A Bíblia menciona, de forma indireta e profética, a presença judaica em terras distantes, o que pode incluir a Península Ibérica. Vamos analisar os versículos mencionados:
1. Zacarias 12:7 – "O Senhor salvará primeiro as tendas de Judá, para que a glória da casa de Davi e a glória dos habitantes de Jerusalém não se exaltem sobre Judá."
Esse versículo trata da restauração de Judá e da proteção divina sobre o povo judeu. Alguns intérpretes sugerem que isso inclui a recuperação dos exilados em diversas partes do mundo.
2. Obadias 1:20 – "Os exilados deste exército dos filhos de Israel, que estão entre os cananeus até Sarepta, e os exilados de Jerusalém, que estão em Sefarad, possuirão as cidades do sul."
O termo "Sefarad" tem sido tradicionalmente identificado com a Península Ibérica. Isso sugere que judeus exilados já estavam presentes lá em tempos antigos.
3. Romanos 15:24-28 – O apóstolo Paulo menciona seu desejo de viajar para a Espanha (provavelmente a Península Ibérica) e que os cristãos de Jerusalém estavam enviando contribuições para os necessitados.
Isso indica que havia conhecimento sobre a presença de comunidades judaicas naquela região.
A Dispersão Judaica para a Península Ibérica (a.C. – 70 d.C.)
A tradição judaica e fontes históricas indicam que judeus chegaram à Península Ibérica em diferentes períodos antes da destruição do Segundo Templo (70 d.C.):
1. Comerciantes Fenícios e a presença judaica primitiva
A tradição sugere que judeus podem ter chegado à Península Ibérica junto com os fenícios, que fundaram colônias como Cádiz (Gades) por volta do século IX a.C.
2. Exílio Assírio e Babilônico
Após a destruição do Reino de Israel pelos assírios (722 a.C.) e do Reino de Judá pelos babilônios (586 a.C.), parte dos exilados pode ter migrado para o Ocidente, incluindo a Península Ibérica.
3. Influência Romana e a diáspora antes de 70 d.C.
Durante a ocupação romana, os judeus foram levados como escravos e muitos se estabeleceram na Hispânia. Escritos romanos indicam a presença judaica antes da destruição do Templo.
Fontes Judaicas sobre a Dispersão para Sefarad (Espanha/Ibéria)
1. O Talmude e os Midrashim – Mencionam a existência de judeus em Sefarad como parte da diáspora.
2. Josefo (século I d.C.) – Fala sobre judeus espalhados pelo Império Romano, o que inclui Hispânia.
3. Maimônides (século XII) – Refere-se à tradição judaica que associa Sefarad à Península Ibérica.
A presença judaica na Península Ibérica se fortaleceu após a destruição do Segundo Templo, com refugiados de Jerusalém se estabelecendo em várias cidades. Essa presença se manteve até a expulsão dos judeus em 1492.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BÍBLIA. Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Tradução de Vicente Pedroso. São Paulo: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2004.
MAIMÔNIDES, Moisés. Carta aos Judeus do Iêmen. Tradução de Abraham S. H. Halperin. São Paulo: Sefer, 2010.
TALMUDE BABILÔNICO. Tratado Meguilá 6a. Tradução e comentário de Adin Steinsaltz. São Paulo: Sefer, 2002.
MIDRASH RABÁ. Comentários sobre Obadias 1:20. Tradução de Jacob Neusner. Jerusalém: Mossad Harav Kook, 1998.
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