Mais um aspecto sobre a família Terejê parece ter sido desvendado se levarmos em consideração a palavra mencionada no título. Crórobae foi anotada por Mamiani em seu catecismo, com o significado de 'gêmeos', logo de cara podemos notar uma palavra familiar ao grupo Macro-Jê e que também servia de nome para os povos Sapuyá e Kamurú de acordo com Martius, que é a palavra Cró, um processo comum do Kariri parece ter sido a mudança de a > ó, cujo se revertermos podemos reconstruir sua estrutura original *kra 'filho, filha'.
Faltando apenas ROBAE, apesar de sua semelhança ao seu homófono ROBAE 'todos', eu não creio que essas duas palavras sejam a mesma. Na verdade, graças à comparação com o Xavante e Xerente, podemos perceber algo interessante:
Xerente: ropãri 'derrubar (dual)'
Xavante: ropãrĩ 'desmaiar (dual)'
Muitos talvez não entendam o que isso significa, mas muitas línguas do mundo usam verbos como 'cair', 'sair' e também 'derrubar' para denotar os conceitos de 'nascer' e 'parir', em ambos os casos, o verbo é dual, uma forma de enumeração dos participantes de um argumento onde se nomeiam dois sujeitos do verbo, de certa forma é possível expressar no português com a frase:
'nós dois fomos buscar as cadeiras'
Apesar de que nesta não há uma distinção clara entre o plural e o dual, enquanto em várias línguas indígenas do Brasil e também mundo afora se faz tal distinção, se essa mesma distinção for aplicada aqui, faria total sentido que o composto significasse:
CRÓ-ROBAE 'nascer dois filhos'
O que nos indicaria que gramaticalmente, as línguas Natú, Xocó e Wakonã faziam distinção de número nos seus verbos assim como o Xavante e o Xerente e as línguas Jê Setentrionais.
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
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