sábado, 15 de março de 2025

A INFLUÊNCIA DOS VISIGODOS NA PENÍNSULA IBÉRICA





Legado Jurídico, Religioso e Cultural entre os Séculos V e VIII



RESUMO



A presença visigótica na Península Ibérica entre os séculos V e VIII foi determinante para a formação das estruturas políticas, jurídicas, religiosas e culturais que moldaram os reinos cristãos medievais ibéricos. Este artigo propõe uma análise descritiva da herança deixada pelos visigodos, destacando seus principais legados: o direito, a administração, a religião, a arte, a estrutura social e a continuidade de sua influência após a invasão muçulmana de 711. Ao abordar esses aspectos, busca-se compreender como a civilização visigótica contribuiu para os alicerces de Portugal e Espanha.


Palavras-chave: Visigodos, Península Ibérica, direito, religião, cultura, herança medieval.


1. INTRODUÇÃO


O período de domínio visigodo na Península Ibérica, entre os séculos V e VIII, foi um dos mais significativos no processo de transição da Antiguidade para a Idade Média no contexto ibérico. Após a queda do Império Romano do Ocidente, os visigodos, um povo de origem germânica, estabeleceram-se no território ibérico e fundaram um reino que, apesar de relativamente curto, deixou profundas marcas nas estruturas sociais, religiosas e políticas da região. Este artigo propõe uma abordagem panorâmica da influência visigótica, ressaltando seus legados mais duradouros e sua importância na constituição das identidades culturais ibéricas.


2. DESENVOLVIMENTO


2.1 Direito e Administração


Um dos legados mais expressivos dos visigodos foi o desenvolvimento de um sistema jurídico que conciliava tradições germânicas e romanas. Destacam-se o Código de Leovigildo, no final do século VI, e o Liber Iudiciorum, compilado em 654 sob o reinado de Recesvinto. Este último tornou-se a base do direito visigótico e influenciou profundamente o direito medieval ibérico, pois unificava normas para visigodos e hispano-romanos, fortalecendo a centralização do poder régio.


2.2 Religião e Igreja


Inicialmente adeptos do arianismo, os visigodos converteram-se ao catolicismo em 589, durante o reinado de Recaredo I. Essa conversão teve profundo impacto político e social, fortalecendo a aliança entre a Igreja e a monarquia. Os Concílios de Toledo, assembleias que reuniam reis e bispos, tornaram-se centros de poder e deliberação sobre questões doutrinárias, civis e políticas, integrando a Igreja ao funcionamento do Estado visigótico.


2.3 Arquitetura e Arte


A arte visigótica, influenciada pelas tradições romanas e bizantinas, revelou-se principalmente na arquitetura religiosa. Exemplos notáveis são as igrejas de San Juan de Baños (Espanha) e São Frutuoso de Montélios (Portugal), com suas plantas basilicais e arcos em ferradura. Além disso, o requinte da ourivesaria visigoda pode ser observado nas coroas votivas do Tesouro de Guarrazar, que demonstram o alto grau de sofisticação artística.


2.4 Língua e Cultura


Apesar de o latim ter permanecido como língua dominante, os visigodos introduziram elementos do léxico germânico, especialmente relacionados à guerra e à administração. A influência cultural também se deu na onomástica, com a popularização de nomes germânicos. Contudo, sua contribuição para a formação de uma cultura híbrida germano-romana foi mais perceptível nos costumes e estruturas sociais.


2.5 Estrutura Social e Política


Os visigodos estabeleceram uma monarquia eletiva, que frequentemente gerava disputas internas, mas também criou um modelo de aristocracia que mesclava elites germânicas e hispano-romanas. Essa fusão consolidou a base social que sustentaria os reinos cristãos da Idade Média. O ideal de realeza visigótica influenciaria diretamente os modelos monárquicos ibéricos posteriores.


2.6 Influência no Período Pós-Visigótico


Mesmo após a conquista muçulmana de 711, a cultura visigótica não desapareceu. Ela sobreviveu nos reinos cristãos do norte, como Astúrias e Leão, sendo resgatada como símbolo de resistência e identidade. Durante a Reconquista, o legado visigótico foi reinterpretado como herança legítima dos reinos cristãos em luta contra o domínio islâmico, contribuindo para a formação de uma memória coletiva medieval.


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS


O domínio visigodo na Península Ibérica foi um período de síntese entre tradições germânicas e romanas, cujo legado perdura na cultura ibérica. A codificação do direito, a organização da Igreja, a produção artística, a estrutura social e o modelo político adotado influenciaram de maneira decisiva a formação dos reinos medievais de Portugal e Espanha. Mesmo após o fim do reino visigodo, sua memória permaneceu viva, sendo ressignificada no contexto da Reconquista e da construção das identidades nacionais ibéricas. Compreender essa influência é essencial para entender os alicerces da história medieval da Península.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



BARCELÓ, Miquel. A Alta Idade Média: Ocidente Cristão e Mundo Islâmico. Lisboa: Edições 70, 2000.


DÍEZ, José Ignacio de la Iglesia. Historia de los visigodos. Madrid: Ediciones Akal, 2003.


FLETCHER, Richard. The Visigoths in the Time of Ulfila. London: Methuen & Co., 1980.


GONZÁLEZ, Julio. El reino visigodo. Madrid: Historia 16, 1993.


LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. São Paulo: Edições Loyola, 2001.


SÁNCHEZ-ALBORNOZ, Claudio. España: un enigma histórico. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1973.




Autor: Nhenety KX



Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 15 de março de 2025 e da imagem dia 23 de abril de 2025.





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