domingo, 24 de agosto de 2025

NHÃEMY E O UMARÍ, A Menina e a Árvore

 






A Fábula da Menina e a Árvore 


Há muito tempo, na floresta, tudo vivia em harmonia.

Mas um dia chegou a seca, e com ela a fome.


Na beira de uma lagoa, erguia-se uma árvore frondosa chamada Umarí. Seus frutos, amarelos e alaranjados, eram doces e saborosos. Do caroço se tirava uma amêndoa, que, depois de cozida na panela de barro, servia de alimento para todo o povo.


O Umarí sustentou famílias inteiras até que a crise passou. Porém, com o tempo, foi esquecido. Restou apenas como memória nas histórias contadas pelos mais velhos.


Muitos anos depois, uma menina chamada Nhãemy ouviu essas histórias e aprendeu a respeitar os ensinamentos da floresta. Um dia, ao passar pela lagoa, encontrou o velho pé de Umarí.


Parou diante dele e disse:

— Bom dia, pé de Umarí!


A árvore ficou em silêncio.

Nhãemy se perguntou como poderia falar com uma árvore. Então, uma brisa suave balançou as folhas, e uma voz interior lhe respondeu:


— O conhecimento é a conexão. Quem aprende com a experiência guarda o segredo da vida: a hora de colher, a hora de curar, a hora de compartilhar.


Nhãemy sorriu. Descobriu que a linguagem da natureza não está nas palavras, mas na convivência e no respeito. E assim, aprendeu que compartilhar experiências é o verdadeiro alimento da vida.


Moral da fábula


Quem respeita a natureza encontra nela não apenas alimento para o corpo, mas também sabedoria para o coração.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 



NHÃEMY E O UMARÍ 

(Cordel em sextilhas)



Na beira de uma lagoa,

Um pé de Umarí vivia,

Dava fruto amarelinho,

Sustentava a companhia,

Na seca foi alimento,

Era a força e alegria.


O povo todo colhia,

O caroço e a amêndoa boa,

Cozinhava na panela,

Que fumegava na choa,

Mas passada a grande fome,

O Umarí ficou à toa.


O tempo foi caminhando,

E a memória se calou,

Só nos contos de velhinho

Essa história retornou,

Até que Nhãemy, menina,

Do passado escutou.


Um dia ao ver a lagoa,

Parou diante da raiz,

Disse: — Bom dia, Umarí!

Mas a árvore não lhe diz,

Só o vento nas folhas

Respondeu num tom feliz:


— Quem aprende da experiência

Traz na mente a conexão,

Sabe a cura e a fartura,

O segredo da estação,

Na partilha está a vida,

Na floresta a proteção.


Nhãemy sorriu contente,

Com o saber natural,

Aprendeu que a linguagem

É conviver sem rival,

E quem partilha o alimento

Se enriquece no quintal.


Moral da Fábula


Na natureza encontramos

Alimento e sabedoria,

Quem aprende a conviver

Colhe paz e harmonia.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 






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