terça-feira, 1 de abril de 2025

A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DA PENÍNSULA IBÉRICA


A Formação da Identidade da Península Ibérica e as Instituições Políticas


1. Introdução


A Península Ibérica passou por um longo processo de transformação política, cultural e étnica ao longo dos séculos. Desde a presença dos povos nativos e a dominação romana, passando pela fragmentação com os reinos bárbaros e a Reconquista cristã, até a consolidação dos reinos de Portugal e Espanha, a história ibérica moldou as identidades nacionais modernas.

2. As Províncias Romanas e a Estrutura Administrativa

A presença romana na Península Ibérica teve início em 218 a.C. durante as Guerras Púnicas. A dominação romana trouxe a romanização da região, estabelecendo infraestruturas, a língua latina e um modelo administrativo baseado em províncias:

Hispânia Citerior (197 a.C. - 27 a.C.): Abrangia o leste e o centro da península.

Hispânia Tarraconense (27 a.C. - 472 d.C.): Com capital em Tarraco (atual Tarragona), era a maior província romana da Península Ibérica.

Lusitânia (16 a.C. - 411 d.C.): Correspondia ao território do atual Portugal central e sul e parte da Espanha ocidental, com capital em Emerita Augusta (Mérida).

Galécia (284 - 409 d.C.): Situada no noroeste, com capital em Bracara Augusta (Braga), foi uma província tardia de Roma.

3. Os Reinos Bárbaros e a Fragmentação Pós-Romana

Com a decadência do Império Romano, povos germânicos se estabeleceram na Península:

Reino Suevo (409 - 585 d.C.): Ocupou a região da Galícia e norte de Portugal, com capital em Bracara Augusta.

Reino Visigodo (507 - 711 d.C.): Formado após a queda do Reino Visigodo de Tolosa, unificou a maior parte da península, com capital em Toledo.

Os visigodos estabeleceram um sistema jurídico próprio, fundindo elementos do direito romano com as tradições germânicas. Entretanto, a instabilidade política e disputas sucessórias enfraqueceram o reino, permitindo a invasão muçulmana em 711.

4. A Reconquista Cristã e a Formação dos Reinos Medievais

Após a conquista islâmica, os cristãos iniciaram a Reconquista, um processo de retomada do território que durou séculos e resultou na formação de diversos reinos cristãos:

Reino das Astúrias (718 - 924 d.C.): Primeiro núcleo da resistência cristã, com capital em Oviedo.

Reino da Galícia (750 - 1833 d.C.): Evoluiu a partir das Astúrias e teve importância no cristianismo ibérico.

Reino de Leão (910 - 1230 d.C.): Sucessor das Astúrias, com capital em Leão, tornou-se um dos mais influentes reinos cristãos.

Reino de Castela (1065 - 1230 d.C.): Inicialmente um condado, tornou-se um dos principais reinos da península.

Reino de Portugal (1139 - 1910 d.C.): Surgiu a partir do Condado Portucalense, consolidando sua independência em 1139.

Reino de Aragão (1035 - 1716 d.C.): Expandiu-se e uniu-se à Catalunha, formando a Coroa de Aragão.

5. A Importância dos Condados e a Formação de Novos Reinos

Antes da consolidação de grandes reinos, diversos condados tiveram papel fundamental na estrutura política:

Condado de Castela (850–1065): Tornou-se o Reino de Castela.

Condado de Aragão (c. 802–1035): Evoluiu para o Reino de Aragão.

Condado de Barcelona (801–1137): Unido à Coroa de Aragão.

Condado Portucalense (868–1139): Evoluiu para o Reino de Portugal.

6. Cidades e Capitais de Destaque

Ao longo da história ibérica, algumas cidades tiveram grande importância:

Tarraco (Tarragona): Capital da Hispânia Tarraconense romana.

Bracara Augusta (Braga): Centro da Galécia e do Reino Suevo.

Toledo: Capital do Reino Visigodo.

Oviedo: Primeira capital do Reino das Astúrias.

Leão: Capital do Reino de Leão.

Lisboa: Tornou-se a capital do Reino de Portugal.

Barcelona: Centro do Condado de Barcelona e da Coroa de Aragão.

Sevilha e Granada: Importantes cidades durante a ocupação muçulmana e a Reconquista.


7. Conclusão


O processo de formação da identidade ibérica foi marcado por diversas influências culturais e políticas. A fusão entre heranças romanas, germânicas e cristãs moldou as instituições políticas que levaram ao surgimento de Portugal e Espanha. A Reconquista consolidou a identidade cristã, mas manteve traços das civilizações anteriores, refletindo a complexidade histórica da região.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 


Livros:


FERREIRA, João. História da Península Ibérica: De Roma aos Reinos Cristãos. São Paulo: Editora Contexto, 2018.

GARCÍA DE CORTÁZAR, José Ángel; GONZÁLEZ VESGA, José Manuel. Breve Historia de España. Madrid: Alianza Editorial, 2016.

MENÉNDEZ PIDAL, Ramón. La España del Cid. Madrid: Espasa-Calpe, 1987.

SÁNCHEZ-ALBORNOZ, Claudio. España, un Enigma Histórico. Madrid: Ediciones Rialp, 2003.

TORRES, João Paulo Oliveira e. Portugal: Das Origens à Atualidade. Lisboa: Círculo de Leitores, 1991.


Artigos e Periódicos:


BARROCA, Mário Jorge. “A Reconquista Cristã na Península Ibérica e a Formação dos Reinos Medievais.” Revista de História da UFRJ, v. 10, n. 2, p. 45-67, 2015.

MARTÍNEZ DÍEZ, Gonzalo. “La Expansión del Reino de León y la Formación de Castilla.” Hispania. Revista Española de Historia, v. 63, p. 217-250, 2003.


Fontes Primárias:


ISIDORO DE SEVILHA. Historia de Regibus Gothorum, Vandalorum et Suevorum. Tradução de G. Donini. Madrid: CSIC, 2006.

CRÔNICAS MEDIEVAIS: Crónica de Afonso III e Crónica dos Reis de Leão. Edições críticas disponíveis na Real Academia de la Historia, Madrid.





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