quarta-feira, 23 de abril de 2025

DO COLÉGIO JESUÍTA À EMANCIPAÇÃO

 



 A Formação Histórica do Município de Porto Real do Colégio (AL)


RESUMO



Este artigo apresenta uma análise histórica da formação do município de Porto Real do Colégio, no estado de Alagoas, destacando suas raízes nos povos indígenas Kariri, Karapotó, Aconã, Xocó e Natu, bem como a atuação dos missionários jesuítas no século XVII. O texto examina a fundação do colégio jesuítico, a continuidade da aldeia após a expulsão dos religiosos em 1759, a visita do imperador Dom Pedro II em 1859, e a elevação da localidade à categoria de município em 1876. A trajetória evidencia a convergência entre cultura indígena, presença religiosa e processos político-administrativos do Brasil imperial.


Palavras-chave: Porto Real do Colégio; indígenas; jesuítas; missão; emancipação; Alagoas.


1. INTRODUÇÃO


Porto Real do Colégio, município situado às margens do Rio São Francisco, guarda em sua origem uma rica trajetória que combina a resistência dos povos originários com a imposição das estruturas coloniais e imperiais. Através deste artigo, busca-se recuperar os elementos históricos que compõem a formação da localidade, desde a presença ancestral dos Kariri, Karapotó, Aconã e, posteriormente, dos Xocó e Natu, até a fundação do colégio jesuítico no século XVII e sua posterior transformação em sede municipal em 1876. A análise visa ressaltar o papel da missão, da aldeia indígena e dos marcos simbólicos como a visita de Dom Pedro II, na construção da identidade e da autonomia política da região.


2. A FORMAÇÃO DA ALDEIA INDÍGENA E OS PRIMEIROS POVOS


Muito antes da chegada dos colonizadores portugueses, a região do Baixo São Francisco era ocupada por grupos indígenas com línguas e culturas próprias. Os Kariri, Karapotó e Aconã estabeleceram aldeias na área, vivendo da agricultura, pesca e coleta. No decorrer do tempo, também se integraram os Xocó e os Natu, formando uma rede de sociabilidades marcada pela ancestralidade e resistência. Esses povos foram os primeiros habitantes da localidade que viria a se tornar Porto Real do Colégio.


3. A MISSÃO JESUÍTICA E A FUNDAÇÃO DO COLÉGIO (SÉCULO XVII)


Com o avanço da colonização portuguesa, os jesuítas iniciaram ações missionárias na região do São Francisco com o objetivo de catequizar os indígenas. No século XVII, fundaram um colégio e uma missão, que se tornaram centros de ensino, religião e organização comunitária. O Colégio Jesuíta desempenhou papel central na sedentarização forçada dos indígenas e na introdução de elementos europeus em suas vidas cotidianas. Contudo, após a política de expulsão da Companhia de Jesus em 1759, por ordem do Marquês de Pombal, o colégio foi extinto. Apesar disso, a aldeia que havia se formado em torno da missão continuou a existir e a desenvolver-se com características próprias.


4. CONTINUIDADE DA ALDEIA E VISITA IMPERIAL DE 1859


Mesmo com a retirada dos jesuítas, os descendentes indígenas permaneceram na aldeia, resistindo às pressões externas e mantendo elementos culturais ancestrais. Um marco relevante ocorreu em 1859, quando o Imperador Dom Pedro II visitou a localidade e foi recebido pelo chefe tribal Manoel Baltazar. Esse episódio foi um momento simbólico de reconhecimento da presença e organização indígena, mesmo em pleno século XIX. A visita imperial representou também o prestígio e a relevância da aldeia no contexto regional do Império do Brasil.


5. CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO EM 1876: DO COLÉGIO À CIDADE


A partir de meados do século XIX, a aldeia passou a ganhar estrutura administrativa e a ser reconhecida como povoado de importância estratégica na região do Baixo São Francisco. O desenvolvimento social e político levou à sua elevação à categoria de município em 21 de junho de 1876, com o nome de Porto Real do Colégio. O nome homenageia tanto o antigo colégio jesuíta quanto o porto fluvial que facilitava o comércio e a comunicação. A criação do município consolidou uma história marcada por múltiplas camadas identitárias — indígenas, religiosas e imperiais.


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A história de Porto Real do Colégio revela um percurso singular, no qual os povos indígenas desempenham papel central na construção da localidade. A missão jesuítica não apagou as raízes originárias, mas produziu um espaço híbrido que se manteve ativo mesmo após a expulsão dos religiosos. A visita de Dom Pedro II e a criação do município são expressões de um reconhecimento tardio, porém simbólico, da importância histórica e cultural da aldeia. A formação do município, assim, não pode ser dissociada de sua origem no colégio e da resistência dos povos nativos.

Para fazer a imagem não foi somente um trabalho de arte, utilizei dados históricos com uso da IA ( Inteligência Artificial ) ChatGPT com dados da descrição do prédio, como Colégio Jesuítico encontrado em Ribeiro (1902) "[...] Este colégio era construído de pedra e cal, sobre pilares que o punham ao abrigo das grandes enchentes do rio, tendo o vigamento na altura de oito palmos, com frentes para os quatro pontos cardeais, sendo o principal para o nascente, no qual existia oito celas e uma bonita escada de cantaria que dava comunicação para a capelinha com uma porta e duas janelas de frente " ( RIBEIRO, 1902: 204 ).



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



AZEVEDO, Thales de. Os Jesuítas no Brasil Colonial. São Paulo: Nacional, 1958.


FREYRE, Gilberto. Nordeste. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.


PIMENTEL, João. História de Alagoas. Maceió: Edufal, 2001.


SILVA, Alfredo de Oliveira. Os Índios de Alagoas. Maceió: Edufal, 1985.


INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO. Diário de Viagem de Dom Pedro II: Visita ao Nordeste, 1859. Rio de Janeiro: IHGB, 1977.


NOVAES, Adauto. A Missão e a Memória: Jesuítas no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.


SOUZA, Laura de Mello e. O Diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.


PORTO REAL DO COLÉGIO. Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Porto_Real_do_Col%C3%A9gio . Acesso em : 23 abr. 2025.


RIBEIRO, João Alberto. Esforço histórico dos municípios de Alagoas. In: COSTA, João Craveiro; CABRAL, Torcado (Org.). Indicador geral do estado de Alagoas. Maceió: Tipografia Comercial, 1902.






Autor: Nhenety Kariri-Xocó 



Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 23 de abril de 2025. 





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