domingo, 21 de abril de 2024

A TIPOLOGIA DO KARIRI


 Existem duas classificações divergentes sobre a tipologia das línguas Kipeá e Dzubukuá, o World Atlas of Language Structures (WALS) classifica o Kipeá como primariamente isolante, enquanto queiroz classifica, logo no começo de seu documento, o Dzubukuá como uma língua polissintética (QUEIROZ, 2012, p. 380).


 A classificação do Kipeá é extremamente errônea, visto que a referência do WALS vem de Larsen e sua discussão sobre o caso ergativo do Kipeá, em nenhum momento este autor menciona a tipologia da língua Kipeá, portanto é aberrante a afirmação sem qualquer evidência clara para sustentá-la, portanto discordo dessa classificação.


 A classificação de Queiroz é a mais próxima da realidade, adiciono aqui que o Kariri é uma família de línguas comumente usa de morfemas monossilábicos e constrói palavras dissilábicas (compostos de morfemas monossilábicos sinônimos, como pa-dzu 'pai-pai'), havendo, claro, excessões, levando em consideração empréstimos e retenções de palavras herdadas de seu ancestral (Macro-Caribe). O Kariri em sua inflexão mais extrema é polissintético, podendo criar palavras grandes com a adição de prefixos e sufixos:


Dzubukuá: pelewimanhemnnukiea (pele-wi-manhem-nnu-kie-a 'fazer.sair-ir-mais-poder-não-PL') "nunca mais morreremos"


 Mas essas são construções possíveis, elas não representam a maioria das construções dentro das línguas Kariri:




 Então a tipologia Kariri, na minha visão, talvez precise de uma reavaliação com denotações mais atualizadas, visto que línguas naturais funcionam em um espectro, nunca se encaixando fundamentalmente em uma só categoria, novamente digo que a classificação de Queiroz está extremamente proxima da realidade, adiciono portanto o seguinte:



LÍNGUAS KARIRI


Morfemas majoritariamente monossilábicos (morfemas que contém uma sílaba), excetuando aqueles herdados do Proto-Macro-Caribe e emprestado de outros idiomas; comumente constrói palavras dissilábicas, através de composição de sinônimos (pa-dzu 'pai-pai' > padzu 'pai') ou compostos que precisam um do outro para completar o sentido pretendido da palavra (tu-yó 'brincar-falar' > tuyó 'zombar') ; língua de caráter majoritariamente sintético, com a possibilidade de construções polissintéticas e analíticas; ergatividade cindida (possui aspectos de alinhamento ergativo-absolutivo e nominativo-acusativo), Verbo inicial V-S-O (verbo-sujeito-objeto) e VOS (verbo-objeto-sujeito), com o Dzubukuá se excetuando por conta de seu processo nativo de topicalização, possibilitando variação livre dos constituíntes; Os modificadores sucedem os modificados (anra buhe 'casa vermelha') ao invés de anteceder (buhe anra 'vermelha casa'); existem muitas preposições, algumas posposições são herdadas do Terejê (Dz.: do koho 'então' por exemplo).




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



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