sábado, 11 de dezembro de 2010

PESSOA LIVRO VIVO DA MEMORIA

Anciã Luiza rosto marcado pelo tempo
Coletividade
  Despertando a consciência indígena…
Nós vivemos numa comunidade, participamos de seus eventos locais, deixamos nossa marca na tribo, somos reconhecidos na aldeia pelo o que fazemos no coletivo.
Visando este lado indígena, de sociedade, comunidade, vida em grupo, o que nos interessa é a pessoa coletiva, o individuo agindo, assumindo sua função no seio da população a qual pertence.
Para formar nossa “Biblioteca da Pessoa Livro Vivo da Memória”, é bom registrar em escritos, CDs, filmes e outras tecnologias o que a pessoa tem de índio coletivo. Porque se cada pessoa interessar-se pelo seu lado egoísta, ameaçaria a vida como povo. O “Índio Gigante” morreria, ele é nos coletivo. A memória é tudo que temos de lembrança da tribo: Tradição; Ritos, aquilo adquirido ao longo de todo o tempo de nossa existência como povo. Em etapas organizadas em gerações, fatos, histórias, pessoas, locais dos eventos, legados, marcas culturais dos heróis do passado. Fatos que mudaram a estrutura social da população, as pessoas que se destacaram em cada época, os anônimos que não foram citados pela história local. Os melhores e os piores, assim é constituída nossa memória, do passado e do presente.
Temos os contadores de histórias reais e também os contadores de mentiras, todos são parte da memória viva. http://www.indiosonline.org.br/novo/a_pessoa_livro_vivo_da_memoria/

Nhenety Kariri-Xocó.




sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

LANCHAS DO SAO FRANCISCO

Lanchas em Porto Real do Colégio-AL.
     A navegação no rio de unidade nacional é uma atividade bastante antiga, mesmo antes da construção da ponte em 1972. No meu tempo de criança, alcancei três grandes lanchas a motor, que fazia o trajeto do litoral ao sertão, pelo Baixo São Francisco; era a Tupã, Tupi e Tupigi. Quando elas passavam pela margem do rio, as crianças Kariri-Xocó, pegavam as ondas, feitas pela força dos motores, as embarcações tinham dois andares, mas a Tupã era a maior lancha em 1970.
Porto das Lanchas para embarque de passageiros
Logo após a construção da Ponte sobre o Rio São Francisco, começou as três grandes lanchas para de navegar neste trecho de Penedo a Pão-de-Açucar. As canoas do passado foram transformadas em lanchas motorizadas, para tentar competir com os automóveis que trafegavam a BR 101. Aqui em Porto Real do Colégio, várias lanchas foram construídas para esse fim; eram: As lanchas Cláudia, Jaspe, Rayane, Rosana, Princesa Rosa, Colegiense , Oriente. Em São Braz a Sãobraense, Escurial tinha a Goiás e Goiana. Na Aldeia Kariri-Xocó tem a Nova Iraci Tononé e a Nordeste, do índio José Francisco tononé. Estas lanchas faz o transporte de passageiros de Porto Real do Colégio a cidade de Própria, com capacidade de 40 pessoas na lotação. A lancha Oriente fazia o trecho de Penedo ao sertão, era a maior lancha neste estilo, com capacidade para 80 passageiros. Referindo as lanchas dos índios servia para atravessar o Rio São Francisco até Própria, além de levar os indígenas para trabalharem no Projeto de Irrigação de Plantação de Arroz na Várzea de Própria e Cedro de São João. Este tipo de transporte substituiu as canoas, mas fica cada vez mais difícil competir com os carros da BR 101.

Nhenety Kariri-Xocó.

http://www.indiosonline.org.br/novo/lanchas_do_sao_francisco/

DESCRICAO COTIDIANA TRIBAL

Aldeia Kariri-Xocó vista de cima
    A Aldeia Kariri-Xocó aparece nas margens do Rio São Francisco, apresentando com casas de alvenaria, de tijolos, energia elétrica, saneamento básico, água tratada, telefones público. Estar organizada no aspecto urbano em diversas ruas: Rua da Frente, do Portão, Rua do Posto, Conjunto Novo e Rua da Baia. Tem uma caixa d água com capacidade de 42.000 litros. Um serviço de abastecimento próprio, tem Posto de Saúde, embora desativado, Posto da FUNAI fora da área indígena na cidade. As ruas da aldeia são de terra batida, arborizadas, com pessoas conversando nas portas,meninos brincando sem preocupação alguma. Ao amanhecer os pescadores saem com seus remos, pegam as canoas para pescar no Rio São Francisco. Mulheres ceramistas com seus potes de barro secando ao Sol, crianças caminhando para a escola da tribo. Passa pelas ruas da aldeia de vez em quando, cavalos, ovelhas dos criadores indígenas, carroças paradas nas portas. A tarde passam os jogadores dos times de futebol, para treinar no campo perto da escola, não falta platéia de torcedores até o por do Sol. Os programas de TV, colocam espectadores na sala, com desenhos animados, novelas, filmes e jogos. A Rádio FM Ilha de Propriá, deixam os indígenas sintonizados, com músicas sertanejas, românticas e notícias. Essa é a descrição cotidiana tribal, neste período contemporâneo, com suas mudanças, a Rodovia AL 225 com seus automóveis de Porto Real do Colégio á São Bráz. Quando morre uma pessoa na cidade ou na aldeia, o carro com serviço de auto-falante, anuncia o falecimento, para toda a comunidade. Outras vezes aparece carros de propagandistas, anunciando seus produtos para venda, calçados, água sanitária, roupas e afins.

Nhenety Kariri-Xocó.

http://www.indiosonline.org.br/novo/descricao_cotidiana_tribal/


ESTIVADORES DO PORTO

Estivador carregando Sacos
  Com a produção de arroz, algodão e milho, em Porto Realdo Colégio, aparti de 1909, os índios, trabalhavam no transporte de cargas das fábricas de beneficiamento. No ancoradouro natural da cidade, os indígenas trabalhavam como ” Estivadores no Porto”, carregando sacos de 60 kg, na cabeça.O índio Leopoldo Xocó de Colégio, chegou a trabalhar no Porto de Maceió, na capital do estado, em 1910. Para ganhar mais dinheiro no serviço tinha índio, que levava até 2 sacos( 120 kgs), caminhando pelas ruas da cidade, numa distância de 100 a 200 metros, até o lugar de embarque nas canoas. Durante décadas os indígenas eram a mão-de-obra, no transporte de cargas, das fábricas para o porto. Chega no município a Rede Ferroviária Federal em 1950, para escoar a produção do Nordeste para o Sul do país. Na Estação Ferroviária foi construido o Armazém Carnaúba, com uma balsa para transportar o trem, atravessando o rio na Ferro Boto. O movimento de índios estivadores, era grande na estação, transportavam dos vagões dos trens para os armazéns. Entre os estivadores do porto, destacou-se o Mudo da Marialve, descendente Xocó da Ilha de São Pedro, tornando-se uma lenda, por sua força descomunal. Para facilitar o transporte de cargas, construíram carroças de burro, com capacidade para 500 kg. Relacionando os estivadores indígenas do porto, citamos: elpídio, Antônio Cruz, Salvelino, Ademir, Antônio Sebo, Pedro Girí, Tinga, Eduardo, Juarez, Arnaldo e Nanô. O número de estivadores eram muitos, entre indígenas e brancos da cidade. O serviço era perigoso, o índio Salvelino, foi vitimado por uma pilha de sacos , que caiu sobre ele, causando sua morte em 1960, no Armazém de Zeca Matias. Quando foi construída a Ponte da BR 101 sobre o Rio São Francisco em 1972, o transporte por via aquática acabou. O transporte de cargas seria agora pela rodovia, em caminhões e carretas, não mais por canoas, lanchas e balsas. O único estivador que continua na profissão foi o índio Antônio Sebo, mudou-se para Maceió, trabalhou no Porto de Jaraguá até 1990.  
http://www.indiosonline.org.br/novo/estivadores_do_porto/

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Nhenety Kariri-Xocó.



sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ATIVIDADES DA ESCOLA VIVA

Paisagem de Nossa Terra com os elementos naturais
A aldeia é uma sala de aula social.
A floresta a classe ambiental, nosso teto é o sol brilhando, a lua e as estrelas brilhantes.
Toda a Terra Indígena Kariri-Xocó é uma Escola, a Comunidade são os alunos. Apredemos uns com os outros.
A paisagem natural é viva, não está só em livros, os pássaros voam, os peixes nadam de verdade, o rio tem água verdes. Na escola da comunidade o pescador ensina no rio e também hoje ele vem ate a sala de aula para ensinar sobre pescaria, sobre a arte de fabricar os instrumentos de pesca como: kuwú, tarrafa, jeréré, puçá etc… A ceramista repassa para as meninas o segredo da arte do barro, confeccionar objetos utilitários: potes, panelas, pratos; O caçador conhece a fauna como nimguém e no pátio da escola faz imitação dos animais da floresta, as crianças adoram. Os músicos tradicionais cantam e dançam o Toré, emociona porque expressam a cultura, os acontecimentos históricos, sociais e os fenômenos naturais. Os artesões mostram suas habilidades na confecção de ojetos de adornos, instrumentos, os alunos aprendem observando e praticando, fazem brincos, puseiras, arcos, flechas, cachimbos, anéis, etc… Os tecelões repasam aos alunos o manejo de torcer fibras vejetais de caroá, fazem cordas, esteiras, tapetes, bolsas e tranças de palha da palmeira aricuri. O agricultor mostra na roça como plantar milho, feijão, abóbora, batata e mandioca, os meninos aprendem a cavar a terra e as meninas plantam as sementes no solo. A gente também fala de agricultura e da natureza dentro do predio da escola, a gente faz a ligacao de tudo o que acontece na aldeia dentro da educação escolar. Nos sabemos que a educação acontece muito alem dos horarios e do predio. Nossa escola é viva e é dinâmica. Todos contribuem, povo, meio ambiente, animais, plantas, rios, crianças, adolescentes, adultos e velhos, não tem idade. Assim funciona a escola viva aqui.
Quem estar falando é o Contador de Histórias Nhenety Kariri-Xocó, participando nesta educação da realidade.

Nhenety Kariri-Xoco

http://www.indiosonline.org.br/novo/atividades_da_escola_viva/

FLORESTA EXPRESSÃO DA BIODIVERSIDADE

Mata do Ouricuri no Verão
 
Mata do Ouricuri no Inverno
   A floresta é a expressão máxima da biodiverssidade, a sua exuberância em espécies, de animais e vegetais, em condições habitáveis para os seres humanos vem desde os tempos imemoriais. Os indígenas tiveram participação na formação desse ecossistema, agindo no meio ambiente, criando espécies da necessidade cultural.
Para os tupis, Nhanderu no começo do mundo criou a terra, colocou o índio para cuidar da Grande Roça (a floresta), nasceu assim a tribo e tudo que o povo indígena queria estava ali.
A verdadeira roça tem tudo em abundância , é o conjunto total do ambiente e utilizado pela tribo: árvores frutíferas, pau-de-arco, pau-de-canoa, genipapo para pintura, cana de flecha, coité como instrumento musical, sapé para cobertura da maloca, mandioca, milho, banana, mamão, urucum,etc. Temos na roça diverssos animais: cutia, paca, anta, arara, abelha, onça, tatu, pássaros em geral, peixes, répteis, insetos. Para complementar a Grande Roça temos dentro dela rios, lagos, argila para a cerâmica, serras, cavernas. Atualmente é muito difícil possuir uma Grande Roça como no princípio, mas a maneira de aproximar-mos mais dessa realidade é a Agrofloresta, por cultivar maior número possível de plantas, respeitando as condições naturais. Em termos de importância global, a floresta constitui como a maior indústria do mundo, produz gases indispensáveis a vida , o gás carbónico e o oxigênio, sem esses elementos todos morreríamos . Todos os seres vivos que faz parte de uma região, faz
parte da roça. Cada ecossistema é um tipo de roça: Mata Atlântica,
Caatinga, Cerrado,Floresta Equatorial, Mangue, Pantanal etc. No Brasil
cada povo indígena tinha sua roça, muitas árvores centenárias e
milenares é um legado de nossos antepassados, devemos fazer nossa parte “plantar”, que a natureza nos ajudará a criar seus filhos amados.

Nhenety Kariri-Xocó

http://www.indiosonline.org.br/novo/a_floresta_expressao_da_biodiverssidade/

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

NÃO É LENDA APENAS VERDADE

O Que Acreditamos São Nossa Realidade Cultural
   Como Contador de Histórias da tribo, é muito freqüente ser entrevistado por acadêmicos que visitam os Kariri-Xocó. Certa vez estava em minha casa e chegou uma estudante de história da UFAL- Universidade Federal de Alagoas. Ela disse para mim que veio fazer um trabalho na tribo sobre “mitos e lendas” dos Kariri-Xocós. Respondi para a universitária que aqui na tribo não existia mitos e lendas. Ela levou um tremendo susto. Expliquei que entre os índios “mitos e lendas são verdades absolutas”, não é fantasias, nem mentira como contam os livros. Acreditamos na “Mãe Dágua” que é guardiã dos rios, dos peixes. Recebemos notícias da natureza através dos cantos dos pássaros, insetos e dos fenômenos atmosféricos, coisas boas ou ruins podem acontecer. As formigas quando saem do formigueiro é sinal que vai chover. Quando o joão-de-barro faz sua casinha de argila com a porta virada para o Norte é porque vamos ter um inverno chuvoso. o índio acredita em sua cultura, porque é uma verdade pura. A parti do momento que não acreditar em sua cultura, religião indígena estará tudo perdido. Quando acreditamos em nossa espiritualidade , se aproximamos do Ser Superior e nossa Mãe Terra.   http://www.indiosonline.org.br/novo/nao_e_lenda_apenas_verdade/   .

Nhenety Kariri-Xocó.


FOGUEIRA DAS HISTORIAS



No princípio do meu aprendizado foi no seio da família, principalmente com a minha mãe Maria de Lourdes Ferreira indígena Kariri-Xocó. Logo após essa fase do 0 aos 5 anos as crianças nativas da minha aldeia logo iniciavam como ouvintes nas conversas ao redor da Fogueira Tradicional pelos anciãos da tribo. Essa educação tradicional inicial acontece mesmo antes da educação na escola indígena local e continua assim durante toda nossa a vida até todos nós chegar a velhice. 
     Meu maior sonho é mesmo chegar ser um ancião, porque o maior projeto do ser humano é prolongar a sua vida na terra respeitando outras formas de vida que dão suporte a todos nós. Chegar ter os cabelos brancos é atingir o doutorado da vida, viver ao máximo possível para no final contar a sua própria história para as novas gerações que estão chegando.  necessidades de agrupamento, os indígenas se reuniam ao redor do fogo, para discutir seus problemas, falarem da criação do mundo, das caçadas, da pesca, das tradições dos antepassados deram origem a tribo como povo. Quando os índios Kariri-Xocó ocuparam a Fazenda Modelo em 31 de outubro de 1978, os homens fizeram piquete no portão de entrada da aldeia. Acenderam logo uma fogueira debaixo do pé da canafístula, ali ficavam a noite e o dia, fazendo vigilância para dar segurança a tribo. Naquele fogo faziam café, assavam carne e peixe da Lagoa Comprida, dali sai histórias dos tempos passados, do presente para garantir o futuro. Nossa tribo tinha grandes Contadores de Histórias: Joaquim Fumaça, Velho Gringo, Manoel Iraminon, Otávio Nidé, Francisco Suíra, Candará, Antônio Preto, Cícero Irêcê e Júlio Queiroz. Cada Contador de História tinha sua especialidade, Joaquim Fumaça falavam do Tempo do Rei, dos engenhos de cana-de-açúcar, de príncipes, de feiticeiros, assombrações, de Lobisomens, dos viajantes e tropeiros. O Velho Gringo contava de valentia dos Cangaceiros de Lampião, de Corisco, Polícia Volante, dos Valentões do Sertão, das espertezas de João Grilo, de Zé Bico Doce, dos Coronéis da região. Manoel Iraminon, conhecia o órgão S.P.I., dos fazendeiros do sertão e do litoral, da Revolução de 1930, da Intendência de Colégio, do sertanejo pobre, dos vaqueiros na lida do gado, histórias de mistérios, das festas do interior. O Cacique Otávio Nidé, conhecedor das Leis da Tradição, falava das genealogias tribal, dos pajés, do Conselho Tribal, do Cemitério Sagrado, onde enterrava os mortos em igaçabas, conhecia os segredos do rio, da Mãe Dágua, do Negro Dágua, do Fogo Fátuo, falava das trovoadas, dos raios, da chegada do inverno, da seca do verão. O Pajé Francisco Suíra nosso Chefe espiritual, comandava o Ritual do Ouricuri, da Cura dos Doentes, conhecia espíritos dos brancos, que na sua casa chegava, feitiços dos bruxos, olhos malignos da inveja, das doenças e fartura. Candará é um caçador da mata, este índio imita pássaros, animais de pelo, conhecia rastro de teiú, da capivara, do veado, sabia onde dormia o gato-do-mato, sobressaía da esperteza da raposa, tem um conhecimento vasto da fauna e flora. Antônio Preto era uma pessoa mateiro, trabalhava em madeira, remédio de raiz de pau, fazia girau de cipó, casa de pau-a-pique, choupana de taipa, trabalhou em engenhos velho, sofreu tanto de fazer dó. O Cacique Cícero Irêcê, comandou a entrada da Fazenda Modelo, conhece as histórias das tribos do São Francisco, dos Kariri, Natu, Romarís, Xocó, Aramuru, Karapotó, Aconãs e Tupinambás, um conhecedor das relações com o Governo Federal, FUNAI , ministérios e órgãos públicos. Julho Queiroz filho do Pajé Suíra, cantava toré e rojões, nas atividades de mutirão, fazendo tapamento de casa, limpando a terra para o plantio, de feijão e milho. Ao redor da fogueira saiam muitas histórias bonitas, de angústias que passamos, das injustiças da política indigenista, da invasões de nossa terra, dos fazendeiros poderosos, da exploração da mão-de-obra barata, do sofrimento do povo. Da histórias da fogueira saiu muitas soluções importantes, reconquistamos nossas terras, conservamos a tradição oral, a cultura preservamos, cantos e danças do toré, que agora podemos mostrar. Nhenety Kariri-Xocó.

http://www.indiosonline.org.br/novo/fogueira_das_historias/

MINHA VISAO DO COMPUTADOR

Nhenety com o Computador
  Nos índios já estamos usando o computador como ferramenta de buscar soluções. O computador nos serve para escrever projetos ou cartas, que nos auxiliam para buscar melhorias na saúde educação, sustentabilidade e tudo que se refere a nossa sobrevivência e desenvolvimento, servindo como um Arco e Flecha.
O arco e flecha é um instrumento de defesa, de caça… Hoje em dia, um computador com internet também pode ser utilizado pelos os indios como um instrumento de defesa e caça.
Quando nos índios pensamos em fazer uma caçada, nós nos preparamos, estudando todas as possibilidades: o clima, o terreno, a época do ano… Preparamos nossas flechas, fazemos nossas orações e saímos em grupo… tem índio que pesquisa no google, o que escreve carta para governo, o que escreve projeto, o que tem faro para os recursos, o que tira os vírus, o que faz contas, gráficos, apresentações.As ações da ” Grande Caçada” é um termo que simboliza qualquer atividade que busque a subsistência como no tempo que vivíamos na floresta, mas agora refere-se uma operação atual, caçamos: fazendo projetos, cartas, documentos, casas, plantando, criando animais doméstico, estudando, enfim e um série de coisas mais.
Hoje em dia, também nos reunimos em grupo e através do computador e a internet nos estudamos todas as possibilidades: os órgãos do governo e seus editais e suas leis, as agencias de cooperação, os financiadores, os programas, os patrocínios de empresas, o mundo das parcerias… Preparamos nossos projetos e saímos na busca de concretizar nossa caçada.
Arco e flecha = computador e internet
Caçada = elaboração de projetos
Caça = projeto aprovado
Cozinhar = executar
E depois só comer o resultado
Quando um projeto é pensado, projetado, elaborado, encaminhado é igual à CAÇADA TRADICIONAL.
O que se precisa para ser um bom CAÇADOR?
Precisa aprender com os mais hábeis caçadores e principalmente praticar muito.
É bom estudar os hábitos dos animais: onde comem, onde bebem, onde vivem…
É importante saber imitar os animais para atrai-os.
É importante farejar, rastejar para capturar as caças.
É muito importante também o domínio do arco e flecha para atingir a caça.
O que se precisa para ser um bom CAÇADOR ELETRÔNICO?
Precisa aprender um pouco da informática com aqueles que já sabem sem se importar com a tribo digital que a outra pessoa pertença. Dedicar horas a pratica no computador é fundamental. Praticando se aprende. Muito do que sabemos hoje temos o aprendido praticando… Sozinhos.
Com a internet nos podemos estudar “os hábitos” das agencias, das secretarias, dos órgãos, das empresas… Onde se localizam, quais são a suas missões, quais suas formas de proceder (editais, chamadas, patrocínios, apoios, parcerias…).
É importante saber “imitar”, saber ajustar nossos projetos aos perfis daqueles que agente quer atrair, sejam eles financiadores ou parceiros…
È importante procurar, pesquisar, navegar na INTERNET para assim saber melhor como “capturar”.
Hábitat (Floresta, rio, lagoa, árvores, subsolo…) = Financiadores (Agencias, Secretarias, Empresas).
Hábitat é onde agente vai buscar a caça.
Financiador é onde agente vai buscar aprovar o projeto.
O computador é muito rápido ele vai longe pode até atrevessar o oceano, ir ao final do mundo em segundos. A luta para buscar as soluções dos problemas exige um grupo de pessoas articuladas e planejamento, portanto o arco foi esticado, quando o trabalho vai sendo desempenhado em forma de papel (flechas) elas são lançadas em todas as direções e atingem o alvo quando a ação for concretizada.
Um arco e flecha pendurado na parede é decorativo não caça nem defende.
Vamos usar nossos computadores.

Nhenety Kariri-Xocó

http://www.indiosonline.org.br/novo/visao_de_nhenety_sobre_computador/