terça-feira, 1 de abril de 2025

RELAÇÃO DO IMPÉRIO ROMANO COM A PENÍNSULA IBÉRICA 70 d.C. - 476 d.C.






Resumo



Este trabalho analisa o processo de romanização da Península Ibérica entre os séculos III a.C. e V d.C., com ênfase nas transformações culturais, administrativas, linguísticas e urbanísticas promovidas pela presença romana. A pesquisa discorre sobre a formação e evolução das províncias romanas na região, destacando a importância de centros urbanos como Emerita Augusta, Tarraco e Hispalis na consolidação da cultura romana. Evidencia-se o impacto do direito romano, da religião e da infraestrutura urbana como legados duradouros na constituição das futuras identidades nacionais ibéricas. A abordagem fundamenta-se em fontes históricas e estudos contemporâneos sobre o período, contribuindo para a compreensão do papel civilizatório de Roma na formação do mundo ibérico.


Palavras-chave: romanização; Península Ibérica; províncias romanas; cultura romana; legado histórico.



1. Introdução



A romanização constitui um dos fenômenos mais significativos da Antiguidade, com implicações duradouras nas estruturas sociais, políticas, jurídicas e culturais das regiões conquistadas pelo Império Romano. A Península Ibérica, habitada por diversos povos autóctones, foi incorporada gradualmente ao domínio romano a partir da Segunda Guerra Púnica (218 a.C.), tornando-se um importante território para a expansão e consolidação do império. O processo de romanização envolveu a construção de cidades, a introdução do latim como língua administrativa, a disseminação da religião romana e a implementação de um sistema jurídico unificado. Este estudo tem como objetivo analisar, em perspectiva cronológica e descritiva, as principais fases da romanização da Península Ibérica, com atenção especial à organização territorial das províncias romanas e aos elementos que compõem o legado romano nas sociedades ibéricas. A pesquisa baseia-se em autores clássicos e contemporâneos que estudam a presença romana na Hispânia e sua relevância histórica.




Relação do Império Romano com a Península Ibérica 



A relação do Império Romano com a Península Ibérica entre 70 d.C. e 476 d.C. envolve a presença de romanos, cristãos e judeus sob diferentes políticas imperiais, incluindo éditos e concílios que moldaram a convivência e os conflitos entre esses grupos.


1. O Império Romano e a Península Ibérica (70-476 d.C.)


A Península Ibérica estava sob domínio romano desde as Guerras Púnicas (218-201 a.C.), e no período de 70 d.C. a 476 d.C., ela permaneceu uma parte essencial do império. Durante esse tempo, a população era formada por romanos, povos locais romanizados (celtiberos, lusitanos) e minorias religiosas, como judeus e, posteriormente, cristãos.


1.1. Judeus na Península Ibérica


Já havia comunidades judaicas na Península desde o período republicano de Roma.


Após a destruição do Segundo Templo em Jerusalém (70 d.C.), um número maior de judeus chegou à Península como prisioneiros ou refugiados.


A princípio, os judeus tinham relativa liberdade religiosa, mas isso mudou com o crescimento do cristianismo e a legislação imperial.


1.2. Cristãos na Península Ibérica


O cristianismo começou a se expandir na Península ainda no século I e II d.C., mas sofreu perseguições esporádicas, como durante o reinado de Décio (249-251) e Diocleciano (303-311).


Com a conversão de Constantino e o Édito de Milão (313), o cristianismo foi legalizado, e a Igreja começou a se organizar mais formalmente na Península.


2. Leis e Políticas Imperiais Importantes


2.1. Antes de Constantino (70-312 d.C.)


Durante esse período, o cristianismo era uma religião minoritária e ilegal, enquanto os judeus tinham certa autonomia, mas eram vistos com desconfiança.


Édito de César Augusto (20 a.C.) – Permitira que judeus praticassem sua fé, sem serem forçados a adorar deuses romanos.


Perseguições aos cristãos:


Sob Nero (64 d.C.), Domiciano (81-96), Trajano (98-117), Décio (249-251) e Diocleciano (303-311).


Judeus também sofreram restrições após as revoltas judaicas (66-73 e 132-135).


Édito de Caracala (212 d.C.) – Concedeu cidadania romana a todos os habitantes livres do Império, incluindo judeus e cristãos.


2.2. Após a Conversão de Constantino (312-476 d.C.)


Com a ascensão do cristianismo ao poder imperial, a relação com os judeus e outras religiões começou a mudar.


Édito de Milão (313) – Legalizou o cristianismo e garantiu liberdade religiosa no império.


Concílio de Nicéia (325) – Organizou a doutrina cristã e condenou heresias.


Édito de Tessalônica (380) – O imperador Teodósio I declarou o cristianismo niceno a religião oficial do Império.


Concílio de Toledo (400, 447, 589, etc.) – Na Península Ibérica, os concílios começaram a impor restrições aos judeus e fortaleceram a relação entre Igreja e Estado.


2.3. Restrição aos Judeus


Leis Teodosianas (393-438) – Restringiram direitos judaicos, proibindo conversões ao judaísmo e impedindo casamentos entre judeus e cristãos.


Concílios de Toledo – Impuseram mais restrições aos judeus, culminando em conversões forçadas no século VII.


3. A Queda do Império Romano e a Península Ibérica


Em 476 d.C., o Império Romano do Ocidente caiu, mas a Península Ibérica já estava sob crescente influência dos visigodos, que adotaram inicialmente o arianismo e depois se converteram ao cristianismo niceno.


Impacto da Queda


A Igreja tornou-se a instituição dominante, com influência sobre leis e sociedade.


Os visigodos impuseram mais restrições aos judeus, culminando na conversão forçada sob o rei Sisebuto (612-621).



Conclusão



A relação do Império Romano com a Península Ibérica entre 70 e 476 d.C. foi marcada pela integração cultural e religiosa, pela romanização dos povos locais, pela perseguição inicial ao cristianismo e depois sua ascensão ao poder. As leis e concílios refletem essa transformação, impactando diretamente cristãos e judeus, com consequências que se estenderiam à Idade Média.




6. Considerações Finais



A análise do processo de romanização da Península Ibérica permite compreender a complexa dinâmica de interação entre conquistadores e povos locais, revelando um cenário de resistência, adaptação e assimilação cultural. A estrutura administrativa implementada por Roma, a construção de centros urbanos e a difusão do latim e das instituições jurídicas romanas moldaram profundamente a realidade ibérica, deixando marcas que ultrapassaram o período imperial. O legado romano é perceptível ainda hoje nas línguas neolatinas faladas na região, nas bases do direito vigente, nos traçados urbanos e em elementos simbólicos da cultura. Ao promover a integração da Península Ibérica ao mundo romano, esse processo estabeleceu as bases históricas e identitárias que contribuíram para a formação das nações de Portugal e Espanha. Compreender a romanização é, portanto, fundamental para compreender o passado e o presente do mundo ibérico.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 



Livros e artigos acadêmicos



1. BOWDER, Diana. Civilização Romana. Lisboa: Edições 70, 1993.


Aborda a organização social, política e religiosa do Império Romano.


2. GOODMAN, Martin. Rome and Jerusalem: The Clash of Ancient Civilizations. London: Penguin Books, 2008.


Explora a relação entre Roma e os judeus, incluindo as diásporas e perseguições.


3. HEATHER, Peter. The Fall of the Roman Empire: A New History of Rome and the Barbarians. Oxford: Oxford University Press, 2005.


Explica a queda do Império Romano e seus efeitos na Península Ibérica.


4. MARQUES, A. H. de Oliveira. História de Portugal, Vol. 1 – Das Origens ao Renascimento. Lisboa: Presença, 1997.


Traz informações sobre a romanização e o impacto do cristianismo na Península Ibérica.


5. MITCHELL, Stephen. A History of the Later Roman Empire: AD 284–641. Oxford: Blackwell, 2007.


Detalha o período de Constantino e as leis religiosas.


6. RODRÍGUEZ NEILA, Juan Francisco. Cristianos y judíos en la Hispania romana y visigoda. Granada: Universidad de Granada, 1995.


Analisa a convivência e os conflitos entre cristãos e judeus na Península Ibérica.


7. SCHAFF, Philip. History of the Christian Church, Volume III: Nicene and Post-Nicene Christianity. New York: Charles Scribner's Sons, 1910.


Traz informações sobre os concílios e as leis cristãs no Império Romano.


8. WILLIAMS, Stephen. Diocletian and the Roman Recovery. London: Routledge, 1997.


Foca nas reformas de Diocleciano, incluindo perseguições aos cristãos.



Fontes primárias (Éditos e Leis)



1. Código Teodosiano (438 d.C.)


Disponível em: https://droitromain.univ-grenoble-alpes.fr/ (em latim e francês) . Acesso em: 30 mar. 2025.


2. Édito de Milão (313 d.C.)


Disponível em traduções acadêmicas, como na obra de Schaff (History of the Christian Church).


3. Concílio de Nicéia (325 d.C.) – Cânones


Disponível em: https://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf214.txt  . Acesso em: 30 mar. 2025.


4. Concílios de Toledo (400-589 d.C.)


Traduções acadêmicas podem ser encontradas em coleções sobre os visigodos e a Igreja Ibérica.



Autor: Nhenety KX



Utilizando a ferramenta Gemini ( Google ), inteligência artificial para análise da temática e Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 30 de março de 2025 e a capa do artigo dia 28 de abril de 2025.








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