segunda-feira, 11 de março de 2024

A PALAVRA KARIRI-XOCÓ PARA PORTO E A SINTETIZAÇÃO DO NOME


 Após vasculhar nos vocabulários das línguas Jê Cerratenses em busca de cognatos, seguindo a lógica de que os termos vistos são traduções próximas do que vemos no português "Porto Real do Colégio", me deparei com a seguinte palavra do Panará:


Panará: pôk 'canoa'


 O Panará, como já disse antes, é um ramo irmão dos outros dois ramos Cerratenses, o ramo Setentrional e o ramo Central, que é onde se encontra o Terejê, sabemos também que o ramo Central é caracterizado por sua tendência de estender as codas Cerratenses, portanto é previsível que pôk vire pôkô no Terejê. No entanto vemos a palavra Pôçô em Opara Tatushim Pôçô Mido, certo ? Isso confirma outra coisa que venho procurando saber se aconteceu ou não no Terejê, o Kariri possui várias palavras, cujo mencionei no passado, que passaram pelo processo de palatalização de /k/ > /ts/, como tçatè, potçò, tçambù e etc. Vemos também que o Xocó estava mediante a tal processo em comparação ao Natú como vemos em:


Natú: katuká

Xocó: txat'okè


 Agora, com esse registro, e o registro do Xocó, podemos confirmar que o processo de transformação de k > ts também é nativo do subramo Terejê, assim temos: *pôk > *pôkô > *pôcô > *pôtçô > pôçô. A palavra Mido continua com seu significado anterior de 'observar, ver', só que nesse caso, parece que o sentido não era de 'supervisar' a educação' e sim 'vigiar' as canoas, portanto:


Pôçô-midô 'vigiar as canoas', portanto 'porto'.


 Concluíndo então que Opara T-atu-shim Pôçômidô significa "Nobre Porto do Opara", cujo na forma sintetizada por Nhenety, sugere-se aqui nessa publicação que o nome em sua forma curta seja *Opashimdô*.


Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




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