Pt.:
A seguintes palavras podem ser decompostas em comparação com seus cognatos diretos:
Obs.: Aplicarei uma sugestão de ortografia para todas as palavras aqui estudadas, as versões originais se encontram na fonte que será deixada no final de cada etimologia.
Leitura da ortografia:
a = ó aberto
ä = á aberto
b = p
c = tx + aspiração
d = t
dz = ts
e = ê fechado
ë = é aberto
g = k
gh = g holandês, aspirado
h = h
i = i
j = y de yes ou Yanomami
k = k + aspiração
l = l
m = m
mh = b de barco
n = n
nh = d de dado
ñ = nh de nhoque
o = ô fechado
p = p + aspiração
q = r de rato do dialeto carioca, rasgado
r = r de Pará, nunca de rato
t = t + aspiração
ts = ts + aspiração
u = u
y = i grosso do Tupi Antigo
z = tx
16) gäq tä ‘negro (homem)’
A palavra é composta de gaq ‘corpo’ + ta ‘preto’, gaq serve para modificar o adjetivo e dar-lhe o sentido de que fala de um ser humano, ao invés de wejq ta ‘preto (cor)’ que é a forma genérica do adjetivo ta, sem atribuí-lo a qualquer coisa.
Fonte: Martins, 2007, p. 65
17 ) gäq tä do dzo ‘negra (mulher)’
A palavra tem a mesma etimologia da anterior, só que é modificada pelo substantivo do dzo ‘mulher’, que na verdade vem de um composto antigo, que é do dzo ni ‘(que) pare coisas’, com do dzo sendo ‘coisa’, aqui usado para se referir a bebês de qualquer espécie, sendo essa palavra um termo genérico para qualquer mãe.
Fonte: Martins, 2007, p. 65
18) zyq go ‘nariz’
A palavra é composta de zyq ‘nariz’ + go ‘buraco’.
Fonte: Martins, 2007, p. 65
19) gyn gring ‘coxa’
A palavra é composta de gyn ‘lado’ + gring ‘filho’, literalmente sendo gyn gring ‘filho dos lados’ ou ‘descendente dos lados’. Cognato do Krenák kinkrok ou kinkruk ‘coxa’.
Fonte: Martins, 2007, p. 65
20) in dä ‘mulher’
A palavra mulher é cognata direta do Krenák inta ‘costela’, assim como retzani ‘orar’ no vocabulário de Martius indica uma influência cristã bem antecedente, o uso de costela para definir mulher deriva diretamente da narrativa cristã, sobre a origem de Eva do conto de Adão e Eva. A palavra original era provavelmente *qing ou *qyöng, baseada em seus cognatos no Menien ashun e Kamakã 1 shö
Fonte: Martins, 2007, p. 64
21) honn ‘morrer, morto’
A palavra é cognata do Krenák ahom ‘terminou, gasto, fora’ e ki ji hom ‘acabar completamente’, portanto o verbo honn (com vogal eco -i, portanto hôni) significa ‘acabar, terminar’ e foi extendido para ‘morrer’.
Fonte: Martins, 2007, p. 64
22) bäw dzö ero äng ‘muito’
As palavras aqui são decompostas como baw ‘mão’, cognato do Krenák po ‘mão’ + dzö ‘passar, ir, além’, cognato do Krenák jan ‘ir, passar’, portanto baw dzö ‘além do que se pode contar nas mãos’, cognato da construção Krenák po jan. Ero ang é composto de ero ‘maduro, caído, muito, completo’, cognato do Krenák arak ‘maduro, caído, muito, completo’ + ang ‘verdade, é assim’, cognato do Krenák ha a ‘a verdade, é assim’.
Fonte: Martins, 2007, p. 64
23) hjwö za ‘moça’
A palavra é cognata direta do Krenák jo a ‘moça’, que ao que parece, significa ‘de onde nascemos’.
Fonte: Martins, 2007, p. 64
24) win dzä ny ‘moço’
A palavra parece ser composta de cognatos do Krenák wintscha ‘pôr, posto’ + nuk ‘não’, ou seja win dza ny ‘não posto, não colocado’, no entanto, sem registros diretos da cultura dos Masakará, não temos como inferir o que exatamente essa expressão significava e se a interpretação está correta.
Fonte: Martins, 2007, p. 64
25) hiän honn ‘morrer’
A palavra é composta de hian ‘acabar, passar’, cognato Krenák jan ‘passar, acabar’ e variante direta de dzö de baw dzö ‘muito’ + honn ‘acabar’, que se tornou ‘morrer’, portanto hian honn ‘acabar acabar’.
Fonte: Martins, 2007, p. 64
26) in ñung ‘meu’
A palavra é composta de in ‘eu (acusativo)’ + ñung ‘sufixo genitivo’.
Fonte: Martins, 2007, p. 64
27) äro ju hwing ‘enxaqueca’
A palavra é composta de aro ‘muito, maduro, completo’, cognato do Krenák arak ‘muito, maduro, completo’ e variante de ero ‘muito, maduro, completo’ + ju ‘ser’, cognato do Krenák jun ‘ser, existir’ + hwing ‘dor’, cognato do Krenák hok ‘dor’, portanto aro ju hwing ‘é muita dor, dói muito’.
Fonte: Martins, 2007, p. 64
28) kuun ‘mel’
A palavra é possivelmente cognata do Maxakalí kũy ‘tirar o mel dos favos’, portanto é tanto o substantivo ‘mel’ quanto o verbo com mesmo significado do Mx.
Fonte: Martins, 2007, p. 64
29) äyäq ‘mijar’ (Martins erroneamente traduz mingo do latim como misturar)
A palavra deriva do Proto-Transfranciscano *jyc ‘mijar, urinar’.
Fonte: Martins, 2007, p. 64
30) dzoy äry ‘amanhã’
É variante de dz-ajri ‘dia’, derivado de um cognato do Krenák àrek ‘pequeno, plano, claro’.
Fonte: Martins, 2007, p. 63
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
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