domingo, 10 de agosto de 2025

TILÁPIA DA GALILÉIA, O Peixe do Milagre






A Fábula do Peixe Milagroso 


Era tempo de águas minguadas no velho Opará, o Rio São Francisco. Desde que grandes represas se ergueram, as correntezas já não corriam como antes, e muitos peixes haviam diminuído.


Foi então que, vinda de terras distantes, chegou ao rio uma nova visitante: a Tilápia-do-Nilo, seguida pela Tilápia-da-Galiléia, peixe nobre das águas do Oriente Médio, conhecido por muitos como o peixe de São Pedro, o mesmo que um dia foi partilhado por Jesus no milagre da multiplicação.


O Cará, peixe nativo e guardião das histórias do Opará, percebeu a novidade. Nadou velozmente e reuniu todos os peixes para conhecer os recém-chegados.


— Irmãos! — anunciou o Cará — Temos visitantes de longe.


Antes que pudessem perguntar mais, surgiu nadando a Tainha-Mugil, viajante do mundo, que já conhecia mares e rios de outras terras, inclusive o Jordão e o Mar da Galiléia.


— Olhem bem — disse a Tainha, com voz de quem carrega segredos antigos — Esta é a Tilápia-da-Galiléia, o peixe sagrado que esteve nas mãos do Mestre quando Ele alimentou a multidão.


O silêncio caiu sobre as águas. Todos sentiram um respeito profundo. O Cará aproximou-se e falou com solenidade:


— Seja bem-vinda, irmã Tilápia. Que tua presença abençoe o Opará, e que nossas águas sejam férteis como nos tempos antigos.


E assim foi. A Tilápia-do-Nilo e a Tilápia-da-Galiléia multiplicaram-se, povoando rios e açudes, tornando-se queridas por pescadores e apreciadas nas mesas.


Mas, entre as histórias contadas nas margens do Opará, sempre ficou um aviso: "Todo visitante é bem-vindo, mas que sua chegada seja guiada pela sabedoria, para que o equilíbrio das águas nunca se perca".


Moral da fábula:

O que vem de longe pode trazer bênçãos, mas também exige cuidado, para que a harmonia da vida não se quebre.


 


Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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