A Península Ibérica passou por várias fases de dominação e reinos bárbaros entre o declínio do Império Romano e a invasão muçulmana de 711. O processo começou com os feudos romanos atribuídos a povos federados (foederati), que posteriormente se tornaram reinos independentes.
1. Os Reinos Bárbaros na Península Ibérica
Os principais povos bárbaros que formaram reinos na Península Ibérica foram:
1.1. Reino dos Vândalos (409–429)
Divididos entre Hasdingos (norte) e Silingos (sul).
Inicialmente receberam terras como foederati de Roma, mas foram expulsos pelos visigodos e depois migraram para o norte da África.
1.2. Reino dos Alanos (409–426)
Um povo iraniano que se estabeleceu na Lusitânia e Cartaginense.
Foram derrotados pelos visigodos a mando dos romanos, e os sobreviventes se uniram aos vândalos.
1.3. Reino dos Suevos (409–585)
Fundado na Galécia (noroeste da Península, atual Portugal e Galícia).
Inicialmente federados de Roma, depois um reino independente.
Foram absorvidos pelo Reino Visigodo em 585.
1.4. Reino Visigodo (507–711)
Inicialmente aliados de Roma, foram usados para derrotar outros bárbaros.
Expandiram-se na Península após perderem o sul da Gália na batalha de Vouillé (507) contra os francos.
Tornaram-se o principal reino ibérico até a conquista muçulmana.
2. Relação dos Visigodos com Romanos e Judeus
Os visigodos, apesar de dominarem a Península, eram inicialmente uma minoria guerreira, convivendo com uma população majoritariamente hispano-romana.
2.1. Com os Hispano-Romanos
No início, havia distinção legal entre visigodos e romanos.
Apenas visigodos podiam portar armas e exercer cargos militares.
Em 654, com o Código de Recesvinto, houve uma unificação das leis, dando direitos mais iguais.
2.2. Com os Judeus
Durante o domínio romano, os judeus tinham certa liberdade.
Com a conversão dos visigodos ao catolicismo niceno (586), começou a perseguição contra os judeus.
Foram obrigados a se converter ao cristianismo ou enfrentar o exílio.
No final do Reino Visigodo, muitos judeus apoiaram a invasão muçulmana como libertação.
Conclusão
A Península Ibérica teve quatro grandes reinos bárbaros antes da chegada dos muçulmanos. Os visigodos consolidaram seu poder e tentaram unificar a sociedade, mas perseguições religiosas e instabilidades internas enfraqueceram o reino, facilitando a invasão islâmica em 711.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Livros
HEATHER, Peter. A Queda do Império Romano: Uma Nova História da Roma Antiga. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
THOMPSON, Edward Arthur. The Goths in Spain. Oxford: Clarendon Press, 1969.
WICKHAM, Chris. O Legado de Roma: Uma Nova História da Europa Medieval. São Paulo: Estação Liberdade, 2019.
Artigos e Capítulos de Livros
BARCELÓ, Pedro. Los visigodos y su integración en Hispania. In: GARCÍA MORENO, Luis A. (Org.). Sociedad y economía en la Hispania visigoda. Madrid: Cátedra, 1976, p. 35-58.
GARCÍA MORENO, Luis A. Las Invasiones y la Época Visigoda. In: PÉREZ, Juan B. (Org.). Historia de España Antigua. Madrid: Ediciones Cátedra, 2012, p. 249-290.
Artigos em Periódicos Acadêmicos
FERNÁNDEZ, Luis A. La comunidad judía en la Hispania visigoda: represión y resistencia. Hispania Sacra, v. 51, n. 104, p. 387-414, 1999.
MARTÍNEZ, Ángel. El reino visigodo y la romanización tardía en la Península Ibérica. Revista de Historia Antigua, v. 28, p. 77-95, 2015.
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