No Kariri, existem duas adposições que carregam o significado de 'então' e marcam gramaticalmente o tempo do pretérito imperfeito, mas existe uma coisa que os diferem, DORÒ se trata de uma composição entre duas partículas, DÓ 'a, para' e RÒ 'este, isto' e surge sempre antes do verbo, parece ser uma construção específica do Kipeá, visto que o Dzubukuá não demonstra essa mesma preposição em lugar algum, optando sempre por DO COHO.
Exemplo do Catecismo de Mamiani, p. 48
...doró siwíá dó Nhewó.
"...& então ficáraõ diabos."
Enquanto isso, DO COHO é funcionalmente uma posposição, sempre vindo após o predicado
Exemplo do Katecismo Indico, p. 29
Widde ibewj do coho?
"Que cousas acontecèraõ entaõ?"
A razão pela qual DO COHO se comporta dessa forma é que tal se trata de uma adoção do Terejê, note que as línguas do Tronco Macro-Jê tem forte tendência a usarem de posposições, havendo algumas exceções dependendo do ramo linguístico. As duas palavras que formam essa posposição são adoções diretas do Terejê, e cognatos podem ser vistos diretamente no Xavante *da* 'para' e *'ãhã* 'este, isto' (*kãhã), ao que parece, DO COHO é a forma que o tempo do pretérito imperfeito tomava nas línguas Terejê, enquanto DORÒ é um híbrido nascido especificamente no Kipeá, seguindo as regras vigentes do Kariri, que é o uso de preposições ao invés de posposições.
Terejê *da kahã 'para este, então'
Xocó: dá kóhô
Natú: dó kóhô
Wakonã: dó kôhô
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
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