíritos e deuses cairiam na classe ôrô-, portanto sobrando apenas os objetos e outros seres vivos não-humanos, cujo sugiro que seja marcado por mati- 'milho', portanto temos:


demonstrativos animados:

ôrôní 'este' (proximal)

ôrôkám 'esse' (medial)

ôrôlhí 'aquele' (distal)


demonstrativos inanimados:

matiní 'isto' (proximal)

matikám 'isso' (medial)

matilhí 'aquilo' (distal)


 ôrô- e mati- servirão de traduções de termos tupis que possuam poro- e mbae-, para os equivalentes do Tupi Antigo com os prefixos t- e s-, recomendo o uso de a- e u-, a- 'prefixo de classe superior/animado' vindo do prefixo de argumento genérico e u- 'prefixo de classe inferior/inanimado' vindo do prefixo relacional u-/w-.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


sábado, 21 de outubro de 2023

ETIMOLOGIA DE RÊIPÔRÁMÊPÁ 'BOM DIA, COMO VAI'


 Esta palavra está disponível no vocabulário da publicação Wakoná-Kariri-Xucurú de Clóvis Antunes na página 136. Após observá-la por um tempo comecei a trabalhar em hipóteses sobre seu significado.


 Ela possui uma estrutura similar à palavra composto dêrraivê-pá 'bom dia, como vai', além de possuir o mesmo significado desta, indicando ao menos que o sufixo -pá servia como o pronome interrogativo e talvez relativo 'que, quem, qual, como' da língua Wakonã, sua semelhança com o -bae do Kipeá e do -ba do Dzubukuá será estudada futuramente.


 Aqui teorizo que a palavra se separe da seguinte forma, "rêi pôrá, mêpá ?" ou na ortografia Katuandí "hêi pôrá, mêpá ?", argumento essa forma novamente voltando para uma tabela de pronomes que modelei a partir das listas de Jolkesky e das séries internas e agentivas do Proto-Macro-Jê de Andrey Nikulin:


Série 1

i(C)- 'eu'

a- 'tu'

i- 'ele, ela'


Série 2

a- 'eu'

my- 'tu'

c- 'ele, ela'


 Essas duas séries nem sempre se refletem dessa exata forma nas línguas, ainda estou observando os padrões com os documentos que possuo, mas talvez existissem outras séries ou talvez existissem substitutos dentro das próprias séries que participavam por razões gramaticais ou fonológicas.


 O que realmente importa é que nós já temos noção da presença de algo similar à série agentiva vista no Proto-Macro-Jê dentro do Katuandí, tema já discutido na publicação RECONCILIAÇÃO COM OS NOVOS ASPECTOS GRAMATICAIS, no entanto deve-se levar em consideração que essa série do Wakonã se difere na presença do pronome mê- em mê-pá 'tu-INTERR' ou 'como tu (estás) ?', o que nos dá mais indícios sobre a relação do Katuandí perante o Proto-Macro-Jê e como os pronomes funcionavam dentro dessa família linguística.


 Com tudo isso dito, irei propor uma revisão do sistema de conjugação de verbos e denotação de posse, vejo que o modelo atual, baseado diretamente no modelo do Kipeá de Mamiani, não segue fielmente a gramática original da língua, cá está minha proposta:


A série interna do Macro-Jê é:


iñ- 'eu'

a- 'tu'

(sem marcação de terceira pessoa)


A série agentiva do Macro-Jê é:


a- 'eu'

ca- 'tu'

(sem marcação de terceira pessoa)


Baseado nos pronomes que temos do Katuandí: 


a- 'eu'

mê- 'tu'

ba- 'eu' < *w-a 'REL-1' (?)

na 'nós' < *n-a 'REL-1' (?)

k-i-/k-u- 'nós'

(sem marcação de terceira pessoa anotada, mas o nome Wakonã já foi anotado como Yakonã, indicando a presença do prefixo relacional y-, derivado diretamente do pronome de terceira pessoa y-)

(sem distinção de plural clara, provavelmente uma língua de marcação de número opcional)


As seguintes séries podem ser criadas:


a- 'eu (agentivo)'

mê- 'tu (agentivo)'

(sem marcação de terceira pessoa)

na- 'nós (agentivo)' < *n-a 'REL-1'

mê 'vós (agentivo)'

(sem marcação de terceira pessoa)


Série passiva


ni- 'eu (passivo)' < *n-i 'REL-1'

jê- 'tu (passivo)' < *ʒ-e < **j-a 'REL-2'

(sem marcação de terceira pessoa)

k-i-/k-u- 'nós (passivo)

jê- 'vós (passivo)' < *ʒ-e < **j-a 'REL-2'

(sem marcação de terceira pessoa)


Pronome reflexivo: t-/ta-/ti-

Pronome relativo: pá


 A vantagem desse sistema é a fácil demonstração do sujeito e do objeto:


a-makê 'eu (agentivo) faço, invento', portanto '(eu) sou inventor'

ni-makê 'eu (passivo) sou feito, inventado', portanto '(eu) sou invenção'




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



quinta-feira, 19 de outubro de 2023

CUIDADO NA REVITALIZAÇÃO DA LÍNGUA


A necessidade de se identificar o Padrão Linguístico das línguas ancestrais


Eu tenho observado que alguns parentes têm cometido um erro Básico na revitalização das línguas, estão pegando as frases em Português e só substituindo por palavras na língua isso não é revitalizar as línguas.

Cada  língua têm um padrão linguístico, que possivel se observa na formação das frases  essas frazes são construídas seguindo um padrão linguístico sendo: 

V - O - S

V - S - O

S - O - V

S - V - O

O - V - S

O - S - V

Onde:

V - Verbo

O - Objeto

S - Sujeito

Como solucionar essa problemática, sugiro buscar as frases na língua e identificar a localização do Verbo, do Objeto e do Sujeito e se é padrão e constate nas frases e diálogos da língua ancestral.




Autor da matéria: Prof. Valdivino Neto Kariú Kariri




terça-feira, 17 de outubro de 2023

DIAS DA SEMANA EM KATUANDÍ / SÔNHÁM SUTÔ MÁ KATUANDÍ

 

Domingo = Wanhussú (lit.: Segundo Sol de Descanso)

Segunda = Yassú (lit.: Primeiro Sol)

Terça-Feira = Nakôssú (lit.: Sol Irmão)

Quarta-Feira = Sudassô (lit.: o Coração da Semana)

Quinta-Feira = Sukatô (lit.: Aurora, Nascer do Sol)

Sexta-Feira = Surôkí (lit: Crepúsculo)

Sábado = Yanhussú (Primeiro Sol do Descanso)




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



SUTÔWÁM KATUANDI BASEADO NO CALENDÁRIO KARIRI-XOCÓ


 🌧Tassibá Tassunhám Dzé'á ( 1bá Sibutú Tassibá, Junho).

🐟Tassibá Bamí ( 2bá Sibutú Tassibá, Julho).

🌬Tassibá Sú Atissirí, 3bá Sibutú Tassibá, Agosto).

🌞Tassibá Tassunhám Sutô ( 4bá Sibutú Tassibá, Setembro).

🌼Tassibá Tinganhám Nhibám ( 5bá Sibutú Tassibá, Outubro).

🏺Tassibá Kimakê ( 6bá Sibutú Tassibá, Novembro).

🚣‍♀Tassibá tikassibú Kraunám ( 7bá Sibutú Tassibá, Dezembro).

⛈Tassibá Tatanhám ( 8bá Sibutú Tassibá, Janeiro ).

🐟Tassibá Ubêssôrê ( 9bá Sibutú Tassibá, Fevereiro ).

🌽Tassibá Makê Atissirí ( 10bá Sibutú Tassibá, Março ).

🐜Tassibá Dzassôkunhí ( 11bá Sibutú Tassibá, Abril ).

🌚Tassibá Tassí ( 12bá Sibutú Tassibá, Maio )





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



ESTAÇÕES DO ANO EM KATUANDÍ


 Sêhôissakrê = Tempo da chuva


Atikassakrê = Tempo quente


Tíngassakrê = Tempo das flores


Manussikránsakrê = Tempo dos ventos fortes



Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



segunda-feira, 16 de outubro de 2023

PROPOSTAS ETIMOLÓGICAS DAS RAÍZES NOS NOMES DAS FAMÍLIAS KARIRI-XOCÓ


 Através desse texto, venho propor a etimologia das raízes registradas nas publicações do blog entituladas de VOCABULÁRIO DE NOMES PRÓPRIOS com conexões


1) WÁ 'sonho, dormir, deitar', está conectada a:


Arawá: PARA *wada ‘sonhar/dormir’ > JRW wata ‘deitar/sonhar’ 

Harakmbet: wɛdʔ ‘deitar’

Caribe: PKAR *wetu ‘dormir'



2) EMURÁ 'cipó, corda, balaio de cipó, fazer balaio de cipó' é separado como emu-rá:


a) emú está conectada a:


Mako: wibɯ(-pʰa) 

Piaroa: wipohu 

Saliba: poxu 

Hodi: ibuhu


Todas indicam uma forma *ibu ~ *imu


b) rá talvez signifique 'corda, sipó', no entanto nenhum cognato convincente foi descoberto até o mesmo, essa raiz será discutida no ponto 3.


Alternativa: No caso dessas etimologias não estarem corretas, também proponho que emurá seja uma variante de ymbyra do Tupi Antigo, no entanto alerto que isso não explicaria a transferência da sílaba tônica para a sílaba final.



3) MUIRÁ 'arco', essa palavra tem uma chance pequena de ser um composto de duas palavras


Arawak: WRA muwi ‘aceso’, ̃ MHN mui ‘id.’

Pukina: PKN mowe 'madeira'


 Essas raízes confirmam a presença de uma raiz *muwi nas línguas indígenas da A. do sul, faltando explicar rá, cujo talvez seja cognato do rá de emurá, fazendo com que Muirá seja mui-rá 'madeira-corda' ou 'madeira com corda'. Caso essa etimologia não esteja correta, também proponho conexão direta com muyrá 'madeira' do Nheengatú, que seria uma variante de mbyrá 'madeira'.



4) GIRIÇÁ, essa palavra está marcada com o agentivo ativo das línguas Katuandí, visto em Inkrandibiça 'preguiçoso' e analisado em uma postagem prévia, como confirmado no VOCABULÁRIO DE NOMES PRÓPRIOS 3, girí significa 'chuva de minha antepassada', encontrei no Uru-Chipaya o seguinte:


Uru-Chipaya: PUCP *ʧiri ‘nuvem’ (ʧ = tch de tchau, portanto txiri)


 girí e ʧiri talvez indiquem uma forma antiga em *jiri 'nuvem, chuva'.


 Portanto temos giri-çá (jiri-ssá na ortografia Katuandí) 'nuvem-dor, chuva-dor' ou 'aquele(a) que causa nuvem, aquele(a) que causa chuva'.



5) NA 'nós', esse talvez continue o prefixo A- 'eu' visto em publicações passadas que discutem sobre as últimas frases do Katuandí, parece estar marcado com o prefixo N-, cujo talvez indique uma tentativa de discernir o pronome plural do singular, mas caso não e seja na verdade um resquício de uma antiga marcação gramatical sem função de distinção de pluralidade, então talvez os pronomes tivessem pouca senão nenhuma distinção de número.



6) RY (RÍ) 'onda', cognata de:


Proto-Jê *rɨ 'comprido'



7) NAWANE 'somos parentes' talvez seja na-w-ane 'nós-REL-parente', com ane sendo cognato distante do Tupi Antigo anam-a e do Yanomami *jano ‘aldeia’ ou *ʧanɨma ‘gente’



8) MAAY 'união estável' talvez seja cognato do Aymara maji-ɲa 'pedir' e do Uru-Chipaya maj 'pedir'



9) NIDÉ 'penas azuis', ní tem chance de ser cognato das seguintes palavras:


Arawak: PMGU *anɨ, BAR enu, BNW eenu, PLK en, ENN eno ‘ceu’


 Todas com o significado de 'céu, azul', dé portanto talvez seja a palavra para 'pena' do Katuandí, cognato dessas palavras:


Katukina-Katawixi: KTK dai 'cabelo'

Mura-Matanawi: PRH tai 'cabelo'


ou talvez:


Arawak: PARW *-iti > WPX -ɗi, GRF idiburi; MRW hiti; PNWK *-ʧii, GNU/MNO iʧi, WRK -iʧɨ, BWN -ʧi 


Todas do Arawak significam cabelo.



10) SUIRA 'sopradores que curam', cognata das seguintes:


Piaroa: juʔu 'assoprar'

Hodi: ju 'assoprar'


o -ra no final talvez dê continuidade ao antigo sufixo -r do Proto-Macro-Jê, que tem função de não-finitude de acordo com Andrey Nikulin, como temos poucos dados, torna-se difícil elaborar um esclarecimento sobre a herança das codas no Katuandí, portanto a presença dessa única coda é especulativa e necessita de mais estudos.



11) PAHANKÓ 'estrondo das águas no barranco do rio', separado como pahan e kó.


a) pahan tem como cognatos:


Cholon-Hibito: CLN pahato 'descer'

Barbakoa: TFK pahta- 'descer'


b) kó talvez continue:


Proto-Macro-Jê *kuñ° ‘buraco’ ou *kut ‘cavar’ (L)



12) SOYÁ 'peixe diferente', etimologicamente talvez seja um composto de *côk-ĵə̂ 'rosto-amargo' do Proto-Macro-Jê ou talvez tenha uma relação distante com o *sae 'peixe' do Proto-Taruma, com especialização do significado.



13) BAKA 'flecha', tem conexão direta com o Kariri buikú 'flecha' e o Proto-Boróro *boika 'arco', nota-se que se distingue do termo Xocó registrado que é ikrô, o que indica que esse termo deriva de outra língua dentro da família Katuandí, possivelmente o Natú.



14) TINGA 'alvo, branco', essa palavra tem duas possiveis etimologias, recentemente foi descoberta a palavra para 'flor' do Katuandí que é tinga, homófona mas não derivada do termo Tupi ting-a 'branco, alvo', portanto esse nome possui duas possíveis origens.



15) PIRIGIBE 'barbatana', esse termo deriva diretamente do Tupi pirá-îyba 'braço de peixe, barbatana'



16) IBÁ 'canoa, canoeiro', derivado do Kariri ibá 'veículo', cujo talvez seja i 'madeira, ferramenta' + ba 'nadar' = ibá 'madeira que nada'



17) IREÇÊ significa 'mel verdadeiro', a estrutura encontrada na palavra Iranche ʔiriʃi 'abelha' junto à forma eír-a do Tupi Antigo indicam uma origem compartilhada do termo que significa 'abelha, mel'. Também não se pode negar a possibilidade de ser y-reçê 'pela água, à mercê da corrente' do Tupi Antigo.



18) POITÉ ' pedra amarrada numa corda que serve de âncora das canoas', a origem talvez seja no Tupi Antigo poitá 'âncora', uma segunda possibilidade etimológica é de que se separe como pó + ité, ambos os termos com o significado de 'barriga', com cognatos nas seguintes línguas:


pó, cognato de:


Harakmbet: HKB dapu ‘barriga’

Pano: PPAN *napo ‘interior, centro’


ité, cognato de:


Arawak: LKN ɨte 'barriga'

Kwaza: etɛ 'barriga'





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



sábado, 14 de outubro de 2023

ETIMOLOGIA DE SAKULÉ E SAKULÉGÔ

 

As duas palavras mencionadas no título significam 'bode', como já sabemos, os caprinos foram introduzidos pelos europeus nas Américas, portanto uma palavra pra esse tipo de animal não existiria de forma independente nas línguas indígenas, em todos os casos houve uma de duas coisas:


1) Empréstimo: esse é o método mais comum, já que o animal não existia antes, adota-se tanto ele como um existência nova como o nome dado a ele por quem o trouxe, isso aconteceu no Tupi Antigo kabará, que também foi emprestado para o Kariri como kabará.


2) Neologismo: o segundo método também foi aplicado em algumas línguas indígenas do Nordeste, o Tupi Antigo tinha um substituto para o termo kabará que era çuaçumé (lit.: veado que faz mé) ou çuaçumimbaba (lit.: veado doméstico).


 É a partir do segundo método que prosseguirei com o argumento, temos sakulé ou sakulêgô para 'cabra', chequei no Fulni-ô para ter certeza se era de origem desse povo, nessa língua, bode e cabra são chamados de lêfêhésaká (note que lêfê deriva de lêfêá 'veado', seguindo a mesma temática do Tupi), no Xukurú é menmengo, portanto também pode-se tirar essa possibilidade, sobrando apenas a etimologia Katuandí.


 Essa palavra surge na página do Xocó da Wikipédia, portanto os sons são pertencentes dessa língua, diferente do Natú onde se tem sê para 'animal', aqui se tem sá, portanto sa-kulé é a palavra que temos aqui animal-?. Argumento que kulé tem origem compartilhada com as seguintes palavras:


Caribe: MPY ekire, BNR kire, PRV ekɨle, ARK okori, EÑP kərə, KKR ekeɡe ‘onça’; IKP kuremat ‘veado’

Taruma: kʷire ‘veado’


Derivando de um antigo *kɨre 'espécie de veado' que virou kulé na família Katuandí. Assim temos sa-kulé 'animal-veado', só que nesse caso, a palavra para veado se especializou para se referir à espécie estrangeira, portanto temos esta nova palavra:


Proto-Katuandí *kɨlɛ 'esp. de veado'


Xocó: kulé

Natú: kulé, kilé

Wakonã: kulé, kilé


 Sobre a raiz -gô que surge em sakulêgô, ainda não tenho uma boa teoria para esta, talvez tenha relação com o wa de ja-wa através da mudança sonora de *w > *ɣʷ > g, mas como ainda é especulação, não irei afirmar com total certidão de que essa é sua procedência, até lá continuarei pesquisando para trazer mais informações referentes às raízes dessas línguas.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



ETIMOLOGIA DE ZITOK

 

A palavra Natú para alguém que não pertencia à nação Katuandí era zitok, palavra essa que venho guardando por um tempo para dar uma analisada melhor, após vários dias, cheguei a uma conclusão.


 Sabemos da presença de uma raiz pronúncia jê, jí ou jím nas línguas da família Katuandí, como na palavra pra homem do Xocó e na palavra para 'tribo, nação, povo' que vemos no Wakonã, aqui argumento que zí do Natú tem exatamente a mesma função, só que com a mesma conotação que abá tinha para os Tupis 'pessoa indígena, nativo-americano', portanto sobra a etimologia de -tok.


 Eu discuti isso no mês passado nas primeiras publicações sobre o Katuandí, lá eu argumentei sobre o Sprachbund Nordestino, que influenciou diretamente na fonotática das línguas dessa região, qualquer um que ler os vocabulários das línguas do Nordeste na Wikipédia vai notar um padrão semelhante em todas as palavras, se a sílaba tem uma consoante, logo terá uma vogal, e se vier uma consoante depois, haverá uma vogal, e por aí em diante, mantendo um padrão de sílabas abertas sempre. Existe é claro exceções, que foram criadas depois que a sistematização do Sprachbund sumiu após séculos de desenvolvimento linguístico, o que isso significa é o seguinte:


se temos algo como -tok em uma língua registrada do período colonial até o século XX, jamais poderemos associar essa sílaba fechada a uma de uma proto-língua, pois o que houve aqui foi aquisição de uma consoante final que antes não existia, portanto:


*tô > *tô-kê > *tô-k > tôk


Digo *ke pois é parte do argumento que farei, tô e kê possuem duas sílabas extremamente semelhantes em sua língua ancestral, o Proto-Macro-Jê *tõ 'negação' e *kêt 'negação', argumento aqui que o significado dessa palavra é


***ji-tõ-kêt > **zi-tô-kê > *zi-tôk 'indígena-não' > 'aquele que não é indígena, estrangeiro' 



Com isso temos duas novas negações e sua composição no Natú, assimiladas cada uma assim:


Proto-Katuandí *to 'não':


Xocó: -tô, tô

Natú: -tô, tô

Wakonã: -tô, tô


Proto-Katuandí *ke 'não':


Xocó: -kê, kê

Natú: -kê, kê

Wakonã: -kê, kê


Proto-Katuandí *to-ke 'não-não'


Xocó: -tôkê, -tôk

Natú: -tôkê, -tôk

Wakonã: -tôkê, -tôk




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



MAIS UMA PALAVRA NOVA DO WAKONÃ


 A palavra que descobri no documento de Antunes foi saquagôbê 'safado, cachorro', seguindo a linha do segundo significado anotado 'cachorro', podemos inferir o significado das raízes aqui apresentadas:


SAQUA (sakuá no Katuandí) tem a estrutura e proximidade semântica com o îagûar-a do Tupi Antigo, mas devo esclarecer algumas coisas primeiro. Î do Tupi tinha duas pronúncias, a antiga que era idêntica ao y de yes do inglês e a que foi herdada nas palavras Tupis que entraram no português que no Alfabeto Internacional Fonético é representado pelo símbolo /ʝ/, similar ao yeísmo do castelhano. Levando isso em consideração, creio ser difícil que essa palavra seja empréstimo direto do Tupi, mas creio fortemente na relação dos dois um com o outro, note as seguintes palavras:


Arawak: LKN jawalhe 'gambá', WPX jawari 'gambá'

Caribe: PKAR *(j)aware 'gambá'

Mura-Matanawi: MTN jawari ‘tamandua bandeira’

Nambikwara: MMD jawan, KTL jaˀwalˀu, SBN jowajli 

Pano: PPAN *jawa 'porco-do-mato'

Tukano: PTKO *jaʔwɨ 'porco-do-mato'

Tupi: PTPG *jawar 'jaguar, onça'

Iranche: jawa ‘animal’ 


Veja que todas tem a mesma estrutura, mas significados diferentes, o significado do Iranche demonstra para nós que o composto *ja-wa tinha um sentido geral de animais de médio e grande porte, o desenvolvimento da palavra jawa segue na primeira sílaba um padrão esperado de j > s, ou seja ja > sa, o desenvolvimento de wa > kwa é novo e será estudado mais a fundo para ser estabelecido nas reconstruções, também é possível ver uma descrição do animal como algo estrangeiro


SAQUA-GÔBÊ < GÔBÊ = KÔBÊ 'estrangeiro', portanto 'onça estrangeira'


 Isso também demonstra um processo fonético que acontecia quando ocorria o encontro entre o final de uma sílaba  que termine com vogal da primeira palavra e a primeira consoante da segunda palavra, como vemos em sakw-AGÔ-bê, AGÔ = VCV (vogal-consoante-vogal), similar ao rendaku do japonês, isso também confirma minha suspeita de que nas seguintes palavras:


sêprúm 'ovelha'

gôzê 'jacaré'


sê e zê são cognatos diretos, onde zê 'animal' seria a versão que sofreu vozeamento por conta da interação da consoante com duas vogais de cada lado, aqui batizo esse processo de kitá 'fluidez'. Portanto as palavras novas do Katuandí são:


Proto-Katuandí *sakʷa 'onça'


Xocó: sakuá

Natú: sêkuê

Wakonã: sakuá


Neologismo colonial do Katuandí *sakʷa-kôbê 'onça-estrangeira, cachorro'


Xocó: sakuagôbê

Natú: sêkuêgôbê

Wakonã: sakuagôbê




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



sexta-feira, 13 de outubro de 2023

PÔRDSEBUARÁ GRANTIDZA-PÁ DSÁM TÚ / O PRÍNCIPE E O DONO DA CAVERNA PARTE DOIS


 Eis então que a mensagem é transmitida, os guardas do caminho confirmaram que eram os Aragôiá que iniciavam este conflito, uma divisão da nação nortenha dos Jaguaribaras cearenses, que haviam migrado e subsequentemente se aliado com mais duas nações que estavam em atrito com os Pranhús, os Paraguaçus e Paramirins, todos prontos para derrubar as aldeias aliadas à Pranhuretã. Dzacupêm diz que nos próximos 2 dias eles farão o Marãmônhangandaruçú (Grande Dança da Guerra), o mênsô (pajé) firmou a tenacidade dos guerreiros através dos rituais sagrados de guerra, assim, os Pranhús e seus aliados, os Rônateá (Tecelãos), os Ôrôbuiê (Os Araraguaçús), os Cuibá (Os Caracarás), os Êicóquiê (Os que não descansam) e os Putundá (os noturnos) estavam resolutos.


 Após o Conselho Geral (Matêmbê), Ticunê chamou todos os seus leais guerreiros, Sissauí dos Ronateá e seu irmão mais novo Sissú, a guerreira conhecida por sempre trocar sua lança por seu machado Acranê, o forte filho de pais Paratiós chamado de Côquiá Êtafé, o filho do pajé e grande formador de táticas Hêibá, o poeta de palavras tocantes Abiquiá e a lança mais jovem do grupo, mais novo até que Piúna, o contador de histórias Tibêrêmá, nesse chamado também incluiu Essaeté e oficiliazou sua participação nos Aramanassunã, Piúna esbranqueceu ao perceber que havia saído de sua vida tranquila para entrar em um mundo de guerra.


 Desesperada com a notícia de sua participação, não falou nada entre as lanças e o príncipe, mas voltou para rede em pavor, perdendo 1 noite de sono que ela tinha garantida antes de ir para a floresta caçar os inimigos, foi aí que ela teve uma visão, era uma figura alta de cabelos longos e brancos e com um chifre luminoso e outro partido que seu declarou Nhicô Sôssicrã (Chifre de Cristal) e disse uma frase sucinta:


"pám assú, ká tissú" (acaba meu tempo, começa o tempo dele)


 Com essas palavras, seu chifre cai de seu crânio e com o topo pontiagudo apontado para baixo, perfura a barriga de Piúna, ela grita e acorda todos da rede, que mal veêm o que ocorreu, apenas um vulto que sumiu e um brilho que entrou em Essaeté. No dia seguinte, todos da aldeia central perguntaram ansiosos pelo significado disso, quando ele perguntou para Essaeté o que ela viu e sentiu, este logo disse: "era Acajara, o carô (imagem) da sabedoria", todos ali ficaram pasmos, o mênsô complementa: "de tu Piúna, sairá a sabedoria encarnada".


 Mais uma noite se passou, era o dia da batalha, os guardas viram os Paramirins se aproximando da aldeia antes dos outros, Dzacupêm guia seus guerreiros e pede para que seus filhos defendam as outras posições, com essa ordem, Ticunê e seus lanceiros se movem para a direção que os guardas suspeitam terem visto a força principal dos Aragôiá.


 A noite chegou, mas nenhum deles encontravam os Aragôiá, este grupo então acampa junto aos Rônateá e os Ôrôbuiê, eles conversam, comem e vão dormir, deixando alguns soldados selecionados para guardar e fazer turnos depois de algumas horas. Chega a noite alta, a Balhá (Lua) se ergue no horizonte e a floresta não manifesta muito som, Piúna estava de guarda neste horário junto com todo o grupo de lanceiros.


 Sissú notou uma movimentação estranha na mata e alertou Côquiá que estava mais próximo, ambos foram checar e viram a terra se levantando, não só em um lugar, mas eu múltiplos locais, era difícil de enxergar, mas parecia com uma tampa gigante de folhas,. Seja lá o que fosse, dela surgem inúmeros guerreiros com lanças e arcos, preparados para a batalha, eram os Aragôiá e isso era uma armadilha, imediatamente Sissú que era mais rápido corre para alertar os outros.


"Emboscada! Emboscada!"


 Sob esse alarde enorme, todos despertaram de imediato, os Aragôiá chegaram no acampamento e começaram a matança, os guerreiros ainda sonolentos mal tiveram tempo de reagir ou até mesmo acordar, muito sendo mortos neste ataque. Com todo esse caos acontecendo, o príncipe Ticunê ordenou que os oito lanceiros lutassem para defender o acampamento, Hêibá organizou os ôrôfôquinhís (jovens guerreiros) e os ôrôfôcumás (veteranos), Acranê cortou o caminho para que os guerreiros avançassem, Sissú foi ordenado para buscar reforços no acampamento mais próximo e avisar sobre as armadilhas, enquanto Abiquiá e Côquiá recebiam ordens de Hêibá para impedir o avanço dos Aragôiá, por último Tibêrêmá e Piúna comandavam catanhãs (esquadras) de seus melhores atiradores para matar os arqueiros, usuários de zarabatana e lançadores de dardos inimigos.


 No fim, os Aramanassunã, junto com os Ôrôbuiê e os Rônateá conseguiram defender sua posição, os Aragôiá que os emboscaram notaram a súbita reviravolta da batalha, aos poucos recuando para a mata escura, Ticunê grita vitória, mas um dos lançadores de dardos ouve e volta para atirar, no que ele se prepara pra lançar, Piúna corre para frente de Ticunê subitamente, de lado, ela toma toda a força do dardo que é quase do mesmo tamanho que seu braço no seu antebraço direito. Piúna desmaia, a guerra prossegue...




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



quinta-feira, 12 de outubro de 2023

ETIMOLOGIA DE BEIPRI


 Esse texto será curto, descobri a etimologia de Beipri/Beipli, a palavra é um composto entre as raízes encontradas em BEINE 'virar-se para ver' e SAIPRI 'saltar', assim formando BEI-PRI 'virar-se e saltar', portanto 'assustar-se, de repente, súbito'.


Dz.: beipli

Kp.: beiprì

Sp.: peyplí

Km.: peyprì

Kt.: beipri

KX.: bêiprí

Pp.: bêiprí

Dz-Tx.: beipli

Kb.: bêiprí



Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



POEMA SADIA GERAÇÃO EM KATUANDI


pramhái tinganhám

êkrê katô dêgám

yá sí arí tínga biyô

biyôgám kám sám lô

nhám makêbí yamá

yô prám sômá dzá

êpratiká kám kifabí

kám Katuandí sarí


sadia geração

perfume que exala da canção

uma pétala flor não há de ser

nem mil um total há de prover

a matéria sozinha não labora

não achega ao lar da Caipora

saiba que isto é integral

esta nossa união total



Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



TRADUÇÃO DA FAMÍLIA BACA EM KATUANDI


Simidô, Lhumanám atêrêjím anám, Báka, Bató, Suíra, Poyté-pá, kam apratimá yá gampê matí magadí Krankê, magá tidzá anám kôm múm Sêókó kôm bakê: Sôyá, Bingá, Marômbá, Muyrá, Ibá, Tônôné-pá. Magá bambêdza tinê akám anam má kôm silêmá lamá kadzôdí. Bassakrê dzukí kadzôdí anám BAKA. Atú ayamá ajím Dzôná Wassá sikambêyá Má Krassí má 1935 (sám fôkú nalhô ká), dzatabêprá má têrêjím tidzassá má akám dô Lhêkrôm Ôpará, lahím sidsêhúm têrêjím Pêagashinám. 


Sassêwám kuatiradá Nêmênhí Pôrjêkanhindí, têrêjím Peagashinám humyá bamá má Simidô nhí 1748 (sám sôkú kôlhô gám) 1816-pá (sám gankú lôtí) digramwám Karapótó Prakió-pá. Tissú Dzôná Wassá dzawám má gá Satônhám Simidô má Lhumanám mapudsá kaôrô má Ôrônhankú Gadzinhám lamá kôm kantêrê bê idissatônhám Dô Inkrôssá.


 Lahím ôrudsê Dzôná Wassá tissú Yarassôm Mabissá bê Shilhá siparirêyá Ôrônhankú matí Ipú Prôrêdí, yakôssú Krô Tômitamá anêmá Piàkumá Satônhám Simidô, mahím akám ajim ayamá-pá idzassansá titêrê má ôrônhám. Lahím rômpratí Dzôná Wassá tissú lahím ôrudsêyá sibirêyá bê maitá assôbá má Kirêkú Kanansá. Dzôná Wassá tidzá yá nakô Sônséháê Báka wá yá nakôdá Dzôkrabidá Báka. Dzôná Wassá lahím tidzá mándzê Krassanám Yarassôm Kaimá bê suprôkêtôyá kamá Yarassôm Apamá akám suyá Semassá Nansêbarê. 


 Yarassôm Kaimá grandirêyá ilá Kraunám Haikí wá Dzôná Wassá irô sôtí sibarêyá lamá Sônséhaê Kôpumakukí, bê atunhám kám ikêtôyá Dzôná Kiripudí Prêbirêjê-pá inayá Sôngá Ôrôfôkinhí adzapamá Sôngá Kranantí. Sôngá Kranantí kàtuyá lamá Tassibá, mapá assamá insêssá kanám: Mêssá Kranatí, Yarassôm Lôkramêká, Sôngá Kinhifá, Sônséhaêôrônhám bê Shilhanám, Kadzô'ôrônhám, Dzôná Sôngá. Dzôná Kiripudí atuyá lamá Hainê Akransá anám Bótó tinakawám: Messá, Dzôná Akêmá, Dzôná Sônkrenhám, Dzôná Sôngá, Kadzôdá Pêdzatí-pá. Sônséhaê Báka suyá Hainêdá Báka, Dzôkrabí Báka Prá Atuôrôdá-pá. Hainêdá Báka tinakayá: Dzé'akadá, Dzônakinhí Sônséká Haigantô-pá.


Dzônakinhí akadá Sônséhaê Báka tinakayá Dzôkrabidá lamá ajím Karapótó. Dzôná Akêmá Akransá bê Shilha tatuyá lamá Kihêi Udzá Pêdzétuakí tinakayá-pá kansêssá: Dzônaruká, Haikiruká, Shutôdá, Dzôkrabí Má, Dzôná Akêmá Kadá, Sôngá Udzá, Haêssirí Udzá. Dzônaruká tatuyá lamá Yarassôm Sapêaká lahím-pá kansêssá ká: Dzônaussôdá, Watukramá, Lulú Yarassôm Kamá-pá.


 Haikiruká tatuyá lamá misséajê Karapótó Haimá Krambá wá lahím kansêssá ká: Kuatakapá, Haêssirí Pêdzétuakí, Hairuká, Rarakrám, Mêôrônhám, Sôngá Krám, Dzêkinhí, Ôrônhankunhí, Kuatakapadá, Karôdzakú, Dzôná Akêmá Prá Atôkimá-pá. Shutôdá Udzá tatuyá lamá Ahaikubassômá Shilha wá lahím kansêssá ká: Assôkatôdá, Dzaká, Adzêmakadá, Krêpinê, Haikimanê, Atukí, Tôhaikidá, Widêtêrêkí wá Hainêdzêdá.


 Dzôkrabí Má tatuyá lamá Bassayakamanú Suíra lahím kansêssá ká: Dzôkrabí Kamá, Ampamássôm Ampamassôndá-pá. Sôngá Udzá Pêdzétuakí tatuyá Sônséhaêdá Shilhá lahím kansêssá ká: Jarissôm, Samamá, Hainê Prá, Kimissédá, Anambissí, Ananjarím. Haêssirí Udzá lamá, Tuakimá kansêssá ká: Lhamaprê wá Haiká, Haêssirí lamá, Dajím kantêrê Krassá lahím kansêssá ká: Sakatínga Prá, Ajím, Umakrê, Jarissôm, Atuká Shukí-pá.


 Mêssá tatuyá lamá Tassô wá lahím kansêssá ká: Nêlhá, Hainê, Dzô wá Mêssá Ká. Dzôná Songá tikadá Dzôná Kiripudí tatuyá lamá Krankí lahím kansêssá ká: Shú, Dzôkrabí, Adzêmakadá, Assô, Sôngá Akransá, Ôrônhankunhí, Sônséhaêkidá, Haêká, Danhí, Sônséhaêdá, Dzéká. Dzôná Sônkrenhám tatuyá lamá Sôngá Amê lahím kansêssá ká: Dzé, Taká, Jénhí, Songá Hainê, Songá Má, Prumyaká Sôngá Ahôimá-pá.


 Shudá tikadá Dzôná Kiripudí tatuyá lamá Yarassôm Sissarô lahím-pá kansêssá ká: Dzônashú, Katá Falí, Ôrôdá Sissarô, Songá Sissarô, Dzôná Kiripudí Prá Dzôná Assôkatômá. Pêdzatí tatuyá lamá Dzôkrabí Yékónê Shilha lahím-pá kansêssá ká: Ngá, Ngakí, Bimakí, Tudzé, Sêmêtá, Krám Kabí-pá. Madsê ukám lôkranhám anám Báka aribêdí assamá matí wá kôm anám. Magá yá má bamakê dissônhám lamá gám madsê S.P.I (Serviço de Proteção aos Índios) bê Têrêpá 1945 (sám fôkú kôlhô ká), jarissá madsê kraprê irôpá kantêrê Simidô, Lhumanám.


As famílias  dos indígenas de Porto Real do Colégio, Alagoas os  " Baca ", os " Batós ", os  " Suíra", " Poyté " , estes são considerados oficialmente como do grupo Kariri, mas temos outras famílias de outras etnias dos Xocós : Soya, Binga, Maromba, Muyrá, Ibá, Tononé. Mas vamos mencionar os nomes destas familias em outra matéria com fotos. Vamos mostras algumas fotografias da família BACA. Uma antiga anciã a índia Maria Tomaz fez contato com Carlos Estevão em 1935, dando informações sobre as tribos que vivem nesta  cidade do Baixo São Francisco, ela afirmara que era da tribo dos Natu. 


 Segundo o Mapa Curt Nimuendaju a etnia Natu já estava lozalizado em Porto Real do Colégio entre 1748 e 1816 vivendo junto os Karapoto mais os Prakió. O pai de Maria Tomaz morando na Missão de Colégio em Alagoas foi forçado a lutar na Guerra dos Cabanos junto com outros indígenas por ordem  do Diretor da Aldeia. 


 Contava a anciã Maria Tomazia que seu pai Manoel Atanásio dos Santos retornou da Guerra como Cabo de Esquadra, o seu tio Pedro Loláço nomeado Capitão-Mor da Missão de Colégio, sendo esses dois índios os únicos sobreviventes de seu povo neste conflito. Lembrava Maria Tomazia que seu pai contara que viajou daqui do porto no Navio Umbuzeiro . Maria Tomaz teve um irmão João Baca e uma irmã Antonia Baca.Maria Tomaz teve como esposo o índio Fulni-o Manoel Caetano do qual gerou um filho Manoel Filintro este que foi o pai de Erpidio Pirigipe. 


 Manoel Caetano retornou para Águas Belas e Maria Tomaz anos depois foi morar com João Pereira, desta união matrimonial nasceu Maria Pureza e Ervira mãe de José Marcionilo conhecido como José Poou . José marcionilo casou com Jaci, no qual nasceu os seguintes filhos: Jurandi Pirigipe, Manoel Alves, José Paulo, Ivanildo dos Santos, Elenildo e Maria José. Maria Pureza casou com Euclides Ferreira da Família dos Botó tendo como filhos : Jurandi, Maria de Luordes, Maria do Carmo, Maria José, Helena e Jandira. De João Baca foi pai de Luiza Baca, Antonio Baca Neto e Marcimina. Luiza Baca teve como filhos : Nilza, Marietinha e Julio Adáia. 


Marcimina filha de João Baca teve uma filha Antonia com o índio de Karapotó. Maria de Lourdes Ferreira dos Santos casou com Alírio Nunes de Oliveira e tiveram os seguintes filhos : Marinalva, Lindinalva, Hélia, Antonio Carlos, Maria de Lourdes Filha, José Nunes e Erílio Nunes. Marinalva casou com Manoel Marques e tiveram os seguintes filhos : Marineuza, Marinaldo, Lulu e Manoel Filho. 


 Lindinalva casou com o Cacique Karapotó Juarez Itapó e tiveram os seguintes filhos : Uílio, Erílio de Oliveira, Ediginalva, Auro, Iranildes, José de Souza, Graciete, Marcelo, Wilma, Raoni, Maria de Lourdes Neta e Galego.Hélia Nunes de Oliveira casou com Lorencio Santos e teve os seguintes filhos : Aparecida, Dovanio, Neide, Neuma, Lindomar, Veinho, Edinha, Nino e Luana. 


 Antonio Carlos casou com Doracilda Suíra e tiveram os segintes filhos : Antonio Filho, Maique e Micaele. José Nunes de Oliveira casou com Joana Santos e tiveram os seguintes filhos : Joel, Amanda, Euclides Neto, Rayane, Awbyran e Layane. Erilio Nunes com Silvania teve os seguintes filhos : Talvane e Tico, Erílio com Alsena índia Fulni-o tiveram os seguintes filhos: Alírio Neto, Etçã, Yanamy, Joelton, Watçou, Arany.


 Jurandi casou com Jésica e tiveram os seguintes filhos : Jeroniza, Clóvis, Clara e Jurandi Filho. Maria José filha de Maria Pureza casou com Rochinha e tiveram os seguintes filhos : Hélio, Antonio, Neide, Edna, José Ferreira, Marcelo, Vania, Edilson, Nena, Jane, Edson . Maria do Carmo casou com José Militão e tiveram os seguintes filhos : Eudes, Wilson, Gildete, José Luiz, José Carlos, Gilson  e José Claudio. 


 Helena filha de Maria Pureza casou com Manoel Mendonça e tiveram os seguintes filhos : Marilena,  Cesar Farias, Marcia Mendonça, José Mendonça, Maria Pureza Neta e  Maria Aparecida. Jandira casou com Antonio Justino dos Santos e tiveram os seguintes filhos : Dé, Zinho, Quinho, Nado, Minouvo, Ita e Manina. Os dados desta postagem da Família Baca são da tradição oral como também das outras famílias . Mas posteriormente faremos comparações com dados oficiais do S.P.I. ( Serviço de Proteção aos Índios ), pelo CENSO de 1945, que tem informações referentes as idades dos indígenas de Porto Real do Colégio,Alagoas.



Autores da matéria: Suã Ari Llusan texto em Katuandi e Nhenety KX texto em Português 




A PALAVRA PARENTE NAS LÍNGUAS KIPEÁ E DZUBUKUÁ


A palavra Parente na Língua da Kaririri  *Kipeá*

- Buyó - Parente 

-Buyóidzã - Parente Consanguíneo 

-Buyóideinú ou Buyóipadzuinú  - Parente da Esposa ou Marido (cunhada e Cunhado)

 - Etsãmy -  Parente da mesma etnia


Como o [ŷ] do Kipeá que se pronuncia semelhante ao I grosso do Tupi, no Dzubukuá é a Vogal  [ui], assim temos:


A palavra Parente na Língua da Kaririri  *Dzubukuá*

-  Buiho - Parente

-Buihoidza - Parente Consanguíneo 

-  Buihoiidzéinú ou Buyóipadzuinú  - Parente da Esposa ou Marido (cunhada e Cunhado)

 - Etsãmui -  Parente da mesma etnia



Autor da matéria: Prof. Valdivino Neto Kariú Kariri




RECONCILIAÇÃO COM OS NOVOS ASPECTOS GRAMATICAIS


 As palavras encontradas no documento de Clarice Mota trouxeram uma nova luz para a gramática Katuandí, com isso é necessário uma reanálise para adaptar todos os achados em um só modelo. Como discutido na publicação "SUGESTÃO DE DECLINAÇÕES DAS LÍNGUAS KATUANDI" no mês passado, temos quatro declinações sugeridas, cujo suas formas foram baseadas em todas as partículas registradas do Katuandi e teve como inspiração as cinco declinações de Mamiani da língua Kipeá e suas funções gerais:


1ª declinação = palavras que começam com consoante

2ª declinação = palavras que começam com vogal

3ª declinação = palavras que são verbos e seus derivados

4ª declinação = palavras que derivam de outras línguas (Tupi, Kariri e etc)


 Dois modelos surgem na palavra emprestada içá (issá) 'mãe' do Fulni-ô: kiniçá (ki-n-issá) e kuiçá (k-u-issá), o que nos confirma a presença do pronome geral ki-/ke- 'nós', além do uso dos infixos relacionais -n- e -u-, que são sinais de um método de conjugação verbal e marcação de posse complexo e fluido, foi a partir dessas evidências que tomamos como base as declinações estabelecidas.


 Hoje venho através dessa postagem concluir o trabalho de denotação das declinações, agora que confirmei a presença do pronome a- 'eu' nos seguintes exemplos:


arêgê 'eu não quero' (arêjê no Katuandí)

atíkráká 'me dê licença' (atikraká no Katuandí)

áníníxímá 'amigo, camarada' (aninishimá no Katuandí) literalmente 'meu amigo, minha amiga'


E mais duas informações que encontrei:


Sétsí tupíãnôn tôê á-níciá - caboclos pedem cigarro e fogo


a-niciá é 'meu cigarro', píãnôn já apareceu antes como verbo 'pedir', portanto tu-píãnôn é sua forma conjugada na terceira pessoa do plural, como nenhum marcador do plural surge, pode-se inferir que a terceira pessoa do singular e do plural eram as mesmas.


Gêmákíxá cadê ôlhá - me dê água


gê-maki-x-á 'tu-dar-REL-eu' > 'tu dê-me', reconstruído como *j-e- ~ *j-a- 'tu, vós', o pronome provavelmente ganhou o prefixo *j- para se distinguir do pronome a- 'eu', como ele se tornou uma vogal distinta, aqui o pronome utilizado será apenas ê-, mas o prefixo j- retorna em verbos com uso dos prefixos de sujeito e de objeto, especificamente quando este é o objeto, ex.: a-maki-j-ê 'eu dou-te, eu te dou' vs ê-maki-j-á 'tu dás-me, tu me dás'



Fonte: Clovis Antunes, Wakona-Kariri-Xucuru, 1973, Vocabulário das páginas 131-144


Com essas informações, decidi reformar a sugestão passada do Katuandí para a seguinte forma:


*DECLINAÇÕES*


1ª declinação


a-grandilhá 'minha casa' e a-makishá 'eu dou'

ê-grandilhá 'tua casa' e ê-makishá 'tu dás'

t-i-grandilhá 'casa dele(a)' e t-i-makishá 'ele(a) dá'

ba-grandilha 'nossa casa, sem incluir você' e ba-makisha 'nós damos, você não dá'

k-i-grandilhá 'nossa casa, incluindo você' e ki-makishá 'nós damos, incluindo você'

ê-grandilha 'vossa casa' e ê-makisha 'vós dais, você dão'

t-i-grandilha 'casa deles(as)' e t-i-makisha 'eles(as) dão'



2º declinação


a-n-atêrêjím 'meu povo' e a-n-issá 'minha senhora, minha mãe'

ê-n-atêrêjím 'teu povo' e ê-n-issá 'tua senhora, tua mãe'

t-atêrêjím 'povo dele(a)' e t-issá 'senhora dele(a), mãe dele(a)'

b-atêrêjím 'nosso povo, sem incluir você' e b-issá 'nossa senhora, nossa mãe, sem incluir você'

k-i-n-atêrêjím 'nosso povo, incluindo você' e ki-n-issá 'nossa senhora, nossa mãe, incluindo você'

ê-n-atêrêjin 'teu povo' e ê-n-issa 'tua senhora, tua mãe'

t-atêrêjin 'povo dele(a)' e t-issa 'senhora dele(a), mãe dele(a)'



3ª declinação


a-ssatô 'eu mancho-me' e a-rêjê 'eu quero, eu desejo'

ê-ssatô 'tu mancha-te' e ê-rêjê 'tu desejas, tu queres'

s-i-ssatô 'ele mancha-se' e s-i-rêjê 'ele(a) deseja, ele(a) quer'

ba-ssatô 'nós manchamo-nos, sem incluir você' e ba-rêjê 'nós queremos, sem incluir você'

k-i-ssatô 'nós manchamo-nos, incluindo você' e k-i-rêjê 'nós queremos, incluindo você'

ê-ssatô 'vós manchaste-vos' e ê-rêjê 'vós desejais, tu quereis'

s-i-ssatô 'eles mancham-se' e s-i-rêjê 'eles(as) desejam, eles(as) querem'



4ª declinação


u-karú 'eu devoro' (Tupi acarú 'comer') e u-dzô 'minha salvação' (Kariri dzo 'curar')

ê-karú 'tu devoras' e ê-dzô 'tua salvação'

t-u-karú 'ele(a) devora' e t-u-dzô 'salvação dele(a)'

b-u-karú 'nós devoramos, sem incluir você' e b-u-dzô 'nossa salvação, não a sua'

k-u-karú 'nós devoramos, incluindo você' e k-u-dzô 'nossa salvação, incluindo a sua'

ê-karú 'vós devorais' e ê-dzô 'vossa salvação'

t-u-karú 'eles(as) devoram' e t-u-dzô 'salvação deles(a)'




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



ANÁLISE APROFUNDADA DA PALAVRA QUETALIQUE


 Após revistar o documento onde encontrei essas palavras, notei uma coisa sobre quetalique (ketalike), ela surge com dois significados registrados, na primeira página que surge tem o significado de 'vamos', mas na última é registrado com um significado mais específico 'deixe-nos ir', isso me fez suspeitar um pouco sobre minha análise anterior, portanto decidi fazer outra análise mais aprofundada sobre essa palavra.


 Note que a estrutura ainda confirma a presença do pronome k- com um afixo -e- colado a ela, cujo não se tem uma noção exata do significado, talvez seja cognato direto do Dzubukuá ked- de ked-amoedha 'nossas mãos'. O que importa é que -lique (-like) é a estrutura que me interessa aqui, pois agora creio que ela carrege um significado de permissivo, isso pode ser confirmado por sua similaridade ao verbo *rê(C) 'abandonar, deixar' do Proto-Macro-Jê, sobrando somente -que (-ke) ao seu lado.


 Minha suspeita é de que a estrutura que parece uma palavra talvez fosse uma frase, demonstrando um aspecto da estrutura gramatical do Katuandí, nesse caso, li é um verbo auxiliar, denotando a permissibilidade, mas o mais interessante aqui é -ke, que se assemelha claramente ao ke- inicial, portanto eu tenho duas teorias que explicam a estrutura vista aqui:


1) ketalike realmente é um verbo conjugado, como ke-ta-like, -like é uma junção de duas partículas, li 'deixar' + -ke 'para, em', li indica o tipo de ação que se expressa na frase e -ke direciona/encoraja o ouvinte a fazer tal ação, talvez voltando direto para o que eu falei sobre -ke indicar o imperativo nessa língua.


2) ketalike é uma frase, que na verdade seria ke-ta a-li-ke 'nós-ir tu-deixar-nós', basicamente falando, a primeira estrutura é o verbo principal (ke-ta) indicando o movimento (ta 'ir') feito por alguém (ke- 'nós'), a segunda estrutura é o complemento da ação, os detalhes necessários para se compreender o por que de se falar de tal ação, a- 'tu' indica o sujeito, -li- 'deixar' é o verbo que está auxiliando o verbo ta e -ke 'nos' é o pronome do objeto, assim, o que a-li-ke diz é '(que) tu deixe a nós', assim pedindo permissão para que a primeira ação (ke-ta) seja realizada completando-se como:


ke-ta a-li-ke 'que tu permita (deixe) a nos nosso ir' > 'que tu nos deixe ir' > 'deixe-nos ir'


 Tal estrutura escondida pode ser argumentada através de seu registro na língua portuguesa, língua esta que não possui qualquer distinção de alongamento vocálico como demonstrado no Xocó e no Wakonã, portanto duas vogais homófonas ketA Alike poderiam facilmente se assimilar em uma única estrutura.


 Sobre a questão gramatical do uso de pronomes de objeto, argumento aqui que dentro da família Atumun, tal forma de conjugação verbal não é alienígena, sendo bastante produtiva nas línguas Arawak por exemplo (Aikhenvald (1999), p. 87.):


ri-kapa-ni 'ele(SUJ)-ver-ele(OBJ)' > 'ele o vê'


hape-ka-ni 'frio-DECL-ele(OBJ)' > 'ele está frio' ou 'ele quem sofre o frio'





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



quarta-feira, 11 de outubro de 2023

ETIMOLOGIA DAS PALAVRAS PARA PLANTAS MEDICINAIS KARIRI-XOCÓ


1) Pau ferro (Akram totuá): Existem algumas possibilidades na tradução destes dois termos, como será visto nessa publicação, totuá (< *tuatua (?)) e outras variantes se repetem ao longo das palavras encontradas, o que nos indica que talvez não fosse o nome de um espécie específica e sim um nome genérico para qualquer tipo de 'folha, planta'. Akrám soa como um adjetivo, como estamos falando do pau ferro, árvore usada para criar tacapes e cujo tinha o nome de jucá no Tupi, que significa matar, além da clara semelhança com raízes encontradas nas línguas Macro-Jê e Kariri relacionadas a 'duro, rijo, forte' (kra e kro respectivamente), afirmo aqui que essa palavra seja um adjetivo marcado com o prefixo a-, indicando algo com 'qualidade de pedra', portanto a-krám 'duro', portanto temos akrám totuá 'folha da (árvore) dura'.


Manacá ( to-atchuá ) <  repetição do tema totuá.


Algodão-preto ( Endjui ) = Essa palavra tem semelhança clara com o ENDI do Kipeá da família Kariri, o que nos indica que são cognatos, mencionei para Nhenety que havia encontrado uma palavra no Proto-Kak que seria juʔi ‘algodão’, também encontrei juj no Puinave, o que confirma que djui (dzúi na ortografia Katuandí) seria cognato direto dessa palavra e do ENDI Kariri. Talvez o cognato de EN das duas palavras se encontre nas raízes ampe das línguas Arawak e ampi do Quechua, formando assim ên-dzúi 'algodão-algodão'.


Genipapo ( kassatinga ) < Essa palavra tem semelhança no que presumo ser a segunda palavra -tinga com o Tupi ting-a 'branco', no entanto sabe-se que a palavra Tupi para jenipapo é literalmente jenipapo (ou yandi-ipab na pronúncia do Tupi Antigo segundo Carvalho (1987, p. 62)), portanto a semelhança talvez não haja um nexo entre as duas raízes, mas manterei a possibilidade aberta para uma possível construção híbrida. Exatamente para que se tenha uma noção do que -tinga significa, é necessário olhar para kassa-, a única raiz que encontrei que se assemelha a essa seriam kaʃa do Kandoxi e kaʧa ‘chicha/azedo das línguas Pano, ambos com o significado de 'azedo' e 'ácido', cujo bate exatamente com o sabor ácido do Jenipapo. Voltando para tinga, caso esse não seja um empréstimo direto do Tupi ting-a 'branco', assim sendo kassa-tinga 'coisa branca e ácida', eu creio que esteja distantemente relacionado do Quechua *tika 'flor' e as variantes das línguas Arawak oteɡa 'flor' e tija 'flor', assim sendo kassa-tinga 'flor ácida'.


Melancia ( Beredzi ) < Essa palavra é cognata direta do Dzubukuá behedzi, note a mudança de h > r, o que talvez indique uma de duas coisas, ou o Katuandí passava por mudanças sonoras de h > r ou havia um som que transitava dentro do Katuandí ou do Kariri entre r e h.


Embú ( Oboé ) = Obo é claramente cognato do Dzubukuá obbo, resta saber o que significa é de obo-é, como estamos falando de um fruto, suspeito que essa palavra seja cognata do Tupi a 'fruto, semente' e portanto significa 'fruto, fruta, semente'.


Alecrim-de-caco ( Sodô Akraô ) < Teorizo aqui que a tradução seja literal, ou seja, Sodô seria 'caco' e Akraô o alecrim, a etimologia de sodô (sôdô) talvez seja cognato em sô com o Kariri bý-sá 'quebrar', dô talvez tenha relação distante com o Proto-Tupi *təK 'socar' (sok-a do Tupi Antigo) ou talvez com o Proto-Cerratense (descendente do Proto-Macro-Jê) *twa e *cuk, ambos significam 'socar', portanto sô-dô 'quebrar-socar'. Akraô talvez se quebre da seguinte forma, a-krá segue o padrão de prefixação do Katuandí, talvez esteja ligado distantemente ao Proto-Jê Setentrional (descendente do Proto-Macro-Jê) *krak-ri 'abaixo', enquanto ô seria cognato distante do Proto-Tupi ok 'raiz', portanto a-kra-ô 'prefixo-abaixo-raiz', resultando em sôdô akraô 'pedaço da raiz'.


Cidreira ( Totu-chuá ) < repetição do tema totuá.


Feijão brabo ( Guinhí ) < Essa palavra é cognato do Dzubukuá guenhie e do Kipeá ghinhé, ambos derivados de um descendente do Proto-Kamakã *kiɲa.


Quina quina ( Manussi ) < A palavra se assemelha diretamente ao subsantivo menussí 'vento', porém não fui capaz de estabelecer o motivo dessa nomenclatura, após fazer um "brute forcing" para encontrar alguma raiz que batesse com essa, decidi checar no Tupi, lá a palavra para quina quina é îuru-pyk-anga, literalmente 'tampar a boca da sombra/alma', daí seguindo esse tema, chequei no vocabulário de outras línguas, e me deparei com *manu do Proto-Takana e *manõ do Proto-Tupi, ambos com o significado de 'morrer', daí notei a semelhança no tema de 'sombra/alma' com 'morrer/morte' e portanto o 'morto' ou 'alma', portanto manussi na verdade segue a mesma temática que o Tupi. Falta apenas -si, cujo hipotetizo ter algum significado de 'expulsar' ou 'calar', talvez tenha relação com o verbo sysyîa 'tremer' do Tupi Antigo, portanto manu-ssi 'morrer-tremer' ou 'o medo do morto'.


Gegelim bravo ( Kossai ) < Kô se assemelha em todos os aspectos ao Kipeá có 'caroço', sá é cognato do Proto-Macro-Jê *cəm° ‘semente’ e í talvez tenha relação com o Nadahup *tɨb ‘semente’ e do Tupi *tˀ‐upiʔa (ambos sendo indicadores de uma forma independente ɨp ~ ɨb).


Alecrim-de-verão ( Aflô ) < Essa palavra parece ser uma adaptação da palavra portuguêsa flor para a gramática Katuandí, recebendo o prefixo a-, tornando-se a-flô 'prefixo-flor'.


Espinheiro turco ( Akram ) < Akrám é a mesma palavra que surge em Pau Ferro, etimologia naquela seção.


Mastrus (Prekuá) < prê 'comprido, alto' deriva do Proto-Macro-Jê *prêk 'alto', enquanto kuá 'pena' deriva do Proto-Macro-Jê *ŋgwañ 'pena'.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



DESCOBERTAS SOBRE A GRAMÁTICA KATUANDÍ


Descobri o seguinte:



*AKRAWAM*

-wam talvez seja cognato do Tikuna -wa que é o locativo daquela língua ou 'em, no, na' do português, -wam seria usando no sentido de:


a-kra-wam 'eu-fazer-em', só que esse 'em' está dizendo na verdade 'neste momento', portanto a-kra-wam 'eu fazer em (este momento)', portanto 'eu estou a fazer/eu estou fazendo'.



*KETALIKE*

k-êtali-ke confirma o uso do prefixo k- para 'nós', a única raiz que tenho confiança em identificar (além do prefixo) é a raiz -ta-, que indica movimento (cf. Kariri té 'vir' e o Macro-Jê tẽ 'ir', talvez li tenha alguma relação com rê de vêsirê do Xocó e com o -re/-le de pere/pele 'sair' das línguas Kariri, sobre o ê- e o -kê, tenho os seguintes argumentos:


*Ê*

 Caso este não indique o imperativo junto com -kê, eu presumo que tenha alguma coisa a ver com causativização ou marcação de argumento (como o sufixo -a do Tupi em porang-a 'bonito(a)' vs porang 'é bonito(a)'), no entanto é estranho haver marcação de argumento em um verbo, o que me faz suspeitar de que na verdade ê- complemente o significado da estrutura, sendo outra raiz verbal que indica movimento, similar ao verbo ata 'ir' encontrado na família Arawak e o verbo ata do Muniche, portanto ê-ta-lí 'ir-ir-ir'


*KÊ*

 Este morfema está no final da palavra, seguindo a lógica dos modelos vistos no Tupi e no Kariri, aqui se espera um sufixo com alguma função gramatical, e de fato existe a possibilidade de kê ser na verdade -kê, um sufixo que indica o imperativo. Existe uma semelhança clara no quesito estrutural e semântico com o locativo *ke(C) do Proto-Macro-Jê, que no Katuandí deve ter evoluído para um dativo (ou tinha as duas funções ao mesmo tempo):


a-panku-kê 'tu-matar-em' > a-panku-kê 'tu-matar-para' (a partir daqui vira 'tu na direção do matar', ou seja, estou encorajando que você vá na direção da ação, que é matar, encorajamento, que é o exortativo, está a apenas um passo de uma ordem, ou seja, o imperativo, portanto) > a-panku-kê 'que tu vá matar, mate!', portanto k-etali-ke 'que nós façamos a ação de ir, vamos!'




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



terça-feira, 10 de outubro de 2023

ETIMOLOGIA DE ATÊRÊJÍM 'GENTE'

 Seguindo os estudos das palavras registradas, aqui está a etimologia da palavra para 'povo, gente' que é atêrêjím, com variantes ortográficas registradas: atêrêgin (atêrêjím), atêgin (atêjím), têrêgê (têrêjím), agê (ajê):


A primeira raiz é atê 'homem, gente', cujo como visto na variante atêgin, pode se separar de rê, portanto é cognata de:


Nambikwara: PNBK *entˀ 'homem', SBN atiʔ 'homem'

Peba-Yagua: atin/ate ‘pessoa’

Kwaza: rati 'homem'

Iranche: atina 'homem'


2) Julgando por sua função, talvez rê signifique 'gente' junto com atê, mas seu significado antigo era 'homem, marido', talvez tenha uma função similar aos nomes Natú e Tupi, ambos se referem a formas de parentesco (avô e pai respectivamente):


Guaicuru: PGKR *elˀe ‘homem’

Kariri: PKRR *əɾə 'homem', DZ anran KP eræ

Arawak: LKN erethi ‘marido’ GRF araɡʷaku 'homem', LKN arhoaka 'homem'

Mura-Matanawi: MRA ireehi ‘homem’


3) gê/gin 'homem', o som de j (j do português) das línguas Katuandí normalmente surge de um antigo *j (pronunciado como o y do inglês), portanto pode-se hipotetizar uma relação distante com:


Mochika: tsiːsi/ʧiːsi ‘menino’

Kanichana: sisi ‘filho’ 

Paez: {n}-ʦʲiʔk 'filho'

Andaki: ʧikʷa- 'filho'


talvez também/ou com:

Karajá: d-əə

Tupi: PTPG *t-aɨr > GRP r-aɨ, WYP l-aɨ



Mesmo se não tiver relação com essas, aqui teorizo que tenha o significado de 'pessoa', sua função surge nas palavras:


Xocó: ãjikêô 'homem' (ã-ji-kê-ô), aqui é jí 'homem, pessoa'

Natú: zitók 'estrangeiro' (zi-tók), aqui é zí 'homem, pessoa'


Portanto temos as seguintes raízes:


4) Proto-Katuandí *a-te 'homem, gente':


Xocó: atê, tê

Natú: êtê, tê

Wakonã: atê, tê


5) Proto-Katuandí *a-rê 'homem, gente':


Xocó: rê, arê

Natú: rê, êrê

Wakonã: rê, arê


6) Proto-Katuandí *ji ~ *je 'pessoa':


Xocó: jí

Natú: zí

Wakonã: sí





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



segunda-feira, 9 de outubro de 2023

TÍTULOS DE JURUPARI / ANÊTÉNÁM IDZANHÍ


 Seguindo os estudos onomásticos, entramos na nomenclatura da divindade conhecida como "O Legislador" ou "O Reformador", cujo a origem, segundo alguns autores, viria dos povos aruaques, se assemelhando ao conto de Kuwai dos Hohodene. Segundo Eduardo Navarro, seu nome deriva do Tupi Antigo îurupari "boca torta", Cascudo afirma ser de um composto que significa "boca, mão sobre; tirar da boca", Tastevin afirma que significaria "meter um pari no próprio rosto". O significado de pari é 'barragem de madeira', pode-se inferir que o significa literal de îuru-pari fosse 'boca que é barragem de madeira', com barragem sendo uma metáfora para uma boca fechada, uma boca que barra a água que seria o conhecimento, talvez uma alusão ao seu ritual.


 Aqui damos títulos (anêténám) para esta entidade, povos nativos que mencionam Jurupari dão a ele títulos em sua honra, 8 títulos foram escolhidos para serem traduzidos e colocados para descrever esta entidade:


Juruparí Idzanhí Irôntassá Yarassá Ikawêkóssá Lhadzassá Rônhissá Insôssá 


Jurupari, O que estabelece harmonia, o Renovador, o Unificador, o Legislador, o Ordenador, o Reconciliador e o Curador




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



TRADUÇÃO DO NOME NIMUENDAJÚ


 Sabe-se que este etnólogo extremamente famoso foi nomeado pelo povo Apapokuva-Guaraní, o significado de seu é  'o que fez seu assento, o que se estabeleceu', seguindo a etimologia disponível no artigo de Curt Nimuendajú, decidimos prover uma tradução, e junto com essa, o reestabelecimento de três novas partículas do Katuandí:


1) PÔR- 'prefixo honorífico': Este prefixo surge em resposta ao uso do sufixo -lhá, que denota objetos, pessoas e qualquer outro ente considerado sagrado, Pôr- tem uma função similar, denota respeito perante a entidade cujo ele se prefixa, mas não denota sacralidade, deriva etimologicamente da classe superior do Tupi moro-/poro-.


2) JÊ- 'prefixo reflexivo': Segundo Heine e Kuteva em sua publicação World Lexicon of Grammaticalization de 2002, múltiplos povos do mundo denotam o conceito de afixos e partículas reflexivas a partir de palavras que significam 'pessoa' ou 'corpo', seguimos a mesma lógica e traduzimos o conceito da partir da palavra JÊ, registrada em suas variantes: Mõtêrêgê e Têrêgin.


3) KÁ- 'prefixo causativo': Ainda graças aos autores previamente citados, segue-se em várias línguas do mundo a lógica de denotar o causativo através do verbo 'tomar', talvez o sentido seja 'tomar o controle da ação' ou algo similar, portanto seguindo essa lógica, usamos a raiz KA, reconstruída a partir da estrutura prévia de kra 'mão', que era *kara.


4) NHÍM 'assentar': Este verbo foi reconstruído a partir das correspondências fonéticas do Katuandí com o Proto-Macro-Jê *ñỹP, resultando em nhím ou nhí no Wakonã, a base do Katuandí.


5) -DÍ 'sufixo nominalizador': Este representa uma interpretação própria do Katuandí, após mais análises, o sufixo que surge em publicações anteriores como -ndi ( agora variante separada de -dí) deriva de gandilhá/grandilhá 'casa', composto esse que denota o conceito de 'casa, lar', formado por três raízes sinônimas, -DÍ portanto denota uma casa abstrata e figurativa, um 'conceito', portanto uma 'coisa'.


PÔR-JÊ-KA-NHIN-DÍ (Pôrjêkanhindí) é a tradução de Nimuendajú em Katuandí. Isso nos auxilia no desenvolvimento de uma lógica onomástica, isso é, no estudo da formação de nomes próprios, não só traduções, mas também o redesenvolvimento do pensar nativo, da perspectiva dos Wakonã, Natú e Xocó, da revitalização (rôdzanhám) da união (katuandí) deste povo (têrêjím ahím).




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



ETIMOLOGIA DE BAKIRIBÚ 'PENTE'


A palavra aqui registrada por Mamiani representa um composto entre três raízes BA, KIRI e BU.


1) BA: a primeira raiz representa um substantivo cognato do Nadahup *pɤ̂c 'pente', havendo a possibilidade de também ou alternativamente representar um verbo 'limpar, varrer' cognato do Proto-Pano *matso 'varrer' e do Proto-Nambikwara *pəuː¹t 'limpar'.


2) KIRI: a segunda raiz é o verbo 'pentear, limpar', cognato do Proto-Jê Meridional *kuɾɯɟ {jɑ} 'pentear' e do Proto-Jabutí *kyryj 'limpar, varrer', havendo também similaridade estrutural e semântica com o Proto-Jabutí *kryry 'desembaraçar, pentear'.


3) BÚ: não tenho dúvidas de que essa última raiz representa um desenvolvimento bem antigo, talvez não nativo, mas o vozeamento de p > b talvez represente a entrada deste vocábulo em um estágio inicial do Proto-Kariri. Este seria cognato do Proto-Macro-Jê *pũ₂c ‘limpar’, digo cognato e não empréstimo pela falta da vogal nasal da raiz, o processo de desnasalização não é algo comum no Kariri, pois não é visto na raiz hẽ/hem 'madeira', verdadeiramente emprestada do Proto-Macro-Jê *pĩm 'madeira, lenha', assim argumento que esta raiz seja nativa do Kariri, mas caso não, entrou no léxico dessa família quando este povou interagiu pela primeira vez com povos das nações Macro-Jê.



Assim temos BA-KIRI-BU 'pente-pentear-limpar', trazidas separadamente para as línguas Kariri como:


1) Proto-Kariri *ba 'pente':


Dz.: ba

Kp.: bà

Sp.: pá

Km.: pà

Kt.: ba

KX.: bá

Pp.: bá

Dz-Tx.: ba

Kb.: bá


2) Proto-Kariri *kiri 'pentear, desembaraçar, limpar':


Dz.: kiri

Kp.: kirì

Sp.: kirí

Km.: kirì

Kt.: kiri

KX.: kirí

Pp.: kirí

Dz-Tx.: kiri

Kb.: kirí


3) Proto-Kariri *bu 'limpar, varrer':


Dz.: bu

Kp.: bù

Sp.: pú

Km.: pù

Kt.: bu

KX.: bú

Pp.: bú

Dz-Tx.: bu

Kb.: bú




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



domingo, 8 de outubro de 2023

ETIMOLOGIA DE MATEKAÍ

 

O Ritual Ouricuri, chamado pelo povo Kariri-Xocó de Matekaí é traduzido como 'raiz ancestral', no entanto em uma publicação, indica-se que a palavra seria de origem Fulni-ô, no entanto através dessa publicação, não só vamos confirmar seu significa de 'raiz ancestral', como também sua origem totalmente Katuandí.


 Primeiro deve-se esclarecer que, em nenhum dos vocabulários disponíveis da língua Yatê, tomamos notícia de uma palavra matekaí, note que a palavra para raiz dentro desse idioma é hia, isso significa que o significa está errado ? Não, na verdade o significa está absolutamente correto, o que está errado é a origem sugerida, note as seguintes raízes:


mate 'ancestral' é comparável com as seguintes raízes:


Jaqi: AYM apaʧi 

Uru-Chipaya: apiʧu 

Jivaro: apaʧiN 

Arawak: WRA matu, BWN matu-ɨʀɨ, PMGU *-moʧɨ-uko, TRN/KNK imoʃu-ko,

YVT matu-si, IÑP imatu-χɨtiri, LKN mado-koreithi, WPX -imaɗakʰuʐ, ‘sogro’ 

PKC2C *maʧu ‘velho’ (cf. tb.: PKC *maʃa ‘genro’)


Todas indicam para uma reconstrução na forma de *m(b)atɨ ~ *m(b)ate ~ patɨ ~ *pate 'avô, velho, sogro'


kaí 'raiz' é um composto entre ká + í, veja as seguintes palavras:


Boróro: uka 'raiz'

Nadahup: *kob 'raiz'


Cholon-Hibito: ip 'raiz'

Mochika: jep 'raiz'


No Pré-Proto-Katuandí, antes das regras do Sprachbund Nordestino se aplicarem, a palavra teria sido *ka-(j)ip, tornando-se kaí nesta palavra preservada.


Portanto temos mate-kaí 'ancestral-raiz' ou 'raiz ancestral' na ordem portuguêsa.





Autores da matéria: Suã Ari Llusan 



ETIMOLOGIA DE MICÉAGÊ

 

A palavra micéagê, uma das palavras preservadas na memória, significa 'cacique', após uma análise sobre sua estrutura, notamos um padrão nessa palavra:


agê de micé-agê é um mesmo que gin de têrêgin de Antunes (têrêjím no Katuandí) e o mesmo que o jí de ãji 'homem' do Xocó, todas essas raízes significam 'pessoa, humano'.


micé é um composto, descobrimos que essa é a palavra que denota coisas alçadas, isto é, coisas erguidas, levantadas, é o verbo 'erguer, levantar, colocar de pé'. Mí tem o mesmo significado e estrutura que o Mŷ de Semŷmŷ 'guindar-se' do Kipeá, o que nos faz suspeitar de uma origem comum. Cé (sé no Katuandí) é cognato do sé/seh de Sõsé/Sonseh 'Deus', que como discutido em publicações passadas, deriva de uma antiga para que denotar 'estar acima', cognata do Tupi çoçé 'estar acima'.


Portanto temos o composto micé-agê 'erguer-pessoa' ou 'pessoa erguida' ou 'pessoa promovida'. As novas palavras são:


Proto-Katuandí *mi ~ *mɨ 'erguer, levantar':

Xocó: mí

Natú: mí

Wakonã: mí


Proto-Katuandí *misɛ 'erguer, subir, alçar, promover'

Xocó: micé

Natú: micé

Wakonã: missé





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 

A PALAVRA PARA "CAOS" / LÊMASSÔKRÊ I-LÁ "CAOS"

 

Eu e Nhenety decidimos prover uma tradução para um conceito primordial, prévio à criação, o caos, a palavra Katuandí é descrita a partir de três raízes:


1) pám, junto com sua variante pá significam literalmente 'bater', mas dependendo do contexto, também serve para definir o orgão 'coração', a palavra é cognata direta do Kariri pá 'ser morto, bater, caçar'.


2) dzá 'existir' foi discutido na publicação anterior sobre os animais, literalmente significa 'animal de grande porte', mas também é usado para definir uma coisa que os animais fazem, que é 'viver, existir'.


3) krá 'raiva' é uma reconstrução baseada nas correspondências fonéticas do Katuandí com o seu ancestral direto, o Proto-Macro-Jê, essa sendo sua forma monossilábica, que é usada para compostos, a palavra independente completa sendo krayabí.


Assim formando PAN-DZA-KRA (pandzakrá na ortografia Katuandí) 'ira da origem (Pandzá sendo literalmente o coração da existência)'




Autores da matéria: Suã Ari Llusan e Nhenety KX 




A ETIMOLOGIA DE TSHAÁKI'

 

A palavra tshaáki', anotada assim a partir do registro fonético /cáːkìʔ/ 'galinha' é um composto entre duas palavras que formam o temade 'ave, pássaro', essa palavra surge no Xocó, seguindo a lógica deste, tshaá teria surgido de um antigo *ká:


tshaá /cáː/ talvez seja cognato direto da palavra Proto-Macro-Jê *cək 'ave grande'



kí' /kìʔ/ é imediatamente comparável com:

Puinave-Nadahup: *kɨʔih 'pássaro'


As chances são de que o termo tshaáki' tinha o significado inerente de 'ave, pássaro', mas com a introdução da galinha do velho mundo, este termo se especializou e começou a denominar a galinha (Gallus domesticus):


Proto-Katuandí *cəː 'ave, ave grande':

Xocó: tshaá 'ave, galinha'

Natú: sá, ká 'ema, correr'

Wakonã: a-ssá 'ave, pássaro' (+ prefixo de objetos animados a-)


Proto-Katuandí: *kiʔ 'pássaro':

Xocó: kí 'pássaro (genérico)'

Natú: ki-ssám 'voar, subir', lit.: 'pássaro-subir'

Wakonã: ki-mêssu-mú 'peru', lit.: 'passaro-vermelho-pescoço'





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


sábado, 7 de outubro de 2023

ETIMOLOGIA DE MENUSSÍ


MENUSSÍ /mənu'si/ 'vento'


 Esta palavra se relaciona diretamente às várias raízes encontradas na América do Sul que denotam 'vento', 'chuva', 'humidade':


1) me /mə/ significa 'vento' e possivelmente 'nuvem, chuva', correspondendo a estas palavras:


Proto-Pano: *ʧɨma ‘nuvem’

Moseten: tʲiʔmɨ ‘vento’

Proto-Nadahup: *bahut ‘vento’

Proto-Arawá: *ɓahi 'chuva'

Proto-Tupi: *ama ‘chuva’ > ASR amɨn


2) nú significa 'vento', também pode ter relação com raízes que significam 'chuva' e 'humidade':


Arawak: PMOX *nono ‘humidade’ ou PRS/ENN one, TRN/KNK uːne, PMGU *ɨne, WRA unɨ, MWN ũnɨ ̃, BWN hunɨ

Guaicuru: PQOM nonot- ‘vento/chuva’

Boróro: UMU boino ‘chuva’

Besiro: oino ‘granizo’

Takana: PTAK *e-na



3) sí talvez signifique 'vento', sua etimologia está ligada a algumas poucas raízes que significam 'chuva' e 'nuvem':


Cholon-Hibito: CLN tsi

Kandoxi: siːna

Quechua: PKC *ʧirapa ‘chuva leve’

Uru-Chipaya: PUCP *ʧiri ‘nuvem’


Assim temos três raízes separadas que formam o composto menussí


4) Proto-Katuandí *mə 'vento, chuva'

Xocó: má 'vento, nuvem'

Natú: mê 'vento, nuvem'

Wakonã: má 'vento, nuvem'


5) Proto-Katuandí *nu 'vento, chuva'

Xocó: nú 'vento, frio, inverno'

Natú: nú 'vento, frio, inverno'

Wakonã: nú 'vento, frio, inverno'


6) Proto-Katuandí *ci 'vento, nuvem'

Xocó: sí 'vento, nublado, névoa'

Natú: shí 'vento, nublado, névoa'

Wakonã: shí, sí 'vento, nublado, névoa'




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


OUTRA PALAVRA PARA MULHER

 

Após analisar o vocabulário da Wikipédia da língua Xocó, me deparei com dois registros importantes:


mãe de Jesus = kwə́ntópˈə̃̀ atoayˈə

mulher negra = (i)atuayˈa


 Essas duas palavras que se repetem, aqui escritas atôaye, atuayá e yatuayá, carregam consigo o significado inerente de 'mulher, mãe', a palavra que viemos usando para mãe *SÁ* já havia sido emprestada para a língua dos Wakonã e estava sendo conjugada como palavra nativa IÇA-KU-IÇA 'Nossa Senhora', KU- sendo 'nós' e IÇÁ 'mãe, senhora'. Também usamos essa palavra com o propósito de amor familiar, seja fraterno ou paterno ou de qualquer outro membro da família.


 Aqui venho propor que atuayá seja uma palavra Wakonã, o primeiro argumento sendo de que a palavra foi registrada em Palmeira dos Índios, Alagoas, local da pesquisa de Antunes sobre os Wakonã-Kariri-Xukurú. O segundo argumento sendo o registro das palavras de cada um dos povos que compõe os Wa-Ka-Xu:


Portugês: mulher

Xukurú: moéla, moéça, krippó, ókripi, txókó

Kariri: tidzi, tedzi, tibudinna, de, dhe

Fulniô: sá, tyái, de


 Todas as palavras relativas a mulher são fonéticamente distantes de atuayá, demonstrado que sua origem não se encontra em nenhuma das famílias supracitadas, argumento então que a etimologia dessa palavra seja Wakonã, separável como atu-ayá


ATÚ 'esposa, mulher', conectado à:


Arawak: BRE eton 'mulher', WPX ʐɨna 'mulher'

Iranche: atuna 'mulher'

Harakmbet: ɛttũnɛ̃ʔ 'mulher'

Arawa: *atʰuna 'mulher'

Tupi: *atˀɨ ‘esposa’



AYÁ 'mãe, mulher', conectado à:


Barbakoa: aɲa 'mae' (ɲ = nh)

Katukina-Katawixi: aɲa 'mulher'

Nadahup: *ʔãːj, *ʔɯ̃ ːj 'mulher'




Assim temos as palavras nativas:


1) Proto-Katuandí *atu 'esposa, mulher'


Xocó: atú 'esposa, mulher'

Natú: êtú 'esposa, mulher'

Wakonã: atú 'esposa, mulher'



2) Proto-Katuandí *aja 'mãe, mulher'


Xocó: ayá 'mãe, mulher'

Natú: êyê 'mãe, mulher'

Wakonã: ayá 'mãe, mulher'




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


ETIMOLOGIA DE GÔZÊ


 A palavra gôzê no Natú significa 'jacaré', ela é uma das poucas palavras que foi registrada para definir animais na família Katuandí, ela tras consigo duas raízes analisáveis através de seus cognatos distantes:


gô é cognato de:


Nadahup: wɤːʔ ‘jacaré’, ʔɔw ‘lagarto’

Proto-Tupi: waco ~ wacu 'jacaré'

Arawá: wahajari 'jacaretinga'

Katukina-Katawixi: wahajo 'jacaré'


Juntando a sílaba wa destes exemplos com a de i-wa-na 'lagarto' do Proto-Arawak e Proto-Quechua, temos portanto o Proto-Atumun *wa 'lagarto, lagartixa, réptil similar a lagarto'



zê seria equivalente do Xocó tí em rõmpatí 'tatu' e shiãntí 'porco', significando 'animal de porte', como visto aqui:


Arawak: YMN jama ‘cachorro’; YNE jama, PSE jame, KXN ʤama-ri ‘onça’; LPC ʎama

‘anta', WYU iʑama ‘veado’

Iranche: jãma ‘veado’ 

Quechua: PKC *ʎama ‘lhama’


Todos esses exemplos apontam para duas raízes nominais ya-ma que significariam 'animal-animal'



Assim argumento para a etimologia de gôzê como gô-zê 'lagarto-animal.grande'. Como o Katuandí tem o propósito de unificar as línguas dessa família (Natú, Xocó e Wakonã), assim como elementos de línguas historicamente aproximadas e aliadas desses povos (Tupi e Kariri) e por último a conexão estabelecida através dos estudos diacrônicos (Proto-Macro-Jê e Proto-Atumun), estabeleço as seguintes reconstruções baseadas nos padrões fonéticos anotados de cada língua Katuandí:



Proto-Katuandi *ɣə 'lagarto, réptil'

Xocó: gó

Natú: gô

Wakonã: gá


Proto-Katuandí *já 'animal de grande porte'

Xocó: dzá, já

Natú: dzê, zê

Wakonã: dzá, sá


Proposta de fusão de palavras:


*já-ti 'animal-animal' = 'animal (genérico)'

Xocó: dzatí, jatí

Natú: dzêtí, zêtí

Wakonã: dzatí, satí




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


TRADUÇÃO DOS NOMES DAS DIVISÕES DA NAÇÃO KARIRI / SÊLÊNHÁM SINÊNÁM IKANHÁM TÊRÊJÍM KRANKÊ

 

KARIRI (A NAÇÃO EM GERAL)


KARIRI vem de ( KRÁM 'força' e KÊ 'correr, energia, vigor', Krankê (krám 'força, forte' + kê 'vigor') ou 

KRAMPOTÁ (krám 'forte, força' + potá 'desejo, desejar, querer, energia')


DZUBUKUÁ

Nantshôkuanám (nám "água" + tshôkuá "listra, pintar" + nám 'plural') = Dzubukuá


KIPEÁ

Yashiwôrênám (etimologia 1 (Percepção Tupi) onde yashí 'espinho' + wôrê 'caminho' + nám 'plural') = Kipeá 'aqueles do caminho de espinhos do sertão


Kratanám = Kipeá (etimologia 2 (Cognato do Proto-Caribe *akɨpɨ "duro") krá 'pedra' + tá 'duro, rijo' + nám 'plural'): kipe-á 'aqueles que são rijos, fortes'


SAPUYÁ

Sôpankabanám (Etimologia 1 (Percepção Tupi) sô 'olho' + pám 'bater, barulho' + kabá 'sal, salgado' + nám 'plural') = Sapuyá 'olho d'água ou nascente que faz barulho de água salgada.'


Winám (Etimologia 2 (Do Tupi saujá 'roedor', cobaia' wí 'cobaia' + nám 'plural') = Sapuyá 'roedor'



KAMURÚ

Aransimá (aransí 'folha, mato, árvore' + má 'grande') = Kamurú 'folha/mato grande'




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



A ETIMOLOGIA DE MÕTÊRÊGÊ

 

      Segundo Nhenety o termo pelo qual os Cariri de Porto Real do Colégio-AL se denominavam antes da grafia Kariri-Xocó, lembrado pelo pajé Suira (1912-1994), era Cariri Mõtêrêgê, palavra essa que foi analisada através dos vocábulos registrados e reconstruídos como um composto entre um verbo mõ "ir" + têrêgê "povo, nação". Não desconsideramos a possibilidade de empréstimo ou origem comum com o Tupi mun "parente, nação, aliado", fazendo assim com que a palavra signifique mõ-têrêgê "parente-povo" ou "povo que é parente, povo que é aliado", estes resultados etimológicos são frutos de fusões históricas com outros povos, a definição de Katuandí.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


sexta-feira, 6 de outubro de 2023

FAMÍLIA EM KATUANDÍ / ANÁM MÁ KATUANDÍ


1º Grupo: pais e filhos


1) Pai, surô

2) Mãe, safô

3) Filho, kamá

4) filha, kadá


2º) Grupo: avós e netos


5) Avô, natumá

6) Avó, natudá

7) Neto, kramá

8) Neta, kradá


3º Grupo: irmãos


9) Irmão mais velho, tumá (tú 'figura fraterna mais velha' + má 'homem')

10) Irmão mais novo, bimá (bí 'figura fraterna mais nova' + má 'homem')

11) Irmã mais velha, tudá (tú 'figura fraterna mais velha' + dá 'mulher')

12) Irmã mais nova, bidá (bí 'figura fraterna mais nova' + dá 'mulher')


4º Grupo: tios e sobrinhos


13) tio irmão do pai, akôssú

14) tio irmão da mãe, akôssá

15) tia, irmã do pai, akôdassú

16) tia, irmã da mãe, akôdassá

17) filho(a) do irmão do pai, akôssuká

18) filho(a) do irmão da mãe, akôssaká

19) filho(a) da irmã do pai, akôdassuká

20) filho(a) da irmã da mãe, akôdassaká


5º Grupo: primos


21) Primo mais velho, tadsapí tumá

22) Primo mais novo, tadsapí bimá 

23) Prim mais velha, tadsapí tudá 

24) Prima mais nova, tadsapí bidá 


6º Grupo: primos de 2º grau:


21) filho(a) do irmão do pai, bí akôssuká

22) filho(a) do irmão da mãe, bí akôssaká

23) filho(a) da irmã do pai, bí akôdassuká

24) filho(a) da irmã da mãe, bí akôdassaká


7º Grupo: tios-avós e sobrinho de segundo grau


25) Irmão do avô, kukumá natumá

26) Irmão da avó, kukumá natudá

27) Irmã do avô, séssémá natumá

28) Irmã da avó, séssémá natudá

29) Filho do irmão do avô, kukumá natumá kamá

30) Filho do irmão da avó, kukumá natudá kamá

31) Filha do irmão do avô, kukumá natumá kadá

32) Filha do irmão da avó, kukumá natudá kadá

33) Filho da irmã do avô, séssémá natumá kamá

34) Filho da irmã da avó, séssémá natudá kamá

35) Filha da irmã do avô, séssémá natumá kadá

36) Filha da irmã da avó, séssémá natudá kadá




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


quinta-feira, 5 de outubro de 2023

PARTES DO CORPO HUMANO EM KATUANDI / TASSIDÍ INHÁM JÍM MÁ KATUANDÍ


dsi 'cabelo, pelo'


tipia 'cabeça'


bisa 'rosto'


hoi (hoi 'testa, acima') 'testa'


dsisô (dsi 'cabelo' + sô 'olho') 'sobrancelha'


dsihasô (dsi 'cabelo' + hasô 'pálpebra') cílio


hasô (ha 'pele' + sô 'olho') 'pálpebra'


tulhusô (tulhu 'testa' + sô 'olho') 'olho'


nambi 'nariz'


nambikra (nam 'nariz' + kra 'buraco') 'narina'


kraha (kra- 'classificador de coisas redondas, astros e pássaros' + ha 'ouvir') 'orelha, ouvido'


tulhuso (tulhu 'testa' + so 'dente')


abêlê, awêle, avêle (a- 'nominalizador' + bêle/wêle/vêle 'dizer') 'língua'


bêlesa, wêlesa, vêlesa (bêle/wêle/vêle 'falar' + -sa 'nominalizador') 'boca'


habêle, hawêle, havêle (ha 'pele' + bêle/wêle/vêle 'dizer') 'lábio'


krosa (kro- 'sub-, abaixo' + sa 'morder') 'mandíbula'


bisadzé (bisa 'rosto' + dzé 'fio, linha, converger, convergência') 'queixo'


busiti (bu 'pescoço' + si 'osso' + ti 'cabeça') 'pescoço'


bukra' (bu 'pescoço' + kra' 'base') 'ombro'


basiwi (ba 'braço, asa' + si 'osso' + wi 'fazer, trabalhar') 'braço'


badsu (ba 'braço' + dsu 'articulação') 'cotovelo'


hoiba (hoi 'testa, acima' + ba 'braço, asa') 'antebraço'


krasia (kra 'mão' + si 'osso' + a 'pegar, catar, coletar') 'mão'


prekó (pre 'comprido' + kó 'descendente') 'dedo'


haprekó (ha 'pele' + prekó 'dedo') 'unha da mão, unha do pé'


benhan akóma (benham 'carne' + akóma 'grande') 'corpo'


kra' 'torso'


maprudu (ma 'seio' + pru 'inchar' + du 'inchar') 'seio, peito'


mudu 'barriga'


krodzékra (kro 'sub-, abaixo' + dzé 'linha' + kra 'base, quadril') 'cintura'


nhe 'pênis'


menhama (mem 'homem' + nham 'genital' + ma 'testículo') 'testículo'


ayanham (aya 'mãe' + nham 'músculo, orgão') 'vagina'


webamy (we 'ânus' + ba 'parte' + my 'lado') 'nádegas'


we 'ânus'


kra'bam (kra' 'base' + bam 'perna') 'coxa'


bantipiasi (bam 'perna' + tipia 'cabeça' + si 'osso') 'joelho'


bam, wam, vam 'perna'


vêdsu (vê 'pé' + dsu 'articulação') 'calcanhar'


vêsire, wêsire, bêsire (vê/wê/bê 'pé' + si 'osso' + re 'andar') 'pé'




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 








Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


A RECONSTRUÇÃO DA PALAVRA COBRA NO KATUANDI


 Por conta da ausência de registros de uma palavra que signifique 'cobra' nas línguas Katuandi, aqui sugerimos uma reconstrução baseado no estudo comparativo das línguas indígenas do Brasil.


Aqui usamos duas bases, o Proto-Macro-Jê e o Kariri, para esta sugestão será estudado a segunda família linguística mencionada. O Kariri tem wó para 'cobra', seguindos os padrões fonéticos que ocorreram durante a evolução dessas línguas, isso indicaria que esta raiz veio de antigo *(m)ba ~ *ma, evidências pra isso são


Tupi Antigo: mboîa 'cobra'

Arawak: maanki

Pukina: makitu 

Katukina-Katawixi: mapiri 

Harakmbet: mabidiri


Seguindo a estratégia do Natú para formar novas palavras, precisamos de no mínimo três raízes, aplicando as mudanças sonoras do Wakonã, que é a base do Katuandí, *ba ~ *ma resultaria em ba ou ma, ambos os resultados serão adotados, mas para os próximos exemplos usarei ba.


 Os modificadores, como visto na publicação passada, vem antes do modificado, portanto devemos colocar os adjetivos e verbos antes do BA. Aqui se sugere a utilização de PRE 'comprido' junto com SA 'morder':


PRE-SA-BA (Ortograficamente prêssabá) 'comprido-morder-cobra' = 'cobra (genérica)'






Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


SIGNIFICADO DA PALAVRA PRECIKI

 

Mais uma palavra registrada da antiga língua Natú foi preciki, que ao analisar junto com Nhenety, descobrimos que seu tema era relacionado a cabelos lisos e compridos, com essa descoberta também veio a ordem de adjetivos preferida do Natú que iremos reestabelecer


As raízes são PRE-SI-KI (na ortografia registrada Preciki)


PRE é cognato do Proto-Macro-Jê *prêk 'comprido'

SI é cognato do Proto-Tupi *cim ~ *cɨm 'liso, escorregadio' (através das mudanças do Sprachbund Nordestino que de *cim > *ci > si)

KI é cognato do Proto-Macro-Jê *ke 'cabelo, pelo'



portanto PRE-SI-KI 'comprido-liso-cabelo' ou 'cabelo liso e comprido'





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


ETIMOLOGIA DA PALAVRA MÊNSÔ DO NATÚ


 A palavra mênsô, registrada em um vocabulário atualmente perdido significa 'pajé', em busca da revitalização da identidade Katuandi, uma pesquisa foi elaborada para encontrar o significado das raízes que compõem essa palavra


Tem várias raízes na América do Sul que significam 'pajé, xamã' que começam com ba/pa/ma


Boróro: bari

Proto-Ofayé: par

Proto-Karaja: pəri

Piaroa: mæri(-mu)

Hodi: mali(-mo) ‘homem’ 

Proto-Nu-Arawak: mali

Mapudungun: maʧi 


Perceba o Hodi mali(-mo) 'homem', ele indica que o significa original da raiz ba/pa/ma era 'homem', a segunda raiz que modifica -li talvez significasse 'espírito'


Vemos que no Natú existe uma mudança sonora peculiar dele, que é a de A > E, veja por exemplo o SA de saboer do Xocó em comparação ao SE de sêprun do Natú, ambos significam 'ovelha'. Portanto pode-se argumentar que mên seria 'homem'.


 Sobrando apenas sô, cujo através da comparação com as raízes dzo 'curar' do Kariri e juu ‘curar/curandeiro' do Piaroa, pôde-se então reconstruir a palavra anterior como *jô 'curar'. Assim temos portanto mên-sô 'homem da cura, pajé'.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 


ANDSEHIDZETE NANHEANRA DSA BIHE MO WOLIDZE DZUBUKUA / O PRÍNCIPE E O DONO DA CAVERNA PARTE UM NA LÍNGUA DZUBUKUÁ


 Mo katte keñe, umuikeddekli buihotte duddiiholi mobetteku Prañu, doro idsatte krodse Wakonam, wanybihekie anroa mono hanrabuyeloboe wanyedde hikiea diddili no Ñikebuye, doro mohabbeihoku Prañua. Doro ibbe uttua bihe ukie barinanke modzeku Krodso iddeho didziddea, ubbikli ho tekie mo tutte dibbelia doro ippo iddeho dupele dupalia, inneba dupali dadumuikedde weyadseyedde, doro barinam mono anroke idsohoba dhibuye hammui.


 Inedsokie no Krodso idze, hwinakebekli do nedso ande politam nelu, moro doro klikiekli hany idziddea doro muittea ibette do iddhi anrabuye, hwikakli barinanke do boeddo dupalia, katteloboe dadimme hany ubbikie iñaa, dimmepeham dupalia, mepehante mokaku doro kaiko leidse. Dikienne barinanke inneba dupalia, ubbikli piwankie adsia, ibenne hany anroke wankro bo monneku iña mo tupele anrabuye. Hammoboero, do benne molikie dumuikeddeli barinam ihuddaa.


 Hwinakebekiekli Krodso ibeiba do woro, rodde ibannanre ho ne 7 (tulu) yakia mokiku hany hembuppi, do kedze, bo 

wayuidze, doro iboetoddi Krodso immeba: "Aindheddi! Aindheddi!", immekli doihi mohahenku barinam. Mo imme wro, iha homme: "ukipuemondo mono aindhe nelu", wro homme iha iworo 7 diyakilia, anran bukipri krodseba iha:


Danrampali puihawasu

Iwiddeddhui anram Prañu

Idsokie bahe do wrobui 

Pradzodde Dsebuyeddeddhui


 Ipennekli, motto buyedde, iddeho tulu modhidseku diyakilia mono Aramanasua, ipennekli dumuikeddeli mono Dsebuyeddeddhui kedzeba, udedapihatte hoho hany barinanke, Dsebuyeddeddhui doro imme: "boero bihe dibeli, morokie ? Krodso ditammanhemboeroidzeli bo bannahoyaa", barinanke wolidzepemmui mokeddekiekuba doro wanybihe imme: "no mebuyekie, hiwikannu añaidza mo ipatteddi ?", ippo Dsebuyeddeddhui ho tulu hahabuyekliba dibannanreklili aindhea mo leidse, imme dokoho diyakili Dhihewi, bo Dseho mobetteku Ronattea: "hirande Dsebuyeddeddhui, danlan onadse hianra wankie ammi kaya ro ?", iklikie pli le Dsebuyeddeddhui hommeba barinanke: "No moro, awi tuoñe horo awika kaidza nelu".


 immui bihe batti inabitte Krodso dadiwika Dsebuyeddeddhui dupaliaba, mo katte wro, iwikli wanybihekie diwikali kangriidze iddeho uheridze bukuba, dadiwidde idzebuppi Poidze. Doro idsoho mobuiku kuibo Poidze hammui, inaro ideddehehekli idzenea ipatte bo ipatte, dadwapriddho do idzekie ho tulu yakia, mo katte wro do katteloboe ikotto ulekidi, katteloboe ubbikli dumuikeddeli dupali motendonku bo adsea buye idsohoba deñea moadseku, "moronukie plo anro andsehidzete, kohoddi ?" immedsebukli.


 Ne ukie bihe, doro anrabuye modzeyaku, ho mobuppiku doro anranyeddea bidze bulemme mo ippo Krodso, moroba mono ubbi, doro kedde Dsebuyeddeddhui hany diyakilia Poidzeba diwiwoddikotunnuloboeli "doro boetoddi koña", immeddhui motuihoku hudda Prañua hany eriwi hanra budsebu anrabuye, kattekie doro iklikie hany boetoddi koña no buyeidzekie.


 Witane araa bo buiho ñaheddea hany Prañu doro ukaiko idotte hanra nanhe, doro idaddi idzeyatte mo iddhi Krodso Poidze, heriwikli dokoho kattekie inanhe didseho meihokli dokoho kattekie doro natte mo didsohotte, Dsebuyeddeddhui, tulu yakiaba diheridzeliba doro iddoa, dumuikeddeli diyakili kedze didaddia mo wan'a bummui, iwika dokoho Krodso do bui. Mo iyeddette nanhettu, doro mo dseka ihabbeiholoboe Prañua buihotte Prañu, momikeddeku bo dumikeddeli anranyedde iñu mowitanedikeku Dzakruttu dehem, Nanhe Dzakupem. Nanhe Dzakupem doro mehi iddeho immettea dipokieli bo anra: "hamaple bihe hikatte hany onadse, hiñura dimalidzaliaba", Dsebuyeddeddhui mehikeñe ilambitte Dzakupem: "hamaple malidza, morokie nanhe ?", dimalidzaloboeli itua mekakie dammeba, Poidze doro dzeyaidze, kattekie mo dimmedsebutte doro mui medsebu iddotte mo malidza.


Dibarinampali malidza

Umanran dsoho, mono dsoya

Muiddo dzeya do loboe dseho

Wanybihe manran bo Nhinho




Autor da matéria: Suã Ari Llusan