Conexões Etno-Históricas e Linguísticas
Os povos nativos tem o maior respeito por seus antepassados, o legado deixados na tradição oral são seguidos até hoje. As aldeias indígenas logo após os descobrimentos, foram sempre visitadas por religiosos, cronistas, historiadores, antropólogos, linguísticos, em diversas áreas de estudos também nos tempos atuais.
Ao longo da história houve vários momentos de indígenas com estudiosos, nesse sentido os índios consideram encontros dos anciãos nativos com os anciãos civilizados, muitos escritos foram levados, gramáticas, catecismos, histórias, , livros, teses, dissertações, artigos, considerados importantes para a humanidade.
Mas agora o indígena frequenta a universidade, como estudantes, de história, pedagogia, literatura, biologia e diversas áreas de estudos, estão encontrando essas fontes nas instituições arquivadas. Na era da internet ficou mais acessível as informações, além disso o indígena estar escrevendo sua própria história. Mas aqui fica a nossa gratidão aos autores destas obras que mencionam nossos povos em seus trabalhos acadêmicos, canônicos e afins
1 ) - HISTÓRICO, GENTÍLICO, ..."as diferentes tribos de índios, Tupinambás, Carapotas, Aconãs e Cariris, habitavam a região, vivendo da caça, da pesca e da lavoura",...( PERFIL MUNICIPAL, 2018: pág. 8 ).
2 ) - MODIFICAÇÃO ESTRUTURAL, Segundo Vera L. C. MATA,..." Ao mesmo tempo que as fazendas de gado, chegam os jesuítas e, com eles, a
catequese em aldeamentos que atingiriam de forma irreversível a estrutura tribal das populações do Baixo São Francisco". (MATA, 2014: 43).
3 ) - CONSTRUÇÃO DA CAPELA, Depois que Gaspar Lourenço e João Salônio concluíram a construção da capela ( 1575 ), eles edificaram um colégio e uma residência como era típico de uma missão jesuítica, pois, era da constituição da ordem existir nas aldeias, colégio e residência ( ... ) (MERO, 1995: 26 ).
4 ) - URUBU-MIRIM, a Fazenda Urubu, era uma extensa faixa de terra doada ao Colégio do Recife por Antonio Souto de Macedo em 1675, depois de algum tempo, a Fazenda Urubu passou a chama “ Urubu-mirim “ e nela haviam construído o Predium Urubimirense. ( MÉRO, 1995:186).
5 ) - FUSÃO DOS GRUPOS TRIBAIS, A tribo Kariri-Xocó representa , a fusão de vários grupos tribais depois de séculos de aldeamento e catequese pelos inacianos. Estes grupos tribais viviam ás margens do São Francisco, que hoje compreende a cidade de Porto Real do Colégio e eram os Carapotós, Cariris , Aconans e Prakiós. ( MATA, 1989:25 ).
6 ) - ETNIAS MENORES KARIRI-XOCÓ, A noTribo Kariri-Xocó é composta de outras etnias , menores, mas que integram essa tribo. São os Natu, Pankararu, Fulni-ô, Tingui-Botó e Karapotó. ( NASCIMENTO & RAMOS 2002:24 ) .
7 ) - CARLOS ESTEVÃO DE OLIVEIRA, do Museu Goeldi, relata em 1935 que “ pelas investigações realizadas naquela cidade ( Porto Real do Colégio ) constatei que ali vivem descendentes da tribos NATU, Chocó, KARAPOTÓ e possivelmente Parikó e Nakoã. ( ANTUNES, 1973: 33 ).
8 ) - KARIRI DE COLÉGIO, Na atualidade, os índios conhecidos como os Kariri de Colégio constituem vários grupos tribais com línguas independentes como é o caso dos Kariri, Pankarus, Fulnió e Chucuru ( Xucurú, Chocó ) . ( ANTUNES, 1973 : 33 ).
9 ) - REMANESCENTES KARIRI, ( Ferrari 1957) o autor diz : “ Em Alagoas, os Kariris são encontrados como “ remanescentes ” em Porto Real do Colégio, outrora nação amplamente espalhada pelo Nordeste, desde a Bahia até o Ceará e talvez o Piauí. ANTUNES, 1973: 31 ).
10 ) - BAIRRO DOS KARIRIS, Antunes menciona (Ferrari 1957) “ Bairro dos Kariris ” , que serve de núcleo residencial a numerosas famílias descendentes dos antigos kariris e de outras tribos aldeadas pelos jesuítas no século XVII. Ainda hoje em dia, alguns elementos da cultura kariri se evidenciam em certos rituais . ( ANTUNES, 1973: 31 ).
11 ) - SÃO PEDRO DO PORTO DA FOLHA, um aldeamento na margem do rio São Francisco, principiou em meados do século XVII, reunindo índios Aramuru e posteriormente outras etnias como Uruma, Carapotós, Romaris e Xocó. (DANTAS; DALLARI,1980: 22).
12 ) - ALDEIA IPANEMA E COMUNATI, na região atual que está o município pernambucano de Águas Belas, foi fundada uma aldeia de índios Carapotó no Comunati , entre 1681 e 1685, e outra de índios Xocó na ribeira do Ipanema 1688. DANTAS, 2010: 23 - 24 ).
13 ) - DESLOCAMENTO KARAPOTÓS E XOCÓS, os Xocó aldeados em 1688 no vale do rio Ipanema, em 1713, Pereira da Costa informa que se encontravam na ribeira do Pajeú. E em 1749. Estariam reunidos na Aldeia de Pão de Açúcar, na vila de Penedo, localidade próxima á aldeia dos Carapotó. ( DANTAS, 2010 :39 ).
14 ) - ALDEIA DE SÃO BRAZ, temos em 1749: Na Vila do Penedo: Aldeia de São Braz, com a invocação de Nossa Senhora do Ó, com um jesuíta como missionário e composta de caboclos da língua geral chamados Cariri e Progez. ( DANTAS, 2010: 47 ).
15 ) - ALDEIA DA ALAGOA COMPRIDA, temos em 1749: Na Vila do Penedo: Aldeia da Alagoa Comprida, que não tinha missionário, mas possuía a invocação de São Sebastião e era habitada por índios Carapotiós. ( DANTAS, 2010: 47 ).
16 ) - ALDEIA DO PÃO DE AÇÚCAR, temos em 1749: Na Vila do Penedo: Aldeia do Pão de Açúcar composta de índios Chocó, com a invocação de Nossa Senhora da Conceição e missionário do hábito de São Pedro. ( DANTAS, 2010: 47 ).
17 ) - DESLOCANDO PARA PENEDO, Os Chocó e Carapotó, deslocaram-se de uma área administrativa para outra, estabelecendo-se em Penedo, talvez forçados a se juntarem a outros índios numa aldeia diferente devido ao Alvará Régio de 1700 ou por encontrarem condições melhores de sobrevivência no seu novo destino. ( DANTAS, 2010: 48 ).
18 ) - ALDEIA IPANEMA DOS CARNIJÓS, Cajaú, Cariju, Carijó, Carnijó, tapuias no século XVII, habitavam o baixo São Francisco. Carta Régia de 5 de junho de 1706 registra os nomes Carijú e Carijó, dos quais o primeiro gentílico é uma variante, com possibilidades de estar referindo-se aos atuais Fulniô, os Carnijó de Águas Belas. (J. C. SILVA, 2003: 170).
19 ) - PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE PANEMA, em 1766, sendo instalada por seu primeiro vigário, o padre José Lopes da Cunha, que passou a ter como matriz a capela erguida na antiga Missão da Lagoa da Serra do Comunati, ficando jurisdicionada à Diocese de Olinda. (BARBOSA, 2011: 49-50).
20 ) - FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE ÁGUAS BELAS, Em 1787, D. Maria I, Rainha de Portugal, homologou a criação da freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Águas Belas criou o distrito de mesmo nome, com sede na povoação.” (BARBOSA, 2011: 49-50).
21 ) - NA TENTATIVA DE PRESERVAREM A SI E A SEUS COSTUMES, alguns migravam de uma região para outra, fazendo acreditar aos poderes públicos que estavam extintos. Assim procederam até que não restasse mais lugar algum onde pudessem encontrar refúgio. (J. C. SILVA, 2003: 159).
22 ) - FAZENDAS NA CAPITANIA DE PERNANBUCO, Em 1774 entre as fazendas citadas na capitania de Pernanbuco: “Ararobá Simbres, Águas Belas, Tacaratú, Porto Calvo, Alagoas, São Miguel, Alagoa do Norte, Penedo, Poxim, Porto Real, Nossa Senhora do Ó e muitas outras, num total de 517 fazendas”, (ARRAES, 2012: 158-160).
23 ) - COLÉGIO E SÃO BRÁS VINCULADAS, baseado em Couto (1904) e dois outros documentos importantes datados em 1749 e 1760, mostra 55 aldeamentos missionários no nordeste do Brasil no século XVIII, a Missão de Porto Real do Colégio estava vinculada a de São Brás, onde índios “Cariri” e “Porge” estavam aldeados. PINTO (1956:48-60).
24 ) - ALDEIAS NA CAPITANIA DE PERNAMBUCO, Em 1760, existiam 27 aldeias na capitania de Pernambuco e na comarca de Alagoas, com índios de diferentes grupos e ainda com a presença de missionários. ( MARIANA DANTAS, 2011: 4 ).
25 ) - ALDEIAS PARA VILAS, entre 1761 e 1763, as antigas aldeias e os índios foram referenciados a partir da vila ou lugar criado, passando a existir então sete agrupamentos (Vila Ilha de Santa Maria, Vila Ilha de Assunção, Vila de Cimbres, Lugar Águas Belas, Lugar Barreiro, Lugar Porto Real e Vila Atalaya, estas duas últimas incorporadas posteriormente à província de Alagoas). ( MARIANA DANTAS, 2011: 4 ).
26 ) - PROCESSOS HISTÓRICOS DE MISTURA, os Carnijó dos setecentos com os Carnijó de finais dos oitocentos ou com os Fulni-ô do século XX, mas entender que essas populações indígenas passaram por processos históricos de mistura, e de trocas com os Xocó (Shocó), Carapotó, Xucuru,
Brancararu, Progez, Paraquióz,... ( DANTAS , 2010 : 51-52 ).
27 ) - VILAS NO SERTÃO SUL DE PERNAMBUCO, Em 1760, o Ouvidor Geral de Alagoas, Manoel de Gouveia Álvares, ficou responsável pela criação de 24 vilas no sertão sul de Pernambuco, Alagoas e na ribeira do São Francisco sob a jurisdição pernambucana. ( DANTAS, 2010: 55 ).
28 ) - ROMARIS E CEOCOSES, Manuel Aires do Casal informou em 1817, que São Pedro era habitado por apenas “ oitenta pessoas “ oriundas das tribos “ Romaris “ e “ Ceocoses “ ( Xocó ) , trazidos da Serra de Pão de Açúcar que, por sua vez, tinham vindo do riacho Piancó em Pernambuco. ( SANTANA 2004: 92 ).
29 ) - DESCIDAS DOS ABORÍGENAS, Já em 1717 existiam referencias aos Xocós ( Tsocós ), Umã que, justamente em 1802, apareceram buscando missionários nos altos sertões de Pernambuco. Assunto registrado graças às cartas trocadas entre frei Vital de Frescarolo e D. José, bispo de Olinda. ( SIQUEIRA,1978 : 61-62 ).
30 ) - O GOVERNO DOS ÍNDIOS, , a partir da carta de El Rei em 21/06/1672, foi estabelecido aos governadores das Praças das capitanias de Pernambuco que não proponham nas aldeias das suas jurisdições oficiais de guerra que as governem senão as pessoas beneméritas das nações Tavaxara e Petiguara,... (GEYZA SILVA, 2004: 105).
31 ) - ARCO VERDE E CAMARÃO, A Coroa cedeu privilégios aos chefes destas etnias, mais precisamente as
famílias Arco Verde e Camarão para governarem os terços dos índios e suas aldeias, que de certa forma veio confirmar a tradição Tupi do papel dos principais como lideranças guerreiras. (GEYZA SILVA, 2004: 105).
32 ) - EXTINÇÃO DO CARGO GOVERNADOR DO TERÇO DOS ÍNDIOS, O cargo de governador do terço dos índios é extinto em 1733, momento em que, finda a guerra dos bárbaros, a Coroa parece prescindir das tropas indígenas. (SILVA, 2003: 241).
33 ) - ARCO VERDE GOVERNADOR DOS ÍNDIOS, Em 1690, foi exigido que Antônio Pessoa Arco Verde, então governador dos índios, que “recolhesse” todos os aldeados de língua geral que não se encontravam em suas aldeias, por estarem trabalhando para os moradores ou por terem fugidos de seus aldeamentos,... ( GEYZA SILVA, 2004: 115).
34 ) - ALDEIA MILITARIZADA, Certos aldeamentos eram tão vigiados pelos religiosos e seus auxiliares que os
ameríndios preferiam vagar, sem rumo, a suportar a prisão espontânea da Aldeia militarizada . ( SIQUEIRA, 1978 : 38-39 ).
35 ) - ÍNDIOS PARA O SEU TERÇO, O governador dos índios de Pernambuco tinha o poder de recrutar índios para o seu terço e de enviar os índios que se encontravam dispersos e nas casas dos moradores para as suas aldeias, o que gerava constantes conflitos com os administradores das aldeias e com as autoridades coloniais. (AHU códice 257 f 341 e BNL PBA cd 115 f 47/48, 128 e 248).
36 ) - XOCÓS E CARNIJÓS MILITARES, Em geral, essas unidades militares poderiam contar com capitães-mores, soldados e ajudantes, e mesmo com governadores dos índios, como é o caso ainda dos Xocós e Carnijós. (SILVA, 2003: 255).
37 ) - TROPAS AUXILIARES DE PENEDO, as Tropas Auxiliares de Homens de Cor Sob Jurisdição de Pernambuco no Século XVIII, na vila de Penedo e Alagoas. FONTE: Coleção Patentes Provinciais, livros 1-10. APEJE. -PE. (SILVA, 2003: 147-148).
38 ) - COLÉGIO ALDEIA MILITARIZADA, Em 16 de agosto de 1832, José Viera Dantas, então diretor da povoação do Colégio, envia à presidência uma lista com os nomes e patentes dos índios
do aldeamento do Colégio: 3 capitães, 2 sargentos e 92 soldados, cujas idades variavam entre 8 e 60 anos (DANTAS, 1833a e 1833b).
39 ) - ÍNDIOS NA ARMADA, Nas décadas de 1820 e 1830, várias decisões e portarias requeriam índios para os navios e arsenais da Armada. ANAIS ELETRÔNICOS (JEHA, 2011: 2 ).
40 ) - REMADORES INDÍGENAS, Em 1827, um grupo de remadores indígenas vindos de aldeias de Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro abandonaram o Arsenal da Corte por falta de pagamento e foram declarados desertores. ANAIS ELETRÔNICOS (JEHA, 2011: 2 ).
41 ) - O ÍNDIO MANOEL PACÍFICO, E como me acho com praça no Batalhão Naval, imploro à V. M. Imperial mandar escusar-me do serviço atendendo as injustiças que tenho sofrido... Certo da magnanimidade de um bem-fazejo coração de V.M. Imperial (...). O infeliz índio da missão de S. Pedro Manoel Pacífico com praça no Batalhão Naval. ANAIS ELETRÔNICOS (JEHA, 2011: 8-9 ).
42 ) - INCLUSÃO DOS XOCÓ NA ALDEIA DO COLÉGIO, (...) em 1728 contava da relação de aldeias do governo de Pernambuco a inclusão de índios Xocó na aldeia do Colégio, situada nas terras do colégio do Recife, e a partir de 1749 por diante constatando da aldeia de Pão de Açúcar, jurisdição da Vila do Penedo, ambas em Pernambuco. (LEITÃO, 2011: 237-238).
43 ) - GUERRA DO PARAGUAI. Em Alagoas, os índios atendem ao apelo. São agrupados num batalhão especial indígena também denominado “ Voluntários da Paz ” .(...) As esposas se tornaram viúvas e seus filhos órfãos, antes mesmo de os maridos morrerem na frente de batalha da Guerra do Paraguai que terminou em 1º de março de 1870. ( ANTUNES , 1984 : 137 ).
44 ) - VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, Os índios presos de forma truculenta seriam utilizados como soldados na Guerra do Paraguai (1865-1870).(...) Voluntários da Pátria, compostos em sua maioria por indivíduos recrutados de maneira forçada,... ( DANTAS, 2010: 111 ).
45 ) - MISSIONÁRIOS CAPUCHINHOS, Os frades franceses, durante sua atuação nas reduções sanfranciscanas (1670 - 1686), segundo dados do Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal, fundaram sete aldeamentos missioneiros: Porcá, Araxá, Vargem, Pambú, Uracapá e Cavalo e Pacatuba.
(ARRAES, 2012: 173).
46 ) - INDÍGENAS DE SERGIPE, Os dezoito vocábulos que denominam índios sergipanos a uma lista elaborada por Curt Nimuendaju e Hohenthal Jr. E acrescida por Beatriz Góis Dantas são : Acunãs, Aramurus, Boimé, Caacicas, Caetés, Carapotós, Caxagó, Huamay, Kiriris, Moritses, Natu, Oromarais, Romaris, Tapuia, Tupinambá, Tupinauês, Uruma e Xocó. ( SANTANA, 2004: 14 ).
47 ) - TERMO KARIRI E XOCÓ, Kariri, Cariri, Cariry, Caririuazes, Quiriri, Kiriri, e também Xoco, Shoco, Chocos, o que significa que o uso desses termos por diferentes colonizadores europeus, missionários e outros para se referirem a vários povos indígenas. Herckman (1886) no século XVII descreveu contatos entre os holandeses e Tapuia-Cariry, do qual ele identificou três sub-grupos como Cariry, Caririuazese Cariry-jouos. (Dantas 1980b, 178).
48 ) - ALVARÁ DAS MUDANÇAS CULTURAIS, O Alvará de 1700, provoca mudanças culturais irreversíveis, como a duplicação das tribos ou mais divisões de uma mesma etnia ou grupo tribal. Embora a subdivisão tribal fosse um costume indígena, a prática catequista era uma imposição não relacionada com a adoção de um novo nome, quando se estabeleciam em diferentes locais voluntariamente. (Pereira da Costa 1974:84-85).(J. C. SILVA, 2003: 159).
49 ) - DENOMINAÇÃO ORIGINAL, Por isso é possível que alguns grupos tenham mantido a denominação original habitando diferentes pontos, sobretudo as tribos em fuga, que se repartiam ao tomar diferentes direções, ora modificando a denominação, ora mantendo-a (Pereira da Costa 1974:84-85). (J. C. SILVA, 2003: 159).
50 ) - PROCESSO DE COLONIZAÇÃO, Fica explícito que a reunião do grupo Kariri-Xokó resultou de uma sucessão de compulsões históricas decorrentes do processo de colonização do Baixo São Francisco ( NASCIMENTO & RAMOS 2002:24 ) .
51 ) - ÍNDIOS DE LÍNGUA GERAL, Caboclos ou Índios de Língua Geral, grupo indígena de filiação lingüística Língua Geral Tupi, entre 1749 à 1761, Capitania de Pernambuco, com as seguintes missões: Missão de S. Brás (c/ missionário), Vila do Penedo, são índios Cariris e Progées; na Missão de Pão de Açúcar (c/ clérigo do Hábito de S. Pedro), Vila do Penedo, são índios Chocós; Missão da Serra do Comunaty ( c/ clérigo do Hábito de S. Pedro), Vila do Penedo.(LEITÃO, 2011: 882).
52 ) - FILIAÇÃO ÉTNICO-CULTURAL, Kiriri, Cariri, grupo indígena de filiação étnico-cultural Kiriri (Kipéa), Família
lingüística Kiriri, Tronco Macro-Jê, Capitania de Pernambuco, em 1728 estavam na Missão Aldeia do Colégio (miss. Jes.), a 94 léguas do Recife e a 7 léguas da Vila do Penedo, juntamente com índios de outras nações: Carapotió, Aconã, Xocó e Prakió. (LEITÃO, 2011: 890).
53 ) - CARIRI NA LÍNGUA GERAL, Estes mesmos Cariri, estavam nesta mesma capitania entre 1749 à 1761, na Missão de S. Brás (c/ missionário), Vila do Penedo. Aqui referenciados já como caboclos de língua geral. S. Brás já existia por volta de 1728, altura em que a Aldeia do Colégio fora criada na mesma circunscrição de terras doadas ao Colégio do Recife. ( LEITÃO, 2011: 890).
54 ) - PROGÊ NA MISSÃO DE S. BRÁS, Projé, Progê e Projez, localizados na Capitania de Pernambuco, entre 1749 à 1761, na Missão de S. Brás (c/ missionário), Vila do Penedo. Na relação anterior a 1749, surgem como caboclos de língua geral. (LEITÃO, 2011: 894).
55 ) - MISSÃO BARRA DO TRAIPU, Tapuias, grupo indígena, na capitania de Pernambuco em 1728, na Missão Barra
do Traipu (clérigo do Hábito de S. Pedro), fre.ª da Vila do Penedo, Alagoas (junto ao rio com o mesmo nome, região do Baixo São Francisco ), com 30 casais de tapuias.(LEITÃO, 2011: 896).
56 ) - ARAMURÚ, ROMARÍ E XOCÓ, Romari, Romarís, Omarís, Aramurú, Are Muru, Aru-Muru, Arremuz, Orumarú, Roumirí, Umarí, Uruna.(...) Os romarís são provavelmente os aramurus do início da conquista, enquanto os Ceocoses são os atuais Xocó (...) . Foram classificados por Martius como Cariri. (Góes Dantas1980a :15; 1980b: 146).
57 ) - ARAMURU DE SÃO PEDRO, Com a denominação Aramuru, este grupo foi um dos primeiros aldeados pelos capuchinhos franceses na segunda metade do século XVII, em São Pedro do Porto da Folha, por Frei Anastácio d’ Audierne. A partir de então, habitou diversas aldeias na margem direita do São Francisco, no atual território de Sergipe, sendo a da ilha de São Pedro provavelmente a principal. A mudança de aramurú para romarí foi atribuída à influência de grupos externos (Góes Dantas 1980a:15;1980b:146).
58 ) - CARAPOTIÓ NA MISSÃO DE COLÉGIO, Carapotió, Cropotós e Carapariós, grupo indígena de filiação étnico-cultural <<Tapuias?>>, da Capitania de Pernambuco, em 1728 estavam localizados na Missão Aldeia do Colégio (miss. Jes.), a 94 léguas do Recife e a 7 léguas da Vila do Penedo. Juntamente com índios de outras nações: Kiriri, Aconã, Xocó e Prakió. (LEITÃO, 2011: 883).
59 ) - CARAPOTIÓ NA MISSÃO DA LAGOA COMPRIDA, Os mesmos Carapotió, Cropotós e Carapariós entre 1749 à 1761, localizados na mesma capitania, estavam na Missão da Lagoa Comprida (c/ missionário), Vila do Penedo . (LEITÃO, 2011: 883).
60 ) - WAKONÃ KARIRI, O grupo indígena Aconã, Aconas, Wakonãs, Acoranes e Tinguibotós, são pertencentes a filiação étnico-cultural Wakonã Kariri (mais tarde Kariri-Xocó), da filiação lingüística Família Kiriri do tronco Macro-Jê. (Pinto 1952). (J. C. SILVA, 2003: 172-176).
61 ) - WAKONÃ NA MISSÃO ALDEIA DO COLÉGIO, Em 1728 estavam localizados na Capitania de Pernambuco, na Missão Aldeia do Colégio ( miss. Jes.), a 94 léguas do Recife e a 7 léguas da Vila de Penedo. Juntamente com índios de outras nações: Kiriri, Karapotió, Xocó e Prakió. Ainda hoje residem em Alagoas, no município de Traipu.(LEITÃO, 2011: 880).
62 ) - ACCONANS LAGOA COMPRIDA,
Outro grupo classificado como Cariri foi o dos aconãs (acconans, iakóna, jaconans, naconã, uacona, wakóna), que estavam estabelecidos no baixo são Francisco em 1746 e aí permaneceram, pois no século XIX ainda se encontravam em Lagoa Comprida, sete léguas a oeste de Penedo, onde Aires de Casal os situou em 1817 (Casal 1976).
(Pinto 1952). (J. C. SILVA, 2003: 172-176).
63 ) - OS XOCÓS ESPALHADOS, Também conhecidos como Xocós (...) Urban (1998:99) considera-os portadores de uma língua isolada. Habitaram ainda no São Francisco em Porto da Folha, além de Pacatuba, Propriá e Neópolis, em Sergipe, sendo identificados ainda como ceocoses, ciocós, shocós, chocós (Góes Dantas 1987). (J. C. SILVA, 2003: 176).
64 ) - PROGEZ, ORIZES-PROCÁS, Porú, Porús, Borcás, Poriá, Porius, Periá, Porcaz, Porcazes, Procães, Progez, Orizes-Procás. Foram reduzidos com os Pancararús na missão de Nossa Senhora do Ó, na ilha de Sorobabel, e associados em 1789 aos Tuxá da confluência do Pajeú, em frente àquela ilha. Os Tuxá dizem pertencer a essa “nação”. (Baptista 1994:46). (J. C. SILVA, 2003: 183-184).
65 ) - NA MISSÃO DE SÃO SEBASTIÃO, Os orizes-procazes foram pacificados pelo padre Lassos Lima, por volta de 1715 (Baptista 1994:46). Em 1878 sobreviviam prováveis remanescentes da Aldeia Alagoa Comprida, na Missão de São Sebastião, e da aldeia de São Brás, na Missão de Nossa Senhora do Ó, perto de Penedo, que haviam sido fundadas por jesuítas.(...) (J. C. SILVA, 2003: 183-184).
66 ) - GRUPOS LINGUÍSTICOS, Os grupos lingüísticos eram, efectivamente, diversas, distribuídos pelo Tronco Tupi – de onde advém a família Tupi-Guarani, entre outras, Tronco Macro-Jê, e ainda famílias de tronco único, como o Kiriri não aparentado com nenhum dos anteriores. (LEITÃO, 2011: 672).
67 ) - TRONCO MACRO-JÊ, O ramo Jê formou-se a partir do tronco lingüístico respectivo há cerca de 3 mil anos.(...) Embora ainda se desconheça as suas filiações genéticas, pressupõe-se que este Tronco se terá formado na parte central e oriental do planalto brasileiro, se considerar a sua concentração nesta área, remontando a mais de 5 mil anos. (LEITÃO, 2011: 674).
68 ) - FAMILIARIDADE LINGUÍSTICA,
reconhece-se certa familiaridade entre o Tupi, o Caribe e o Macro-Jê com base nas semelhanças gramaticais e lexicais destes três grupos. Diz Rodrigues (...) de ser meramente uma hipótese ao nível de uma, supostamente, estrita relação genética num passado particularmente remoto. (RODRIGUES, 1992: 386)
69 ) - PARENTESCO GENÉTICO DAS FAMÍLIAS, Conforme Rodrigues (...) justifica o possível parentesco genético das famílias Jê, Maxacalí, Boróro e Kiriri com a ocorrência de idênticos processos sintáticos para exprimir a posse, com recurso a marcadores que parecem derivar de um etmo comum. Além destas famílias,... (RODRIGUES, 2000: 219).
70 ) - MAIS INCLUSÃO LINGUÍSTICA, (...) vem, mais tarde, a incluir o Krenák, Yatê, Kamakâ, Purí, Karajá, Ofayé, Guató, e Rikbaktsá, algumas das quais já sem línguas vivas, cujo caso se inclui o Kiriri. (LEITÃO, 2011: 675).
71 ) - LÍNGUAS DISTINTAS, (...) Nem os jesuítas foram tão arrojados, sobretudo se consideramos que várias aldeias congregavam falantes de línguas distintas, como o Kiriri e o Tupi, situação observada em várias aldeias pertencentes ao governo de Pernambuco. (LEITÃO, 2011: 818).
72 ) - DAS GRAMÁTICAS ELABORADAS, A partir, principalmente, das gramáticas elaboradas pelos missionários
capuchinhos Luiz Vicencio Mamiani, publicada em 1698, e Martinho de Nantes, publicada em 1706, Robert Lowie ( 1946 ), reproduzindo a opinião de Nimuendaju, refere-se a um idioma “ cariri ” comum, subdividido em quatro variantes dialetais : Dzubukua, Kipea, pedra branca ( ou Kamuru ) e Sapuya. . ( NASCIMENTO, 2000: 5-6 ).
73 ) - PROJECÇÃO DA LÍNGUA, Uma das famílias de línguas com maior projecção neste vasto território era efectivamente, a do Kiriri, mais precisamente pelas fronteiras do Piauí e Ceará, Pernambuco e Paraíba, com mais concentração a oeste da Bahia. (TOVAR, 1961:111), (LEITÃO, 2011: 675-676).
74 ) - PERTENCIMENTO LINGUÍSTICO, A ela pertenciam o Kiriri-Kipeéa, assim como as línguas dos Ikó (Icó), Kariú, Ixú, Korema, Jucá, Ariú ou Peba e Inhamum, estas últimas tribos apontadas como tapuias ou gentias, sobretudo residentes no sertão, cuja resistência poderá, por si só, reforçar a sua não familiaridade com as comunidades de línguas e culturas de base Tupi. (LEITÃO, 2011: 675-676).
76 ) - DUAS AMÉRICAS IBÉRICAS, De acordo com Tovar (TOVAR, 1961:111), existe um paralelo nesta denominação nas duas Américas ibéricas: “ Os tupis do Brasil chamavam de <<tapuias>> aos que continuavam com a velha língua; enquanto que os incas, no outro lado do continente, chamavam de <<aucas>> aos povos selvagens de cultura inferior. Eram os inimigos, os inferiores que precisavam ser dominados ou exterminados”. (LEITÃO, 2011: 675-676).
77 ) - FAMÍLIA KIRIRI NO MACRO-JÊ, A inclusão da família Kiriri no grupo de línguas derivadas do Macro-Jê não reúne, porém, consenso. Enquanto Aryon Rodrigues a considera, Greenberg e Kaufman, por seu turno, omitem-na deste tronco, facto de carece de corroboração através de estudos adicionais, sobretudo através do método comparativo. .(LEITÃO, 2011: 676-677).
78 ) - CLASSIFICAÇÃO COMO LÍNGUA ISOLADA, A constituição do tronco Macro-Jê é altamente hipotética ainda. ” O problema da sua genealogia reparte-se, assim, entre as teses de sua classificação como língua isolada (Rivet e Loukotka 1952, Larsen 1984), equatoria (Greenberg 1959), Macro-Carib (Swadesh 1959) e Macro-Jê (Rodrigues 1975). LEITÃO, 2011: 676-677).
79 ) - LÍNGUAS DA FAMÍLIA KARIRI, O Kiriri é, na verdade, uma família de línguas actualmente dadas como extintas. São elas: Kipéa, Dzubukuá, Pedra Branca e Sabuyá. A língua Kiriri, estudada por Mamiani, corresponde ao Kipéa, cuja distinção geográfica abrangia o Nordeste brasileiro: “Desapareceram também todas as línguas da família Kariri, mas de duas delas temos boa documentação do fim do século XVII e do início do século XVIII; (LEITÃO, 2011: 677).
80 ) - ÁREAS DO KIPEÁ E DZUBUKUÁ, trata-se do Kipéa (ou Kiriri) e do Dzubukuá, aquele do Nordeste da Bahia e Sergipe, este das grandes ilhas do rio São Francisco, entre a Bahia e Pernambuco, próximo a Cabrobó”. (LEITÃO, 2011: 677).
81 ) - GRAMÁTICA E CATECISMO, É portanto do Kipéa o catecismo e a gramática produzida por Mamiani em 1698 e em 1699, bem como o catecismo de Bernardo de Nantes em 1706. (LEITÃO, 2011: 677-678).
82 ) - LÍNGUAS PRÓXIMAS, Os povos Tupi ao longo da costa falavam línguas tão próximas umas das outras quanto dialetos de uma única língua, fornecendo assim uma aparência de homogeneidade cultural na região. (GEYZA SILVA, 2004: 46).
83 ) - OPÇÃO PELO TUPI, O conhecimento de línguas destas família não fora, inclusivamente desconsiderado, existindo diversas obras em Kiriri. No entanto, como
salientara Anchieta, a opção pelo Tupi fizera-se por ser de mais fácil aprendizagem para os portugueses. .(LEITÃO, 2011: 701).
84 ) - PRESSÃO DOS TUPI, Facto não menos relevante é o de as comunidades Jê terem procurado refúgio no sertão, tanto por pressão dos Tupi, que no século XVI já dominavam o litoral, como pelo avanço dos fazendeiros, curraleiros e caçadores de minério no século XVII.(LEITÃO, 2011: 701).
85 ) - LÍNGUA GERAL NO SERTÃO, O prestígio da conhecida “ Língua Geral " chegou a penetrar até nas aldeias do
baixo S. Francisco alastrando-se sertão a dentro. Por isto, talvez, ainda hoje grupos étnicos não podem ser identificados de maneira absoluta. ( SIQUEIRA, 1978 : 23-24 ).
86 ) - OS CARIRIS DO LITORAL, Eis, pois alguns dados dos Cariris ( Tapuias ) que habitavam as margens do Rio São Francisco ( Bahia ), nos idos do século XVI, conforme nos relata o padre jesuíta Fernão Cardim e Gabriel Soares de Souza, de que faz uso Capistrano de Abreu em Capítulos de História Colonial. “ Os Cariris, pelo menos na Bahia e na antiga capitania de Pernambuco, já ocupavam a beira-mar quando chegaram os portadores da língua geral.
SIQUEIRA, 1978 : 256-257 ).
87 ) - CARIRIS REPELIDOS AO INTERIOR,
Repelidos por estes para o interior, resistiram bravamente à invasão dos colonos europeus, mas os missionários conseguiram aldear muitos e a criação de gado ajudou a conciliar outros.Talvez provenha dos Cariris a cabeça chata, comum nos sertanejos de certas zonas. "( SIQUEIRA, 1978 : 256-257 ).
88 ) - LÍNGUA GERAL EM PERNAMBUCO, cerca de 1760, imperavam índios de língua geral nos aldeamentos missionários por religiosos de várias ordens nas várias capitanias sob o governo de Pernambuco, sobretudo em povoações dispostas nas imediações de centros urbanos e localidades de brancos. (LEITÃO, 2011: 399-400).
89 ) - MISSÕES DE LÍNGUA GERAL, Temos a Capitania de Pernambuco as missões foco de nossos estudos, na Missão de S. Brás, Vila de Penedo com missionário, índios da língua geral, Kiriri e Projê; na Missão de Pão de Açúcar, Vila de Penedo com clérigo (Hábito de S. Pedro), índios de língua geral, Xocó; na Missão da Lagoa da Serra do Comunaty, Vila de Penedo com clérigo (Hábito de S. Pedro), índios da língua geral, Carijó . (LEITÃO, 2011: 399-400).
90 ) - IDÊNTICA DESIGNAÇÃO, O que é facto é que existem situações em que grupos do tronco macro- Jê, por via do seu aldeamento fixo, vêm a conhecer idêntica designação. Veja-se o caso dos Kiriri e Progê na aldeia de S. Brás e dos Xocó na aldeia de Pão de Açúcar (ambas no distrito da Vila do Penedo – PE) que constam nas relações do século XVIII na qualidade de índios de língua geral. .(LEITÃO, 2011: 183).
91 ) - HOMOGENEIZAÇÃO CULTURAL KIRIRI, Para os Kiriri, família lingüística autônoma de matriz Jê, havia-se,
contudo, elaborado catecismos e gramáticas na sua língua - pressupõe-se que fosse o Kipéa, muito embora existissem outros subgrupos, como os índios Cariú, os quais terão sido alvo de homogeneização cultural Kiriri na aldeia de Nª. Sr.ª da Conceição (PE).(LEITÃO, 2011: 183).
92 ) - CASAMENTOS COM ÍNDIAS, Marquês de Pombal - através do alvará de 4 de abril de 1755 que concedeu privilégios aqueles que no Brasil casassem com índias - estava: “E outrossim proíbo que os ditos meus vassalos casados com as índias ou seus descendentes sejam tratados com o nome de cabôucolos, ou outro semelhante que possa ser injurioso.” (BARBOSA, 2011: 62-63).
93 ) - CASAMENTOS INTERÉTNICOS, Ora, os casamentos interétnicos já se davam desde o século XVIII, sem que jamais tivessem implicado na perda de direitos pelos seus descendentes, e continuaram ocorrendo durante todo o século seguinte. ( NASCIMENTO, 2000 : 16 ).
94 ) - ESTRATÉGIAS DOS NÃO-ÍNDIOS, Com efeito, uma das estratégias de
indivíduos não-índios, contudo demasiado pobres para pretender arrendar terrenos nos aldeamentos, era justamente casar-se com índias e assim ter acesso a terras para trabalhar. ( NASCIMENTO, 2000 : 16 ).
95 ) - DE ÍNDIOS PARA CABOCLOS, De repente, ao sabor de uma súbita reviravolta nas doutrinas ideológicas hegemônicas , transcorrida no intervalo de uma única geração, os índios dos antigos aldeamentos, até ali sempre reconhecidos como tais, se tornaram, aos olhos das elites dominantes, meros “ mestiços ”, simples “ caboclos ”, sem quaisquer especificidades étnicas, culturais e muito menos direitos históricos. ( NASCIMENTO, 2000 : 16 ).
96 ) - INVISIBILIDADE ÉTNICA, A categoria “caboclo”, relativa a populações resultantes de mistura, possui significados específicos no século XIX, associados aos processos de espoliação de terras e invisibilidade étnica ocorridos no final desse período. DANTAS, 2010: 93 ).
97 ) - NAÇÕES CARIRIS, E PROGÉZ, Aldeia de Sam Braz, Invocação Nossa Senhora do Ó, o Missionario é Religioso da Companhia de Jesus; tem duas Nações de Caboclos da Lingoa Geral de Nações Cariris, e Progéz. No Bispado sujeita à Junta das Missões : “ 1739, a VILLA DO PENEDO. ANTUNES , 1984: 35-36 ).
98 ) - CABOCOLLOS CHAMADOS CHOCÓS, Aldeia de Pam de Assuqar, Invocação de Nossa Senhora da Conceição, o Missionario é Sacerdote do Habito de Sam Pedro, tem uma Nação de Cabocollos da Lingoa Geral chamados Chocós. No Bispado sujeita à Junta das Missões : “ 1739, a VILLA DO PENEDO. ANTUNES , 1984: 35-36 ).
98 ) - CABOCLOS CARNIJÓS, Aldeia da Lagoa da Serra do Comonaty, Invocação Nossa Senhora da Conceyção, o Missionario é Sacerdote do habito de Sam Pedro, tem uma Nação de Caboclos da Lingua Geral chamados Carnijós. ( Revista do Instituto Archeologico e Geographico Alagoano. Volumes XII. Anno 55. Maceió. 1927 ), citado por ( ANTUNES , 1984: 35-36 ).
99 ) - JESUÍTAS PRESOS, em Dezembro de 1759 (....) Dá-se a vinda para Olinda de dois jesuítas que haviam sido presos na aldeia de Urubu-mirim: o Pe. Nicolau Botelho e o Ir. Coadjutor João Baptista. Nesta aldeia encontrava-se, efectivamente, uma residência de Companhia, criada em terras doadas não ao colégio de Olinda, mas do Recife, onde estavam igualmente implantadas a aldeia de S. Brás e a aldeia do Colégio ou da Barra do Colégio (esta última mencionada na relação de 1728), a cerca de 7 léguas da vila do Penedo. (LEITÃO, 2011: 536).
100 ) - CROPOTÓS E CARIRIS, à freguesia de “ Nossa Senhora da Conceição do Porto Real ”, datado de 1763, dá conta da presença de índios Cropotós e Cariris , que ali viviam da agricultura, e informa que as terras da freguesia, medindo duas léguas de comprido por uma de largo a eles pertenciam. (MATA, 2014: 56).
101 ) - PORTUGUÊS LÍNGUA OFICIAL, o Alvará de 8 de maio de 1758 determinava o Português como língua oficial e proibia o uso de línguas nativas, tais como o Nheengatu, que foi uma língua geral Tupi amplamente falada no Brasil do século XVI ao início do século XVIII. ( CUNHA, 2008 : 20-21 ).
102 ) - FAZENDAS URUBU E TIBIRI, Em 1767 encontramos no Hospício da Vila do Penedo, 1ª classe a propriedade Fazenda de Gado Urubú Mirim, com 87 gado cavalar , 22 escravos, 42 escravas, 22 bois e 270 gado vacum. Fazenda de Gado do Tibiri, 7 gado cavalar, 4 escravos, 3 escravas, 7 bois e 144 gado vacum. Todas eram administradas nesta altura pelo ouvidor de Alagoas, que deu conta do seu rendimento a 17 de Junho de 1767. (LEITÃO, 2011: 909).
103 ) - ÍNDIOS ÓRFÃOS, Em 1798 os índios são equiparados aos órfãos, ficando, pois, sob a tutela do Estado português. As aldeias passam em 1846 para o controle da Diretoria Geral dos Índios. (MATA,2014: 55).
104 ) - INTRANQÜILIDADE NAS ALDEIAS, O Diretor do Aldeamento de Porto Real do Colégio em ofício dirigido à Junta do Governo da Província, em 19 de abril de 1823, comunica que está havendo grande intranqüilidade em algumas aldeias de índios, principalmente Águas Belas na Província de Pernambuco. ( ANTUNES, 1984 : 132 ).
105 ) - POPULAÇÃO DA ALDEIA, Em 1840, um diretor da vila do Colégio afirma que esse aldeamento tinha a
população de 102 homens e 98 mulheres e chama atenção para a necessidade de demarcação de seu território porque muitos conflitos entre invasores e índios estavam acontecendo, “agravadas pela [sic] má conduta dos indígenas” (ANTUNES: 1984, 90).
106 ) - OS XOCÓS EM SÃO PEDRO, A presença dos Xocó na região significa que esse grupo retornou de Pão de Açúcar, onde originalmente foram reduzidos, para Sergipe, ficaram espalhados pelas margens do rio Jacaré, de onde aos poucos foram se aproximando da Ilha de São Pedro, enquanto outros indivíduos foram aculturados .( SANTANA 2004: 100 ) .
107 ) - CHEGA ÍNDIOS DE ÁGUAS BELAS, Em 1823 o padre Gaspar de Paula Bulcão, diretor dos índios, comunicou que o mês de abril aportaram no aldeamento todos os índios da Missão de Águas Belas, em Pernambuco, acompanhados com seus oficiais. Chegaram 60 indivíduos portando “ arcos “ , enquanto em São Pedro só existia 30 “ arcos “ , por esta razão não foram repelidos, mas aceitos de bom grado. ( SANTANA 2004: 93 - 94 ) .
108 ) - ALDEIA VÁRIAS PROCEDÊNCIAS, Em 1827 trinta e seis índios procedentes da aldeia “ Curral dos Bois “ se estabeleceram em São Pedro juntando-se aos outros que haviam imigrados anteriormente. Assim, em 1829 este aldeamento contava com índios das seguintes procedências : Curral dos Bois, Rudela, Águas Belas, Pacatuba, Colégio, Traipu e Pambu. ( SANTANA 2004: 93-94 ) .
109 ) - PANKARARU VÁRIOS POVOS, Na metade daquela década, Carlos Estêvão identificara no grupo restos indígenas oriundos de Rodelas, Ararobá, do Colégio, Águas Belas e vestígios de três dialetos diferentes, além da memória de índios denominados Macaru, Geripancó e Ituaçá. Na época, viviam em Porto Real do Colégio os Natu, Shocó (Xocó) e Carapotó e em Ararobá, os Shucuru (Estêvão 1943). (J. C. SILVA, 2003: 197).
110 ) - PANKARARU DE TACARATU, Os Pankararu oriundos de Canabrava, atual Tacaratu , das ilhas do rio São
Francisco, denominadas Surubabel, Acará e Várzea ou de Curral-dos-Bois, hoje Santo Antonio da Glória, sabe-se que foram aldeados pelos missionários do Brejo dos Padres, em 1802, onde foram reunidos com povos provenientes de Serra Negra, de Águas Belas, do Colégio e do Sertão de Rodelas ( Atlas das Terras Indígenas do Nordeste, 1993 ). ( Moreira Neto, 1971: 299).
111 ) - XOCÓ REGISTROS HISTÓRICOS,
De acordo com DANTAS : 1980 os Xocó (Ceocoses, Ciocó, Chocó, etc.) foram mencionados em registros históricos desde o século XVII e sua ocupação territorial incluía vários aldeamentos indígenas no vale do rio São Francisco onde existem grandes possibilidade de afiliações culturais e lingüísticas entre grupos localizados nessa região. DANTAS: (1980b, 178-9).
112 ) - XOCÓS DESDE O INÍCIO , diz NASCIMENTO: 2000, provavelmente, os índios Xocó estavam presentes no aldeamento em Colégio desde o início, uma vez que eles sempre foram registrados em dados históricos nessa área. Os grupos indígenas localizados ao longo do vale do rio São Francisco sempre mantiveram contatos interétnicos, viajavam entre os aldeamentos e compartilhavam traços culturais (NASCIMENTO, 2000:17).
113 ) - MISSÃO DE PACATUBA, em 1592 o religioso francês André Thevet identificou na localidade o grupo chamado “ Coyjajou “, que vem a ser os Caxagó ainda nomeados pelos idos de 1759. A historiografia demonstra que o aldeamento reuniu vários grupos de nativos, entre os quais estavam os Carapotós, Caxagós ( Cayagós e Capajós são grafias variantes ) e Natu como senhores do local, que deram base para a formação da missão. ( SANTANA 2004: 78 ).
114 ) - PACATUBA LOCALIZAÇÃO, Pacatuba distante três léguas , Vila Nova ( Neópolis ) sete léguas, Vila de Traipu e São Pedro do Porto da Folha , afastada vinte duas léguas. A relação entre Traipu e São Pedro do Porto da Folha, segundo deixa entender um documento contemporâneo, é que ambas estavam situadas no morgado de Pedro Gomes e este abrangia terras de ambos os lados do rio São Francisco, englobando Sergipe e Alagoas. ( SANTANA, 2004: 79 - 80 ).
115 ) - RESISTIRAM QUANTO PUDERAM, Por estarem misturados, julgava-se terem perdidos a condição de índios, mas estes não se conformavam com a usurpação de seus domínios e procuravam as vias legais para retomá-los apelando, inclusive ao Imperador em 1873. Isso mostra que os Carapotós, Caxagó e Natu resistiram como e o quanto puderam, antes de formarem a sociedade sergipana. ( SANTANA 2004 : 82 ).
116 ) - AUDIÊNCIA COM D. PEDRO II, Somente em Souza (1867) encontramos registro de uma rápida audiência concedida por D. Pedro a “uma comissão de índios armados de arco e flechas”, no dia 15 de outubro de 1859, quando o Imperador ainda se encontrava em Penedo. Participaram da comissão índios de Colégio e Pacatuba, “pedindo providências sobre os esbulhos que diziam ter sofrido em suas terras”(p. 72). (MATA, 2014: 78-79).
117 ) - VIAGEM AO RIO DE JANEIRO, Em 1888, quando se faz o aforamento das terras da aldeia, Manuel Pacífico de Barros, Jesuíno Serafim de Souza, Manuel Esteves dos Anjos e Lourenço Marinho, índios da Missão de São Pedro, vão ao Rio “com o fim de reclamarem a respeito das terras que dizem lhes pertencerem e que ali estão sendo invadidas por vizinhos”. (DANTAS e DALLARI: 170 - 172).
118 ) - NA PERIFERIA DA CIDADE, Em 1944, quando o Serviço de Proteção aos Índios instala um posto para atende-los , os Cariri-Xocós ocupam apenas dez hectares de terras, onde ficava a “ rua dos caboclos “ , na periferia da cidade de Porto Real do Colégio (MATA, 1989 : 72 ) .
119 ) - RECRUTAMENTO ÍNDIOS DE PACATUBA, (...) Por volta de 1830 haviam sido recrutadas mais de setenta pessoas. Isso causou grande impacto na densidade demográfica dessa população e também na sua
sobrevivência cultural, uma vez que foram enviados para outra Província. ( SANTANA 2004: 83-84 ).
120 ) - FUNDAÇÃO DE PACATUBA, O Aldeamento de São Felix de Pacatuba foi fundado por capuchinhos franceses no final do século XVII. Reuniu índios Carapotós, Caxagó e Natu. Tornou-se Vila no século XIX. Século em que a população era de setecentos índios, que se dedicavam à caça e pesca. (SOUZA, 1944: 41-42).
121 ) - ACOLHIMENTO PANKARARU, Na metade daquela década ( de 1930 ), Carlos Estêvão identificara no grupo restos indígenas oriundos de Rodelas, Ararobá, do Colégio, Águas Belas e vestígios de três dialetos diferentes, além da memória de índios denominados Macaru, Geripancó e Ituaçá. Na época, viviam em Porto Real do Colégio os Natu, Shocó (Xocó) e Carapotó e em Ararobá, os Shucuru (Estêvão 1943). (J. C. SILVA, 2003: 197).
122 ) - IMPERADOR APORTA EM COLÉGIO, no caso dos Kariri-Xocó, quando da viagem imperial à cachoeira de Paulo Afonso, em 1859. Ao subir o rio São Francisco, o Imperador realmente aporta em Colégio. (MATA, 2014: 75-77).
123 ) - D. PEDRO II E BALTAZAR, Na versão do próprio punho do Imperador encontramos a seguinte narrativa. “16 de outubro de 1859 . De Propriá fui ao Porto Real do Colégio, onde houve antiga igreja e convento dos jesuítas, que já não existem... Aparecem bastantes descendentes dos índios, de raça já bastante cruzada, trazendo alguns cocares de penas com seus arcos e flechas e jaqueta, atirando um deles por ordem minha duas flechas, da quais acertou uma, num mourão assaz largo e a pouca distância (PEDRO II, 1959, p. 111)”. (MATA, 2014: 77-78).
124 ) - COLÉGIO E PACATUBA COM D. PEDRO II, Somente em Souza (1867) encontramos registro de uma rápida audiência concedida por D. Pedro a “uma comissão de índios armados de arco e flechas”, no dia 15 de outubro de 1859, quando o Imperador ainda se encontrava em Penedo. Participaram da comissão índios de Colégio e Pacatuba, “pedindo providências sobre os esbulhos que diziam ter sofrido em suas terras”(p. 72). (MATA, 2014: 78-79).
125 ) - PRIMEIRA VIAGEM AO RIO DE JANEIRO, Em 1888, quando se faz o aforamento das terras da aldeia, Manuel Pacífico de Barros, Jesuíno Serafim de Souza, Manuel Esteves dos Anjos e Lourenço Marinho, índios da Missão de São Pedro, vão ao Rio “com o fim de reclamarem a respeito das terras que dizem lhes pertencerem e que ali estão sendo invadidas por vizinhos” ...CUNHA, 1998:171-172).
126 ) - SEGUNDA VIAGEM AO RIO DE JANEIRO, (...) “Inocêncio , que já esteve aqui em 1890 em idêntica missão veio comissionado pela população pobre de Porto da Folha, solicitar ao Presidente da República a restituição de vários terrenos, atualmente ocupado pelos herdeiros de um grande fazendeiro e industrial João Fernandes de Britto. ( CUNHA, 1998:171-172).
127 ) - EXTINÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS, A manipulação a que dava a Lei de Terras de 1850 ( : 52 ) vai atingir também os Cariri da Aldeia de Porto Real do Colégio, junto aos quais os Xocós se refugiaram, com a extinção das aldeias indígenas , em 1873, pela Província de Alagoas ( : 63 ) . Com isso os índios de Porto Real do Colégio perdem suas terras, de duas léguas de comprido por uma de largo ( como eram duas missões vizinhas, São Brás e Porto Real do Colégio, cada qual tinha recebido uma légua em quadra – Calheiros MATA, 1989 : 35-36 ).
128 ) - APENAS DEZ HECTARES, Em 1944, quando o Serviço de Proteção aos Índios instala um posto para atende-los , os Cariri-Xocós ocupam apenas dez hectares de terras, onde ficava a “ rua dos caboclos “ , na periferia da cidade de Porto Real do Colégio (MATA, 1989 : 72 ) .
129 ) - DISPUTA DAS TERRAS , Em 1883, quando Luiz da Silva Tavares fez um memorial demonstrando a extensão das terras do antigo morgado de Porto da Folha de sua propriedade, incluiu dentro delas a região chamada Caiçara, quando, na verdade, a Caiçara pertencia aos índios da Ilha de São Pedro. ( SANTANA 2004 : 95 ).
130 ) - AS TERRAS ARREMATADAS, Assim, em 1887 as terras pertencentes à antiga aldeia de S. Pedro são postas em aforamento, sendo arrematadas por diversos fazendeiros da região. Como acontecera em Alagoas, o argumento da “mestiçagem” é usado para negar a existência da população indígena, naquela e em outras aldeias da província, possibilitando a extinção legal das mesmas. (MATA, 2014: 75).
131 ) - VIOLÊNCIA E DISPERSÃO DOS ÍNDIOS, Em 1897, João Fernandes de Brito, que já era rendeiro de três lotes em terreno indígena, se assenhora, na condição de foreiro, de mais da metade das terras que ainda pertenciam aos índios, na ilha de São Pedro.(...) A violência provoca a dispersão dos índios. Parte deles busca refúgio em Porto Real do Colégio, junto aos Kariri, de onde tentará recuperar os direitos às terras aforadas. (DANTAS & DALLARI, 1980). (MATA, 2014:75).
132 ) - PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE ÉTNICA, Mas, seguramente, esteve relacionada também, de modo decisivo, à manutenção pelos Kariri de suas práticas rituais antigas, similares, senão as mesmas, dos Xokó. A preservação dessas práticas rituais, na verdade até os dias atuais, foi de fundamental importância para a preservação da identidade étnica, especialmente a partir da “ extinção ” dos aldeamentos, como adiante será tratado. ( NASCIMENTO, 2000: 17-18 ).
133 ) - LEGITIMAÇÃO DA ETNICIDADE,
A denominação Kariri-Xocó nasce de uma fusão interétnica ocorrida há pouco menos de cem anos entre os índios Kariri de Porto Real do Colégio ( Alagoas ) e parte dos Xocó da ilha fluvial sergipana de São Pedro, vizinhos em margens opostas do Baixo Rio São Francisco (...) Vivenciam então um processo de reconquista territorial e uma luta de legitimação da etnicidade, para constituir posteriormente a aldeia Kariri-Xocó. ( Mota 2007 , 47 ) e ( CUNHA, 2008 : 15 ).
134 ) - TYPO DA RAÇA PRIMITIVA, “ Relatório ” enviado em 1869, pelo Diretor Geral dos Indios, José Rodrigues Leite Pitanga ao Presidente da Provincia , José Bento da Cunha Figueiredo Junior. “ Collegio – Esta aldeia collocada á margem esquerda do magestoso São Francisco , sete léguas á cima da Cidade do Penedo ( ... ) Convem ainda observar que esta aldeia é d’ aquellas cujos indios tem conservado mais os caracteres ou typo da raça primitiva. ( ANTUNES , 1984:65 ).
135 ) - DAS FALAS DAS PROVÍNCIAS, No Império do Brasil, a aprovação do ato adicional de 12 de agosto de 1834 fez
algumas adições à Constituição de 1824 e entre elas, a obrigatoriedade das falas das províncias. A partir desse período cada província contava com um presidente que era nomeado para o cargo pelo imperador. (BARBOSA, 2011: 14).
136 ) - ALDEIAS DA PROVÍNCIA ALAGOANA, A mesma argumentação é reforçada a 1 de março de 1855 pelo Presidente Sá e Albuquerque, ao declarar: A raça que habita as aldeias de Jacuípe, Cocal, Urucu, Limoeiro, Atalaia, Santo Amaro, Palmeira e Colégio, às únicas existentes na Província, quase nada tem da primitiva raça índia: o cruzamento dela com as outras que habitam o nosso país, tem-se dado em larga escala. (MATA, 2014: 64).
137 ) - OS ÍNDIOS CONTINUAM LÁ, Desfechava-se, assim, o golpe derradeiro. Os índios do aldeamento
de Porto Real do Colégio, entretanto, continuavam lá – de onde nunca saíram, de fato -, mas submergiram, desde então, no silêncio da história oficial, de onde só emergiram novamente quando de seu ( re ) reconhecimento pelo SPI, no ano de 1944 . ( NASCIMENTO, 2000: 17 ).
138 ) - A PALAVRA CABOCLO, (...) a palavra “caboclo” era amplamente utilizada em documentação colonial, principalmente a partir do século XVIII. Na dinâmica social mineira durante os setecentos, Maria Leônia Chaves de Resende identificou outras classificações, além do termo “caboclo”, utilizadas para uma geração de índios resultante de processos de miscigenação : curiboca, cabra, bastardo e mameluco. ( DANTAS, 2010: 93 ).
139 ) - GRUPOS DECLARADOS EXTINTOS, Em 1872, vários grupos étnicos indígenas, incluindo aqueles localizados no aldeamento em Colégio, foram declarados extintos pelo governo brasileiro. Isso contribuiu diretamente para a perda desses grupos de seus territórios, quando os aldeamentos foram considerados "terras públicas" e podiam ser ocupados por não-indígenas. ( DANTAS, 2010: 89-90 ).
140 ) - EXTINÇÃO DAS ALDEIAS, O passo seguinte teria de ser a extinção das aldeias. Efetivamente, a 17 de julho
de 1873, o Ministério d’ Agricultura, Comércio e Obras Públicas considera as terras das aldeias de índios como Domínio Público.(...) Os conflitos são registrados como “caso de polícia” e são reprimidos com o envio de delegados e da força pública aos locais onde acontecem essas “desagradáveis ocorrências”. (MATA, 2014: 73).
141 ) - EXTINÇÃO DAS DIRETORIAS, As Diretorias de Índios haviam sido extintas e a constituição republicana de 1891 não menciona os índios mas transfere, mediante o seu artigo 64, para os estados federados as terras devolutas, entre as se contavam, desde 1887, as terras dos aldeamentos extintos (CARNEIRO DA CUNHA, 1987: 74).
142 ) - ALEGAÇÃO DE MESTIÇOS, Essa ideologia assimilativa fez com que muitos grupos indígenas do Nordeste e
também de outras regiões perdessem as terras que lhes restavam. Sob a alegação de que abrigavam uma população de mestiços, são extintos vários aldeamentos indígenas em Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Pernambuco, Alagoas e Sergipe (CUNHA, 1987: 70).
143 ) - DIREITO DA POSSE IMEMORIAL,
Através da lei de 1703, o Rei de Portugal determinava como já referido, que as terras das aldeias pertenciam aos índios e não aos missionários. Tanto isto é verdade que, ao levar à hasta pública os bens da Companhia de Jesus, o Governador Português preservou as terras das aldeias de Colégio e São Brás. Assim sendo, ao reivindicar as terras da antiga aldeia como suas, o grupo indígena está na realidade acionando o direito da “posse imemorial”. ( MATA, 2014: 55-56).
144 ) - UMA LÉGUA EM QUADRA, No que se refere à área da aldeia, a memória social preservou a dimensão de “duas léguas de frente e uma de fundo”. (...) Entretanto, é bom relembrar que o Alvará Real de 1700 rezava que “a cada missão se dê uma légua em quadra”. ( MATA, 2014: 56).
145 ) - LUGAR DE REFÚGIO INDÍGENAS,
Desde então, os índios dali jamais foram expulsos, suas terras tendo servido, ao contrário, como refúgio, por muito tempo ainda, para sucessivos contingentes populacionais indígenas advindos de outros aldeamentos e fazendas jesuíticas à medida que estas terras iam sendo apropriadas por fazendeiros em todo o baixo São Francisco, mormente quando aqueles religiosos saíram de cena na região e de todo o país em meados do século XVIII. ( NASCIMENTO , 2000 : 8-9 ).
146 ) - AS DUAS DOAÇÕES DAS TERRAS, Segundo Pereira da Costa, as duas doações de 1708 abrangiam “ do meio da serra do Maraba para a serra de Apreaca, (...) correspondiam efetivamente aos atuais municípios de Porto Real do Colégio e de São Brás. Segundo Abelardo Duarte ( 1966: 175-6, apud Mata, 1989 ).
147 ) - COMPLETAMENTE EXPROPRIADOS,No início dos anos quarenta, os Kariri-Xokó encontravam-se completamente expropriados de suas terras, confinados a dez hectares na periferia da cidade de Porto Real do Colégio, onde moravam reunidos na chamada “ rua dos caboclos ”. ( NASCIMENTO, 2000: 23-24 ).
148 ) - CABOCLOS NA PERIFERIA,
Completara-se o processo de expropriação iniciado no período colonial. Em 1944, ao ser criado o Posto Indígena, os Kariri-Xocó encontram-se confinados em cerca de 10 hectares de terra, que compreendem a chamada “rua dos índios” ou “rua dos Caboclos”, na periferia de Porto Real do Colégio. (MATA, 2014: 82).
149 ) - TERRA INSUFICIENTE, Aquele pequeno trato de terras, de 54,50 ha, cedido em 1948, passou a ser
denominado pelos índios como “ colônia ”, a qual, embora minorasse seus sofrimentos, era claramente insuficiente. ( NASCIMENTO , 2000: 24-25 ).
150 ) - DESCENDENTES DAS TRIBOS,
Carlos Estevão de Oliveira, do Museu Goeldi, relata em 1935 que “ pelas
investigações realizadas naquela cidade ( Porto Real do Colégio ) constatei que ali vivem descendentes da tribos NATU, Chocó, KARAPOTÓ e possivelmente Parikó e Nakoã, que segundo me declarou a velha cabocla Natu, Maria Tomásia “ foram também aldeadas em Colégio ” . ( ANTUNES, 1973: 33 ).
BIBLIOGRÁFIA:
Obs: Vide postagem posterior " AS ORIGENS KARIRI-XOCÓ 8".
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