quinta-feira, 20 de novembro de 2025

POVO CERAMISTA DE ANANATUBA, Literatura de Cordel, Por Nhenety Kariri-Xocó"






CONTRA CAPA 






🌿 DEDICATÓRIA POÉTICA


Dedico este meu cordel,

Em fina linha traçada,

Aos Povos da Amazônia,

Sua força enraizada.

Ao barro que vira história,

Na cerâmica lapidada.


Dedico ao vento da várzea,

Que sopra memória antiga,

Aos mestres da argila viva

Que o tempo jamais castiga;

Ao espírito de Ananatuba,

Que ainda hoje nos instiga.


Dedico aos ancestrais sábios

Que moldaram mundos inteiros,

Ao Sol, guardião de séculos,

E à Lua, que inspira os ribeiros.

Dedico ao chão marajoara,

Berço de povos primeiros.


E dedico ao povo meu,

Kariri-Xocó de raiz,

Que me ensinou que a cultura

É um rio que sempre diz:

“Quem honra os passos antigos,

No presente é mais feliz.”


Que esta obra seja ponte,

Entre o ontem e o amanhã,

Entre o barro e a poesia,

Entre o mito e o que há.

Pois o canto dos Ceramistas

Ainda vive a nos guiar.



📜 ÍNDICE POÉTICO


Dedicatória Poética

Abertura

Prólogo Poético


Capítulo 1 – O Berço de Ananatuba

Capítulo 2 – A Vida na Várzea Amazônica

Capítulo 3 – A Arte do Barro Antigo

Capítulo 4 – O Mistério das Línguas Perdidas

Capítulo 5 – A Decadência e a Travessia dos Tempos

Capítulo 6 – Heranças para a Amazônia Inteira


Encerramento

Epílogo Poético

Nota de Fontes Rimada

Ficha Técnica

Epílogo Final

Quarta Capa Poética

Sobre o Autor

Sobre a Obra



🌄 ABERTURA


No coração da Amazônia, onde o rio molda destinos e o silêncio guarda séculos, ergue-se um povo que o tempo quis memorizar no barro.

Ali, nas terras de Marajó, entre várzeas alagadas e montículos erguidos pela sabedoria, os Ceramistas de Ananatuba deixaram marcas que não se apagam — nem com a força das cheias, nem com o sopro das eras.


Esta obra nasce para celebrar esse povo antigo, suas mãos que domaram o barro, sua intimidade com a terra e sua ciência de viver entre rios.

É um convite para atravessar o tempo, sentir o peso leve da argila fresca, ouvir a canção das panelas queimadas ao fogo e descobrir que antes do brilho policromo das grandes culturas marajoaras, havia um começo simples, firme e ancestral.


Este cordel não é apenas um relato.

É um reencontro.

Um diálogo entre a poesia e a arqueologia.

Uma reverência ao espírito ceramista, ao ciclo da vida que molda, seca, queima e renova.


Com passo manso e olhar profundo, abramos juntos o caminho que conduz às primeiras mãos que fizeram da Amazônia um grande ateliê da história.



🎶 PRÓLOGO POÉTICO


No sopé do tempo distante,

Onde o rio beija a luz,

Nasceu o povo do barro,

Que a memória hoje conduz.

Ananatuba é seu nome,

Que o passado reproduz.


Foi no ventre da Marajó

Que este povo floresceu,

Entre águas lentas e mornas

Que o espírito escolheu.

No silêncio da cerâmica,

Seu destino se escreveu.


Modelaram mundos inteiros

Com paciência de raiz,

Argila, fogo e suor,

A cultura era o que os fiz.

E no gesto do oleiro

O futuro também se diz.


A mandioca alimentou

O corpo forte do chão,

A várzea ensinou caminhos,

O tesos deram proteção.

Tudo era pacto sagrado

Com a mãe da vegetação.


De língua hoje perdida,

Ecoaram cantos Tupí,

Talvez Aruák distante

Que o tempo deixou por si.

Mas quem ouve a cerâmica

Ainda os escuta ali.


E assim em singelo traço,

Na tigela de cor sem par,

Já surgia a semente viva

Do que o povo ia criar.

A cerâmica policroma

Ali começava a brotar.


Este prólogo é homenagem

A um povo de ritual,

Que ensinou que a vida é barro

Moldado no bem e no mal.

E que só a memória ergue

O que é verdade ancestral.


Que entre versos e lembranças,

A jornada aqui se abra:

Do primeiro fogo aceso

Ao legado que não se apaga.

Povo ceramista antigo,

A poesia vos embala.



📘 CAPÍTULO 1 – O BERÇO DE ANANATUBA


1

No brilho da Ilha Grande,

Que o viajante vê de longe,

Marajó guarda segredos

Que nenhum tempo esconde.

Entre várzeas e montículos,

A vida antiga responde.


2

Foi ali, em Salvaterra,

Que o primeiro barro falou,

Antes do Cristo menino,

Quando o mundo se moldou.

E a mão do ceramista

Seu destino ali traçou.


3

Por volta de mil a.C.,

O povo ergueu seu lar,

Com a força da argila

E o talento de modelar.

Onde o rio abraça a terra,

A história começou a andar.


4

O tempo era de silêncio,

Mas cheio de movimento:

Peixes pulando nas águas,

Folhas dançando no vento;

Tudo era pacto de vida

Entre o barro e o pensamento.


5

Foi desse chão marajoara

Que nasceu a tradição,

Uma das mais antigas vozes

Da cerâmica em evolução.

Era o berço da Amazônia

Num sopro de criação.


6

Não havia reis, nem templos,

Mas havia direção:

O coletivo era a força

Que guiava cada mão.

E o barro era o livro

Da primeira educação.


7

Em panelas e potes rústicos,

A vida se acomodava,

E o fogo cantava alto

Enquanto o povo trabalhava.

Toda panela que surgia

Um pedaço de alma guardava.


8

Os desenhos eram simples,

Mas carregavam intenção:

Linhas, cortes, traços fundos,

Geométrica expressão.

Cada ornamento dizia

O que o coração não diz em vão.


9

Assim nasceu Ananatuba,

Com passos firmes no chão,

Semeando a cerâmica

Na antiga civilização.

Um povo de sensibilidade

E profunda conexão.


10

Berço de muitos caminhos,

Que o futuro herdaria,

Foi o primeiro alicerce

Da grande cerâmica tardia.

E até hoje, em suas terras,

A ancestralidade irradia.



📘 CAPÍTULO 2 – A VIDA NA VÁRZEA AMAZÔNICA


1

A várzea era a morada,

Amiga e desafiadora,

Ora cheia de fartura,

Ora de água avassaladora.

Mas o povo de Ananatuba

Fez dela sua professora.


2

Entre cheias e secas longas,

Aprenderam a conviver,

A plantar na terra úmida,

A pescar para sobreviver.

E no ritmo da natureza

Seu modo de ser nascer.


3

Viviam em aldeias amplas

Sobre montes erguidos à mão,

Os chamados “tesos antigos”,

Proteção contra inundação.

Obras de fino engenho,

Filhas da observação.


4

A mandioca era a rainha

Da mesa e do alimento;

Da raiz extraíam força

Pra vencer qualquer tormento.

E entre caça, frutos e pesca,

Garantiam sustento.


5

Nos igarapés vizinhos,

Moluscos eram colhidos,

E os peixes, com grande fartura,

Eram sempre bem-vindos.

A natureza oferecia

Os bens mais distribuídos.


6

Em cada gesto da aldeia,

Havia um equilíbrio sagrado,

Entre a vida e o ambiente,

Entre o humano e o mato fechado.

Nada era desperdício,

Tudo era cuidadosamente usado.


7

O fogo, companheiro antigo,

Aquecia o lar no amanhecer,

Cozinhava, moldava, unia,

Ensinava o povo a viver.

Era o guardião da noite

E o mestre do renascer.


8

Nas margens largas do rio,

O trabalho era ritual:

Secar barro, buscar lenha,

Preparar o forno final.

E quando a peça surgia,

Era momento ancestral.


9

A vida era tecida lenta,

No compasso da estação,

Entre a cheia que traz vida

E a seca que traz chão.

E o povo entendia o ciclo

Com profunda devoção.


10

Assim viviam tranquilos

No coração do Pará,

Semeando práticas sábias

Que o tempo não apagará;

Pois a várzea ensinou ao homem

O que o homem ensinou ao mar.



📘 CAPÍTULO 3 – A ARTE DO BARRO ANTIGO


1

No silêncio do amanhecer,

O oleiro já despertava,

Com a mão leve na argila

Seu espírito conversava.

Pois o barro era memória,

E a memória trabalhava.


2

O barro vinha da várzea,

Batido com força e calma,

Misturado à água morna

Que refrescava corpo e alma.

E ali nascia a vida,

Onde a tradição se embalsama.


3

Não havia cores múltiplas,

Nem desenhos de exaltar,

Mas havia o gesto firme

De quem sabe o que é criar.

A cerâmica de Ananatuba

Era simples no seu brilhar.


4

As panelas utilitárias

Guardavam o cotidiano:

Tinham traços geométricos,

Um padrão fino e humano,

Que revelava o pensamento

Daquele povo soberano.


5

Pots e tigelas pequenas

Eram moldadas no chão;

O corte inciso, profundo,

Era a marca da expressão.

E cada linha gravada

Carregava a intenção.


6

Pintavam com mineral,

Monocromia discreta,

Um vermelho ou marrom

E tonalidade concreta.

A arte parecia simples,

Mas era sempre correta.


7

O fogo fechava o ciclo

Na queima ritualizada,

Transformando o barro vivo

Em memória enraizada.

Assim um simples utensílio

Virava parte da morada.


8

E embora rudimentar

Às futuras gerações,

A cerâmica de Ananatuba

Traçou novas direções:

Preparou o chão sagrado

Para outras civilizações.


9

Da incisão veio o caminho

Para o policromar crescer;

Do simples veio o complexo

Que o Marajoara iria fazer.

Toda arte tem sua semente,

E esta aqui fez florescer.


10

Por isso, o barro antigo,

Mesmo sem cor ou esplendor,

É joia da arqueologia,

É fundamento e valor.

É raiz que a história guarda

E que a Amazônia honrou.



📘 CAPÍTULO 4 – O MISTÉRIO DAS LÍNGUAS PERDIDAS


1

Entre rios e aldeias vastas,

A língua soava firme,

Cantos que o tempo apagou

Sem conseguir redimir.

Mas seu eco permanece,

Se a gente parar e ouvir.


2

Ananatuba não deixou

Registros para guardar,

Nenhum símbolo esculpido,

Nenhuma voz para contar.

Mas deixou traços culturais

Que ajudam a decifrar.


3

Arqueólogos e estudiosos

Buscam pistas no lugar,

Comparando usos antigos,

Modos de viver e falar.

E assim o tronco Tupí

Começa a se revelar.


4

Há quem diga que eram

Ancestrais de povos primeiros,

Tupí antigos ou Aruák,

Do norte até os ribeiros.

Povos que moldaram mundos,

Povos sábios, verdadeiros.


5

A agricultura praticada,

O costume e o ritual,

O modo de erguer os tesos

E o trato com o vegetal,

Apontam para parentesco

Cultural e ancestral.


6

Mesmo sem a língua viva,

O gesto continua ali:

No modo de plantar terra,

De esculpir, de construir,

Há lembranças de um idioma

Que ainda tenta emergir.


7

Pois o som nunca se perde,

Apenas muda de estação;

Ecoa na cerâmica antiga,

No silêncio do tesão,

E quem entende a cultura

Escuta a língua do chão.


8

O mistério das línguas mortas

Não é perda, é transição;

É como a brasa do fogo

Que se esconde no carvão.

Basta soprar com carinho

Que ela reacende a canção.


9

Assim o povo ceramista,

Mesmo sem voz escrita,

Fala na arte que deixou,

Fala na forma bendita,

E o arqueólogo atento

Percebe a fala bonita.


10

E a língua de Ananatuba,

Que o tempo quis esconder,

Vive hoje em cada estudo,

Em cada pote a renascer.

Pois a língua de um povo

Nunca deixa de viver.



📘 CAPÍTULO 5 – A DECADÊNCIA E A TRAVESSIA DOS TEMPOS


1

Nada na terra é eterno,

Nem o barro mais risonho;

O tempo é grande oleiro

Que molda tudo ao seu sonho.

E assim a antiga cultura

Foi perdendo o seu trono.


2

Não houve queda abrupta,

Nem guerra para extinguir,

Mas mudanças silenciosas

Que vieram para intervir.

A natureza e seus ciclos

Ensinaram a desistir.


3

As cheias se transformaram,

A várzea buscou seu tom;

O clima virou maestro

De um novo ritmo e som.

E o povo, que era estável,

Viu a mudança em seu dom.


4

Pressões de outros grupos,

Novas rotas de viver,

Trouxeram modos distintos

De construir e fazer.

O que era simples e firme

Começou a se perder.


5

Chegaram novas culturas

Com práticas mais elaboradas,

Cerâmicas policromadas

Belamente trabalhadas.

A arte de Ananatuba

Ficou tímida e calada.


6

A Fase Mangueiras surge,

Em seguida a Marajoara,

Com seus potes reluzentes

E pintura tão rara.

O antigo barro inciso

Fica a memória mais clara.


7

Era o tempo da transição,

Do velho dando lugar

Ao novo que se aproximava

Com desejo de brilhar.

O ciclo da criação

Aprendia a se reinventar.


8

E assim, sem dor ou ruína,

A cultura foi cedendo,

Como folha que no rio

Vai aos poucos se perdendo.

Mas o saber de seus dias

Jamais deixou de ir vivendo.


9

A decadência não foi fim,

Foi passagem natural:

O passado abriu caminho

Ao futuro cultural.

Toda semente antiga

Germina em solo vital.


10

Por isso, o povo antigo,

Mesmo sem voz presente,

Segue vivo na memória

Da cerâmica incandescente.

Pois quem moldou o começo

Nunca se torna ausente.



📘 CAPÍTULO 6 – HERANÇAS PARA A AMAZÔNIA INTEIRA


1

O legado de Ananatuba

É raiz que se espalhou

Por aldeias, rios e povos

Que o tempo multiplicou.

A cerâmica de Marajó

Muito dela herdou.


2

Os traços geométricos simples,

A técnica de modelar,

A queima feita com calma

Para o barro eternizar,

Foram sementes lançadas

Que outros povos iriam usar.


3

A prática de erguer tesos

Para a enchente evitar

Foi exemplo para grupos

Que vieram depois morar

Na vasta planície alagada

Onde o rio gosta de reinar.


4

O saber da agricultura,

Da mandioca e do tubérculo,

Ecoou por toda a várzea,

Da ilha ao continente fértil;

Foi legado que ainda vive

No costume agroflorestal e pétreo.


5

A forma de lidar com o rio,

De pescá-lo com devoção,

Tornou-se espelho de vida

Para povos da região.

A Amazônia aprendeu cedo

A ouvir a voz do chão.


6

Mesmo a cerâmica policroma,

Que viria a florescer,

Traz no fundo de sua essência

O que Ananatuba quis fazer.

Pois o simples bem moldado

É pai do sofisticar-se.


7

E cada cultura amazônica

Que nasceu depois dali,

De Tapajônica a Marajoara,

Tem um fragmento ali,

No barro ancestral antigo

Que o passado fez surgir.


8

A herança não é só técnica,

É também modo de existir:

Respeitar ciclo da terra,

Aprender com o porvir,

E entender que a natureza

É quem ensina a construir.


9

Por isso, em todo trabalho

De arqueólogo cuidadoso,

Ananatuba aparece

Como ponto luminoso:

O princípio de uma história

Que o Brasil torna honroso.


10

E assim a Amazônia inteira

Guarda o eco desse povo,

Que, moldando barro simples,

Revelou mundos de novo.

Herança que atravessa eras,

Renovando o eterno jogo.



⭐️ ENCERRAMENTO 



Assim termina a jornada

De um povo antigo e altivo,

Que deixou na terra molhada

O seu canto mais vivo.

Ananatuba segue guardada,

No coração coletivo.

Pois quem canta a terra amada

Faz o passado ser vivo.


Entre várzeas e florestas,

Entre marés e fumaças,

Ergueram sonhos e festas,

Tecendo vida nas traças.

E mesmo se a era resta

Em ruínas, erosões e taças,

Cada memória manifesta

A força que nunca passa.


O barro tornou-se lembrança,

As línguas viraram vento,

Mas o espírito da criança

Que correu no firmamento

Ainda brilha e balança

Nos fios do encantamento.

Pois o saber que avança

Nunca morre no tempo.


Ananatuba é guardiã

De um enredo ancestral,

Que o rio leva amanhã

Mas jamais torna banal.

Pois quem nasce do amanhã

Também nasce do quintal.

O passado é talismã

Do futuro essencial.


E todo legado fincado

Nas margens dos grandes rios

Segue firme e encantado

Mesmo em dias tão frios.

Porque história é cuidado,

É o pulsar dos brasis,

É o canto eternizado

Nos povos fortes e gentis.


Assim fechamos o caminho

Que abre tantos caminhos,

Pois nenhum povo sozinho

Tece o mundo com seus pinhos.

A Amazônia, em seu carinho,

Protege todos os ninhos;

E o passado, tão mansinho,

Nos embala com seus vinhos.


O saber que aqui se conta

Não busca dono ou poder,

Mas mantém acesa a ponta

Do que ainda quer renascer.

Nas margens a vida apronta

O que o vento quer trazer;

A história nunca desmonta

A memória de um viver.


E com isso nos despedimos

Da saga tão verdadeira,

Que vem do barro e dos himos

Da alma brasileira.

Levemos o que ouvimos,

Guardemos a luz inteira;

Pois onde as raízes rimos,

Brota a vida verdadeira.



🎼 EPÍLOGO POÉTICO 



Se a voz do tempo chamou,

Foi para não esquecer

Que cada povo deixou

Seu brilho, seu modo de ser.

No barro o sonho ficou,

No canto o poder de viver;

Pois tudo que o rio levou,

Ele leva para devolver.


O espírito ancestral

Nunca cessa de ensinar:

Quem honra o bem natural

Seguirá sempre a brilhar.

Cada gesto ritual

É modo de recordar

Que o mundo espiritual

É quem nos põe a caminhar.


Da várzea ao céu noturno,

Do barro ao grande trovão,

O passado mantém o turno

Que vigia a tradição.

Saber antigo é diurno,

É chama no coração;

É ponte, rio e retorno

Do mais profundo chão.


Andar pelas ancestrais

É tocar o invisível,

É sentir nos vegetais

O canto indestrutível.

Pois os espíritos reais

Falam num tom sensível:

“O que vem dos imortais

Permanece impreensível.”


Cada capítulo escrito

É um barco na imensidão,

É memória sem conflito,

É raiz que vira chão.

O sagrado é infinito,

E canta na embarcação

Que leva o povo bendito

Para além do coração.


Assim fecha o derradeiro

Verso desta travessia;

Mas o legado primeiro

Nunca perde a poesia.

Pois o canto verdadeiro

Se renova a cada dia.

Que Ananatuba seja inteiro

No lume da sabedoria.



📚 NOTA DE FONTES RIMADA 



Para firmar meu caminho

No rastro da tradição,

Busquei saberes antigos

Guardados na documentação.

Que a ciência caminhe ao lado

Da força da inspiração,

E que o estudo ilumine

A senda da narração.


Meggers e Evans descrevem

O chão da investigação,

Mostrando a arqueologia

Da Amazônia em expansão.

Seu livro é farol constante

Para quem quer pesquisar,

Museu Goeldi é testemunha

Do saber a se guardar.


Roosevelt segue profunda,

Em Marajó vai revelar

Os montes e seus segredos

Que o tempo quis ocultar.

Com olhar geofísico amplo

Traz vida ao que foi chão,

E mostra que os Moundbuilders

Forjaram grande nação.


Neves e Petraglia entram

Na trilha da compreensão,

Debatendo a velha história

Da vasta ocupação.

Em “Arqueologia da Amazônia”

Dão forma ao saber pensar,

No livro de André Prous

O estudo volta a pulsar.


Schmidt, com clareza firme,

Traça a pré-história em ação,

Revela povos primeiros

Do Brasil em formação.

Sua obra é guia seguro

Para quem quer decifrar

O que o passado murmura

No eco do verbo estudar.


E Heckenberger nos mostra

O poder da tradição,

A ecologia dos povos

E a força da organização.

No sul da grande Amazônia

Seu olhar vem desvendar

Como cultura e pessoa

Aprendem juntas a amar.


Assim componho este estudo,

Com ciência e coração:

O cordel segue poético,

Mas não perde a precisão.

Cada fonte aqui citada

É raiz do meu cantar,

Pois quem honra o conhecimento

Faz a história respirar.


E ao leitor que ora percorre

O caminho da investigação,

Deixo o convite sagrado

Para sempre pesquisar.

Pois saber que vem da mata

Jamais deixa de ensinar;

É ponte entre o tempo antigo

E o futuro a clarear.



📒 FICHA TÉCNICA 



Título da Obra: Povo Ceramista de Ananatuba, Literatura de Cordel, 

Autor: Nhenety Kariri-Xocó

Forma Literária: Cordel Poético de Longa Duração

Elementos da Obra:

– Dedicatória Poética

– Índice Poético

– Abertura

– Prólogo Poético

– Capítulos 1 a 6 (em estrofes rimadas)

– Encerramento

– Epílogo Poético

– Nota de Fontes Rimada

– Ficha Técnica


Linha Estética:

Cordel lírico-narrativo, com base na memória ancestral amazônica e traços simbólicos da tradição indígena e ribeirinha.


Revisão e Curadoria: Nhenety Kariri-Xocó 


Gênero:

Poesia Narrativa – Literatura de Cordel


Edição:

Produzida digitalmente com apoio do Assistente Virtual ChatGPT.


Estudos preliminares: Nhenety Kariri-Xocó e Google Gemini 


Pré-projeto: Nhenety Kariri-Xocó e ChatGPT ( OpenAI  )


Local e Ano: Porto Real do Colégio – AL, Brasil, 2025 


Produção Editorial: KXNHENETY.BLOGSPOT.COM 


Direitos Autorais:

Pertencem ao autor Nhenety Kariri-Xocó.

Reprodução permitida mediante citação da autoria.



🌙 EPÍLOGO FINAL 



E quando a última toada

Silencia no papel,

A memória encantada

Se ergue como um cordel.

Pois a palavra sagrada

É raiz do nosso Anel,

E a história eternizada

Ganha corpo no céu.


Ananatuba repousa

Sob o véu da imensidão;

E cada lembrança pousa

No vento da tradição.

A alma antiga é formosa,

Vive no chão e na canção;

E o que o tempo não glosa

Vira eterna vibração.


Que cada leitor receba

O sopro do povo antigo,

Como se o rio conceba

Um canto de eterno abrigo.

Pois a história não se enreda

Sem antes virar amigo;

E a memória que se enleva

É força no nosso umbigo.


Fica o recado discreto

Dos antigos passageiros:

“Tudo o que é puro e secreto

Vive nos nossos viveiros.”

E o espírito predileto

Dos povos verdadeiros

É manter sempre completo

O canto dos pioneiros.


Assim a obra termina,

Mas nunca põe ponto final.

Pois a memória que ensina

É sempre fonte vital.

E a poesia que ilumina

Nos dá força espiritual;

O cordel que aqui germina

Segue vivo e imortal.


E que o leitor caminhe

Com reverência e emoção.

Pois quem com o passado alinha

Torna firme o coração.

Que a luz que aqui germinhe

Seja guia e proteção;

E que a história que define

Nos una em celebração.



🌅 QUARTA CAPA POÉTICA 



(descrição poética, como se fosse impressa na contracapa)


Neste cordel, Nhenety Kariri-Xocó conduz o leitor às profundezas simbólicas das várzeas amazônicas, onde Ananatuba dorme, mas nunca se cala.

É uma viagem pelos segredos do barro ancestral, pelas línguas que se perderam no vento, pelos povos que moldaram o chão das águas grandes.


A cada página, o rio murmura.

A cada estrofe, o passado desperta.

A cada capítulo, um espírito antigo retorna para lembrar que:


“Nada morre onde a memória vive.”


Entre mitos, sonhos, histórias e ciência, o autor tece uma narrativa luminosa, unindo tradição oral, poesia e sabedoria indígena.

Este é um cordel para ser lido devagar, com o coração alinhado à natureza, como quem ouve uma canção que vem das raízes mais profundas.



🪶 SOBRE O AUTOR 



Nhenety Kariri-Xocó

Filho do povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL), é contador de histórias, guardião da palavra ancestral e semeador da memória viva.

Escreve cordéis, contos e textos que misturam arte, espiritualidade, tradição oral e visão indígena do mundo.


Sua obra busca manter acesa a chama dos povos originários, honrando suas raízes e ensinando às novas gerações a beleza do conhecimento transmitido pelo vento, pela mata, pelos rios e pelos mais velhos.


Além da escrita, Nhenety dedica-se ao estudo histórico e cultural, à pesquisa de tradições antigas e à preservação das memórias que formam o grande mosaico dos povos do Brasil.


Seu gesto literário é, antes de tudo, um gesto sagrado:

manter viva a alma do povo.



📜 SOBRE A OBRA 



Ananatuba – Canto Antigo das Várzeas Amazônicas é um cordel de longa duração que reconstrói poeticamente a memória de um povo desaparecido, guardado pelas águas e florestas da Amazônia.

A obra percorre desde o berço mítico de Ananatuba até sua decadência e herança cultural, passando pela arte do barro, pelas línguas extintas e pela travessia temporal que conecta o passado ao presente.


Escrito em estrofes rimadas, o cordel une poesia, história, arqueologia, tradição oral e espiritualidade indígena.

O objetivo não é apenas narrar um passado esquecido, mas reacender a presença sagrada desses povos e reafirmar que a memória ancestral permanece viva em cada canto da floresta.


Esta obra é um tributo ao Brasil profundo, aos povos das águas, aos guardiões do tempo e à força imortal da cultura amazônica.


Obra inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:  

https://kxnhenety.blogspot.com/2025/05/povo-ceramista-de-ananatuba.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.







Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




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