sexta-feira, 20 de maio de 2022

RECONSTRUÇÃO SABUYÁ KAMURÚ


 Lista de reconstrução Sabuyá-Kamurú (Letra B - Parte II)


1) 'montanha, outeiro', Dz.: boedo  Kp.: bendo, reconstruído como *bədo:


Sb: pöto

Km: bonto (registrado por Martius)


2) 'estar escondido' Dz.: boedo  Kp.: bendo, reconstruído como *bədo:


Sb: pöto

Km: bonto 


3) 'jardim, roça' Dz.: boete  Kp.: bechen, reconstruído como *bəce:


Sb: böce

Km: bace


4) 'ou, e' Dz e Kp.: boho, reconstruído como *boɣo:


Sb: pocho

Km: pocho


5) 'varíola' Dz.: bororu ~ buroru, reconstruído como *bVɾoɾu:


Sb: pororu ~ puroru

Km: pororu ~ puroru


6) 'machado' Dz e Kp.: bodzo, reconstruído como *bVdzV:


Sb.: potzo

Km.: potzo


7) 'classificador para casas, flechas, contêineres, espigas de milho, e criaturas vivas com exceção de pássaros" Dz e Kp.: bu-, possivelmente múltiplas raízes homófonas, todas reconstruídas como *bu:


Sb: pu-

Km: pu-


8) 'malvado, ruim, pecado' Dz.: buanga  Kp.: buange, reconstruído como *bu-(w)əŋə:


Sb: puwöngö

Km: puwanga


9) 'urucum', Dz.: bukleke  Kp.: bukrenke, reconstruído como *bu-kɾe ke:


Sb: pukleke

Km: pukreke 


10) 'sepultura' Dz e Kp.: budewo, reconstruído como *budewo:


Sb: putewo

Km: putewo


11) 'logo, sem demora', Dz.: budiro  Kp.: býdiro, reconstruído como *bɨdiɾo:


Sb: putiro

Km: putiro


12) 'fartar-se, sustento' Dz.: buo  Kp.: buho, reconstruído como *buɣo:


Sb: pucho

Km: pucho


13) 'corpo', Dz.: buyewoho  Kp.: buyenwoho, reconstruído como *bujə(w/ɣ)oɣo:


Sb: buyöwago (Registrado por Martius)

Km: boyingniho (Registrado por Martius)


14) 'pé, ir, correr' Dz.: bui  Kp.: bý, reconstruído como *bɨ:


Sb: puy (Registrado por Martius)

Km: boui (Registrado por Martius)


15) 'açoitar' Dz.: buidapri  Kp.: býsapri, reconstruído como *bɨcapɾi:


Sb: pusapri ~ pucapri

Km: pusapri ~ pucapri


16) 'quebrar' Dz.: buidha  Kp.: býsa, reconstruído como *bɨca:


Sb: pusa ~ puca

Km: pusa ~ puca


17) 'parente' Dz.: buiho  Kp.: buyo, reconstruído como *buiɣo


Sb: puicho

Km: puicho


18) 'irmã mais nova' Dz.: buike  Kp.: býke, reconstruído como *bɨcə


Sb: puküe (Registrado por Martius)

Km: puka (Registrado por Martius)


19) 'irmão mais novo'  Dz.: buiran  Kp.: býrae, reconstruído como *bɨɾə


Sb: bule (Registrado por Martius)

Km: buran (Registrado por Martius)


20) 'fornicar', Dz.: buito  Kp.: býto, reconstruído como *bɨto:


Sb: puto

Km: puto


21) 'belo, bonito', Dz.: bukie, bukeke, reconstruído como *ce:


Sb: ce, puce

Km.: ce, puce



Autor da matéria: Ari Loussant


quarta-feira, 18 de maio de 2022

HIPÓTESE 1ª SÍLABA DE SOMBÝ E SONGA


( As palavras SOMBÝ 'pendão do milho' e SONGA 'penas novas' )


         Ari Loussant sempre com muitas dúvidas sobre o morfema /sə̃/ que surge em SONGA, além de seu significado 'penas novas' ser estranho, para ter certeza de que não era algum aspecto da cultura Kariri, Ari dedicou a procurar por todos os lados qualquer cognato dessa palavra. Lembando da existência da palavra SOMBÝ, que significa 'pendão do milho', cujo a segunda raiz BÝ será um tópico que ele irá falar sobre essa semana, mas o mais importante é a primeira sílaba de ambas as palavras.


       Como vocês viram lá em cima, Ari Loussant já tinha uma reconstrução fonológica dessa sílaba, e agora ele  explicando o porquê do schwa. Primeiro de

dizendo que o cognato externo dessa palavra ainda não é uma absoluta certeza, além dessa busca ter jogado uma pilha de hipóteses que derrubam algumas das suas hipóteses antigas no lixo, principalmente quando se refere à palavra para 'cabelo' e como ele irá reconstruir ela, tudo será explicado logo quando ele resumir e simplificar o tópico, voltemos então para os cognatos.


Existem duas proto-línguas cujo possivelmente carregam seu cognato distante, pois na sua reconstrução para essa palavra é *cə 'cabelo, pelo, pena', cognato distante ou do:


Proto-Macro-Jê

*ke 'cabelo, pelo' (esse é o mais duvidoso pois as vogais não, mas não pode descartar a possibilidade da evolução de e > ə)

*jar° 'asa, pena, axila'

*cô 'folha, pelo'


ou


Proto-Tupi

*jaP 'cabelo, pelo, pena'


A evolução é como Ari Loussant já explicou antes, os sons *k e *j do Pré-Proto-Kariri se fundiram em certos casos e se tornaram uma oclusiva palatal surda *c ou uma oclusiva palatal sonora *ɟ, então *ke assim como *jar° e *jaP são candidatos para ser o cognato distante da raiz *cə. Lembrando que só uma raiz aqui é cognata da raiz Kariri, o fato de Ari não ter certeza se deve porque não teria conhecimento ainda da evolução dos sons da língua ancestral das línguas do Brasil (para facilitar, Ari vai chamar de Proto-Brasílico) para a língua Kariri, voltando para esse tópico quando ele tiver mais certeza sobre qual raiz é o cognato verdadeiro de *cə.


SOMBÝ seria o reflexo do Proto-Kariri *cə-pɨ 'cabelo-milho', sabe-se que BÝ significa milho graças as palavras BUCU(PÝ) 'flecha de milho' e NHU(PÝ) 'vinho de milho'


SONGA seria provavelmente reflexo ou do Proto-Kariri *cə-ga ou *cə-ŋa, ambos significam 'pena-pena'.



Autor da matéria: Ari Loussant



sexta-feira, 13 de maio de 2022

MORFEMA PARTES DO CORPO BU

 

( Grupo de Estudos Kariri )


O significado do morfema para partes do corpo *bu* e *umbu*


 Ari Loussant andou pesquisando para descobrir o significado desse morfema desde que descobriu crendo ele que finalmente chegou a uma conclusão sobre o *bü*. Ao checar o Estudo do Proto-Macro-Jê de Andrey Nikulin, lembrou da forma completa da palavra para 'pele, casca' que surge no Kipeá: *buro*.  


 Antigamente Ari não sabia sua função dentro dessa palavra, mas hoje em dia como já havia sido mencionado, o Kariri utilizou de sinônimos ou palavras-chave para distinguir suas raízes monossilábicas, peguemos por exemplo:


kra 'seco

e

kra 'peito'


 Como línguas dessa família não tem tons como o Chinês, é impossível distinguir essas duas palavras monossilábicas sem algo para auxiliar no significado, portanto a estratégia dos Kariri foi usar uma palavra que diferenciasse uma das raízes, nesse caso temos o sufixo -bu 'pele, casca':


kra 'seco'

e

kra-bu 'peito'


 Vemos também no vocabulário deixado por Mamiani que os Kipeá também distinguiam o kra de seco, como vemos na variante crocrà (kro-kra) 'seco' .


Suinamy ( Beth ) outra estudiosa que estar fazendo o Doutorado afirmou:

Excelente,Ari! Então, cró 'pedra' deriva dessa palavra,nesse sentido?


Adriana Korã Viu sobre umbu que significa dádiva?

Umbu, palavra Karirí?


Notas de leitura » Umbu, palavra Karirí?


por Eduardo R. Ribeiro


Nantes, Bernardo de. 1709. Katecismo Indico da lingua Kariris. Lisboa: Officina de Valentim da Costa Deslandes.


Embora as poucas fontes existentes sobre as línguas da família Karirí geralmente careçam de informações lexicais sobre a fauna e a flora, é possível ainda 'garimpar' alguns exemplos interessantes. Um deles é a palavra para 'umbu', que ocorre pelo menos duas vezes no catecismo Dzubukuá de Bernardo de Nantes (1709), grafada sob as formas obbo e obo.

A semelhança com a palavra usada no nosso português é óbvia. Na internet, uma informação bastante repetida é que a palavra brasileira provenha do Tupi Antigo; no artigo da Wikipédia dão, inclusive, uma etimologia (que me soa meio à la Teodoro Sampaio): "y-mb-u, que significava 'árvore-que-dá-de-beber'".

Embora haja vários empréstimos Tupí nas línguas Karirí (Ribeiro 2009), eu duvido que este seja o caso. É mais provável que, por razões ecológicas evidentes, o empréstimo tivesse percorrido a direção inversa. Povo sertanejo, os Karirí é que teriam familiaridade com a planta, emprestando a palavra para os falantes de Tupi; daí, então, a palavra teria chegado ao português. Se for este o caso, seria um exemplo raro de palavra Macro-Jê no léxico nacional.

Publicado originalmente na lista Etnolingüística (http://lista.etnolinguistica.org/3087)


dzubukuá


Eu que na época postei esse texto. Ele se encontra na biblioteca Curt Nimuendajú


Suinamy continua *"Todas as palavra na língua nomeia um ser que está diretamente ligado ao espiritual"* lembrei da sua fala, no sábado!


Ari Loussant Eu lembro de ter visto essa publicação, foi ela quem me fez iniciar a pesquisa sobre a palavra para 'semente, fruto', cujo creio que surge perante a palavra *o*-bo e *a*-ya, ainda estou tentando reconstruir essa raiz, estou procurando por mais exemplos antes de reconstruir como *ə 'semente, fruto', pois semente é sempre a vogal *a* sozinha no Tupi e no Caribe.



Grupo de Estudos Kariri, autores desta matéria: Ari Loussant, Adriana Korã e Beth ( Suinamy ).


segunda-feira, 9 de maio de 2022

ORIGEM DA PALAVRA SABUYÁ


 Adriana Korã Boa noite. Qual origem da palavra Sabuyá? Pq ora aparece Sabuyá ora Sapuyá ?


Ari Loussant respondendo. Sabuyá deriva do Tupí e se refere a um rato silvestre, tem a mesma origem que a palavra cobaia que é uma latinização dessa mesma palavra Tupí.


Adriana Korã . Mas se a língua é diferente.  Os autores descrevem que era uma língua muito diferente das outras que estavam habituados .


Valdhivino diz: Em virtude da influência da língua geral na escrita .


No tupi é identificado essa troca do P pelo B . Vale lembrar que vai se encontra a ligação de Sapuya  com Caranguejo e Kamuru com Pedra Branca . Já cheguei a encontrar a escrita Sabuja .


Cheguei a ler uma vez que Sapuya e Kamuru só se diferenciava na fala .


Adriana Korã continua. Kanghy kayapri! "complexas de von Martius, entre outros. . . ·


Eis o pronunciamnto do dr. Carlos von den Steinen:


"Nelll: , urna tribo me deu mais trabalho que a dos Kiriri, Sabuyas. Apresentam um enigma altamente singular que entretanto não consegui resolver".


Essa preciosa contribuic;ao foi ampliada coro as palavras de Paul Ehrenreich: "os Cariris constituem grupo sem classificacáo".


Enunciada a teoria de que os Kariri não deveriam ser classificados em nenhum dos dois troncos linguísticos.  Eles alegam que não sabem a origem dos Sabujá e que eles apesar do contato com o homem branco,  ainda preservaram parte de sua cultura e costumes que ao meu ver se assemelham aos costumes Pataxó como uso da Patioba e do Cauim, exceto pelo ritual da Jurema descrito por Nimuendajú em 1938.


Os livros mais antigos trazem isso. Eles ( Sabuyá ) não seriam Kamuru , mas pela proximidade acabaram por "apropriar" parte da cultura o que tornou-se um desafio a separação entre os povos.



Autores da matéria: Adriana Korã , Valdivino Kariú e Ari Loussant do Grupo Estudos Kariri



PALAVRA VENTO NO KARIRI

 

*A palavra para vento*



 A palavra vento é uma palavra rara nos registros das línguas Kariri, ela surge no mínimo 2 vezes no Katecismo Indico de Nantes, nenhuma vez no Catecismo de Mamiani (até onde eu vi) e 1 vez no Kamurú registrado por Martius. Hoje decidi trazer minhas hipóteses para reviver essas palavras em cada um dos dialetos.


 Dentro do Dzubukuá a palavra que presumo ser vento é HEWI, surgindo na página 280:


Katecismo Indico:


(...) potthuidzeaba idhu clili, iddeho tidzèboè ; Ibulèba *héwj*


(...) os trovões, rayos, & relampagos seraõ terriveis, os *ventos* vehementissimos


 Esta palavra como podemos ver, surge como um composto de duas palavras he + wi, ambas cujo creio que significam vento, pois essa língua tem um costume de criar compostos de sinônimos para diferenciar raízes monossilábicas umas das outras. 


 1ª) A primeira raíz HE é cognato de SUO do Kamurú, e devido a correspondência de H no Dzubukuá vs S em outro dialeto, foi reconstruído como *cə, essa reconstrução bate diretamente com a palavra do Proto-Jê *kə̂₁k, já que o Kariri tem a tendência de palatalizar o *k para *kʲ e posteriormente *c.


2ª) A raíz WI surge no composto Dzubukuá e ressurge em uma palavra com temática de 'vento' que é WIMA 'abano' no Kipeá, sendo reconstruída como *wi 'vento', já o MA é difícil dizer, porém é possivel que seja cognato distante do Kuikuro amo 'bater' e o Proto-Jê *mbok 'bater'.



Conclusão


 Com essas reconstruções e o conhecimento das peculiaridades de cada dialeto, é fácil reconstruir essas palavras de volta para seus dialetos:


Proto-Kariri *cə, *wi, *cə wi 'vento'


Kipeá: sae, wi, saewi


Sabuyá: sö, wi, söwi 


Kamurú: suo/sa, wi, suowi/sawi (ə > a é resultado mais comum nesse dialeto, por isso existem duas versões: a registrada e a reconstruída)


Dzubukuá: hoe, wi, hoewi (e > oe para representar a vogal corretamente)



Autor da matéria: Ari Loussant



ALFABETO PRÓPRIO KARIRI


A proposta de um alfabeto próprio*





Como sabemos, o alfabeto latino é bem limitado para línguas cujo possuem sons diferentes da língua dos romanos, levando-

nos a ter que criar inúmeras táticas para representar certos sons, eu particularmente utilizei o máximo do alfabeto para criar as ortografias regularizadas para cada dialeto. Com isso dito, eu me dediquei a produzir um alfabeto próprio para as línguas Kariri cujo representam mais fielmente os sons que cada dialeto produz. Graças a ajuda de meu amigo Gabriel, o trabalho que eu previa demorar no mínimo 1 mês foi concluído de maneira muito mais rápida. 
Algumas das letras são derivadas da arte indígena das nações Kariri e Marajoara, enquanto outras foram inspiradas por letras de outros alfabetos já existentes como o latim, grego, armênio e georgiano, sem copiar deles, para trazer um senso maior de identidade para os povos da nação Kariri, aqui está o alfabeto e sua aplicação no artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos:


A = /a/



B = /b/



Sb.: C / Kp.: CH = /t͡ʃ/ ou /c/



D = /d/



DH = /ð/



E = /e/



Sb: Ä / Kp.: É / Dz.: AE = /ɛ/



F = /f/ ou /ɸ/



G = /g/



Sb.: CH / Kp.: GH / Dz.: G = /ɣ/



H = /h/



I = /i/



J = /ɟ/



K = /k/



L = /l/



M = /m/



N = /n/



O = /o/



Sb.: Ö / Kp.: AE / Dz.: OE = /ə/



P = /p/



R = /ɾ/



S = /s/



T = /t/



TS = /t͡s/



U = /u/



Sb.: Ü / Kp.: Ý / Dz.: UI = /ɨ/



W = /w/



SS / SH = /ʃ/ (letra para som estrangeiro, já que o som x não existe nativamente no Kariri)



Y = /j/



DZ = /d͡z/





Nota: Esse alfabeto representa a ortografia Sabuyá e Kamurú, exceto pelo DH que é do Dzubukuá e o DZ que só existe nos dialetos do norte.



 O C tem o mesmo som que tch em tchau



 O DH representa o mesmo som que o th de that no inglês, jamais o th de thought 



 O CH tem o som do g holandês ou o R de rato ou RR de carro nos dialetos nordestinos.



 Ä / É / AE representam o é aberto na ortografia de seus respectivos dialetos.



 Ö / OE / AE representam o schwa na ortografia de seus respectivos dialetos.


Ü / Ý / UI representam o i grosso do Tupi na ortografia de seus respectivos dialetos.



 O SS representa o som x de xícara, para sons estrangeiros de empréstimos.


Existem dois diacríticos nesse alfabeto.

1º) O diacrítico batizado de *name* 'falar nasal, lit.: nariz-dizer' é o símbolo que representa o som nasal nas vogais dessa língua, equivalente do til do português



2º) O diacrítico batizado de *e* 'carga' é o símbolo que representa a sílaba tônica, sua função é similar ao do acento agudo, porém ele não altera a qualidade da vogal como o acento agudo no português, apenas é usado para saber onde está a sílaba tônica.






Texto em Sabuyá 



I sa a tzöcho pa ceti wotzö pö mu wicho watea pö. Iwa a töchen nene nepu pö, ye a pö ta wi püni taicho a.



Texto em Português



Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.




¹ = wo 'como, semelhante' + dze/dzã/tzöh 'verdadeiramente' = 'verdadeiramente semelhante, igual'



² = wi 'ser' + cho 'reflexivo' = 'auto-estima, dignidade'



³ = wa 'haver (possuir)' + te 'nominalizador' + a 'plural' = 'haveres, no sentido de direitos'



⁴ = ne 'claro' + ne 'ver' = 'clara visão, razão'



⁵ = ne 'claro' + pu 'cabaça no sentido de cabeça' = 'clara cabeça, consciência'



⁶ = pü 'irmão (mais novo)' + ni 'espírito, alma' = 'espírito de fraternidade'



Essa é a tradução literal dos neologismos marcados com números .





Autor da matéria: Ari Loussant


A PALAVRA AMIGO NO KARIRI


 ( Grupo de Estudos Kariri )


Adriana Korã nos estudos viu divergência com relação ao termo "Camarada" entre autores. No livro "Através da Bahia" o autor diz que os Karirí-Sapujá não tinham uma palavra para amigo, todavia Baptista e Siqueira (1978) relata que essa palavra significa alguém que não se pode confiar. 


Ari Loussant : Informando não entender  como esses autores chegaram a essas conclusões, mas o termo para 'amigo, camarada' dentro das línguas Kariri é facilmente reconstruído como *dε, aparece no Kamurú como landaeh (homem-amigo, camarada homem) e rendé e dzidé (camarada homem e mulher respectivamente) no Kipeá.


Ari Loussant achou essa hipótese numa visão bem limitada sobre como palavras funcionam, particularmente não conseguindo ver uma diferença semântica tão grande entre essas duas palavras. É totalmente possível que a palavra dé tivesse múltiplas funções, nada impede dela também significar amigo .


Com as demais línguas indígenas, a dos Cariris Sabujás tambem não possuem uma expressão para palavra amigo; em logar desta, apenas podem usar "camarada". Como é isto significativo para o carácter desses homens em geral!


Vejamos o equivalente Dzubukuá *rande* que foi traduzido como amigo, a tradução dependeu mais do autor do que o indígena, o que poderia causar esse tipo de interpretação de que não havia uma palavra para amigo.


Adriana Korã : "A seguir critica a índole do Cariri dizendo que no seu


falar nao existe o termo· amigo. Ora amigo é palavra portuguesa


e nao Cariri. Herendi termo da língua é que pode ser


traduzido como camarada ou "amigo". Destaque-se que


Kamdra significa canto, música.


Von Martius encontrou as tribos de Pedra Branca e Caranguejo


(Sabujá), em plena fase de assimila~ao. Havia; pois,


mais que simples aculturac;óes. O número de caboclos era


considerável, já nesse inicio do século XIX.


Mas basta recorrer ao Katecismo índico da Lingua Kariris


de frei Bernardo de Nantes (pág 152) para verificar que


a palavra Canto tem tradu~áo correta por Kamara.Por outro lado cliziam os indigenas que as mulheres sem


compromisso eram chamadas carnarada-mulher, que se trc


duz por Dzidé como fez o padre Mamiani. Lago o sentido de


"Camarada" nao é o de amigo como nós o entendemos."  (SIQUEIRA, 1978, p.75).


Ari Loussant: No caso da palavra camarada, ela deriva do espanhol e significa "companheiro de câmara" .


Valdhivino Kariú: Tem uma palavra Kariri para companheiro .


Ari Loussant: Kamara como ele disse significa canto, no sentido de cantar, é um composto entre ka e mara, ambos com o mesmo significado de 'canto, cantar' .



Bibliografia:



- Silva da Pirajá e Wolf Paulo ( VON SPIX E VON MARTIUS ): Através da Bahia, Terceira edição, COMPANHIA EDITORA NACIONAL - São Paulo - Rio - Recife - Porto Aleirre . 1938.



- SIQUEIRA, Baptista. Os Cariris do Nordeste. Livraria Editora Cátedra, 351, p. Rio de Janeiro 1978.



Autorias da matéria: Grupo de Estudos Kariri.


PRONOMES KARIRI EVOLUÇÃO


 *Evolução dos pronomes do Kariri*


Pre-Proto-Kariri: i-/wi- '1ª pessoa singular', a-j '2ª pessoa singular', i-/si-/s- '3ª pessoa singular' 


Proto-Kariri: ɣi-, ə-j/ə-c, i-/si- (Ø ou *w> ɣ surgiu como epêntese ou evolução de um possível *w)


Pré-Dzubukuá: ɣi-, ə̃-ɲ(i)/ə̃-n, i-/h-/hi-


Dzubukuá: ɣi-, a-ɲi/o-n, i/h-/hi-


Pré-Kipeá: ɣi-, ə-j/ə-dz, i-/s-/si-


Kipeá: ɣi- e-j/e-dz/a-, i-/s-/si


Nota: Existem alguns problemas com a evolução da segunda pessoa entre o Kipeá e o Dzubukuá, o fato do Dzubukuá ter o som *n no lugar *y ou *dz como no Kipeá implica que a consoante *j ou *c que estavam no meio foi nasalizada antes de poder se transformar em dz, o que implica que a evolução dos *dz não estava completa, é possível que durante a divergência dos dialetos, esse som ainda estava sendo produzido dialetalmente e fundindo-se com outros sons. No momento minha hipótese é de que essa tenha sido a cronologia dessa evolução e o motivo da diferença entre os pronomes da 2ª e 3ª pessoa das línguas Kariri mais conhecidas.


1- Cutia (Dasyprocta leporina): Cayriri e Sabuyá = aguty (empréstimo do Tupi), 


2 - Anu-preto (Crotophaga ani): Cayriri: = tzüllüh, tsilü,  Sabuyá = tillüh 


3 - Arara-piranga (Ara macao): Cayriri = glizzingnieh, glizinje,  Sabuyá = cuissingneh


4 - Mboy (serpens in genere, cobras/serpentes em geral): Cayriri e Sabuyá = ujatschih, uatschüh


5 - Cascavel/Boicininga (Crotalus durissus): Cayriri = nuana, niangih,  Sabuyá = niuangnih


6 - Cavalo (Equus ferus caballus): Cayriri e Sabuyá =  cabaru (empréstimo do Tupi)


7 - Caninana (Spilotes pullatus): Cayriri = cainana,  Sabuyá: ucanina (Empréstimo do Tupi)


8 - Carcará (Caracara plancus): Cayriri e Sabuyá: cuiboh


9 - Caxinguelê (Sciurus aestuans): Cayriri = bo-in(V)crabubu, bonecrapüpüh,  Sabuyá: buenicra bubuh


10 - Pássaro (avis in genere, aves em geral): Cayriri = gribobi , kigropi  Sabuyá: burritzuh


11 - Anta (Tapirus terrestris): Cayriri  = glasaizang,  Sabuyá: casitseh


12 - Jacaré (Crocodilus sclerops, provavelmente Jacaretinga): Cayriri e Sabuyá: jacalüh (empréstimo do Tupi)


13 - Jacu (Penelope marail, especificamente o Jacumirim): Cayriri e Sabuyá = aká


OdN e OdM: idem


14 - Jaguar (Panthera onca): Sabuyá = emmö


15 - Jararaca (Bothrops) = Cayriri = ujatschi-bujeng,  Sabuyá = djatschi-bujeh (lit.: cobra-Classificador-grande)


16 - Macaco (simia): Cayriri = zuiccuh,  Sabuyá = tzicuh


17 - Mutum (Martius diz ser do gênero Crax, não especifica qual): Cayriri e Sabuyá = mutúh (empréstimo do Tupi)


18 - Paca (Cuniculus paca) Cayriri e Sabuyá = paca (empréstimo do Tupi)


19 - Paraguá (ave Psittacus, da família das araras e papagaios): Cayriri = rauoh,  Sabuyá: wrooh


Nota: o w do Sabuyá é quase ilegível 


20 - Pomba-amargosa (Columba plumbea): Cayriri = mutuggizoh  Sabuyá = mutigitseh


21 - Lagarto e Teiú (Tropidurus torquatus e Tupinambis sem especificar qual): Cayriri = cará   Sabuyá: kgarah


22 - Tucano (Ramphastidae sem especificar qual): Cayriri = gonha, gonieng  Sabuyá = bauoh


Essa é uma lista que compilei das palavras para animais que Martius anotou para os dialetos Kamurú e Sabuyá, faltam alguns que eu adicionei depois, vou procurá-los agora .


banini/boaningnih para coelho ou mocó (também existe no Dzubukuá como bani), bukan para cervo ou veado (existe no Kipeá como buke) e mutze para peixe (o mesmo que mýdze/muidze para o Kipeá e Dzubukuá) .



Autor da matéria: Ari Loussant



COGNATO KARIRI PARA CABEÇA

 

*Cognato externo da palavra para cabeça*


 Ari Loussant já tinha enviado

recentemente sua hipótese sobre a palavra bu que surge como um sufixo em palavras referentes ao corpo humano, também sabemos agora que é uma estrutura opcional, mas o que me interessou mais naquele dia foi saber a etimologia da palavra para cabeça, que é tsebu no Dzubukuá, tsambu no Kipeá, tzabu no Sabuyá e tzambu ou zam no Kamurú.


 Antigamente Ari pensava que era uma metáfora que substituiu um termo anterior, sendo composto por tsə 'pessoa' + bu 'cabaça'. Hoje sabemos que esse não é o caso e que o termo é extremamente direto, tsə por si só significa 'cabeça', já -bu é o sufixo para partes do corpo humano. Estive tentando conectar este termo com de outras línguas e creio que encontrei seus cognatos externos:


Proto-Boróro: *aĵô 'cabeça, cabelo'


E possivelmente conectado distantemente ou com


Proto-Tupí: *j-aP 'cabelo'


Ou


Proto-Tupí: *ʔa 'cabeça'



Autor da matéria: Ari Loussant



ASPECTOS DAS LÍNGUAS KARIRI


 *GRAMÁTICA*


Essa é uma lista pequena de palavras básicas referentes aos aspectos de uma língua, que logo Ari Loussant irá  produzir algo mais detalhado:


*Kipeá*


umè wì = "verbo, lit.: palavra de fazer/ação"


umè tì = "adjetivo, lit.: palavra de botar/aplicar"


umè dzè = "substantivo, lit.: palavra de nome"


wàku mè  = "advérbio, lit.: palavra secundária"


umè bù = "classificador, lit.: palavra de bu (classificador genérico)"



*Dzubukuá*


ume wi = "verbo, lit.: palavra de fazer/ação"


ume ti = "adjetivo, lit.: palavra de botar/aplicar"


ume dze = "substantivo, lit.: palavra de nome"


wiyu₁ me = "advérbio, lit.: palavra secundária"


ume bu = "classificador, lit.: palavra de bu (classificador genérico)"



*Sabuyá*


u me wi = "verbo, lit.: palavra de fazer/ação"


u me tti = "adjetivo, lit.: palavra de botar/aplicar"


u me tze = "substantivo, lit.: palavra de nome"


ttiyu₁ me = "advérbio, lit.: palavra secundária"


u me pu = "classificador, lit.: palavra de bu (classificador genérico)"


₁ = -yu = 'sufixo que denota característica' derivado da fusão entre o prefixo relativo y- e o prefixo genitivo u-, colocados no final para mudar o sentido, exemplo:


u dzi 'árvore de/do/da'


dzi u 'da árvore'



Autor da matéria: Ari Loussant



PALAVRAS SABUYÁ KAMURU


Lista de reconstrução Sabuyá-Kamurú (Letra A-B - Parte I)


A:


1) 'apressar-se', Dz.: h-ambule  Kp.: aembure, reconstruído como *ə buɾe


Sabuyá: ö pule


Kamurú: a puri


2) 'folha', Kp.: aerã, reconstruído como *əɾa:


Sb.: ora (registrado por Martius)


Km.: ara


3) 'por culpa, por causa' Dz.: h-ameple  Kp.: amepre, reconstruído como *ameple:


Sb.: ameple


Km.: amipri


4) 'tia', Dz e Kp.: anha, nha, reconstruído como *(a)ɲa:


Sb.: anya, nya


Km.: anya, nya


5) Correção: 'casa' Dz.: era, anra  Kp.: era, reconstruído como *ə-ɾa ~ *ə:


Sb.: öra, ö


Km.: ara, a


B:


1) 'estar, viver, morar' (to dwell), Dz e Kp.: ba, reconstruído como *ba:


Sb: pa


Km: pa


2) 'instrumento de boca' Dz e Kp.: bada, reconstruído como *bada:


Sb: pata


Km: pata


3) 'mocó, tapiti, coelho', Dz.: bani, reconstruído como *bani(ni):


Sb: pani


Km: banini (registrado por Martius)


4) 'temer', Dz.: bananre  Kp.: banare, reconstruído como *banaɾe:


Sb: panare


Km.: panari


5) 'estar deitado', Dz e Kp.: bapi, reconstruído como *bapi:


Sb: pappü


Km: pappi


6) 'começo, começar', Dz.: banran  Kp.: baerae, reconstruído como *bəɾə:


Sb: pörö


Km.: para


6) 'Badzé, deus do fumo Kariri' e 'fumo', Dz e Kp.: badze, reconstruído como *badze:


Sb.: patze, Patze


Km.: patzi, Patzi


7) 'prefixo classificador de morros, pratos, assentos, testas etc', Dz e Kp.: be-, reconstruído como *be-:


Sb.: pe-


Km.: pi-


8) 'colher, trazer' Dz.: be  Kp.: ubo 'frutos colhidos verdes para amadurar' reconstruído como *bə:


Sb.: pö


Km.: pa


9) 'orelha', Dz e Kp.: benhe, reconstruído como *beɲe:


Sb.: penye (registrado por Martius)


Km.: benye, benyeng (registrado por Martius)


10) 'marcar, sinalizar' Dz e Kp.: benhe, reconstruído como *beɲe:


Sb.: penye


Km.: penye


11) 'espantado' Dz.: bepli  Kp.: beipri, reconstruído como *bepli:


Sb.: peblü


Km.: peprü


12) 'por', Dz e Kp.: bete, reconstruído como *bete:


Sb.: pete


Km.: pete


13) 'pajé, feiticeiro', Dz e Kp.: bidzamu, reconstruído como *bidzəmu:


Sb.: bitzomu


Km.: bitzamu


14) 'ter nojo, ter pavor', Dz.: bidzecrada  Kp.: bidzocrada, reconstruído como *bidzəkɾada:


Sb.: bitzokrata


Km.: bitzakrata


15) 'olhar pasmado, irreverente', Dz.: bidzera  Kp.: bidzora, reconstruído como *bidzəɾa:


Sb.: bitzora


Km.: bitzara


16) 'pessoa', Dz.: bidzoho, reconstruído como bi(dzə)ɣo:


Sb.: bicho


Km.: bicho (registrado por Martius)


17) 'de, por', Dz e Kp.: bo, reconstruído *bo:


Sb.: po


Km.: po


18) 'braço', Dz e Kp.: bo(ro), reconstruído como *bo(ɾo):


Sb.: po


Km.: po


19) 'subir', Dz.: boe  Kp.: bae, reconstruído como *bə:


Sb.: pö


Km.: pa


20) 'tísica', Dz.: boecla ~ baecra, reconstruído como *bəkla ~ bəkɾa:


Sb.: pökla


Km.: pakla



Autor da matéria: Ari Loussant 



O NOVO E VELHO NO KARIRI

 

( Estudos Kariri Ari Loussant )



*Sugestões para as palavras velho e novo*


 Existem duas palavras dentro dessas línguas cujo facilmente podem ter a função de velho, uma da qual já é muito provavelmente a palavra para velho, porém eu decidi criar sinônimos para poder aumento a lista de palavras dessas línguas, portanto vamos direto ao ponto:


RU: Essa palavra surge em dois contextos: rute 'mulher velha' e como o sufixo -ru que denota *costume*, portanto kotiru 'ladrão que costuma furtar' seria literalmente 'roubar-velho', portanto ru é reconstruído como *ru 'velho'.


TO: Essa deriva da palavra Kariri para 'avô', a conexão semântica entre 'velho' e 'avô' é extremamente óbvia, portanto creio que não há necessidade de explicar como essa palavra pode ter uma função similar à palavra mencionada acima, por exemplo: rubate e tobate significariam 'moradia/casa velha'.


Indo para a palavra para novo:


ORA / ERÃ ~ AERÃ / ARA: Para as palavras ERÃ e AERÃ do Kipeá, apesar de Mamiani ter separado essa palavra em duas, elas claramente estão conectadas e significam 'folha, verde, amarelo', as cores derivam dos estágios de vida de uma folha. Para explicar o porquê da utilização dessa palavra para 'novo, jovem', basta olhar para a utilização de verde em outras línguas como o Inglês, Húngaro, Alemão e etc... Cujo sempre usam essa palavra no sentido figurado para se referir a algo 'novo, imaturo, inexperiente' por associação a essa cor com frutos não amadurecidos, portanto segui essa mesma lógica e estendi o significado dela para 'novo, jovem, imaturo', um exemplo seria orapatte / arapatti / erãbate / arabate, significando 'moradia/casa nova'


Nota: ORA deriva do Sabuyá, já ARA é uma reconstrução desta palavra para os dialetos Dzubukuá e Kamurú, já que nenhum dos dois teve essa palavra registrada.


*A palavra real para casa é monossilábica*


 Boa tarde à todos, como o título desse post implica, eu estive estudando sobre o significado de erá/anra 'casa', hoje percebi que essa palavra se conecta diretamente à ambu 'tocaia (uma espécie de casa rústica pequena usada como armadilha)', percebi que ambas carregam uma vogal inicial, cujo reconstruo baseado no fato de que aparece como "e" e "an" como *ə 'casa'.


 A reconstrução bate diretamente com seu possível cognato distante no Proto-Tupi *əK 'casa', cujo deu origem à nossa palavra oca.



Autor : Ari Loussant



A PALAVRA KIE NO KARIRI


 ( Grupo de Estudos da Língua Kariri )



*A palavra /kie/ a vogal /e/ só surge no Dzubukuá, no Kipeá ela vira /a/ e no Sabuyá /o/, isso quer dizer a palavra/ kie/ não significa *não* ,semanticamente não faz muito sentido ter uma negação na palavra. Como diz nosso parente Valdhivino "no Dzubukuá tem dois sufixo para não". 


Ari Loussant concordando sim, esse fenômeno é a reduplicação, ele ocorre em várias línguas do mundo com propósitos diferentes, mas normalmente serve para ênfase ou pluralização. munhaquiekie icangrite dihoholi kuboa = 'saõ fermosos *mancebos*, muy differentes de nòs' .


 Segundo Valdhivino no Dzubukuá tem dois sufixo para não -kie e -di . Ari Loussant menciona que é nessa frase -kie e -di que surge a reduplicação com o propósito de pluralização.


Segundo Valdhivino no catecismo Nantes chama a atenção para distanciamento do Dzubukuá e do Kipeá. 


O Dzubukuá tem um padrão 


V - O - S ou V - S - O


V - Verbo


O - Objeto


S - Sujeito 


O Kipeá a formação das fases é muito próximo do padrão que a parente Idiane vem utilizando .


Veja a frase:


Morè  sitè caraì do hipadzu 


Logo vem o branco meu amo


Morè  -  logo


Sitè - veio , vem


Caraì  - homem branco 


Do - preposição  (o)


Hipadzu - meu pai, aqui meu amo, senhor


Na opinião de Ari Loussant : Mamiani explicou que algumas preposições vem antes dos verbos no catecismo e parece que a maioria das frases também seguem o padrão Verbo inicial .


Valdhivino destacando que pode ser um requisito da Proto língua, esse padrão .


Ari Loussant concordando, já que o padrão existe em duas línguas, isso implica que ele surgiu no proto-Kariri, e tal regra se aplicaria ao outros dialetos que temos poucos registros como o Sabuyá, Kamurú e Katembri,  sugerindo uma mudança na nomenclatura da língua. 


os indígenas das nações Kariris se chamavam de Nhihó/Niho como vemos no texto que Mamiani fala sobre os indígenas da Natuba .


Valdhivino diz que Katembri (Atualmente os Kiriri) têm dois dialetos .


Já Nantes denomina Chuminis .


Ari Loussant diz que o termo Niho também surge nos dialetos Sabuyá e Kamurú, o que implica que esse era o etnônimo destas nações .


Valdhivino informa que tem muitos grupos, um exemplo NATUBA PODE VIM DE Natu. O povo Natu na lista de palavras se relaciona com o Xokó . Na lista da língua Natu, creio que o que registraram ali era uma língua diferente, apenas duas palavras batem com o Kariri (krazó e bazé), o resto, até mesmo as palavras mais básicas como fogo são de outras línguas .


Ari Loussant conseguiu separar os do catecismo, eles estão escritos com a ortografia de Mamiani quando há excessos como um h no final da palavra ou trígrafos e quadrígrafos como tsch e sch, percebe-se que é do dialeto Kamurú . ali temos colus - poponghi, que é claramente de Mamiani, por causa do gh italiano .




Autores: Grupo de Estudos Kariri, Ari e Valdhivino




ORIGEM KARIRI NA PALAVRA MOÇO

 *a origem da palavra moço*



( Estudos Ari Loussant )


 A conexão entre a palavra Dzubukuá munhakie 'moço, mancebo, soldado', mýnhekia 'moço' do Kipeá e miukoh 'criança' do Sabuyá, há um tempo Ari Loussant vem querendo saber o significado de todas as raízes dessa palavra e percebendo que munha/mýnhe e mu estão conectados aos adjetivos mu, munete 'curto' do Kipeá e distantemente conectadas às palavras do Proto-Caribe *mure, moni e imeri, todas com o significado de 'pequeno, criança'.


 O significado literal de kie/kia/ko no entanto ainda não está óbvio, não encontrando ainda outra palavra que repita essa raiz ou um cognato externo no Caribe, Boróro ou Jê. O máximo que se sabe é que ela carregava o significado da palavra, pois o Dzubukuá reduplicou o kie para indicar o plural (munhakiekie), Ari Loussant publicará  outra hipótese para essa palavra em outro momento.



Autor: Ari Loussant




RECONSTRUÇÃO VOCABULAR SABUYÁ E KAMURU

 ( Estudos de Ari Loussant )



Reconstrução do vocabulário básico para o Sabuyá e Kamurú


Ari Loussant trouxe este texto com o propósito de iniciar a retomada destas duas línguas, cujo o vocabulário é muitas vezes menor do que seus irmãos do norte (Dzubukuá e Kipeá), portanto na reconstrução das palavras do norte para o Proto-Kariri ele aplicou a fonética do Sabuyá e Kamurú nelas, aqui está o resultado:


1ª Lista (letra A) Fonte primária: Matériaux pour Servir a l'Établissement d'une Grammaire Comparée des Dialectes de la Famille Kariri


1) 'sufixo plural', Dz.: -a; Kp.: -a, reconstruído como *a:


Sabuyá: a (ex.: pathe 'casa' > pathe a 'casas')


Kamurú: a (ex.: krü 'mangaba' > krü a 'mangabas')


2) 'prefixo de objetos animados' Dz.: ande 'quem', aindhe 'animal', anli 'aquele', anro 'este'   Kp.: adje, adje, eri, ero, reconstruídos como *ə-, *ə-ɟe, *ə-li, *ə-ɾo:


Sb.: ö-, öge 'quem, animal', öli 'aquele', öru 'este'


Km.: a-, age 'quem, animal', ali 'aquele', aru 'este'


3) 'pagamento, julgamento, punição, recompensa', Dz.: h-abe,  Kp.: am-be, reconstrúido como *a-be:


Sb.: a-be


Km.: a-bi


4) 'com, após', Dz.: aboho  Kp.: emboho, woboho, reconstruído como *(w-)əboɣo:


Sb.: öbucho, wöbucho


Km.: abucho, wabucho


5) 'chorar, gritar(?)', Dz.: akui 'chorar'  Kp.: enke 'chorar', reconstruído como *əkə


Sb.: öku


Km.: aku


6) 'para, a' Dz.: ai, ãy, ei  Kp.: ai, ei, reconstruídos como *aj ~ *əj ~ *ej:


Sb.: ay, öy, ey


Km.: ay, öy, ey


7) 'animal, gado', Dz.: aki  Kp.: enki, reconstruído como *əki:


Sb.: öki, ögi


Km.: aki, agi


8) 'doença', Dz.: alidza, alidze  Kp.: ridzã, reconstruído como *(ə)lid͡zə:


Sb.: litzö, ölitzö


Km.: litza, alitza


9) 'canção, cantar', Dz e Kp.: amara, mara, kamara, reconstruído como *(ə)maɾa:


Sb.: mara, ömara


Km.: mara, amara


10) 'comida', Dz e Kp.: ami, reconstruído como *ami


Sb.: ami


Km.: ami


11) 'mão', Dz.: amoedha, moedha, Kp.: amýsã, mýsã, misã, reconstruído como *mɨcə:


Sb.: musö, ömusö


Km.: musang, amusang


12) 'a, para', Dz.: amui  Kp.: amý, reconstruído como *əmɨ:


Sb.: ömü


Km.: amü


13) 'querer, desejar', Dz.: ana  Kp.: s-aerae, reconstruído como *ənə:


Sb.: ana


Km.: ana


14) 'honrar, respeitar, ter vergonha' Dz.: h-anakle  Kp.: arankre, reconstruído como *ənəkle:


Sb.: onokle


Km.: anakli


15) 'alma, espírito' Dz e Kp.: anhi, reconstruído como *əɲi:


Sb.: ani, ni


Km.: ani, ni


16) 'causar dó, ter compaixão' Dz.: anhikiengi  Kp.: nhikiengi, reconstruído como *əɲikẽŋi:


Sb.: anicengi


Km.: anicingi


17) 'casa' Dz.: era, anra  Kp.: era, reconstruído como *əɾa:


Sb.: öra


Km.: ara


18) 'homem' Dz.: anran, anra  Kp.: erae, rã, ren, reconstruídos como *ɾə:


Sb.: le


Km.: rang


19) 'céu', Dz.: aranke  Kp.: arakie, reconstruído como *əɾəke:


Sb.: arace


Km.: arangce


20) 'pessoa', Dz.: atse  Kp.: atsã, etsã, reconstruído como *(ə)t͡sə:


Sb.: atzö, tzö


Km.: atza, tza


21) 'mandacaru (cacto)', Dz.: aya, reconstruído como *ə-ja:


Sb.: öya


Km.: aya


A reconstrução do ge de öge/age é baseada na explicação de Mamiani que diz que algumas palavras são pronúncias com um d fraco que quase não se percebe, ele deu o exemplo da palavra mãe *dé*, cujo o resultado da consoante fraca nas línguas Kamurú e Sabuyá foi gäh/kgaeh, portanto todas as palavras com d fraco serão reconstruídas nesses dialetos com o som g.


Padronizando as consoantes aspiradas e a fricativa palatoalveolar surda com consoantes duplicadas, portanto ao invés de pathe 'casa, moradia' será patte, tt ao invés de th, pp ao invés de ph, kk ao invés de kh e ss ao invés de sy. Isso foi uma alteração estética para igualar a escrita das duas línguas.


Essa alteração não afeta o Dzubukuá e o Kipeá.



Autor da matéria: Ari Loussant



SUFIXO E SAUDAÇÕES KARIRI

 ( Estudo de Ari Loussant )



*bu como um sufixo para partes do corpo*


 Olá pessoal, Ari encontrou algo interessante enquanto estava produzindo uma lista para anatomia humana, algumas palavras para o corpo humano aparecem com o sufixo bu nelas:


krabu = peito


wãybu = perna


tçambu/tsebu/tzambu/zabuh = cabeça


 Ari notou também que ele parece ser opcional, duas dessas palavras surgiram sem esse sufixo:


1ª) wãybu (wanybu) do Dzubukuá surge como wõ no Kipeá, sem o bu sufixado.


2ª) tçambu/tsebu/zabuh/tzambu surgem no Kipeá, Dzubukuá, Sabuyá e Kamurú respectivamente, mas o Kamurú tem zam como sua variante.


 Também descobriu recentemente um cognato externo de krabu 'peito' dentro das línguas Jê: *krat 'base, quadril', o que implica que o bu também é parte de uma estrutura opcional em krabu, sendo a raíz real para 'peito, base' somente o kra.


 O significado de bu ainda não lhe está óbvio, sabemos que existem dois, o bu₁ de 'cabaça' e o bu₂ de 'espiga', ambos são homófonos, mas não tem relação semântica alguma um com o outro. Segundo Ari é totalmente possível que estejamos vendo outro bu, já que se olharmos para a regra de Mamiani para os classificadores, bu serve para “casas, flechas, contêineres, espigas de milho, e criaturas vivas com exceção de pássaros”, vejam que 'flechas' e 'espigas de milho' caem no bu₂ de 'espiga', já 'contêineres' semanticamente caem no bu₁ de 'cabaça', restando apenas 'casas' e 'criaturas vivas', cujo possivelmente eram carregadas pelos hipotéticos *bu₃ e *bu₄, sendo possível que o *bu₄ 'algo relacionado à criaturas vivas' seja quem aparece como um sufixo nas partes do corpo.


Saudações nas línguas Kariri


Aqui está uma lista de sugestões baseadas na divisão de tempo que Ari enviou há alguns dias atrás:


1ª) Bom dia (manhã)


Dzubukuá.: kangri kieha


Kipeá.: kangi chesá


Sabuyá.: kangli cesa


Kamurú.: kangli cisa


2ª) Boa tarde


Dz.: kangri kiedhi


Kp.: kangi chesí


Sb.: kangli cesi


Km.: kangli cisi


3ª) Boa noite


Dz.: kangri kaya ou kangri koe


Kp.: kangi kayá ou kangri kae


Sb.: kangli khaya ou kangli khö


Km.: kangli khaya ou kangli kha



Autor da matéria: Ari Loussant



VERBO TACUIHILLÖ  'IR' E TACUINIHUH  'DORMIR' 


( Estudo de Ari Loussant )



Os verbos Tacuihillöh 'ir' e Tacuinihuh 'dormir'


 Bom dia pessoal, hoje decidi trazer minha hipótese referente à dois verbos encontrados na lista de vocábulos do Sabuyá, estes dois surgem com duas sílabas iniciais idênticas, o que para mim indica que eles estavam conjugados. Retirando as partes menos importantes de ambas as palavras nos sobram o que parecem ser as raízes verdadeiras dos verbos:


tacuinihuh > ta cu-ini


tacuihillöh > ta cu-(w)i


 A forma que esses verbos tomaram se parecem com o imperativo na primeira pessoa do plural, portanto:


ta cu-ini = durmamos!


ta cu-(w)i = vamos!


Veja o Dzubukuá por exemplo:


Docudzêyabûye idommoadi "Voltemos para nossas casas com corações magoados das dores", lit.: "estejamos muito tristes nelas (as casas)"


Dokucaa do uddhe ilambwiquie me hemwj "Amemos ao que é do Céu"


As partes retiradas (-huh e -hi) muito provavelmente são variantes do sufixo epistêmico que encontramos no Dzubukua (-hi) e no Kipeá (-hý), é difícil no entanto explicar o -llöh, cujo é possivelmente uma variante dialetal do sufixo do passado recente -li ou outro sufixo desconhecido.


1ª Lista


Olá pessoal!


 Hoje decidi enviar minhas sugestões para objetos do dia a dia normalmente presentes dentro de uma casa:


1) Mesa


1.1) Palavras nativas:


a) Kp.: subýdzi / Dz.: mabuidzi / Sb.: chopützi  (literalmente: quatro-pé-madeira ou madeira que tem quatro pés)


b) Kp e Dz.: pedzi / Sb.: phatzi  (lit.: pisar-madeira com o sentido de madeira pisada/achatada)


c) Kp e Dz.: dote / tothe (lit.: comer-nmlz ou lugar de comer)


1.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: rundýpý / Dz.: runduipui / Sb.: rundüpü (literalmente: quatro-pé-madeira ou madeira que tem quatro pés, neologismo do Tupi *irundypy*)


b) Kp, Dz e Sb.: wirapewa (literalmente madeira-chata, neologismo do Tupi *ybyrapeba*)


c) Kp, Dz e Sb.: kruawa (derivado do Tupi *caruaba*)


2) Cadeira


2.1) Palavras nativas:


a) Kp e Dz.: didzi / Sb.: titzi (lit.: estar posto-madeira ou madeira de estar posto, derivado da raíz di de dadi 'estar assentado, lit.: chão-estar posto' que  também aparece em dedi 'cerca de paus' e badi 'estar colado', reconstruído como *di 'estar posto, colocado, firmado')


2.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Dz.: puika / Sb.: püka (derivado do Tupi *apycaba*)


Nota: O Kipeá já possui esse empréstimo do Tupi.


3) Cama


3.1) Palavras nativas:


a) Kp e Dz.: nute / Sb.: nuthe ~ nithe (lit.: dormir-nominalizador ou coisa/lugar de dormir)


Nota¹: A raiz *nu* do Sabuyá é um empréstimo dos dialetos do norte, a raiz *ni* foi retirada do verbo dormir anotado por Martius:  *tacuinihuh*, retirei o ni baseado na raiz de dormir dos dialetos do norte, interpretando ini como a raiz herdada pelo Sabuyá, minha hipótese virá em um texto separado.


b) Kp e Dz.: bapite / Sb.: paphithe (lit.: estar deitado-nmlz ou coisa/lugar de estar deitado)


3.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp e Sb.: kesawa / Dz.: kedhawa (derivado do Tupi *quessaba*)


4) Porta


4.1) Palavras nativas:


a) Kp e Dz.: dote / Sb.: tothe (lit.: entrar-nmlz ou coisa de entrar, entrada)


4.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: ken / Dz.: kem / Sb.: keng (derivado do Tupi *oquen*)


5) Teto, Telhado, Cobertura


5.1) Palavras nativas:


a) Kp.: yedite / Dz.: hedite / Sb.: getithe (lit.: cima-estar posto-nmlz ou coisa que está posta em cima, cobertura, teto, telhado)


5.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: asodzawa / Dz.: adhodzawa ~ ahodzawa / Sb.: asotzawa (derivado do Tupi *assojaba*)


6) Janela


6.1) Palavras nativas:


a) Kp e Dz.: po / Sb.: pho (derivado do substantivo po/pho 'olho', no sentido de ipo erá/ipo anra/ipho öra 'olho da casa')


6.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp e Sb.: sa / Dz.: dha ~ ha (derivado do Tupi *essá*)


*A função do sufixo -li/-ri*


Boa tarde.


 Hoje dediquei o dia para ler inúmeros pdfs referentes à família mais próxima do Kariri, a Caribe, para chegar à uma conclusão sobre o sufixo -li/-ri que surge em respostas e o que exatamente era sua função.


 Se olharmos apenas de maneira superficial, acharemos esse sufixo apenas em respostas à perguntas feitas em uma frase anterior ao repetir o verbo, um exemplo disso é:


Dzubukuá:


P: widde quedde nhinho ? (wide kede nhinho ?)  =  Que cousa he Deos ? (Que coisa é Deus ?)


R: widdeli ipadzu icrodcete do ducate vohôye. (wideli ipadzu ikrotsete do dukate wohoye)  =  He Senhor poderoso para fazer tudo o que quizer. (É senhor poderoso para fazer tudo o que quiser).


 Portanto podemos presumir que sua função é limitada apenas para perguntas do tipo sim/não, correto ? Errado, dentro do catecismo de Nantes, dois vocábulos escapam deste padrão repetitivo e demonstram a função real deste sufixo:


Katecismo Indico, pág 200 e 201 (234 e 235 do pdf)


Do uro *muiquedeli* túpam do Itiddadde dzocrôyeidze mo radda... = Para isto *mandou* pela grande continuação das chuvas hum diluvio de agoas...


Katecismo Indico, pág. 342 e 342 (376 e 377 do pdf)


*Hohodeli* anli hammi aranque bo hammi mo radda. = Este manjar do Ceo *he muito differente* do da terra.


 Como podem ver, o sufixo demonstra a função de evidencialidade, ou seja serve para dizer que algo "é X" ou "isto é Y", um sufixo com função quase idêntica também aparece na família Caribe:


Kuíkuro, marcado como sufixo pontual (pnct) no Ergativity in Amazonia de Spike Gildea:


u-te-lü


1-go-pnct


'I go/went’


'Eu vou/fui'


Kuíkuro, do On Reconstructing Grammar: Comparative Cariban Morphosyntax de Spike Gildea:


həré té-lə


arrow go-punctual


flecha ir-pontual


'a flecha vai/foi'


 Este como dizem Gildea e Franchetto deriva do sufixo Proto-Caribe *-rɨ, um sufixo nominalizador de ações:


Katxuyana (o sufixo *-rɨ virou -n ou -ñe dependendo do ambiente) do Reconstructing the Source of NominativeAbsolutive Alignment in Two Amazonian Language Families de Spike Gildea e Flávia de Castro Alves:


b. osowantënë yaarɨkañe kë’ i’yan


as-awantë-në y-aarɨka-ñe kë’ piyan


detr-make.ill-inf rp-remove-A.nzr 3.cop shaman


lit. ‘The shaman is illness’ remover.’


(> ‘The shaman removes / is removing/ will remove the illness’)


lit. 'O xamã/pajé é um removedor de doença'


(> 'O xamã remove / está removendo / removerá a doença)


Se este sufixo for cognato do *-li/-ɾi do Proto-Kariri, isso explicaria imediatamente a estrutura circunfixal do particípio d(u/i)-verbo-li/ri, usando como exemplo o verbo viver, morar *ba*: du-ba-li "aquele que vive, mora / está vivendo, morando.


2ª Lista


Esta lista focará em cômodos de uma casa, uma terceira lista será produzida para concluir os objetos do dia a dia:


1) Quarto, Sala, Cômodo (em geral) 


1.1) Palavras nativas:


a) Kp.: -ba / Dz.: -ba / Sb.: -pa (derivado do verbo ba/pa 'estar, morar, viver', com extensão semântica para um sufixo que denota o significado de 'lugar', similar ao sufixo -stão de países da Ásia, que vem do substantivo persa *stāna*, cujo em si deriva do verbo *stáH 'ficar de pé' ou 'to stand' no inglês.)


1.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: kotý / Dz.: kotui / Sb.: kotü (derivado do Tupi *coty*)


2) Quarto (de dormir)


2.1) Palavras nativas:


a) Kp e Dz.: nuba / Sb.: nupa ~ nipa (lit,: dormir-quarto ou quarto/lugar de dormir


2.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: kekotý / Dz.: kekotui / Sb.: kekotü (neologismo do Tupi *quecoty*)


3) Cozinha 


3.1) Palavras nativas:


a) Kp e Dz.: miwiba / Sb.: miwipa (lit.: comida-fazer-quarto ou quarto de fazer comida)


3.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: mapýkawa / Dz.: mapuikawa / Sb.: mapükawa (neologismo do Tupi *moapycaba* 'lugar de cozinhar')


4) Sala de jantar


4.1) Palavras nativas:


a) Kp e Dz.: midoba / Sb.: mitopa (comida-comer-quarto ou quarto de comer comida)


4.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp, Dz e Sb.: wawa (derivado do Tupi *guaba* 'lugar de comer')


5) Garagem


5.1) Palavras nativas:


a) Kp.: pemýteba / Dz.: pemuiteba / Sb.: phemüthepa (carro-quarto, pemýte/pemuite/phemüthe significa 'pfx.causativo-ser levado-nmlz' ou 'objeto que leva')


5.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp e Sb.: rasawa / Dz.: radhawa ~ rahawa (Neologismo do Tupi *rassóaba* 'coisa que leva') .



Autor : Ari Loussant



DECLINAÇÕES NO KARIRI


Declinações e Variantes



( Grupo de Estudos Kariri )


     Vejam as declinações, durante o estudo sobre essa língua segundo Ari Loussant: 


1º) Encontrou uma variante da consoante temática j-/dz- que vemos no norte nos dialetos do sul, no sul elas são j-/tz e também a terceira variante cujo surge como tsch- na ortografia de Martius, porém ela surgiu apenas na palavra ibajah 'unha' (tschibajah), portanto adicionei ela na segunda declinação como uma variante que surge apenas perante a vogal i.


2º) Ele ( Ari ) decidiu fundir o que Mamiani separou como segunda e terceira declinação, pois a única distinção entre elas era a consoante temática, cujo na segunda era j- e na terceira dz- Essa distinção é difícil de estabelecer com poucos vocábulos cujo não tiveram suas declinações marcadas, portanto decidi fundir elas na mesma função na segunda declinação.


3º) A distinção entre os verbos da primeira e quarta declinação é confusa, pois Mamiani diz que a quarta é de verbos passivos, mas denota 8 exceções, além de também conjugar alguns verbos neutros/ativos, por isso eu quebrei essa distinção e fundi cada um em sua respectiva declinação dependendo do som inicial, se começa com consoante cai na primeira, se começa com vogal cai na segunda.


primeira declinação, para palavras que começam com consoante (palavra exemplo: pa 'morar, viver': 


1S = gi-X  (gipa 'eu moro')


2S = o-X (opa 'tu moras')


3S =  i-X  (ipa 'ele/ela mora')


1PL.EXCL. = gi-X te  (gipa te 'nós moramos, excluindo você')


1PL.INCL. = k-u-X / k-u-X a (kupa / kupa a 'nós moramos, incluindo você')


2PL = o-X a  (opa a 'vós morais')


3PL = i-X a (ipa a 'eles/elas moram')   


segunda declinação, para palavras que começam com vogal (palavra exemplo: ibaya 'unha'): 


1S = gi y-X / gi tz-X / gi c-iX (gi yibaya / gi tzibaya / gi cibaya 'minha unha')


2S = o y-X / o tz-X / o c-iX (o yibaya / o tzibaya / o cibaya 'tua unha')


3S = s-X (sibaya 'unha dele/dela')


1PL.EXCL. = gi y-X te / gi tz-X te / gi c-iX te (gi yibaya te / gi tzibaya te / gi cibaya te 'nossa unha, excluindo você')


1PL.INCL. = k-X / k-X a (kibaya / kibaya a 'nossa unha, incluindo você')


2PL = o y-X a / o tz-X a / o c-iX a (o yibaya a / o tzibaya / o cibaya 'vossa unha')


3PL = s-X a (sibaya a 'unha deles/delas')


forma possessiva (palavra exemplo: thayu 'dinheiro'):


1S = gi tzu X ou tzu X (gi tzu thayu ou tzu thayu 'meu dinheiro')


2S = o X (o thayu 'teu dinheiro')


3S = s-u X ou u X (su thayu ou u thayu 'dinheiro dele/dela)


1PL.EXCL. = gi tzu X te ou tzu X te (gi tzu thayu te ou tzu thayu te 'nosso dinheiro, excluindo você)


1PL.INCL. = k-u X ou k-u X a (ku thayu ou ku thayu a 'nosso dinheiro, incluindo você)


2PL = o X a (o thayu a 'vosso dinheiro')


3PL = s-u X a ou  u X a (su thayu a ou u thayu a 'dinheiro deles/delas) .


Afixo genitivo - u - , a forma possessiva deriva da quinta declinação, como o próprio nome indica, ela serve para denotar posse, como eu expliquei na minha postagem sobre o afixo genitivo -u-. Portanto palavras como uka 'amar, querer' vão se dividir em dois, o substantivo que cai na forma possessiva: gi tzu ka ou tzu ka 'meu amor/meu desejo' vs o verbo que cai na primeira declinação: gi ka 'eu amo/eu quero' .


Isso é uma proposta para regularizar a conjugação, por isso o verbo uka foi reinterpretado como apenas o ka e o u tornou-se parte do genitivo. Também é possível imitar a conjugação do norte no o verbo como tzu ka ou gi tzu ka se preferir, mas recomendo seguir a regularização para não haver confusão.


O verbo queimar *kə


 Boa tarde pessoal, encontrei hoje um possível cognato do verbo CONGO 'queimar-se o corpo' e KETÇÃ 'chamuscar' no Proto-Caribe *uka 'queimar' e decidi dar minha hipótese na evolução das palavras Kariri:


Percebam que a evolução de reduplicações com *k que vimos até agora sempre resultam em kVtsV


*ko-ko


*ko-kʲo


*ko-co


ko-tso = preto


*ki-ki


*ki-kʲi


*ki-ci


ki-tsi = areia


*ku-ku


*ku-kʲu


*ku-cu


ku-tsu = encarnado


No entanto CONGO resultou na nasalização da segunda sílaba, minha hipótese para isso é que a primeira sílaba se nasalizou:


*kə-kə


*kə̃-kə


kə̃-ŋə = congò 'queimar-se o corpo'


A temática 'queimar' também surge no verbo KETÇÃ que é muito provavelmente seu cognato que seguiu o processo explicado acima de *kVkV > kVtsV:


*kə-kə


*kə-kʲə


*kə-cə


*kə-tsə


*kə-tsə̃ = ketçã = 'tomar chamusco o comer, chamuscar (queimar levemente)' .


Outro estudioso Valdhivino Acariú sobre outros dialetos de outros indígenas do Nordeste. 


Tch pode ser escrito com a letra Ć presente nas Línguas eslavas e se pronuncia como Tch e didsticamente pode optar pelo Tx .


Y consuante  Dj .


O I grosso que é presente no tupi é um sim que se inicia no /i/e termina no /u/ .


Fazendo um artigo repentinamente sobre uma análise da língua Xokó .


Valdhivino conseguiu encontrar 27 vocábulos e só se relaciona com a língua Natú .



( Autores desta matéria: Ari Loussant e Valdivino Kariri Acariú .



NÚMEROS KARIRI


( Estudo do parente Ari Loussant )



Kipeá


1 - bì (< bihè)


2 - wà (< wachanì)


3 - kie (< wachanidikiè)


4 - sù (< sumarã orobæ)


Verbo *mý* + elemento dos números acima, exceto pelo 5


5 - mý (< mýsã 'mão')


6 - mýhæ (< mýrepri bubihe misã saí)


7 - mýwà (< mýrepri wachani misã saí)


8 - mýkie (< mýrepri wachanidikie misã saí)


9 - mýsù (< mýrepri sumará orobæ misã saí)


Dezena + Unidade


10 - bæ (< bæ 'todos')


11 - bœhœ


12 - bæwà


13 - bækie


14 - bæsù


15 - bæmýmì


16 - bæmýhæ


17 - bæmýwà 


18 - bæmýkie


19 - bæmýsù


20 - wabæ


30 - kiebæ


40 - subæ


50 - mýmibæ


60 - mýhæbæ


70 - mýwabæ


80 - mýkiebæ


90 - mýsubæ 


100 - yen (lit.: grande)


1000 - yodè (muito-ser)


1000000 - chì (comprido) .


Dzubukuá


1 - hœ (< bihe)


2 - wi (< witane)


3 - ke (< witanedike)


4 - hu (< h-u-marã anrobœ, imitando o equivalente Kipeá sumarã orobae)


Verbo *mui* + elemento dos números acima 


5 - mœ (< mœdha 'mão')


6 - muihœ (< mui bihe moedha hãy 'ser levado um e a mão para ele')


7 - muiwi (< mui witane moedha hãy 'ser levado dois e a mão para ele')


8 - muike (< mui witanedike moedha hãy 'ser levado um e a mão para ele')


9 - muihù (< mui humarã anrobœ moedha hãy  'ser levado quatro e a mão para ele'


Dezena + Unidade


10 - bœ (< bœ 'todos')


11 - bœhœ


12 - bœwi


13 - bœke


14 - bœdhù


15 - bœmuimœ


16 - bœmuihœ


17 - bœmuiwi


18 - bœmuike


19 - bœmuidhù


20 - wibœ


30 - kebœ


40 - subœ


50 - muimœbœ


60 - muihœbœ


70 - muiwibœ


80 - muikebœ


90 - muidhubœ 


100 - ye (lit.: grande)


1000 - hodè (muito + ser)


1000000 - ki (comprido) .



Sabuyá e Kamurú


1 - gä (< gäbo 'um')


2 - thi (< thikani 'dois')


3 - ke (< thikanike 'três')


4 - cho (< bicho 'pessoa, quatro, cinco, muito')


Verbo mü + elemento dos números acima, exceto pelo 5


5 - mü (< müsö 'mão')


6 - mügä (< mü gäbo müsöbö say 'ser levado um e a mão para ele')


7 - müthi (< mü thikani müsöbö say 'ser levado dois e a mão para ele')


8 - müke (< mü thikanike müsöbö say 'ser levado três e a mão para ele')


9 - mücho (< mü bicho müsöbö say 'ser levado quatro e a mão para ele')


Dezena + Unidade


10 - po (< pö "todos")


11 - pogä


12 - pothi


13 - pokhe


14 - pocho


15 - pomü


16 - pomügä


17 - pomüthi


18 - pomüke


19 - pomücho


20 - thipo


30 - kepo


40 - chopo


50 - müpo


60 - mügäpo


70 - müthipo


80 - mükepo


90 - müchopo


100 - ya ("grande")


1000 - chotä (muito-ser)


1000000 - ki (comprido)


1000000000 - yathiki (grande-dois-comprido)


1000000000000 - yakeki (grande-três-comprido) .



Sugestão para a Rosa dos Ventos:


Kipeá:


yemý = 'norte', baseado em yemŷ 'arriba, para cima' (Dz.: hemwi, Sb.: gemuih)


cromý = 'sul' baseado na palavra crò 'debaixo' + mý 'rumo, em direção à/ao'


samý = 'leste' baseado no verbo sà 'nascer' com o sentido de 'nascer do sol/dia' + mý 'rumo, em direção à/ao'


nhamý = 'oeste' baseado no verbo nhà 'morrer' com o sentido de 'morrer do sol'/dia + mý 'rumo, em direção à/ao'


yenhamý = 'noroeste' + mý 'rumo, em direção à/ao'


yesamý  = 'nordeste' + mý 'rumo, em direção à/ao'


cronhamý = sudoeste + mý 'rumo, em direção à/ao'


crosamý = sudeste + mý 'rumo, em direção à/ao'


Dzubukuá:


hemui = 'norte', baseado em hemui 'arriba, para cima' (Kp.: yemŷ, Sb.: gemuih)


clomui = 'sul' baseado na palavra clo 'debaixo' + mui 'rumo, em direção à/ao'


hamui = 'leste' baseado no verbo ha 'nascer' com o sentido de 'nascer do 


sol/dia' + mui 'rumo, em direção à/ao'


nhamui = 'oeste' baseado no verbo nha 'morrer' com o sentido de 'morrer do sol'/dia + mui 'rumo, em direção à/ao'


henhamui = 'noroeste' + mui 'rumo, em direção à/ao'


hehamui = 'nordeste' + mui 'rumo, em direção à/ao'


clonhamui = sudoeste + mui 'rumo, em direção à/ao'


clohamui = sudeste + mui 'rumo, em direção à/ao'



Sabuyá:


gemü = 'norte', baseado em gemuih 'arriba, para cima' (Kp.: yemŷ, Dz.: hemwi)


klomü = 'sul' baseado na palavra kloh 'debaixo' + mü 'rumo, em direção à/ao'


samü = 'leste' baseado no verbo sah 'nascer' com o sentido de 'nascer do sol/dia' + mü 'rumo, em direção à/ao'


nyamü = 'oeste' baseado no verbo nya 'morrer' com o sentido de 'morrer do sol'/dia + müh 'rumo, em direção à/ao'


genyamü = 'noroeste' + müh 'rumo, em direção à/ao'


gesamü = 'nordeste' + müh 'rumo, em direção à/ao'


klonyamü = sudoeste + müh 'rumo, em direção à/ao'


klosamü = sudeste + müh 'rumo, em direção à/ao' .


Boa tarde pessoal! Uma correção que gostaria de fazer nos números 4 e 9 do Dzubukuá, eu descobri que o equivalente da palavra sumarã no Dzubukuá perde completamente a terceira pessoa etimológica, sem ele se transformar em h- ou dh- perante a vogal u. Portanto vou corrigir o quatro e o nove para:


4 - ma (< umarã anrobœ, imitando o equivalente Kipeá sumarã orobae)


9 - muima (< mui umarã anrobœ mœdhabœ hãy  'ser levado quatro e a mão para ele' .


Agora para o Sabuyá:


Ah pessoal, tem outra coisa que esqueci de mencionar na postagem Ortografia Kariri no Sabuyá, minha sugestão para as vogais nasais do Sabuyá são baseadas na ortografia alemã, portanto onde tem um som nasal, será representado pelo dígrafo ng, como no verbo 'repartir' que aparece na frase *contundere grana maydis tota* ou 'machucar/repartir grãos de milho' na compilação de Martius = musiki-nang 'lit.: milho-repartir', que é cognato do verbo una 'repartir' e do substantivo benã 'caco' do Kipeá.


portanto: ang = /ã/, eng = /ẽ/, ing = /ĩ/, ong = /õ/ e ung = /ũ/ .



Autor da matéria: Ari Loussant 



TECNOLOGIA KARIRI


Kariri - Tecnologia (1ª Lista)


( Estudo do parente Ari Loussant )


1) Amplificador:


1.1) Palavras nativas:


a) Kipeá: yẽwite / Dzubukuá: yewite (yẽ/ye "grande" + wi "fazer" + -te "nominalizador" / Sabuyá: yö "grande" + wi "fazer" + the "nominalizador" = "coisa que faz ficar grande, amplifica")


1.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp e Sb.: Mowasawa / Dz.: Mowadhawa  (mo- "prefixo causativo" + wasu/wadhu "grande" + -awa "sfx do participio circumstancial" neologismo Tupi *moguassaba*)


b) Kp e Sb.: Wasawa / Dz.: Wadhawa (wasu/wadhu "grande" + -awa "sfx do participio circumstancial", neologismo Tupi *guassaba*)


1.3) Nativização de palavras estrangeiras:


a) Kp e Sb.: Ampripicado / Dz.: Amplipikado (Empréstimo nativizado do português *amplificador*)


b) Kp e Sb.: Ampri / Dz.: Ampli (Abreviação da palavra emprestada)


2) Bateria:


2.1) Palavras nativas:


a) Kp, Dz e Sb.: dzonudi (dzo "chuva" + nu "claro" = dzonu "relâmpago, eletricidade" + di "dar, providenciar" = coisa que providencia eletricidade")


2.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kpw Dz.: mabramẽ / Sb.: mabrameng (ma "chuva" + bra "luz" + mẽ "dar", neologismo Tupi *amãmberameenga*)


2.3) Nativização de palavras estrangeiras:


a) Kp. e Dz.: Bateri (Do português *bateria* e/ou inglês *battery*)


3) Computador:


3.1) Palavras nativas:


a) Kp.: krote / Dz.: klote / Sb.: krothe (¹kro/²klo "pedra, cálculo, calcular" + te "nominalizador" = "calculadora, computador")


¹ = mudança semântica de 'pedra' para 'calcular' baseada na etimologia da palavra calcular que vem de cálculo 'pedra' em latim


² = utilização de klo ao invés de kro baseado no classificador numeral do Dzubukuá (QUEIROZ, 2012, p. 189)


3.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp e Sb.: paprasawa / Dz.: papradhawa (papra "contar [quantidade]" + -sawa/-dhawa "sfx do particípio circunstancial" = "contador, calculador, computador", neologismo Tupi *paparassaba*)


b) Kp e Sb.: tasawa / Dz.: tadhawa (ta "pedra" + -sawa/-dhawa "sfx do particípio circunstancial" = "contador, calculador, computador", neologismo Tupi *itássaba*, calque do termo nativo krote/klote).


3.3) Nativização de palavras estrangeiras:


a) Kp, Dz e Sb.: komputado (Empréstimo direto do português *computador*)


b) Kp, Dz e Sb.: kompiute (Empréstimo direto do inglês *computer*).


Kariri - Tecnologia (2ª Lista)


1) Antena:


1.1) Palavras nativas:


a) Kp.: chitæ / Dz.: kitœ (chi/ki "longo" + tæ/tœ "vara, cajado")


1.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: pukŷwira / Dz.: pukuywira (puku "longo, comprido" + ŷwira / uywira "vara", neologismo Tupi *puquybyra*)


1.3) Palavras nativizadas:


Kp.: antenæ / Dz.: Dz.: antenœ (empréstimo do português *antena*)


Sabuyá: kitö, puküwira, antenö


2) Câmera:


2.1) Palavras nativas:


a) Kp.: dzotate / Dz.: dzotate (dzo "luz", decalque do grego φῶς (phôs "luz") + ta "pegar, tomar" + -te "nominalizador" = "objeto que captura luz, fotos")


2.2) Palavras derivadas do Tupi: 


a) Kp.: brapŷsŷkawa / Dz.: brapuydhuykawa (bra "luz" + pŷsŷka/puydhuyka "capturar" + -awa "particípio circumstancial", neologismo Tupi *berapyssycaba*)


2.3) Palavras nativizadas:


a) Kp.: kæmeræ / Dz.: kœmerœ (empréstimo do português *câmera*)


Sb.: dzotathe, brapüsükawa, kömerö


3) Celular


3.1) Palavras nativas: 


a) Kp. e Dz.: mepibu (me "falar, dizer" + pibu "pequeno receptáculo, lit.: pequeno-cabaça" = "pequena cabaça/receptáculo de falar")


b) Kp. e Dz.: metate (me "falar, dizer" + tate "caixa, lit.: pegar-nominalizador" = "caixa de falar", tate é um calque do latim *capsa* "caixa" do verbo *capio* "pegar, capturar")


c) Kp.: chikate / Dz.: kikate (chi/ki "longo, comprido, longe, até lá" + ka "chamar, gritar, cantar" = "objeto de chamadas distantes", decalque do grego τῆλεφωνή (têlephōnḗ) "telefone")


3.2) Palavras derivadas do Tupi: 


a) Kp.: nhenkamusi / Dz.: nhenkamudhi (nhen "falar" + kamusi/kamudhi "vaso" = "vaso/receptáculo de falar", neologismo Tupi *nheencamussí*)


b) Kp. e Dz.: nhenkramemu (nhen "falar, dizer" + kramemu "caixa" = "caixa de falar", neologismo Tupi *nheencaramẽmuã*)


c) Kp. e Dz.: pukenoyawa (puku "comprido, longo, longe" + enoya "chamar" + -awa "particípio circumstancial", neologismo Tupi *puquenõiaba*)


3.3) Palavras nativizadas:


a) Kp.: serŷrà /  Dz.: tseluyla (empréstimo do português *celular*)


b) Kp. serŷ / Dz.: tseluy (abreviação de serŷrà/tseluyla)


c) Kp. e Dz.: põ (empréstimo do inglês *phone*)


Sb.: mepipu, methathe, kikhathe, nyenkamusi, nyenkramemu, pukenoyawa, selüla, selü, phong


4) Circuito:


2.1) Palavras nativas:


a) Kp. e Dz.: towite (to "redondo, circulo, circular (verbo)" + wi "ir" + -te "nominalizador" = "objeto que circula", decalque do latim *circuitus*)


4.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: asosawa / Dz.: adhohawa (a"redondo + so/dho "ir" + -sawa/-hawa "particípio circunstancial", neologismo Tupi *assossaba*, decalque do latim *circuitus*)


4.3) Palavras nativizadas:


a) Kp.: sikuitu / Dz.: dhikuitu (empréstimo do português *circuito*)


Sb.: towitö, asosawa, schikuythu


5) Controle (de aparelhos eletrônicos):


5.1) Palavras nativas:


a) Kp. e Dz.: pewite (pewi "controlar, comandar, lit.: pfx causativo-fazer" + -te "nominalizador" = objeto que controla"


5.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: krasawa / krahawa (kra "mandar, obrigar" + -sawa/-hawa "particípio circumstancial", neologismo Tupi *ucarassaba*


5.3) Palavras nativizadas:


a) Kp.: konkrori / Dz.: konkroli (empréstimo do português *controle*, tr > kr devido a ausência do encontro consonantal *tr* nos dialetos do norte)


Sb.: pöwithe, krasawa, kontroli


6) Eletrônico:


3.1) Palavras nativas:


a)Kp. e Dz.: dzonute (dzonu "raio, eletricidade, lit.: chuva-claro" + -te "nominalizador" = "coisa elétrica, eletrônico")


6.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: mabrasawa / Dz.: mabrahawa (ma "chuva" + bra "luz" + -sawa/-hawa "particípio circunstancial", neologismo Tupi *amaberassaba*)


6.3) Palavras nativizadas: 


a) Kp.: erekronikŷ / Dz.: elekronikuy (empréstimo do português *eletrônico*, tr > kr devido a ausência do encontro consonantal *tr* no Kariri)


7) E-mail:


7.1) Palavras nativas: 


a) Kp. e Dz.: dzonumedi (dzonu "eletricidade" + medi "correspondência, lit.: palavra-dar ou seja palavra dada, entregue" = "correspondência eletrônica")


7.2) Palavras derivadas do Tupi:


a) Kp.: mabranhemẽ / Dz.: mabranhemem (ma "chuva" + bra "luz" + nhe "dizer, falar, palavra" + mẽ "dar", neologismo Tupi *amaberanheemeenga*)


7.3) Palavras nativizadas:


a) Kp. e Dz.: meyu (empréstimo do português/inglês *e-mail*)


Sb.: tzonumeti, mabranyemen, meyu


8) Fone de ouvido


8.1) Palavras nativas: 


a) Kp. e Dz.: benheikate (benhe "orelha" + j- "prefixo relacional" + ka "chamar, gritar, cantar, barulho, som" + te "nominalizador" = "objeto que faz no som no ou para o ouvido"


8.2) Palavras derivadas do Tupi: 


a) Kp.: nambisunungawa / Dz.: nambidhunungawa (nambi "orelha" + sununga "barulho, som" + -awa "partícipio circumstancial", neologismo Tupi *nambissunungaba*


8.3) Palavras nativizadas:


a) benheipõ (benhe "orelha" + j- "prefixo relacional" + põ, empréstimo do português fone, semi-decalque da frase *fone de ouvido*)


Sb.: penyeikathe, nambisununga, penyeipon


9) Teclado


9.1) Palavras nativas: 


a) Kp. e Dz.: tapedzi (ta "pegar, tocar" + pedzi "tábua, lit.: pisar-madeira, no sentido de madeira achatada, pisada" = "tábua de tocar")


9.2) Palavras derivadas do Tupi: 


a) Kp.: bŷkŷwirapewa / Dz.: buykuywirapewa (bŷkŷ "tocar, apalpar" + ŷwirapewa "tábua", neologismo Tupi *abyquybyrapeba*)


9.3) Palavras nativizadas:


a) Kp.: tekradu / Dz.: tekladu (empréstimo do português *teclado*)


Tapetzi, büküwirapewa, tekladu


10) Ventilador


10.1) Palavras nativas: 


a) Kp. e Dz.: pute (pu "soprar" + -te "nominalizador" = objeto que sopra)


10.2) Palavras derivadas do Tupi: 


a) Kp.: pedzusawa / Dz.: pedzuhawa (pedzu "soprar" + -sawa/-hawa "particípio circunstancial", neologismo Tupi *pejussaba*)


10.3) Palavras nativizadas:


a) Kp. wenchirado / Dz.: wentsilado (empréstimo do português *ventilador*)


Sb.: puthe, petzusawa, wencilado/wentzilado


11) Vídeo


11.1) Palavras nativas: 


a) Kp. e Dz.: nete (ne "ver" + -te "nominalizador" = "coisa de se ver, assistir")


11.2) Palavras derivadas do Tupi: 


a) Kp. e Dz.: pyakawa (pyaka "ver" + -awa "partícipio circumstancial", neologismo Tupi *epiacaba*)


11.3) Palavras nativizadas:


a) Kp. widju / Dz.: widziyu (empréstimo do português *vídeo*)


Sb : nathe, pyakawa, witziyu .



Autor da matéria: Ari Loussant








DIVISÃO DO TEMPO KARIRI


Divisão do Dia / Itsa ukie


( Estudo do parente Ari Loussant )


Dzubukuá:


dhe kiedhi do anatseboe!


Hithu doihi ninho idite itsa ukie nete mo wolidzea Nhihoa. Iwikli anro wokie haboho boerute mo metea wo do 'kayapli', do 'kaye', do 'kaya', do etc (etsetuira).


Português:


Boa tarde para todos!


Hoje decidi criar uma proposta para a divisão de tempo para as línguas Kariri. Este sistema foi criado com base em palavras como 'kayapli', 'kaye', 'kaya' e etc.


MANHÃ: 


Kp.: chesatù / Dz.: kiehathu / Sb.: cesathu 'madrugada, lit.: dia-nascer-começar, 00:00:01h às 05:00h' 


Kp.: chesa / Dz.: kieha / Sb.: cesa 'manhã, lit.: dia-nascer 05:00:01h às 12:00' 


TARDE:


Kp.: chesi / Dz.: kiedhi / Sb.: cesi  'meio-dia, lit.: dia-coração, 12:00'


Kp.: chepri / Dz.: kiepli / Sb.: ceblü 'tarde, lit.: dia-deixar, 12:00:01 às 18:00'


NOITE:


Kp.: kayatù ~ kiaetù / Dz.: kayathu ~ koethu / Sb.: khayathu ~ köthu 'começo da noite, lit.: noite-começar 18:00:01 às 21:00'


Kp.: kayapri ~ kaepri / Dz.: kayapli ~ koepli / Sb.: khayablü ~ köblü 'tarde da noite, lit.: noite-deixar 21:00:01 às 00:00' .


Estas são sugestões para os três dialetos para regularizar as divisões dentro das 24 horas do dia.


Para explicar alguns vocábulos aqui: tça deriva de tçate, cujo a explicação para essa redução será enviada após essa mensagem, wokie significa literalmente 'caminho-atar' ou 'caminho atado', baseado no significado de sistema que é um decalque do grego σῠνῐ́στημῐ (sunístēmi) 'unir, associar' .


Dhe kiedhi significa 'alegre tarde', para diferenciar um pouco da tradução literal do português 'boa tarde', o dhe deriva de udhe sem o u genitivo, cujo também irei mandar o texto logo após esse:


Ari Loussant: *O afixo genitivo *-u-*


 Boa noite pessoal


 Hoje vim falar sobre o afixo -u-, cujo surge em todas as línguas Kariris e é o principal fator que distingue a 5ª declinação das demais, quero explicar qual é sua função e seus cognatos distantes dentro das outras famílias linguísticas do Brasil. Note que o próprio Mamiani demonstra como ele surge apenas em certos contextos, neste caso, ele é obrigatório para a primeira e terceira pessoa do singular e plural, mas desaparece perante a segunda pessoa como vemos no verbo ucà > a-cà 'tu amas'


 O motivo desse desaparecimento é devido à sua função gramatical, sendo similar ao 's do inglês como em John's Car, Jacob's house e etc. Note que ele também obrigatoriamente surge com o prefixo relacional dz-, agora eu sei que isso confunde muitos aqui, pois sei que devem achar que dzu- é apenas um prefixo de primeira pessoa independente e pronto, mas esse não é o caso, ele é uma junção de dois prefixos cujo genericamente funcionam como a primeira pessoa do singular, sabemos disso pois no Dzubukuá ele surge como uma estrutura opcional, sendo possivel colocar o prefixo hi- junto à estrutura dz-u-, formando portanto a estrutura real hi dz-u-cà.


 Não é possível traçar as limitações deste afixo, nem é possível afirmar que havia uma, parece-me que a quinta declinação era totalmente livre de limitações arbitrárias causadas pela interpretação de Mamiani, pois encontramos conceitos abstratos como uca 'amor' e use 'alegrar-se' ao lado de objetos tangentes como setu 'cesto' e rine 'carne salgada', palavras nativas como cro 'pedra' e empréstimos recentes do Tupi como tayu 'dinheiro' e tasi 'enxada', e por último palavras cujo provavelmente estão conectadas pela mesma raíz como *ya*crorò 'anzol' da primeira declinação e *ya*ridzi e *ya*wo que caem na quinta.


 Ari Loussant: Com tudo isso dito, deixe-me explicar como funciona e como aplicar essa função gramatical nas palavras que hão de ser criadas e importadas para essa língua, peguemos um empréstimo agora mesmo *posã* 'remédio' do Tupi possanga e apliquemos as regras de sua declinação genérica e a quinta declinação:


posã começa com consoante, caindo de forma genérica na primeira declinação, portanto:


hiposã


eposã


iposã


hiposãdè


cuposãà


eposãà


iposãà


Aplicando-o na forma da quinta declinação


dzuposã


aposã


suposã


dzuposãdè


cuposãà


aposãà


suposãà


Note que eu adotei a forma Kipeá, cujo deleta o Hi de Hidzu já que dz-u- carrega de forma genérica o significado de primeira pessoa nessa língua, mas é possível criar as versões:


hidzuposã


hidzuposãdè .


Evidências da origem do som *ts nas línguas Kariri:


Bom dia à todos, estou enviando este texto curto para demonstrar algumas evidências que encontrei para a reconstrução do som *ts, lembrando que essa é apenas uma das possíveis origens desse som, também existem outras evidências que apontam para sons diferentes cujo postarei logo aqui no grupo.


Verbo podso/potço (FN: potso) "acordar"


Cognatos na família Karib:


Tiriyó = paka


Arara = page 


Waiwái = ɸaka


Kuíkuro = haki


Todos apontam para uma reconstrução em:


*pakV ~ *pVkV


Possível reconstrução:


Pré-Proto-Kariri: *pVkV


Proto-Kariri: *pəcə ~ *poco


Dzubukuá e Kipeá: *pət͡sə ~ *pot͡so


Verbo tçate (FN: tsate) "cortar"


Cognatos na família Karib


Proto-Carib: *akete, *ako:to, *akôtô


Cognatos na família Boróro


Proto-Boróro: *kato


Todos apontam para uma reconstrução em:


*kVtV


Possível reconstrução:


Pré-Proto-Kariri: *kVtV


Proto-Kariri: *cətə ~ *cəte


Kipeá: t͡sətə ~ t͡sate


V = vogal não identificada


FN = Forma Neutra, sem influência das ortografias dos catecismos.



Autor : Ari Loussant



ORTOGRÁFIA KARIRI


Ortografia Dzubukuá: 


( Estudo do parente Ari Loussant )


A, B, D, E, G, GH, H,  I, UI, K, L, M, N, NH, O, P, R, T, U, W, Y, TS, DZ


1) VOGAIS:


1.1) A vogal *A* representa o som /a/


1.2) O dígrafo *OE* representa a vogal central média /ə/, o som mais próximo na língua portuguesa é o a fechado (â) ou a letra a na palavra 'about' em inglês.


1.3) A vogal *E* representa o som ê /e/ e é /ɛ/.


1.4) A vogal *I* representa o som /i/.


1.5) A vogal *UI* representa o i grosso ou vogal central fechada não-arredondada /ɨ/, como em ybyra ou ygara, é feito com a língua e a boca em posição para pronunciar o som /i/, porém realizando em seu lugar o som /u/.


1.6) A vogal *O* varia de vocábulo em vocábulo entre o o fechado (ô) e o o aberto (ó)


1.7) A vogal *U* representa o som /u/.


2) CONSOANTES:


2.1) As letras *B*, *D*, *M*, *N*, *NH*, *T* e *P* são pronunciados de maneira idêntica ao português /b/, /d/, /m/, /n/, /ɲ/, /t/ e /p/.


2.2) A letra K representa o som /k/.


2.3) O dígrafo DH representa a fricativa dental sonora /ð/, pronunciada assim como o th de that no inglês, se pronuncia parecido com um z, só que com a língua posicionada abaixo dos dentes de cima.


2.4) A letra *G* representa o som /g/


2.5) A letra *H* representa o som /h/


2.6) O dígrafo GH representa o som /ɣ/.


2.67) A letra *L* representa a lateral alveolar /l/.


2.8) A letra *R* sempre será pronunciada como um tepe alveolar /ɾ/, como em "Pará" ou "cara", jamais como a uvular de "rato" ou "carro".


2.9) O dígrafo *TS* representa uma africada alveolar surda /t͡s/ .


2.10) O dígrafo *DZ* representa uma africada alveolar sonora /d͡z/ .


2.11) A letra *W* representa a aproximante labiovelar sonora /w/ e seu alófone bilabial /β/ .


Ortografia da Língua Kipeá: 


O Alfabeto da língua Kipeá consiste nas seguintes letras: A, AE, B, C, D, E, G, GH, H, I, Ý, K, M, N, NH, O, P, R, S, T, TS, U, W, Y, DZ


1) VOGAIS:


1.1) A vogal *A* representa o som /a/


1.2) A vogal *Æ* representa a vogal central média /ə/, o som mais próximo na língua portuguesa é o a fechado (â) ou a letra a na palavra 'about' em inglês.


1.3) A vogal *E* representa o som ê /e/ e é /ɛ/


1.4) A vogal *I* representa o som /i/.


1.5) A vogal *Ý* representa o i grosso ou vogal central fechada não-arredondada /ɨ/, como em ybyra ou ygara, é feito com a língua e a boca em posição para pronunciar o som /i/, porém realizando em seu lugar o som /u/.


1.6) A vogal *O* representa ô /o/ e ó /ɔ/.


1.7) A vogal *U* representa o som /u/


2) CONSOANTES:


2.1) As letras *B*, *D*, *M*, *N*, *NH*, *T*, *S*, *P* e *T* são pronunciados de maneira idêntica ao português.


2.2) A letra K representa o som /k/.


2.3) A letra *G* representa o som /g/


2.4) O dígrafo *GH* representa o som /ɣ/


2.5) A letra *H* representa o som /h/


2.6) A letra *R* sempre será pronunciada como um tepe alveolar, como em "Pará" ou "cara", jamais como a uvular de "rato" ou "carro".


2.7) O dígrafo TS representa uma africada alveolar surda /t͡s/.


2.8) O dígrafo DZ representa uma africada alveolar sonora /d͡z/.


2.9) A letra *W* representa a aproximante labiovelar sonora /w/ e seu alofone bilabial /β/.


2.10) A letra *Y* sem o acento agudo representa a aproximante palatal sonora /j/, o mesmo que o i de iate ou y de *you* no inglês.


Ortografia Sabuyá regularizada:


A, Ä, B, D, E, G, CH, H, I, K, KH, L, M, N, NY, O, Ö, P, PH, R, S, SY, T, TH, U, Ü, W, Y, TZ


1) VOGAIS


1.1) A representa o som á /a/.


1.2) Ä representa o som é /ɛ/.


1.3) E representa o som ê /e/.


1.4) O representa a vogal ô /o/.


1.5) Ö representa a vogal central média /ə/, o som mais próximo na língua portuguesa é o a fechado (â) ou a letra a na palavra 'about' em inglês.


1.6) U é pronunciada como no português /u/.


1.7) Ü representa o i grosso ou vogal central fechada não-arredondada /ɨ/, como em ybyra ou ygara, é feito com a língua e a boca em posição para pronunciar o som /i/, porém realizando em seu lugar o som /u/.


Consoantes:


B representa /b/ em todas as posições.


D representa /d/ em todas as posições.


G representa /g/ em todas as posições.


CH representa /ɣ/ em todas as posições.


H representa /h/ em quase todas as posições.


K representa /k/ em todas as posições.


KH representa /kʰ/ em todas as posições.


L representa /l/ em todas as posições.


M representa /m/ em todas as posições.


N representa /n/ em todas as posições.


NY representa /ɲ/ em todas as posições.


P representa /p/ em todas as posições.


PH representa /pʰ/ em todas as posições.


R representa /ɾ/ em todas as posições.


S representa /s/ em todas as posições, exceto perante /i/ onde se transforma em SY /ʃ/ (Von Martius: sch, Português: x ou ch).


SY representa /ʃ/ em todas as posições (Von Martius: sch, Português: x ou ch). 


T representa /t/ em todas as posições.


TH representa /tʰ/ em todas as posições;


C representa /c/ todas as posições. (/c/ = Von Martius: tsch, Português: tch).


W representa /w/ ou /β/ em todas as posições, exceto se precedido por uma consoante, onde preserva o som /w/.


Y representa /j/ em todas as posições.


TZ representa /t͡s/ em todas as posições, além de ter absorvido todos os dz /d͡z/ por desvozeamento. (/t͡s/ = Mamiani e Nantes: ts) .


      Ari Loussant iniciou explicando sobre as mudanças que propós para o Dzubukuá. Primeiro com as consoantes duplas como em hammadhy, mamma e etc, percebeu que elas tem a função de primeiro representar a nasalidade da primeira sílaba e depois a consoante verdadeira, assim ele reduziu esse dígrafo e deixando a nasalidade implicada pela presença da consoante nasal assim como no português: hammadhy > hamadhi e mamma > mama . 


            Livrando-se de inúmeras variantes para um som só, como no caso de ts que era representado por, ts, tc, ds e dc para apenas ts, portanto palavras como onadce viram anatse. 


       Dessa forma Ari regularizou as vogais baseadas na pronúncia majoritária como em onadce, esse on é o prefixo de segunda pessoa, que aparece majoritariamente dentro dessa lingua com an, portanto onadce > anatse.


      Descobrindo que o ny de Nantes não é o mesmo que o nosso nh, ele representa um som nasal com uma palatalização logo em seguida, portanto foi reduzido para uma vogal nasal + y, ex.: han y > hãy 'para ele', wanyddu > wãydhu 'esquerda', wanybu > wãybu 'perna' .


Agora no Kipeá:


       Ari retirou o y com acento circumflexo, segundo ele era praticamente impossível digitá-lo de forma conveniente, substituído por ý com o acento agudo.


         Para se livrar da influência portuguesa na ortografia que fazia haver múltiplas consoantes para representar um som só, como no caso de C e K que ficam variando dependendo da vogal, substituindo todos por K já que representa mais fielmente o som .


        O GH de Mamiani deriva da influência italiana, foi o método que ele usou para que os falantes de português não pronunciassem o som G de gente em palavras que tinha GE e GI, como sabemos que o G de gente não existe aqui, Ari retirou esse dígrafo e o realocando para uma função mais adequada.


        Portanto canghi > kangi


inghi > ingi . O dígrafo GH agora representa a consoante que Mamiani mencionou durante sua explicação da pronúncia do G, cujo ele menciona uma pronúncia branda quase imperceptível, cujo foi interpretada como o som /ɣ/, ele também deu três palavras como exemplo, outras foram descobertas através de um método comparativo como ighy do Kipeá que é o equivalente de ihi Dzubukuá.


Agora no Sabuyá:


        Não há muito que explicar, tudo aqui foi retirado da ortografia utilizada por Martius, aquele que coletou o vocabulário dessa língua. Como é inspirada na ortografia alemã, eu decidi expandir para todas as palavras de forma regular .


Baseado no que Mamiani disse e no que Nantes demonstrou, consoantes como K, P e T pedem aspiração, por isso distingui K, P e T vs KH, PH e TH.


Segui o padrão desvozeado que Martius anotou, por isso não existe o som dz na língua Sabuyá, pois todos se assimilaram no som ts (tz nessa ortografia).


Perdão pela quantidade de textos, espero que tenha explicado tudo sobre minha proposta, boa noite para todos! 




Autor : Ari Loussant