🌺 DEDICATÓRIA POÉTICA
Dedico este meu cordel,
À Mãe Terra soberana,
Que fala em vento e em folha,
Com voz divina e humana.
Aos povos que escutam o tempo,
E o canto da vida ufana,
Ofereço meu pensamento,
Em forma simples e plana.
Dedico aos Kariri-Xocó,
Raiz do meu coração,
Que ouvem o rio em silêncio,
E fazem da chuva oração.
Aos que sentem a natureza,
Como sagrada lição,
Dedico esta poesia,
De amor e contemplação.
📖 ÍNDICE POÉTICO
Abertura — A Voz da Criação
Prólogo Poético — O Silêncio que Fala
Capítulo I — O Sopro da Terra
Capítulo II — Os Sinais do Corpo Vivo
Capítulo III — Gaia em Alerta
Capítulo IV — O Saber dos Povos Antigos
Capítulo V — A Alfabetização Ecológica
Capítulo VI — A Semiose da Vida
Encerramento — O Chamado da Harmonia
Epílogo Poético — Ouvir o Coração do Mundo
Nota de Fontes (rimada)
Ficha Técnica
Sobre o Autor
Sobre a Obra
Quarta Capa Poética
🌄 ABERTURA — A VOZ DA CRIAÇÃO
O vento sopra segredo,
No sopé da montanha fria,
A folha balança e fala,
Com voz que o mundo confia.
Quem sabe ouvir sua fala,
Aprende a sabedoria,
Que mora no som da mata,
E no canto da maresia.
O fogo, a água, o relâmpago,
São letras da criação,
Escritas na carne do tempo,
Na alma da imensidão.
A natureza é poesia,
Que o homem lê de ilusão,
Mas quem se cala e escuta,
Encontra nela a razão.
🌿 PRÓLOGO POÉTICO — O SILÊNCIO QUE FALA
O silêncio da floresta
Fala mais que a multidão,
E ensina que a vida é casta,
Quando há contemplação.
A Terra conversa em gestos,
Com quem tem boa intuição,
E manda recados sutis,
No perfume e no trovão.
Desde o berço da existência,
O homem quis decifrar,
Por que o céu muda de rosto,
E o mar insiste em cantar.
Mas há segredos que pedem,
Não ciência, mas escutar,
Pois só o coração entende,
O que o vento quer falar.
🌍 CAPÍTULO I — O SOPRO DA TERRA
A Terra tem voz oculta,
Que fala por cada cor,
Nos brilhos da madrugada,
E nas pétalas de uma flor.
Quem sente o cheiro da chuva,
Pressente também o amor,
Pois tudo na natureza,
É sinal do Criador.
Os pássaros são profetas,
Que anunciam o amanhã,
Quando voam em silêncio,
Sabem por onde vem o afã.
O céu nublado é um livro,
Que o tempo escreve e desmancha,
E a brisa leve é mensagem,
Que a Mãe Natureza lança.
O trovão é uma palavra,
Que Gaia grita no espaço,
E o relâmpago é o traço,
De um verso em puro abraço.
Cada montanha respira,
Cada rio faz seu passo,
E o planeta em sintonia,
É poesia no compasso.
A terra que geme em seca,
E o gelo que vai se abrindo,
São cartas que a Mãe envia,
Com o coração ferindo.
Quem lê com olhos da alma,
Vê o planeta pedindo:
“Homem, volta ao meu abraço,
Não sigas me destruindo.”
🌊 CAPÍTULO II — OS SINAIS DO CORPO VIVO
O corpo é parte da Terra,
É natureza encarnada,
Sente frio, dor, e alegria,
Como a flor sente a geada.
Quando adoece, ele fala,
Que a vida está descompassada,
E pede ao ser mais cuidado,
Com alma mais dedicada.
A febre é fogo divino,
Que busca o mal consumir,
O cansaço é vento interno,
Que pede ao corpo: “Dormir”.
O sangue é rio corrente,
Que insiste em repartir,
A força do ser terrestre,
Que jamais quer desistir.
Desde a ciência antiga,
O sábio aprendeu a ler,
Os gestos do corpo humano,
Como sinais do viver.
Quem cura com escuta e calma,
Aprende a compreender,
Que a carne também é bosque,
Onde o espírito quer crescer.
O corpo humano é espelho,
Da Terra em seu movimento,
Se Gaia sente tristeza,
O homem sente tormento.
Se a floresta perde o canto,
O peito perde alento,
Pois somos um só organismo,
Respirando o mesmo vento.
🌎 CAPÍTULO III — GAIA EM ALERTA
Gaia chora em sua pele,
De gelo e de mares frios,
Os ventos mudam de rumo,
E transbordam os rios.
O sol se mostra cansado,
Das cinzas e desafios,
E a Terra envia mensagens,
Por trovões e desvarios.
A floresta se desfaz,
Como um livro sendo rasgado,
E o canto dos passarinhos,
Já soa desconsolado.
A fumaça cobre o dia,
Com céu de tom enferrujado,
E o planeta em agonia,
Reclama o sonho negado.
As calotas vão chorando,
Em lágrimas de cristal,
E os mares se levantando,
Com força descomunal.
É Gaia, mãe paciente,
Em resposta natural,
Avisando a humanidade:
“O equilíbrio é vital.”
O fogo que devora o chão,
É ira e súplica ao mesmo tempo,
O vento vira tempestade,
O ar se torna lamento.
O homem ouve, mas duvida,
Da dor no firmamento,
E segue o mesmo caminho,
Sem paz, sem entendimento.
James Lovelock já dizia,
Em seu estudo visionário,
Que Gaia é ser vivente,
Com coração planetário.
Ela sente e se defende,
Do impacto deletério,
E avisa, com toda força,
“Cuidar do chão é necessário.”
Mas há esperança pulsando,
Nos brotos que renascem,
No gesto de quem protege,
E nos rios que ainda passam.
Cada gota é testemunha,
Dos que amam e que abraçam,
O dever de ser guardião,
Da Mãe que os braços enlaçam.
🌿 CAPÍTULO IV — O SABER DOS POVOS ANTIGOS
Os povos da terra antiga,
Já liam o céu em segredo,
Sabiam quando a lua muda,
E quando o tempo é de medo.
O vento era mensageiro,
E o trovão, velho arredo,
Que falava aos corações,
Sem precisar de enredo.
Os Kariri-Xocó escutam,
O rio quando se encrespa,
Sabem que o peixe anuncia,
Se a seca vem ou se encerra.
O canto do pássaro avisa,
O que o sol logo desterra,
E o pajé decifra o vento,
Na dobra viva da terra.
Cada estrela tem um nome,
Cada lua um sentimento,
O tempo é visto em espelho,
De memória e firmamento.
A ciência vem confirmando,
Com estudo e pensamento,
O que o ancião já sabia,
Por pura observação e intento.
A medicina das matas,
Tem fala em folha e raiz,
Ensina que o corpo cura,
Quando o espírito é feliz.
O canto é oração viva,
Que à natureza diz:
“Sou parte da tua essência,
E em ti quero ser juiz.”
No toré da madrugada,
A palavra vira ponte,
Que liga o chão e o céu,
Do vale até o horizonte.
E o saber tradicional,
É farol sobre o monte,
Que ensina o homem moderno,
A beber da mesma fonte.
O velho reza o relâmpago,
Como quem lê um sinal,
Pois sabe que o som dos ventos,
Não fala por bem ou mal.
A Terra é mãe que educa,
De forma universal,
Quem sabe ler suas linhas,
Torna-se ser natural.
🌱 CAPÍTULO V — A ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA
Aprender com a natureza,
É ler livro sem papel,
É ouvir o som das águas,
Sob o brilho do mesmo céu.
É saber que cada folha,
Guarda um código fiel,
E que o vento ensina o tempo,
Em seu curso tão singelo.
Capra disse que o planeta,
É rede viva e pulsante,
Onde tudo está ligado,
Num ritmo constante.
O homem é nó do tecido,
E precisa ser amante,
Da teia que o sustenta,
E do verde exuberante.
A escola que ensina o mundo,
Sem o mundo ali presente,
Não forma o ser consciente,
Que pensa e sente diferente.
É preciso ler a terra,
Como livro coerente,
E escutar a voz das águas,
Em silêncio reverente.
A alfabetização ecológica,
Não se escreve só com giz,
Nasce do gesto simples,
Que a alma nunca desdiz.
É plantar e proteger,
Com respeito e cicatriz,
Pois quem cura o chão ferido,
Refaz também o que diz.
O saber que o verde ensina,
É ciência e devoção,
É método e sentimento,
É mente e coração.
Pois toda a vida é escola,
Que pede observação,
E a leitura dos sinais,
É forma de oração.
Cada criança que aprende,
A linguagem natural,
É ponte viva do futuro,
Entre o humano e o vegetal.
Educar é semear,
Um amor universal,
Que une céu, terra e gente,
Num destino fraternal.
🌿 CAPÍTULO VI — A SEMIOSE DA VIDA
Há signos em cada gesto,
Em cada forma que existe,
O ser que observa o mundo,
Jamais caminha em triste.
Pois lê nos ventos e mares,
Um código que persiste,
E descobre no invisível,
O sentido que insiste.
A natureza não fala,
Mas comunica emoção,
Na cor, no cheiro, no ritmo,
Na água e na floração.
É semiose divina,
Expressa em contemplação,
Onde o ser humano aprende,
A decifrar a criação.
Cada pedra tem mensagem,
Cada rio tem pensamento,
E o trovão que corta o céu,
É verbo em movimento.
O canto da cigarra é rima,
De um ciclo em renascimento,
E o voo das borboletas,
É poema do firmamento.
Bergson já nos dizia,
Que a vida é força criadora,
Que busca em cada ser vivo,
Ser livre e transformadora.
O signo nasce do impulso,
Da energia inspiradora,
Que une espírito e forma,
Numa dança encantadora.
Morin fala em complexidade,
Como teia que se entrelaça,
Onde tudo se conecta,
E o universo se abraça.
A mente, a flor e o vento,
São da mesma massa,
E o pensar que se simplifica,
Se perde naquilo que passa.
A semiose da vida ensina,
Que não há voz isolada,
Cada ser é um símbolo vivo,
Numa escrita entrelaçada.
O homem, ao ler o silêncio,
Com alma iluminada,
Descobre em cada respiração,
A mensagem sagrada.
🌄 ENCERRAMENTO — O CHAMADO DA HARMONIA
A Terra nos chama em silêncio,
Em canto suave e profundo,
A natureza é mestre,
E também é todo o mundo.
Quem lê as folhas e o vento,
Descobre o segredo fecundo:
Que o homem e a vida inteira
Se abraçam num mesmo segundo.
A água que corre nos rios,
O canto do pássaro na mata,
O fogo que aquece a alma,
O vento que dança e desata,
Todos falam com cuidado,
Em linguagem que nos trata,
De aprender a viver juntos,
E não ferir o que nos exalta.
O homem que escuta a vida,
Recebe o dom da sabedoria,
Sente que cada ser é irmão,
E cada instante é poesia.
A ética ecológica nasce,
Do amor em harmonia,
E a linguagem da natureza,
É canto de luz e magia.
🌸 EPÍLOGO POÉTICO — OUVIR O CORAÇÃO DO MUNDO
Escute o murmúrio das folhas,
O segredo que o rio traz,
A vida se revela em gestos,
Que o coração humano faz.
Cada som, cada cheiro e cor,
É poema que não se desfaz,
E quem aprende a decifrar,
Recebe da Terra a paz.
Olhe o céu e veja estrelas,
Como pontos de comunicação,
O sol é livro que se abre,
No toque da imaginação.
O homem, em sua busca eterna,
Descobre na contemplação,
Que tudo está conectado,
Na dança da criação.
📚 NOTA DE FONTES (RIMADA)
Capra nos mostrou a teia da vida,
Sistemas vivos em trama fluida.
Lovelock trouxe Gaia em alerta,
Mostrando a Terra que nunca se acerta.
Leff ensinou o saber ambiental,
Sustentabilidade é ponte vital.
Morin nos falou da mente organizada,
Repensar o mundo, toda estrada.
Bergson revelou a força criadora,
Vida que se move e se transforma agora.
Esses mestres, com suas lições,
Guiam os versos e nossas reflexões.
Quem lê este cordel atento,
Descobre no livro e no vento,
Que ciência e sabedoria,
Se encontram na poesia.
📝 FICHA TÉCNICA
Título: A LINGUAGEM DA NATUREZA
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Formato: Literatura de Cordel — A5 vertical
Capítulos: Seis capítulos poéticos + Encerramento e Epílogo
Ilustrações: Estilo 3D digital, cores naturais, luz dourada e azulada
Revisão e Curadoria: Nhenety Kariri-Xocó
Publicação Digital:
KXNHENETY.BLOGSPOT.COM
Ano de publicação: 2025
🌿 SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó é escritor, contador de histórias oral e escrita, e representante do povo indígena Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL). Sua obra poética e literária busca integrar saberes ancestrais e contemporâneos, valorizando a cultura indígena e a sabedoria da natureza. Seus cordéis são marcados por ritmo, simbolismo e reflexão ecológica, criando pontes entre o humano e o mundo natural.
📖 SOBRE A OBRA
A Linguagem da Natureza é um cordel-livro que revela a comunicação silenciosa dos fenômenos naturais, explorando a percepção humana dos sinais da Terra, do corpo e do cosmos. Entre ciência, tradição indígena e filosofia, esta obra promove a alfabetização ecológica, a valorização da vida e a escuta atenta dos sinais que guiam nossa convivência harmoniosa com o planeta.
Esta obra foi inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:
https://kxnhenety.blogspot.com/2025/05/a-linguagem-da-natureza.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.
🌅 QUARTA CAPA POÉTICA
Seja guardião desta obra,
Que fala em folhas e vento,
Escute a voz do universo,
Em cada instante e momento.
O saber antigo e moderno,
Se une em puro sentimento,
E ensina que a vida é ponte,
Entre o humano e o firmamento.
A natureza é nossa fala,
O corpo, nossa tradução,
O cordel é ponte viva,
Do espírito e do chão.
Que quem abre estas páginas,
Sinta a Terra no coração,
E leve consigo a lição,
De cuidar de cada mão.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó


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