segunda-feira, 14 de abril de 2025

SIMBOLOGIA DA HISTÓRIA DE CORDEL NO IMAGINÁRIOS E FOLHETOS




Resumo



O presente trabalho aborda a simbologia presente na literatura de cordel, destacando sua trajetória histórica e cultural desde suas origens na tradição oral da Península Ibérica até sua consolidação no Nordeste brasileiro. A análise considera os ciclos do imaginário — maravilhoso e histórico — que permeiam os folhetos de cordel, relacionando elementos míticos, lendários e heróicos que atravessam os séculos e se manifestam na cultura popular nordestina. O estudo busca evidenciar o valor simbólico e a função social do cordel enquanto veículo de memória, identidade e resistência cultural.


Introdução


A literatura de cordel constitui um dos mais significativos patrimônios culturais do Nordeste brasileiro, mantendo viva uma tradição que remonta à Europa medieval. Trazida por imigrantes portugueses, essa manifestação popular adaptou-se ao sertão nordestino, conservando estruturas narrativas e simbólicas ancestrais. Este trabalho propõe uma reflexão sobre a simbologia presente na história do cordel, inserida em ciclos imaginários que percorrem desde o mundo mítico e fantástico até os relatos de heróis históricos. A pesquisa pretende destacar como o cordel, além de entretenimento, funciona como um arquivo simbólico das representações sociais e culturais de diferentes épocas.


Linha do Tempo Simbólica do Corel Popular 


1. Ciclo Maravilhoso  ( Imaginário Mítico  )


2348 a.C. (Data simbólica do Dilúvio segundo Ussher)


Surgimento de histórias de gigantes, monstros, deuses e seres encantados.


Fadas, reinos mágicos e criaturas fantásticas povoam os primeiros contos orais.

Cordéis Simbólicos: A Princesa Encantada na Montanha do Fim do Mundo, A Serpente dos Sete Olhos.


2. Ciclo Histórico ( Heróis da Antiguidade  )


c. 1100 a.C. – Sansão, herói bíblico de força sobre-humana.

c. 1300 a.C. – Moisés, libertador do povo hebreu.

c. 1250 a.C. – Hércules, herói greco-romano (cronologia mitológica).

356–323 a.C. – Alexandre, o Grande

100–44 a.C. – Júlio César

Cordéis Históricos: Sansão, o Fortíssimo de Deus, As Doze Provas de Hércules, Alexandre e os Magos do Oriente.


3. Ciclo Religioso ( Fé, Santos e Milagres  )


c. 2000 a.C. – Abraão, patriarca do povo hebreu.

Ano 1 d.C. – Nascimento de Cristo

1182–1226 – São Francisco de Assis

Século III d.C. – Santa Luzia

1844–1934 – Padre Cícero Romão Batista

Cordéis Religiosos: Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, Milagres de Padim Ciço, São Francisco e o Lobo de Gúbio.


4. Ciclo Político ( Reinos e Heróis Libertadores  )


Século V–VI – Rei Artur, lenda celta.

1554–1578 – Dom Sebastião, rei desaparecido mitificado no imaginário ibérico.

1655–1695 – Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo.

1746–1792 – Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira.

Cordéis Políticos: O Desaparecimento de Dom Sebastião, Zumbi: Herói do Quilombo, A Vida e Morte de Tiradentes.


5. Ciclo Regional (Nordeste, Cangaço e Coronéis) 


Início do Cangaço: c. 1870

Virgulino Ferreira – Lampião: 1897–1938

Apogeu do Cangaço: 1920–1938

Coronelismo: c. 1870–1950

Cordéis Regionais: Lampião e Maria Bonita no Inferno, A Peleja de Zé Sereno com o Coronel Libório, Os Cabras Valentes do Sertão.


6. Ciclo Cultural e dos Costumes  ( Romances, Moral e Vida Popular  )


Década de 1930 – Popularização dos folhetos de romance

Século XX – Consolidação do cordel como identidade cultural nordestina

Século XXI – Cordel digital e urbano

Cordéis de Costumes: Romance do Vaqueiro Benedito, O Namoro da Moça com o Rapaz da Cidade, A Internet no Sertão.


Considerações Finais


A literatura de cordel revela-se, ao longo de sua trajetória, não apenas como expressão artística popular, mas como guardiã de símbolos, memórias e valores culturais. Sua permanência e adaptação às realidades do Nordeste brasileiro demonstram a vitalidade do imaginário coletivo presente nos folhetos. O estudo da simbologia no cordel evidencia a importância dessa tradição na construção da identidade cultural nordestina, bem como seu potencial educativo e formador de consciência histórica. Preservar e valorizar o cordel é, portanto, um gesto de resistência cultural e de celebração da diversidade simbólica do Brasil.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 



ALMEIDA, Israel da Silva. A literatura de cordel e o imaginário popular: uma leitura simbólica dos ciclos míticos e históricos. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2014.


CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura oral no Brasil. 6. ed. São Paulo: Global Editora, 2010.


COSTA, Waldenir. Cordel: do folheto ao livro didático. São Paulo: Scipione, 2004.


GONDIM, Edmar. A cultura popular e a literatura de cordel. Fortaleza: Edições UFC, 2001.


JAHN, Lívia Petry. A literatura de cordel no século XXI: novas e velhas linguagens na obra de Klévisson Viana. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.


LIMA, Nelly Novaes Coelho. Dicionário crítico de literatura infantil e juvenil brasileira. São Paulo: EDUSP, 2006.


SILVA, Marco Haurélio. A lenda de Dom Sebastião e outros personagens do imaginário popular. São Paulo: Paulus, 2007.


SILVA, Marco Haurélio. Breve história da literatura de cordel. São Paulo: Claridade, 2010.


SILVA, Maria Alice Amorim da. Cordel: do sertão à sala de aula. Recife: EDUPE, 2013.




Autor: Nhenety KX



Utilizando a ferramenta Gemini ( Google ), inteligência artificial para análise da temática e Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 8 de abril de 2025. 





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