quinta-feira, 1 de agosto de 2013

HISTORIA NA CASA GRANDE

    Na retomada da Fazenda Modelo conhecida por Sementeira em 1978,  os índios Kariri-Xocó ocuparam as residências disponíveis no local, funcionários da CODEVASF foram retirados da terra indígena.  A população indígena foi distribuída nos casarões antigos, galpões, báia, curral, casas , escola outras famílias não tendo onde morar fizeram barracas. Veja no blog as casas ,   http://kxnhenety.blogspot.com.br/2013/02/antigas-casas-kariri-xoco.html   , Entre as construções  que encontramos no lugar: Casa Grande , Casarão Velho, Escola, Galpão da Antiga Fábrica de Arroz,  Galpão da Oficina Mecânica, Baia, Cocheira, Igrejinha, Casas dos Funcionários. Nas  residências ficaram muitas famílias morando , o momento era de mudança para construção da Nova Aldeia, cada casa ocupada tem sua história para ser contada pelos seu moradores, estes espaços residenciais tornaram-se  unidades social  da comunidade naquele período de luta.  A Casa Grande ficou ocupada por 22 famílias agora mencionadas :  Alírio e Maria de Lourdes,  Ivete e Antonio Cruz, Luiza Tenório e Família, Arnaldo e Chica, Zé Brinquinho e Especília, Helena Tenório e Lucineide, Mané Galo e Ianí, Antonio Tenório e Landa, Gena e Zeire, Dinalva e Juarez,  Zé Tenório e Givalda, Gergina e Família, Gringo e Antonia, Maria Vermelha e Miguel, Cacique Cícero e Anália , Zé Gatinho e Eurides, Paulo Nunes e Maria Véia,  Zé Taré e Antonia ,temos ainda pessoas que eram consideradas como família porque tinham filhos, Zefina, Vera, Roselita fechando com Euda. Esta casa era bastante animada, os mais velhos contavam histórias, os adultos saiam para pescar nas lagoas repletas de peixes, no alpendre nos fundos da residência muitos fogos  de lenha acessos, tudo ali era repartido entre todos. Quando veio a enchente de 1979 ficamos ilhados , os meninos saiam para pegar mangas que tinha em abundância na margem do Rio São Francisco, chegou alimento mandado pelo governo amenizou a fome por uns dias. Os Jovens estudavam no Ginásio São Francisco na cidade, foi alugada uma canoa para atravessar os alunos. Quando chegamos da aula, nossos colegas  Lenoir, Zé Birrinha, Dijalma e eu Zé Nunes fazemos mingau de milho com leite em pó nosso jantar . Logo após as águas baixar apareceu uma superpopulação de preás ( pequeno roedores ) comestíveis nos arredores da Casa Grande, Davi e meu irmão Antonio fizeram aratacas pegamos bastantes , nossas mães tirava o couro do bicho era um prato favorito. O alpendre circundava toda a casa, a noite armava as redes de dormir, outros forrava lençóis no piso, esteiras, tapetes. Lembro que nos anos de 1980 Jaime trouxe um toca disco e dançamos os sucessos  da música popular brasileira. Na vitória da conquista da terra foi feito um Toré na Casa Grande, Antonio Tinga puxou o canto, muito emocionante, ver todas as pessoas das outras casas chegar para comemorar. Chegou o projeto de construção de 110 casas em 1981, cada família deveria bater 10.000 tijolos, queimar e entrar com a mão de obra, recebia do governo 10 sacos de cimento, madeira e telha.  As famílias que moraram na Casa Grande no começo  foi de 1978 a 1981. Em 1982 foi concluída a construção das casas,as famílias receberam suas habitações,  a Casa Grande ficou como sede do Posto Indígena Kariri-Xocó até 2003 quando foi transferido para a cidade de Porto Real do Colégio. Após a desativação do Posto Indígena na área outras famílias ocupam  a Casa Grande até chegar outro projeto de casas.  As famílias que se encontram morando na Casa Grande atualmente: Esso e Rita, Vânio e  Cil , Galego e Esposa, Mudinha e Esposa, Zé Van e Esposa, Vânia de Zeire e Esposo, Ara e filhos. Esta casa sempre acolheu as famílias desamparadas de nossa aldeia, ainda hoje tem gente morando fazendo novas histórias .          

Nhenety Kariri-Xocó.

Nenhum comentário: