sexta-feira, 13 de maio de 2022

MORFEMA PARTES DO CORPO BU

 

( Grupo de Estudos Kariri )


O significado do morfema para partes do corpo *bu* e *umbu*


 Ari Loussant andou pesquisando para descobrir o significado desse morfema desde que descobriu crendo ele que finalmente chegou a uma conclusão sobre o *bü*. Ao checar o Estudo do Proto-Macro-Jê de Andrey Nikulin, lembrou da forma completa da palavra para 'pele, casca' que surge no Kipeá: *buro*.  


 Antigamente Ari não sabia sua função dentro dessa palavra, mas hoje em dia como já havia sido mencionado, o Kariri utilizou de sinônimos ou palavras-chave para distinguir suas raízes monossilábicas, peguemos por exemplo:


kra 'seco

e

kra 'peito'


 Como línguas dessa família não tem tons como o Chinês, é impossível distinguir essas duas palavras monossilábicas sem algo para auxiliar no significado, portanto a estratégia dos Kariri foi usar uma palavra que diferenciasse uma das raízes, nesse caso temos o sufixo -bu 'pele, casca':


kra 'seco'

e

kra-bu 'peito'


 Vemos também no vocabulário deixado por Mamiani que os Kipeá também distinguiam o kra de seco, como vemos na variante crocrà (kro-kra) 'seco' .


Suinamy ( Beth ) outra estudiosa que estar fazendo o Doutorado afirmou:

Excelente,Ari! Então, cró 'pedra' deriva dessa palavra,nesse sentido?


Adriana Korã Viu sobre umbu que significa dádiva?

Umbu, palavra Karirí?


Notas de leitura » Umbu, palavra Karirí?


por Eduardo R. Ribeiro


Nantes, Bernardo de. 1709. Katecismo Indico da lingua Kariris. Lisboa: Officina de Valentim da Costa Deslandes.


Embora as poucas fontes existentes sobre as línguas da família Karirí geralmente careçam de informações lexicais sobre a fauna e a flora, é possível ainda 'garimpar' alguns exemplos interessantes. Um deles é a palavra para 'umbu', que ocorre pelo menos duas vezes no catecismo Dzubukuá de Bernardo de Nantes (1709), grafada sob as formas obbo e obo.

A semelhança com a palavra usada no nosso português é óbvia. Na internet, uma informação bastante repetida é que a palavra brasileira provenha do Tupi Antigo; no artigo da Wikipédia dão, inclusive, uma etimologia (que me soa meio à la Teodoro Sampaio): "y-mb-u, que significava 'árvore-que-dá-de-beber'".

Embora haja vários empréstimos Tupí nas línguas Karirí (Ribeiro 2009), eu duvido que este seja o caso. É mais provável que, por razões ecológicas evidentes, o empréstimo tivesse percorrido a direção inversa. Povo sertanejo, os Karirí é que teriam familiaridade com a planta, emprestando a palavra para os falantes de Tupi; daí, então, a palavra teria chegado ao português. Se for este o caso, seria um exemplo raro de palavra Macro-Jê no léxico nacional.

Publicado originalmente na lista Etnolingüística (http://lista.etnolinguistica.org/3087)


dzubukuá


Eu que na época postei esse texto. Ele se encontra na biblioteca Curt Nimuendajú


Suinamy continua *"Todas as palavra na língua nomeia um ser que está diretamente ligado ao espiritual"* lembrei da sua fala, no sábado!


Ari Loussant Eu lembro de ter visto essa publicação, foi ela quem me fez iniciar a pesquisa sobre a palavra para 'semente, fruto', cujo creio que surge perante a palavra *o*-bo e *a*-ya, ainda estou tentando reconstruir essa raiz, estou procurando por mais exemplos antes de reconstruir como *ə 'semente, fruto', pois semente é sempre a vogal *a* sozinha no Tupi e no Caribe.



Grupo de Estudos Kariri, autores desta matéria: Ari Loussant, Adriana Korã e Beth ( Suinamy ).


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