terça-feira, 1 de abril de 2025

REINOS BÁRBAROS DA PENÍNSULA IBÉRICA


A Península Ibérica passou por várias fases de dominação e reinos bárbaros entre o declínio do Império Romano e a invasão muçulmana de 711. O processo começou com os feudos romanos atribuídos a povos federados (foederati), que posteriormente se tornaram reinos independentes.

1. Os Reinos Bárbaros na Península Ibérica

Os principais povos bárbaros que formaram reinos na Península Ibérica foram:

1.1. Reino dos Vândalos (409–429)

Divididos entre Hasdingos (norte) e Silingos (sul).

Inicialmente receberam terras como foederati de Roma, mas foram expulsos pelos visigodos e depois migraram para o norte da África.

1.2. Reino dos Alanos (409–426)

Um povo iraniano que se estabeleceu na Lusitânia e Cartaginense.

Foram derrotados pelos visigodos a mando dos romanos, e os sobreviventes se uniram aos vândalos.

1.3. Reino dos Suevos (409–585)

Fundado na Galécia (noroeste da Península, atual Portugal e Galícia).

Inicialmente federados de Roma, depois um reino independente.

Foram absorvidos pelo Reino Visigodo em 585.

1.4. Reino Visigodo (507–711)

Inicialmente aliados de Roma, foram usados para derrotar outros bárbaros.

Expandiram-se na Península após perderem o sul da Gália na batalha de Vouillé (507) contra os francos.

Tornaram-se o principal reino ibérico até a conquista muçulmana.

2. Relação dos Visigodos com Romanos e Judeus

Os visigodos, apesar de dominarem a Península, eram inicialmente uma minoria guerreira, convivendo com uma população majoritariamente hispano-romana.

2.1. Com os Hispano-Romanos

No início, havia distinção legal entre visigodos e romanos.

Apenas visigodos podiam portar armas e exercer cargos militares.

Em 654, com o Código de Recesvinto, houve uma unificação das leis, dando direitos mais iguais.

2.2. Com os Judeus

Durante o domínio romano, os judeus tinham certa liberdade.

Com a conversão dos visigodos ao catolicismo niceno (586), começou a perseguição contra os judeus.

Foram obrigados a se converter ao cristianismo ou enfrentar o exílio.

No final do Reino Visigodo, muitos judeus apoiaram a invasão muçulmana como libertação.


Conclusão


A Península Ibérica teve quatro grandes reinos bárbaros antes da chegada dos muçulmanos. Os visigodos consolidaram seu poder e tentaram unificar a sociedade, mas perseguições religiosas e instabilidades internas enfraqueceram o reino, facilitando a invasão islâmica em 711.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 


Livros


HEATHER, Peter. A Queda do Império Romano: Uma Nova História da Roma Antiga. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

THOMPSON, Edward Arthur. The Goths in Spain. Oxford: Clarendon Press, 1969.

WICKHAM, Chris. O Legado de Roma: Uma Nova História da Europa Medieval. São Paulo: Estação Liberdade, 2019.


Artigos e Capítulos de Livros


BARCELÓ, Pedro. Los visigodos y su integración en Hispania. In: GARCÍA MORENO, Luis A. (Org.). Sociedad y economía en la Hispania visigoda. Madrid: Cátedra, 1976, p. 35-58.

GARCÍA MORENO, Luis A. Las Invasiones y la Época Visigoda. In: PÉREZ, Juan B. (Org.). Historia de España Antigua. Madrid: Ediciones Cátedra, 2012, p. 249-290.


Artigos em Periódicos Acadêmicos


FERNÁNDEZ, Luis A. La comunidad judía en la Hispania visigoda: represión y resistencia. Hispania Sacra, v. 51, n. 104, p. 387-414, 1999.

MARTÍNEZ, Ángel. El reino visigodo y la romanización tardía en la Península Ibérica. Revista de Historia Antigua, v. 28, p. 77-95, 2015.





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