CONTRA CAPA
🌿 DEDICATÓRIA POÉTICA
Dedico este meu cordel,
Em fina linha traçada,
Aos Povos da Amazônia,
Sua força enraizada.
Ao barro que vira história,
Na cerâmica lapidada.
Dedico ao vento da várzea,
Que sopra memória antiga,
Aos mestres da argila viva
Que o tempo jamais castiga;
Ao espírito de Ananatuba,
Que ainda hoje nos instiga.
Dedico aos ancestrais sábios
Que moldaram mundos inteiros,
Ao Sol, guardião de séculos,
E à Lua, que inspira os ribeiros.
Dedico ao chão marajoara,
Berço de povos primeiros.
E dedico ao povo meu,
Kariri-Xocó de raiz,
Que me ensinou que a cultura
É um rio que sempre diz:
“Quem honra os passos antigos,
No presente é mais feliz.”
Que esta obra seja ponte,
Entre o ontem e o amanhã,
Entre o barro e a poesia,
Entre o mito e o que há.
Pois o canto dos Ceramistas
Ainda vive a nos guiar.
📜 ÍNDICE POÉTICO
Dedicatória Poética
Abertura
Prólogo Poético
Capítulo 1 – O Berço de Ananatuba
Capítulo 2 – A Vida na Várzea Amazônica
Capítulo 3 – A Arte do Barro Antigo
Capítulo 4 – O Mistério das Línguas Perdidas
Capítulo 5 – A Decadência e a Travessia dos Tempos
Capítulo 6 – Heranças para a Amazônia Inteira
Encerramento
Epílogo Poético
Nota de Fontes Rimada
Ficha Técnica
Epílogo Final
Quarta Capa Poética
Sobre o Autor
Sobre a Obra
🌄 ABERTURA
No coração da Amazônia, onde o rio molda destinos e o silêncio guarda séculos, ergue-se um povo que o tempo quis memorizar no barro.
Ali, nas terras de Marajó, entre várzeas alagadas e montículos erguidos pela sabedoria, os Ceramistas de Ananatuba deixaram marcas que não se apagam — nem com a força das cheias, nem com o sopro das eras.
Esta obra nasce para celebrar esse povo antigo, suas mãos que domaram o barro, sua intimidade com a terra e sua ciência de viver entre rios.
É um convite para atravessar o tempo, sentir o peso leve da argila fresca, ouvir a canção das panelas queimadas ao fogo e descobrir que antes do brilho policromo das grandes culturas marajoaras, havia um começo simples, firme e ancestral.
Este cordel não é apenas um relato.
É um reencontro.
Um diálogo entre a poesia e a arqueologia.
Uma reverência ao espírito ceramista, ao ciclo da vida que molda, seca, queima e renova.
Com passo manso e olhar profundo, abramos juntos o caminho que conduz às primeiras mãos que fizeram da Amazônia um grande ateliê da história.
🎶 PRÓLOGO POÉTICO
No sopé do tempo distante,
Onde o rio beija a luz,
Nasceu o povo do barro,
Que a memória hoje conduz.
Ananatuba é seu nome,
Que o passado reproduz.
Foi no ventre da Marajó
Que este povo floresceu,
Entre águas lentas e mornas
Que o espírito escolheu.
No silêncio da cerâmica,
Seu destino se escreveu.
Modelaram mundos inteiros
Com paciência de raiz,
Argila, fogo e suor,
A cultura era o que os fiz.
E no gesto do oleiro
O futuro também se diz.
A mandioca alimentou
O corpo forte do chão,
A várzea ensinou caminhos,
O tesos deram proteção.
Tudo era pacto sagrado
Com a mãe da vegetação.
De língua hoje perdida,
Ecoaram cantos Tupí,
Talvez Aruák distante
Que o tempo deixou por si.
Mas quem ouve a cerâmica
Ainda os escuta ali.
E assim em singelo traço,
Na tigela de cor sem par,
Já surgia a semente viva
Do que o povo ia criar.
A cerâmica policroma
Ali começava a brotar.
Este prólogo é homenagem
A um povo de ritual,
Que ensinou que a vida é barro
Moldado no bem e no mal.
E que só a memória ergue
O que é verdade ancestral.
Que entre versos e lembranças,
A jornada aqui se abra:
Do primeiro fogo aceso
Ao legado que não se apaga.
Povo ceramista antigo,
A poesia vos embala.
📘 CAPÍTULO 1 – O BERÇO DE ANANATUBA
1
No brilho da Ilha Grande,
Que o viajante vê de longe,
Marajó guarda segredos
Que nenhum tempo esconde.
Entre várzeas e montículos,
A vida antiga responde.
2
Foi ali, em Salvaterra,
Que o primeiro barro falou,
Antes do Cristo menino,
Quando o mundo se moldou.
E a mão do ceramista
Seu destino ali traçou.
3
Por volta de mil a.C.,
O povo ergueu seu lar,
Com a força da argila
E o talento de modelar.
Onde o rio abraça a terra,
A história começou a andar.
4
O tempo era de silêncio,
Mas cheio de movimento:
Peixes pulando nas águas,
Folhas dançando no vento;
Tudo era pacto de vida
Entre o barro e o pensamento.
5
Foi desse chão marajoara
Que nasceu a tradição,
Uma das mais antigas vozes
Da cerâmica em evolução.
Era o berço da Amazônia
Num sopro de criação.
6
Não havia reis, nem templos,
Mas havia direção:
O coletivo era a força
Que guiava cada mão.
E o barro era o livro
Da primeira educação.
7
Em panelas e potes rústicos,
A vida se acomodava,
E o fogo cantava alto
Enquanto o povo trabalhava.
Toda panela que surgia
Um pedaço de alma guardava.
8
Os desenhos eram simples,
Mas carregavam intenção:
Linhas, cortes, traços fundos,
Geométrica expressão.
Cada ornamento dizia
O que o coração não diz em vão.
9
Assim nasceu Ananatuba,
Com passos firmes no chão,
Semeando a cerâmica
Na antiga civilização.
Um povo de sensibilidade
E profunda conexão.
10
Berço de muitos caminhos,
Que o futuro herdaria,
Foi o primeiro alicerce
Da grande cerâmica tardia.
E até hoje, em suas terras,
A ancestralidade irradia.
📘 CAPÍTULO 2 – A VIDA NA VÁRZEA AMAZÔNICA
1
A várzea era a morada,
Amiga e desafiadora,
Ora cheia de fartura,
Ora de água avassaladora.
Mas o povo de Ananatuba
Fez dela sua professora.
2
Entre cheias e secas longas,
Aprenderam a conviver,
A plantar na terra úmida,
A pescar para sobreviver.
E no ritmo da natureza
Seu modo de ser nascer.
3
Viviam em aldeias amplas
Sobre montes erguidos à mão,
Os chamados “tesos antigos”,
Proteção contra inundação.
Obras de fino engenho,
Filhas da observação.
4
A mandioca era a rainha
Da mesa e do alimento;
Da raiz extraíam força
Pra vencer qualquer tormento.
E entre caça, frutos e pesca,
Garantiam sustento.
5
Nos igarapés vizinhos,
Moluscos eram colhidos,
E os peixes, com grande fartura,
Eram sempre bem-vindos.
A natureza oferecia
Os bens mais distribuídos.
6
Em cada gesto da aldeia,
Havia um equilíbrio sagrado,
Entre a vida e o ambiente,
Entre o humano e o mato fechado.
Nada era desperdício,
Tudo era cuidadosamente usado.
7
O fogo, companheiro antigo,
Aquecia o lar no amanhecer,
Cozinhava, moldava, unia,
Ensinava o povo a viver.
Era o guardião da noite
E o mestre do renascer.
8
Nas margens largas do rio,
O trabalho era ritual:
Secar barro, buscar lenha,
Preparar o forno final.
E quando a peça surgia,
Era momento ancestral.
9
A vida era tecida lenta,
No compasso da estação,
Entre a cheia que traz vida
E a seca que traz chão.
E o povo entendia o ciclo
Com profunda devoção.
10
Assim viviam tranquilos
No coração do Pará,
Semeando práticas sábias
Que o tempo não apagará;
Pois a várzea ensinou ao homem
O que o homem ensinou ao mar.
📘 CAPÍTULO 3 – A ARTE DO BARRO ANTIGO
1
No silêncio do amanhecer,
O oleiro já despertava,
Com a mão leve na argila
Seu espírito conversava.
Pois o barro era memória,
E a memória trabalhava.
2
O barro vinha da várzea,
Batido com força e calma,
Misturado à água morna
Que refrescava corpo e alma.
E ali nascia a vida,
Onde a tradição se embalsama.
3
Não havia cores múltiplas,
Nem desenhos de exaltar,
Mas havia o gesto firme
De quem sabe o que é criar.
A cerâmica de Ananatuba
Era simples no seu brilhar.
4
As panelas utilitárias
Guardavam o cotidiano:
Tinham traços geométricos,
Um padrão fino e humano,
Que revelava o pensamento
Daquele povo soberano.
5
Pots e tigelas pequenas
Eram moldadas no chão;
O corte inciso, profundo,
Era a marca da expressão.
E cada linha gravada
Carregava a intenção.
6
Pintavam com mineral,
Monocromia discreta,
Um vermelho ou marrom
E tonalidade concreta.
A arte parecia simples,
Mas era sempre correta.
7
O fogo fechava o ciclo
Na queima ritualizada,
Transformando o barro vivo
Em memória enraizada.
Assim um simples utensílio
Virava parte da morada.
8
E embora rudimentar
Às futuras gerações,
A cerâmica de Ananatuba
Traçou novas direções:
Preparou o chão sagrado
Para outras civilizações.
9
Da incisão veio o caminho
Para o policromar crescer;
Do simples veio o complexo
Que o Marajoara iria fazer.
Toda arte tem sua semente,
E esta aqui fez florescer.
10
Por isso, o barro antigo,
Mesmo sem cor ou esplendor,
É joia da arqueologia,
É fundamento e valor.
É raiz que a história guarda
E que a Amazônia honrou.
📘 CAPÍTULO 4 – O MISTÉRIO DAS LÍNGUAS PERDIDAS
1
Entre rios e aldeias vastas,
A língua soava firme,
Cantos que o tempo apagou
Sem conseguir redimir.
Mas seu eco permanece,
Se a gente parar e ouvir.
2
Ananatuba não deixou
Registros para guardar,
Nenhum símbolo esculpido,
Nenhuma voz para contar.
Mas deixou traços culturais
Que ajudam a decifrar.
3
Arqueólogos e estudiosos
Buscam pistas no lugar,
Comparando usos antigos,
Modos de viver e falar.
E assim o tronco Tupí
Começa a se revelar.
4
Há quem diga que eram
Ancestrais de povos primeiros,
Tupí antigos ou Aruák,
Do norte até os ribeiros.
Povos que moldaram mundos,
Povos sábios, verdadeiros.
5
A agricultura praticada,
O costume e o ritual,
O modo de erguer os tesos
E o trato com o vegetal,
Apontam para parentesco
Cultural e ancestral.
6
Mesmo sem a língua viva,
O gesto continua ali:
No modo de plantar terra,
De esculpir, de construir,
Há lembranças de um idioma
Que ainda tenta emergir.
7
Pois o som nunca se perde,
Apenas muda de estação;
Ecoa na cerâmica antiga,
No silêncio do tesão,
E quem entende a cultura
Escuta a língua do chão.
8
O mistério das línguas mortas
Não é perda, é transição;
É como a brasa do fogo
Que se esconde no carvão.
Basta soprar com carinho
Que ela reacende a canção.
9
Assim o povo ceramista,
Mesmo sem voz escrita,
Fala na arte que deixou,
Fala na forma bendita,
E o arqueólogo atento
Percebe a fala bonita.
10
E a língua de Ananatuba,
Que o tempo quis esconder,
Vive hoje em cada estudo,
Em cada pote a renascer.
Pois a língua de um povo
Nunca deixa de viver.
📘 CAPÍTULO 5 – A DECADÊNCIA E A TRAVESSIA DOS TEMPOS
1
Nada na terra é eterno,
Nem o barro mais risonho;
O tempo é grande oleiro
Que molda tudo ao seu sonho.
E assim a antiga cultura
Foi perdendo o seu trono.
2
Não houve queda abrupta,
Nem guerra para extinguir,
Mas mudanças silenciosas
Que vieram para intervir.
A natureza e seus ciclos
Ensinaram a desistir.
3
As cheias se transformaram,
A várzea buscou seu tom;
O clima virou maestro
De um novo ritmo e som.
E o povo, que era estável,
Viu a mudança em seu dom.
4
Pressões de outros grupos,
Novas rotas de viver,
Trouxeram modos distintos
De construir e fazer.
O que era simples e firme
Começou a se perder.
5
Chegaram novas culturas
Com práticas mais elaboradas,
Cerâmicas policromadas
Belamente trabalhadas.
A arte de Ananatuba
Ficou tímida e calada.
6
A Fase Mangueiras surge,
Em seguida a Marajoara,
Com seus potes reluzentes
E pintura tão rara.
O antigo barro inciso
Fica a memória mais clara.
7
Era o tempo da transição,
Do velho dando lugar
Ao novo que se aproximava
Com desejo de brilhar.
O ciclo da criação
Aprendia a se reinventar.
8
E assim, sem dor ou ruína,
A cultura foi cedendo,
Como folha que no rio
Vai aos poucos se perdendo.
Mas o saber de seus dias
Jamais deixou de ir vivendo.
9
A decadência não foi fim,
Foi passagem natural:
O passado abriu caminho
Ao futuro cultural.
Toda semente antiga
Germina em solo vital.
10
Por isso, o povo antigo,
Mesmo sem voz presente,
Segue vivo na memória
Da cerâmica incandescente.
Pois quem moldou o começo
Nunca se torna ausente.
📘 CAPÍTULO 6 – HERANÇAS PARA A AMAZÔNIA INTEIRA
1
O legado de Ananatuba
É raiz que se espalhou
Por aldeias, rios e povos
Que o tempo multiplicou.
A cerâmica de Marajó
Muito dela herdou.
2
Os traços geométricos simples,
A técnica de modelar,
A queima feita com calma
Para o barro eternizar,
Foram sementes lançadas
Que outros povos iriam usar.
3
A prática de erguer tesos
Para a enchente evitar
Foi exemplo para grupos
Que vieram depois morar
Na vasta planície alagada
Onde o rio gosta de reinar.
4
O saber da agricultura,
Da mandioca e do tubérculo,
Ecoou por toda a várzea,
Da ilha ao continente fértil;
Foi legado que ainda vive
No costume agroflorestal e pétreo.
5
A forma de lidar com o rio,
De pescá-lo com devoção,
Tornou-se espelho de vida
Para povos da região.
A Amazônia aprendeu cedo
A ouvir a voz do chão.
6
Mesmo a cerâmica policroma,
Que viria a florescer,
Traz no fundo de sua essência
O que Ananatuba quis fazer.
Pois o simples bem moldado
É pai do sofisticar-se.
7
E cada cultura amazônica
Que nasceu depois dali,
De Tapajônica a Marajoara,
Tem um fragmento ali,
No barro ancestral antigo
Que o passado fez surgir.
8
A herança não é só técnica,
É também modo de existir:
Respeitar ciclo da terra,
Aprender com o porvir,
E entender que a natureza
É quem ensina a construir.
9
Por isso, em todo trabalho
De arqueólogo cuidadoso,
Ananatuba aparece
Como ponto luminoso:
O princípio de uma história
Que o Brasil torna honroso.
10
E assim a Amazônia inteira
Guarda o eco desse povo,
Que, moldando barro simples,
Revelou mundos de novo.
Herança que atravessa eras,
Renovando o eterno jogo.
⭐️ ENCERRAMENTO
Assim termina a jornada
De um povo antigo e altivo,
Que deixou na terra molhada
O seu canto mais vivo.
Ananatuba segue guardada,
No coração coletivo.
Pois quem canta a terra amada
Faz o passado ser vivo.
Entre várzeas e florestas,
Entre marés e fumaças,
Ergueram sonhos e festas,
Tecendo vida nas traças.
E mesmo se a era resta
Em ruínas, erosões e taças,
Cada memória manifesta
A força que nunca passa.
O barro tornou-se lembrança,
As línguas viraram vento,
Mas o espírito da criança
Que correu no firmamento
Ainda brilha e balança
Nos fios do encantamento.
Pois o saber que avança
Nunca morre no tempo.
Ananatuba é guardiã
De um enredo ancestral,
Que o rio leva amanhã
Mas jamais torna banal.
Pois quem nasce do amanhã
Também nasce do quintal.
O passado é talismã
Do futuro essencial.
E todo legado fincado
Nas margens dos grandes rios
Segue firme e encantado
Mesmo em dias tão frios.
Porque história é cuidado,
É o pulsar dos brasis,
É o canto eternizado
Nos povos fortes e gentis.
Assim fechamos o caminho
Que abre tantos caminhos,
Pois nenhum povo sozinho
Tece o mundo com seus pinhos.
A Amazônia, em seu carinho,
Protege todos os ninhos;
E o passado, tão mansinho,
Nos embala com seus vinhos.
O saber que aqui se conta
Não busca dono ou poder,
Mas mantém acesa a ponta
Do que ainda quer renascer.
Nas margens a vida apronta
O que o vento quer trazer;
A história nunca desmonta
A memória de um viver.
E com isso nos despedimos
Da saga tão verdadeira,
Que vem do barro e dos himos
Da alma brasileira.
Levemos o que ouvimos,
Guardemos a luz inteira;
Pois onde as raízes rimos,
Brota a vida verdadeira.
🎼 EPÍLOGO POÉTICO
Se a voz do tempo chamou,
Foi para não esquecer
Que cada povo deixou
Seu brilho, seu modo de ser.
No barro o sonho ficou,
No canto o poder de viver;
Pois tudo que o rio levou,
Ele leva para devolver.
O espírito ancestral
Nunca cessa de ensinar:
Quem honra o bem natural
Seguirá sempre a brilhar.
Cada gesto ritual
É modo de recordar
Que o mundo espiritual
É quem nos põe a caminhar.
Da várzea ao céu noturno,
Do barro ao grande trovão,
O passado mantém o turno
Que vigia a tradição.
Saber antigo é diurno,
É chama no coração;
É ponte, rio e retorno
Do mais profundo chão.
Andar pelas ancestrais
É tocar o invisível,
É sentir nos vegetais
O canto indestrutível.
Pois os espíritos reais
Falam num tom sensível:
“O que vem dos imortais
Permanece impreensível.”
Cada capítulo escrito
É um barco na imensidão,
É memória sem conflito,
É raiz que vira chão.
O sagrado é infinito,
E canta na embarcação
Que leva o povo bendito
Para além do coração.
Assim fecha o derradeiro
Verso desta travessia;
Mas o legado primeiro
Nunca perde a poesia.
Pois o canto verdadeiro
Se renova a cada dia.
Que Ananatuba seja inteiro
No lume da sabedoria.
📚 NOTA DE FONTES RIMADA
Para firmar meu caminho
No rastro da tradição,
Busquei saberes antigos
Guardados na documentação.
Que a ciência caminhe ao lado
Da força da inspiração,
E que o estudo ilumine
A senda da narração.
Meggers e Evans descrevem
O chão da investigação,
Mostrando a arqueologia
Da Amazônia em expansão.
Seu livro é farol constante
Para quem quer pesquisar,
Museu Goeldi é testemunha
Do saber a se guardar.
Roosevelt segue profunda,
Em Marajó vai revelar
Os montes e seus segredos
Que o tempo quis ocultar.
Com olhar geofísico amplo
Traz vida ao que foi chão,
E mostra que os Moundbuilders
Forjaram grande nação.
Neves e Petraglia entram
Na trilha da compreensão,
Debatendo a velha história
Da vasta ocupação.
Em “Arqueologia da Amazônia”
Dão forma ao saber pensar,
No livro de André Prous
O estudo volta a pulsar.
Schmidt, com clareza firme,
Traça a pré-história em ação,
Revela povos primeiros
Do Brasil em formação.
Sua obra é guia seguro
Para quem quer decifrar
O que o passado murmura
No eco do verbo estudar.
E Heckenberger nos mostra
O poder da tradição,
A ecologia dos povos
E a força da organização.
No sul da grande Amazônia
Seu olhar vem desvendar
Como cultura e pessoa
Aprendem juntas a amar.
Assim componho este estudo,
Com ciência e coração:
O cordel segue poético,
Mas não perde a precisão.
Cada fonte aqui citada
É raiz do meu cantar,
Pois quem honra o conhecimento
Faz a história respirar.
E ao leitor que ora percorre
O caminho da investigação,
Deixo o convite sagrado
Para sempre pesquisar.
Pois saber que vem da mata
Jamais deixa de ensinar;
É ponte entre o tempo antigo
E o futuro a clarear.
📒 FICHA TÉCNICA
Título da Obra: Povo Ceramista de Ananatuba, Literatura de Cordel,
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Forma Literária: Cordel Poético de Longa Duração
Elementos da Obra:
– Dedicatória Poética
– Índice Poético
– Abertura
– Prólogo Poético
– Capítulos 1 a 6 (em estrofes rimadas)
– Encerramento
– Epílogo Poético
– Nota de Fontes Rimada
– Ficha Técnica
Linha Estética:
Cordel lírico-narrativo, com base na memória ancestral amazônica e traços simbólicos da tradição indígena e ribeirinha.
Revisão e Curadoria: Nhenety Kariri-Xocó
Gênero:
Poesia Narrativa – Literatura de Cordel
Edição:
Produzida digitalmente com apoio do Assistente Virtual ChatGPT.
Estudos preliminares: Nhenety Kariri-Xocó e Google Gemini
Pré-projeto: Nhenety Kariri-Xocó e ChatGPT ( OpenAI )
Local e Ano: Porto Real do Colégio – AL, Brasil, 2025
Produção Editorial: KXNHENETY.BLOGSPOT.COM
Direitos Autorais:
Pertencem ao autor Nhenety Kariri-Xocó.
Reprodução permitida mediante citação da autoria.
🌙 EPÍLOGO FINAL
E quando a última toada
Silencia no papel,
A memória encantada
Se ergue como um cordel.
Pois a palavra sagrada
É raiz do nosso Anel,
E a história eternizada
Ganha corpo no céu.
Ananatuba repousa
Sob o véu da imensidão;
E cada lembrança pousa
No vento da tradição.
A alma antiga é formosa,
Vive no chão e na canção;
E o que o tempo não glosa
Vira eterna vibração.
Que cada leitor receba
O sopro do povo antigo,
Como se o rio conceba
Um canto de eterno abrigo.
Pois a história não se enreda
Sem antes virar amigo;
E a memória que se enleva
É força no nosso umbigo.
Fica o recado discreto
Dos antigos passageiros:
“Tudo o que é puro e secreto
Vive nos nossos viveiros.”
E o espírito predileto
Dos povos verdadeiros
É manter sempre completo
O canto dos pioneiros.
Assim a obra termina,
Mas nunca põe ponto final.
Pois a memória que ensina
É sempre fonte vital.
E a poesia que ilumina
Nos dá força espiritual;
O cordel que aqui germina
Segue vivo e imortal.
E que o leitor caminhe
Com reverência e emoção.
Pois quem com o passado alinha
Torna firme o coração.
Que a luz que aqui germinhe
Seja guia e proteção;
E que a história que define
Nos una em celebração.
🌅 QUARTA CAPA POÉTICA
(descrição poética, como se fosse impressa na contracapa)
Neste cordel, Nhenety Kariri-Xocó conduz o leitor às profundezas simbólicas das várzeas amazônicas, onde Ananatuba dorme, mas nunca se cala.
É uma viagem pelos segredos do barro ancestral, pelas línguas que se perderam no vento, pelos povos que moldaram o chão das águas grandes.
A cada página, o rio murmura.
A cada estrofe, o passado desperta.
A cada capítulo, um espírito antigo retorna para lembrar que:
“Nada morre onde a memória vive.”
Entre mitos, sonhos, histórias e ciência, o autor tece uma narrativa luminosa, unindo tradição oral, poesia e sabedoria indígena.
Este é um cordel para ser lido devagar, com o coração alinhado à natureza, como quem ouve uma canção que vem das raízes mais profundas.
🪶 SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó
Filho do povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL), é contador de histórias, guardião da palavra ancestral e semeador da memória viva.
Escreve cordéis, contos e textos que misturam arte, espiritualidade, tradição oral e visão indígena do mundo.
Sua obra busca manter acesa a chama dos povos originários, honrando suas raízes e ensinando às novas gerações a beleza do conhecimento transmitido pelo vento, pela mata, pelos rios e pelos mais velhos.
Além da escrita, Nhenety dedica-se ao estudo histórico e cultural, à pesquisa de tradições antigas e à preservação das memórias que formam o grande mosaico dos povos do Brasil.
Seu gesto literário é, antes de tudo, um gesto sagrado:
manter viva a alma do povo.
📜 SOBRE A OBRA
Ananatuba – Canto Antigo das Várzeas Amazônicas é um cordel de longa duração que reconstrói poeticamente a memória de um povo desaparecido, guardado pelas águas e florestas da Amazônia.
A obra percorre desde o berço mítico de Ananatuba até sua decadência e herança cultural, passando pela arte do barro, pelas línguas extintas e pela travessia temporal que conecta o passado ao presente.
Escrito em estrofes rimadas, o cordel une poesia, história, arqueologia, tradição oral e espiritualidade indígena.
O objetivo não é apenas narrar um passado esquecido, mas reacender a presença sagrada desses povos e reafirmar que a memória ancestral permanece viva em cada canto da floresta.
Esta obra é um tributo ao Brasil profundo, aos povos das águas, aos guardiões do tempo e à força imortal da cultura amazônica.
Obra inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:
https://kxnhenety.blogspot.com/2025/05/povo-ceramista-de-ananatuba.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó



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