Resumo
Este estudo aborda a presença judaica na Península Ibérica desde os tempos antigos, com base em fontes bíblicas, históricas e rabínicas. A análise parte de textos como Obadias 1:20, que menciona "Sefarad", tradicionalmente associada à Península Ibérica. Considera-se que os judeus tenham chegado à região em diferentes períodos, desde o comércio fenício até os exílios assírio e babilônico, bem como durante o domínio romano. Fontes como o Talmude, Flávio Josefo e Maimônides reforçam a tradição da diáspora judaica em terras ibéricas. O trabalho mostra que a presença judaica foi significativa e contínua até sua expulsão em 1492, sendo parte importante da história da diáspora hebraica.
Palavras-chave: Judaísmo; Sefarad; Península Ibérica; Diáspora; História Antiga.
Introdução
A presença judaica na Península Ibérica é um tema que desperta interesse tanto no campo religioso quanto no histórico. As tradições bíblicas e os registros históricos apontam para uma dispersão dos judeus para diversas regiões do mundo, sendo "Sefarad" um nome recorrente nas fontes hebraicas antigas. A identificação de Sefarad com a Península Ibérica tem sido sustentada por intérpretes ao longo dos séculos, indicando uma presença judaica anterior mesmo à destruição do Segundo Templo em 70 d.C. Este trabalho busca investigar os indícios dessa presença milenar, analisando textos bíblicos, fontes judaicas clássicas como o Talmude e os Midrashim, além de registros de autores como Flávio Josefo e Maimônides. A proposta é compreender como os judeus chegaram à região, quais foram os fatores históricos e religiosos envolvidos nesse processo e qual foi a relevância dessa comunidade no contexto ibérico até sua expulsão em 1492.
A Bíblia menciona, de forma indireta e profética, a presença judaica em terras distantes, o que pode incluir a Península Ibérica. Vamos analisar os versículos mencionados:
1. Zacarias 12:7 – "O Senhor salvará primeiro as tendas de Judá, para que a glória da casa de Davi e a glória dos habitantes de Jerusalém não se exaltem sobre Judá."
Esse versículo trata da restauração de Judá e da proteção divina sobre o povo judeu. Alguns intérpretes sugerem que isso inclui a recuperação dos exilados em diversas partes do mundo.
2. Obadias 1:20 – "Os exilados deste exército dos filhos de Israel, que estão entre os cananeus até Sarepta, e os exilados de Jerusalém, que estão em Sefarad, possuirão as cidades do sul."
O termo "Sefarad" tem sido tradicionalmente identificado com a Península Ibérica. Isso sugere que judeus exilados já estavam presentes lá em tempos antigos.
3. Romanos 15:24-28 – O apóstolo Paulo menciona seu desejo de viajar para a Espanha (provavelmente a Península Ibérica) e que os cristãos de Jerusalém estavam enviando contribuições para os necessitados.
Isso indica que havia conhecimento sobre a presença de comunidades judaicas naquela região.
A Dispersão Judaica para a Península Ibérica (a.C. – 70 d.C.)
A tradição judaica e fontes históricas indicam que judeus chegaram à Península Ibérica em diferentes períodos antes da destruição do Segundo Templo (70 d.C.):
1. Comerciantes Fenícios e a presença judaica primitiva
A tradição sugere que judeus podem ter chegado à Península Ibérica junto com os fenícios, que fundaram colônias como Cádiz (Gades) por volta do século IX a.C.
2. Exílio Assírio e Babilônico
Após a destruição do Reino de Israel pelos assírios (722 a.C.) e do Reino de Judá pelos babilônios (586 a.C.), parte dos exilados pode ter migrado para o Ocidente, incluindo a Península Ibérica.
3. Influência Romana e a diáspora antes de 70 d.C.
Durante a ocupação romana, os judeus foram levados como escravos e muitos se estabeleceram na Hispânia. Escritos romanos indicam a presença judaica antes da destruição do Templo.
Fontes Judaicas sobre a Dispersão para Sefarad (Espanha/Ibéria)
1. O Talmude e os Midrashim – Mencionam a existência de judeus em Sefarad como parte da diáspora.
2. Josefo (século I d.C.) – Fala sobre judeus espalhados pelo Império Romano, o que inclui Hispânia.
3. Maimônides (século XII) – Refere-se à tradição judaica que associa Sefarad à Península Ibérica.
A presença judaica na Península Ibérica se fortaleceu após a destruição do Segundo Templo, com refugiados de Jerusalém se estabelecendo em várias cidades. Essa presença se manteve até a expulsão dos judeus em 1492.
Considerações Finais
A análise dos textos sagrados, das tradições judaicas e dos registros históricos evidencia uma forte ligação entre o povo judeu e a Península Ibérica desde a Antiguidade. A menção bíblica de Sefarad, reforçada por comentários rabínicos e por autores como Josefo e Maimônides, aponta para uma dispersão significativa que incluiu a região ibérica ainda antes da destruição do Segundo Templo. A presença judaica se consolidou ao longo dos séculos, influenciada por movimentos migratórios forçados e voluntários, por razões comerciais, religiosas e políticas. A permanência dessa comunidade até o decreto de expulsão de 1492 demonstra sua importância e contribuição para a história cultural e religiosa da Península. Este estudo reafirma o papel histórico dos judeus na formação da diversidade ibérica, trazendo à luz um legado de resistência, fé e identidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BÍBLIA. Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Tradução de Vicente Pedroso. São Paulo: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2004.
MAIMÔNIDES, Moisés. Carta aos Judeus do Iêmen. Tradução de Abraham S. H. Halperin. São Paulo: Sefer, 2010.
TALMUDE BABILÔNICO. Tratado Meguilá 6a. Tradução e comentário de Adin Steinsaltz. São Paulo: Sefer, 2002.
MIDRASH RABÁ. Comentários sobre Obadias 1:20. Tradução de Jacob Neusner. Jerusalém: Mossad Harav Kook, 1998.
Autor: Nhenety KX
Utilizando a ferramenta Gemini ( Google ), inteligência artificial para análise da temática e Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 30 de março de 2025 e a capa do artigo dia 28 de abril de 2025.
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