terça-feira, 1 de abril de 2025

AS RAÍZES DOS COLONIZADORES DA CAPITANIA DE PERNAMBUCO


A colonização da Capitania de Pernambuco, assim como de outras partes do Brasil, foi marcada pela vinda de portugueses cujas origens remontam a uma longa trajetória histórica e cultural na Península Ibérica. A maior parte desses colonizadores provinha do Norte de Portugal, especialmente das regiões de Trás-os-Montes, Minho e Beira. Para entender suas raízes, é essencial considerar os povos que moldaram a identidade portuguesa ao longo dos séculos.

Os Callaeci, também chamados de Galaicos, foram um dos povos celtas ou celtizados que habitaram o noroeste da Península Ibérica, abrangendo a atual Galiza, o norte de Portugal e parte das Astúrias e Leão. Esse grupo deixou marcas profundas na cultura da região, desde a língua até a organização social. Com a chegada dos romanos, a região passou por um intenso processo de romanização, adquirindo estruturas urbanas, costumes e um forte enraizamento do latim vulgar, que daria origem à língua portuguesa.

A cidade do Porto, que surgiu a partir de um povoado celta pré-romano, foi um dos grandes centros de influência romana na Lusitânia e na Gallaecia. O nome "Portus Cale" acabou por se tornar a raiz do nome "Portugal", reforçando a importância dessa região na identidade do país.

Após a queda do Império Romano, os visigodos assumiram o controle da Península Ibérica e estabeleceram um reino que durou quase três séculos. Durante esse período, desenvolveram um código jurídico (o Liber Iudiciorum) que teve grande impacto no direito medieval ibérico. Além disso, consolidaram a estrutura religiosa cristã, fortalecendo a Igreja e suas influências sobre a sociedade.

Mesmo após a invasão muçulmana em 711, o norte de Portugal manteve sua identidade cristã visigótica, pois essa região foi menos influenciada pelos árabes e berberes em comparação ao sul da Península. Isso reforçou a continuidade das tradições culturais que seriam levadas para o Brasil pelos colonizadores do Norte.

Duarte Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco, foi um dos responsáveis por trazer colonos portugueses para o Brasil. Ao nomear a região de "Nova Lusitânia", ele não apenas reforçava o vínculo com Portugal, mas também refletia a herança histórica de um povo que já havia passado por processos de ocupação, resistência e adaptação cultural ao longo dos séculos.

Os colonos que vieram para Pernambuco incluíam agricultores, militares e artesãos, muitos deles originários do Norte de Portugal. Além dos homens livres, havia também degredados – condenados enviados pela Coroa para povoar o território –, que contribuíram para a formação inicial da sociedade colonial.

Outro elemento fundamental foi a presença de cristãos-novos, ou seja, judeus sefarditas convertidos ao cristianismo devido à Inquisição. Muitos deles possuíam experiência no comércio, na navegação e em atividades financeiras, o que foi essencial para o desenvolvimento econômico da colônia. Pernambuco, em particular, tornou-se um dos polos da presença judaica no Brasil, sendo o Recife um importante centro de comércio e atividade mercantil.


Conclusão


Os portugueses que vieram colonizar a Capitania de Pernambuco carregavam em sua identidade elementos célticos, romanos, visigóticos e cristãos, além da forte presença da tradição judaica. Vindos majoritariamente do Norte de Portugal, trouxeram consigo valores, crenças e conhecimentos que ajudaram a moldar a sociedade colonial. Dessa forma, a formação de Pernambuco e do Brasil se deu como uma extensão desse passado ibérico, adaptado às novas condições do Novo Mundo.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


LIVROS


FERNANDES, Isabel Cristina. Os povos da Hispânia romana: identidade e cultura. São Paulo: Editora Unesp, 2012.

MATTOSO, José. História de Portugal: a monarquia feudal (1096-1480). Lisboa: Editorial Estampa, 1993.

NOVO, Teresa. A presença judaica em Portugal: história e legado. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2015.


ARTIGOS ACADÊMICOS


RODRIGUES, Ana Maria. A Lusitânia e a Gallaecia no contexto da romanização. Revista de História Ibérica, v. 12, n. 2, p. 45-67, 2018.

SILVA, Ricardo da. A influência dos cristãos-novos na economia colonial brasileira. História Econômica & Sociedade, v. 5, n. 1, p. 89-110, 2020.


Books


Fernandes, I. C. (2012). Os povos da Hispânia romana: identidade e cultura. Editora Unesp.

Mattoso, J. (1993). História de Portugal: a monarquia feudal (1096-1480). Editorial Estampa.

Novo, T. (2015). A presença judaica em Portugal: história e legado. Imprensa da Universidade de Coimbra.


Journal Articles


Rodrigues, A. M. (2018). A Lusitânia e a Gallaecia no contexto da romanização. Revista de História Ibérica, 12(2), 45-67.

Silva, R. (2020). A influência dos cristãos-novos na economia colonial brasileira. História Econômica & Sociedade, 5(1), 89-110.





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