domingo, 24 de agosto de 2025

NIQUIM E SURUBIM, Os Peixes de Águas Profundas






A Fábula dos Peixes de Águas Profundas 


Nas águas escuras e profundas do grande rio, viviam muitos peixes de couro. Entre eles, o poderoso Surubim, de corpo rajado, forte como uma correnteza, e o pequeno Niquim, discreto, mas guardião de espinhos venenosos.


O Surubim nadava altivo, orgulhoso de seu tamanho e de sua fama entre os homens. Era celebrado nas margens dos rios, servido nas mesas das famílias e lembrado em festas como símbolo de fartura.


Já o Niquim, quase invisível entre pedras e raízes, carregava em silêncio sua arma: espinhos escondidos que podiam causar dor e lembravam o respeito que se deve ter com as águas.


Um dia, o Surubim encontrou o Niquim diante de uma pedra.

— Saia do meu caminho, pequeno! — disse o gigante, agitando sua cauda.

— Grande Surubim, cada um tem seu lugar. Você é força, eu sou cautela. Não zombe de mim — respondeu o Niquim com voz calma.


O Surubim riu, confiante em seu porte. Mas ao se aproximar para afastar o pequenino, sentiu nos flancos a ferroada dos espinhos venenosos. Recuou, dolorido, e pela primeira vez olhou para o Niquim com respeito.


— Agora entendo, pequeno guardião — disse o Surubim. — Nem sempre o maior é o mais temido, e cada ser tem sua defesa e seu valor.


Desde então, o Surubim continuou a nadar como rei das águas profundas, oferecendo sua carne saborosa aos homens que dele se alimentavam. E o Niquim permaneceu escondido entre as pedras, lembrando a todos que o rio é fartura, mas também exige cuidado.


Moral da fábula:


"Na vida e na mesa, é preciso respeitar tanto a força que alimenta quanto a cautela que protege."



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




NIQUIM E SURUBIM, Os Peixes de Águas Profundas

( Versão em Cordel  )



No fundo do rio corria,

A vida em sombra e clarão,

Surubim era o gigante,

Rei forte da região,

Niquim pequeno e discreto,

Guardava sua atenção.


Surubim, peixe rajado,

De carne farta e sabor,

Era festa na canoa,

Na panela e no labor.

Todos o tinham na mesa,

Como dádiva e valor.


Niquim vivia escondido

No silêncio do seu chão,

Com espinhos venenosos,

Arma de sua proteção.

Não buscava ser temido,

Mas pedia precaução.


Um dia o peixe gigante

Viu o pequeno a nadar:

— Saia logo do caminho,

Não me tente enfrentar!

Sou maior, sou mais famoso,

Você não pode ganhar.


Mas ao tentar dominá-lo,

Sentiu ferroada e dor,

E viu que o pequeno guarda

Força que causa temor.

— Cada ser tem sua defesa,

Respeito é o seu valor.


Assim seguiram na vida,

Um com fartura e poder,

Outro com sua cautela

Ensinando o bem viver.

Na mesa ou dentro d’água,

É preciso compreender.


✨ Moral em cordel:

“Nem só o grande alimenta,

Nem só o pequeno fere,

Respeitar cada criatura

É lição que tudo ensere.”




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




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