domingo, 13 de abril de 2025

OS POVOS DO MAR




Origem, Composição e Atuação na Idade do Bronze



Resumo



O presente artigo aborda os Povos do Mar, coalizão enigmática que desempenhou papel decisivo no colapso de diversas civilizações do Mediterrâneo Oriental durante os séculos XIII e XII a.C. Através da análise de fontes arqueológicas e documentais, especialmente egípcias, investigam-se suas origens incertas, composição multiétnica e ações bélicas. O estudo destaca ainda os impactos duradouros causados por suas incursões sobre sociedades como os hititas, egípcios, ugaríticos e micênicos, contribuindo significativamente para o fim da Idade do Bronze.


Introdução


Os Povos do Mar são um dos grandes enigmas da história antiga, associados ao colapso de diversas civilizações do Mediterrâneo Oriental durante o final da Idade do Bronze, aproximadamente entre os séculos XIII a.C. e XII a.C. Sua origem, composição étnica e ações bélicas deixaram marcas profundas na história da região, sendo mencionados em registros egípcios, inscrições e achados arqueológicos.


Desenvolvimento


1. Origem e Surgimento


A origem dos Povos do Mar permanece objeto de debate entre os estudiosos. Considera-se que se tratavam de diferentes populações oriundas de regiões diversas do Mediterrâneo, como as ilhas do Mar Egeu, Anatólia ocidental, Sardenha, Sicília, Creta, Chipre e costas do Levante (Síria, Líbano, Israel e Palestina) (DREWS, 1993).

Esses grupos podem ter sido impulsionados por fatores como colapsos climáticos, instabilidade política, crescimento demográfico e pressões de migração, o que resultou em ataques sistemáticos contra centros urbanos bem estabelecidos.


2. Composição Multiétnica


Os Povos do Mar não formavam um império ou federação coesa, mas uma coligação de diferentes grupos nômades ou migrantes, unidos por interesses comuns de pilhagem ou busca por terras férteis. Entre os principais grupos identificados estão:


Peleset: Associados aos Filisteus, que se estabeleceram na costa sul de Canaã.


Sherden: Relacionados à ilha da Sardenha.


Tjekker: Posteriormente fixados na região do Levante.


Shekelesh: Provavelmente oriundos da Sicília.


Denyen: Ligados à Cilícia ou à Grécia Micênica.


Weshesh: De origem indefinida (CUNLIFFE, 2010; SANDARS, 1985).


3. Invasões e Conflitos


A partir de 1220 a.C., registram-se ataques aos reinos micênicos, centros da Anatólia e cidades do Levante. A destruição do Império Hitita por volta de 1200 a.C. marca um dos momentos mais dramáticos da atuação desses grupos. Cidades como Ugarit foram destruídas, sinalizando o colapso de sistemas políticos centralizados.


No Egito, os Povos do Mar enfrentaram forte resistência. Durante o reinado de Ramsés III (c. 1186–1155 a.C.), os registros do templo de Medinet Habu relatam intensas batalhas navais e terrestres, nas quais os egípcios reivindicam vitória sobre os invasores (KEMP, 2012; O’CONNOR; CLINE, 2012).


4. Estabelecimento Pós-Conflito


Após a derrota no Egito, alguns grupos se assentaram em novas regiões, fundando núcleos culturais duradouros. Os Peleset fixaram-se em Canaã, influenciando profundamente a cultura filisteia. Outros grupos se estabeleceram em áreas como Sicília, Sardenha e Levante, influenciando estilos arquitetônicos, práticas guerreiras e sistemas sociais (ZANGGER, 1998).


Conclusão


Os Povos do Mar desempenharam papel determinante na redefinição geopolítica do Mediterrâneo Oriental no final da Idade do Bronze. Sua ação provocou o declínio de centros urbanos, a queda de impérios e a transformação dos padrões culturais da região. Embora sua origem exata ainda seja envolta em incertezas, sua atuação revela-se crucial para a compreensão do período de transição entre a Idade do Bronze e a Idade do Ferro. O impacto deixado por suas ações ecoa nos vestígios arqueológicos e nas tradições dos povos que sobreviveram às suas incursões.


Considerações Finais


Os Povos do Mar foram agentes fundamentais na transição do mundo antigo, contribuindo para o colapso de grandes civilizações da Idade do Bronze. Apesar das incertezas sobre suas origens, é certo que marcaram profundamente a história do Mediterrâneo Oriental, sendo lembrados como guerreiros navais e migrantes poderosos.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 



CUNLIFFE, Barry. Os Povos do Mar e o Fim da Idade do Bronze. Lisboa: Edições 70, 2010.


DREWS, Robert. The End of the Bronze Age: Changes in Warfare and the Catastrophe Ca. 1200 B.C. Princeton: Princeton University Press, 1993.


KEMP, Barry J. O Antigo Egito: Anatomia de uma Civilização. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.


O’CONNOR, David B.; CLINE, Eric H. (org.). Ramesses III: The Life and Times of Egypt's Last Hero. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2012.


SANDARS, Nancy K. The Sea Peoples: Warriors of the Ancient Mediterranean 1250–1150 BC. London: Thames and Hudson, 1985.


ZANGGER, Eberhard. As Cidades Troianas e os Povos do Mar. Lisboa: Editorial Estampa, 1998.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 


Utilizando a ferramenta Gemini ( Google ), inteligência artificial para análise da temática e Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 6 de abril de 2025 e a capa do artigo dia 30 de abril de 2025.







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