domingo, 28 de novembro de 2010

CACIQUE OTAVIO

Cacique Otávio rezando numa criança
Cacique Otávio Nidé com 39 anos
  O cacique Otávio Queiroz Nidé era irmão do pajé Francisquinho, por parte do pai Manoel de Queiroz, bisneto de João Maromba, chefe religioso dos Xocó entre 1899 a 1913. Manoel de Queiroz, portanto, era filho de Gregório Maromba, um dos filhos de João Maromba. A liderança de Otávio teve início após sua escolha, em 1944, após a morte do antigo cacique Kariri Jonas, também seu parente. Todos os índios da aldeia tinham uma atenção especial ao cacique Otávio, porque sua dedicação na tradição o tornara respeitado internamente e dera exemplo à comunidade indígena: o cacique é aquele que ouve as decisões dos órgãos internos (Conselho Tribal), chefes de família... Junto com o pajé examina o ponto de vista viável, executando a ordem estabelecida.
Numa aldeia, o cacique deve visitar todas as casas, ouvir problemas ao longo do tempo, dar atenção às crianças, aconselhar os mais inexperientes, conscientizar que o povo indígena só sobrevive coletivamente em união das pessoas. Otávio, através de sua observação social, dava nomes às pessoas da aldeia de acordo com a característica comportamental do indivíduo a denominar. Por exemplo, um menino que tomava banho no rio e era muito veloz na habilidade de nadar, o cacique dava-lhe logo o apelido de piaba (peixe do rio) e todas as pessoas reconheciam socialmente a identificação, denominação do indivíduo. Agora eu digo que cada povo tem o doutorado em sua cultura, porque somente ele pode saber sua origem, o que quer, o que sente, o que busca e para onde vai seguir.

Nhenety Kariri-Xoco

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