A palavra segue a mesma regra vista no Xocó *tul'usô* 'olho' e *tul'uso* 'dente', -l'u e -ru significam 'coisa, lugar', indicando na fala o objeto considerado a base de um objeto menor, por exemplo, tu 'olho' + l'u 'lugar' indica 'lugar do olho', sendo o olho um elemento menor de um elemento maior, o 'rosto, face' do ser humano.
A mesma coisa acontece em BAERÙ, onde BAE é a palavra Terejê para pé, e -RU 'lugar', portanto BAE-RU 'lugar do pé', assim indicando que o calcanhar é a base do pé, tanto que, tal sentido de 'base' é reforçado em seu uso no resto da língua Kipeá:
NE-BARÙ 'ombro', literalmente 'calcanhar do pescoço' ou 'base do pescoço'
HE-BARÙ 'tronco de pau', literalmente 'calcanhar/base da madeira'
OI-BERÙ 'progenitor, origem', 'calcanhar/base humana'
Isso explicaria também o uso de KRA em KRABÙ 'peito' para se referir a parte do corpo, a palavra talvez tivesse sido substituída por BAE-RU em seu significado de 'base'. Com isso, sugiro as seguintes reconstruções:
Dzubukuá: boèru
Kipeá: baerù, barù, berù
Sapuyá: parú, perú
Kamurú: barù, berù
Katembri: béru
Kariri-Xocó: boerú, baerú, barú, berú
Terejê *ba-ru 'pé-lugar'
Xocó: balhú
Natú: baru, bàru
Wakonã: bélhú, bérú
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
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