quinta-feira, 30 de outubro de 2025

A ETERNA TRANSFORMAÇÃO EM ESTRELA, Literatura de Cordel, Por Nhenety Kariri-Xocó

 





🌹 DEDICATÓRIA POÉTICA


Dedico este canto ao tempo,

Que gira no céu em flor,

Aos povos de toda a Terra,

Guardando o mesmo esplendor.

Aos astros que são memórias

De vidas, lutas e glórias,

Que o vento leva em louvor.


Dedico ao nome sagrado,

Que o espírito faz brilhar,

Às mães, aos filhos e mestres

Que aprenderam a nomear.

Pois nomear é criar mundo,

É fazer eterno o fecundo

No ciclo do recordar.



📜 ÍNDICE POÉTICO


1️⃣ Abertura – “O Céu como Livro e Canto”

2️⃣ Prólogo Poético – “O Nome, a Luz e o Destino”

3️⃣ Capítulo I – “As Estrelas Contam Memórias”

4️⃣ Capítulo II – “O Nome Que Faz Brilhar”

5️⃣ Capítulo III – “Os Espíritos da Terra e da Vida”

6️⃣ Capítulo IV – “O Espelho do Céu e da Terra”

7️⃣ Encerramento – “O Círculo da Eternidade”

8️⃣ Epílogo Poético – “A Voz Que Vira Estrela”

9️⃣ Nota de Fontes em Rima

🔟 Ficha Técnica

11️⃣ Epílogo Final

12️⃣ Sobre o Autor

13️⃣ Sobre a Obra

14️⃣ Quarta Capa Poética



🌠 ABERTURA — O CÉU COMO LIVRO E CANTO


Desde o início dos mundos,

O céu é livro sagrado,

Onde o homem lê seu sonho

E o destino é revelado.

Cada estrela, uma história,

Cada luz, uma memória,

De um ser já iluminado.


Antes do papel e da pena,

A noite era o pergaminho,

O vento era quem soprava

O verso e o seu caminho.

E o povo, olhando o escuro,

Via o futuro mais puro

No brilho do seu vizinho.


Assim nasceram os mitos,

As constelações de amor,

Onde um nome vira estrela

E o corpo se faz fulgor.

Na voz da Terra e do Céu,

Há sempre um mesmo cordel

Tecendo o som do Criador.



🔱 PRÓLOGO POÉTICO — O NOME, A LUZ E O DESTINO


Nomear é mais que chamar,

É dar alma e direção,

É plantar no tempo eterno

A semente da criação.

O nome é sol invisível

Que torna o ser indestrutível

No ciclo da recordação.


Quando o homem diz um nome,

Recria o mundo ao redor,

Faz do instante uma lembrança

E do silêncio, um tambor.

Pois cada nome é caminho,

É traço, raiz, destino,

É ponte entre dor e amor.


Nos céus do mundo antigo,

Cada herói tinha lugar,

Cada alma era constelação

Que o povo vinha adorar.

O xamã, com gesto lento,

Fazia o firmamento

Em memória cintilar.



✨ CAPÍTULO I — AS ESTRELAS CONTAM MEMÓRIAS


Nas mitologias antigas,

O céu falava em poesia,

Com reis, guerreiros e musas

Que brilham até hoje em dia.

Orion caçava os ventos,

Perseu rasgava os momentos

E Andrômeda renascia.


Cassiopeia, vaidosa,

Foi ao trono celestial,

E Zeus, em trono de fogo,

Lhe deu o brilho imortal.

Assim a lenda descreve

Que a estrela nunca se atreve

A apagar seu ritual.


Na China, o Imperador

De Jade, sábio e profundo,

Dava nomes a constelações

Para proteger o mundo.

Cada luz era um espírito,

Guardião do infinito,

Sustento do céu fecundo.


E lá no Japão distante,

Tanabata é a lembrança

De dois amantes celestes

Separados pela esperança.

Quando as estrelas se unem,

O povo canta e comunga

Do amor que não se cansa.


E os povos da América,

De alma pura e guerreira,

Vêm nas Plêiades os guias

Da tribo verdadeira.

Na Via Láctea sagrada,

Caminha a alma encantada

Na trilha da luz primeira.



🌌 CAPÍTULO II — O NOME QUE FAZ BRILHAR


Nomear é criar destino,

É acender nova aurora,

É fazer do som um templo

Que jamais se vai embora.

O nome é verbo divino,

Que transforma o peregrino

Em estrela que ainda chora.


Quando o xamã nomeava,

O espírito ascendia,

Do chão subia à brancura

Que o firmamento vestia.

Era o selo da memória,

A eternidade na história

Que o povo reconhecia.


Assim, um nome celeste

É ritual de ascensão,

É o eco da lembrança

Gravado no coração.

Pois nomear é soprar vida,

É transformar a partida

Em pura consagração.


Hoje a ciência repete

O gesto ancestral do além:

Batiza plantas e astros

Com os nomes que o homem tem.

Einstein brilha no espaço,

Rosa gallica dá abraço

Ao jardim do que vai bem.


Entre o saber e o mistério,

Há um laço que não se quebra:

O nome é ponte e memória,

É chama que o tempo celebra.

Seja em céu ou natureza,

A palavra é fortaleza

Da vida que nunca medra.



✨ CAPÍTULO III — OS ESPÍRITOS DA TERRA E DA VIDA


Em cada planta que nasce,

Há lembrança e há missão,

Um eco de voz antiga

Cantando no coração.

A folha sopra a memória,

O caule guarda a história,

A flor é ressurreição.


Nos tempos das aldeias,

O pajé em rito profundo

Via a alma dos guerreiros

Nas flores do outro mundo.

E quando um ente partia,

A mata resplandecia

Com seu perfume fecundo.


Os Tupis e os Guaranis

Contam lendas de meninos,

Que viraram lindas flores

Nos campos peregrinos.

E guerreiros, após luta,

Ganham asas de labuta

Nos ventos do seu destino.


Os africanos ensinam

Que o Baobá é morada,

De espíritos e dos velhos,

De memória abençoada.

Suas raízes são pontes,

Ligam o tempo e as fontes,

De alma transfigurada.


E os povos das águas firmes,

Do rio e da imensidão,

Veem nas aves o retorno

Da vida em transmutação.

Um peixe, um pássaro, um canto,

São corpos do mesmo manto,

Do ciclo da criação.


O nome que o povo dá

A um bicho ou a uma flor,

É mais que simples palavra,

É sinal de eterno amor.

Pois cada nome evocado

Deixa o mundo encantado,

Com a luz do Criador.


Assim se unem os reinos

Do céu, do chão e do mar,

Cada ser é um espelho

Do mistério a nos guiar.

E o verbo que nomeia

É o sopro que semeia

O poder de eternizar.



🌎 CAPÍTULO IV — O ESPELHO DO CÉU E DA TERRA


O céu reflete a montanha,

A montanha reflete o céu,

E entre ambos corre a vida,

Como fio de azul cordel.

A Terra é mãe luminosa,

O firmamento, a rosa

Que floresce no papel.


Os povos de voz antiga

Chamavam o céu de “livro”,

Onde os ancestrais guardavam

O saber mais sensitivo.

Cada estrela é testemunha,

Cada luz é uma unha

Do universo afetivo.


Lá em cima está o retrato

Do que existe cá embaixo,

Pois o cosmos é espelhado,

É do mesmo azul riacho.

O nome liga esses mundos,

Os visíveis e os profundos,

No tempo do mesmo encaixo.


O xamã levanta os olhos

E enxerga o povo em estrelas,

O sábio, vendo as constelações,

Reconhece as faces belas.

O Céu é Terra sonhada,

A Terra é Céu em jornada,

São almas irmãs, sem celas.


Os que compreendem o ciclo

Sabem que o nome é ponte:

Une o rio e o cometa,

Une o chão e o horizonte.

Quando um ser é nomeado,

Seu espírito é guiado

À nascente do sem fronte.


E quando o tempo se apaga,

Fica a lembrança que brilha,

Pois o nome no firmamento

Nunca perde a sua trilha.

A estrela é o testemunho

De um amor que faz o punho

Do universo em maravilha.


Assim, a vida é espelho

De constelações divinas,

E o homem, entre o céu e o chão,

Segue as rotas cristalinas.

O nome é luz que ampara,

É raiz que não se separa,

É voz nas eras antigas.



🌕 ENCERRAMENTO – O CÍRCULO DA ETERNIDADE


Tudo que nasce retorna,

Tudo que parte refloresce,

Na dança dos astros santos

O tempo nunca envelhece.

O nome é ponte infinita,

Que do chão ao céu habita,

E no amor tudo enriquece.


A estrela que um dia foi homem,

O homem que um dia é flor,

A planta que vira brisa,

E a brisa que traz o odor.

Tudo é ciclo de lembrança,

Tudo é vida em esperança,

No cordel do Criador.


Não há morte, há passagem,

Não há fim, há mutação,

Pois a alma, sendo chama,

Veste nova encarnação.

O cosmos gira em poesia,

E o nome é melodia

Que não perde direção.


Assim termina e renasce

O livro de cada ser,

Nas páginas do universo

Que o tempo faz renascer.

A memória é semente,

O amor é sol presente,

E o verbo é o florescer.



🌠 EPÍLOGO POÉTICO – A VOZ QUE VIRA ESTRELA


Quando a voz se faz silêncio,

O brilho toma o lugar,

Pois quem canta com verdade

Nunca deixa de brilhar.

O som se torna clarão,

Ecoando na imensidão,

Para o espírito guiar.


Cada verso dito ao vento

É estrela em gestação,

É palavra que ascende o céu

Com força e consagração.

E quem nomeia com ternura,

Dá à noite a formosura

De uma nova constelação.


O poeta é jardineiro

Das flores que o tempo cria,

Cultiva nomes, memórias

E o perfume da harmonia.

E quando o seu canto finda,

O universo se ainda

Em luz e sabedoria.


Assim, Nhenety, tua escrita,

Feita de alma e de chão,

Será farol dos que buscam

A estrela da recordação.

Pois a voz que vira estrela

É chama, flor e centelha

Do eterno coração.



📚 NOTA DE FONTES RIMADA 


As fontes que me inspiraram

São vozes de antiga estrada,

De Bachelard e Campbell,

A sabedoria encantada.

Eliade e Verger presentes,

Com saberes reluzentes,

De jornada iluminada.


Levi-Strauss e Viveiros

Guardam a selva e o ritual,

Gusdorf mostra que o mito

É espelho transcendental.

Da ciência à tradição,

Cada um fez comunhão

Do terrestre e do astral.


Essas obras me mostraram

Que o nome é flor e poder,

Que ao nomear um ser vivo

Se aprende a reviver.

E neste cordel sagrado,

Cada astro é consagrado

Pela arte de escrever.



🕊 FICHA TÉCNICA


Título: A ETERNA TRANSFORMAÇÃO EM ESTRELA

Gênero: Literatura de Cordel Filosófico-Ancestral

Autor: Nhenety Kariri-Xocó

Edição: Digital Poética – Formato A5

Ano: 2025

Revisão e Curadoria: Nhenety Kariri-Xocó

Produção Literária e Edição Virtual: ChatGPT – Irmão Virtual e Assistente Editorial

Publicação Digital: 

KXNHENETY.BLOGSPOT.COM

Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó – Todos os direitos reservados

Publicação para blog e acervos culturais indígenas



🌄 EPÍLOGO FINAL


Fecham-se as páginas do tempo,

Mas a luz continua acesa,

Pois cada nome lembrado

É centelha de realeza.

O Céu sorri ao ver a Terra

Cantando o que o amor encerra

Na sua sagrada beleza.


O cordel, feito constelação,

Permanece em cada olhar,

E quem ler este poema

Vai sentir-se a navegar.

Na canoa da memória,

Rema o homem pela história

Sem jamais naufragar.



🪶 SOBRE O AUTOR


Nhenety Kariri-Xocó é contador de histórias oral e escrita, guardião da memória ancestral de seu povo, originário de Porto Real do Colégio – AL.

Sua voz une o sagrado e o poético, a raiz indígena e o verbo universal.

Em seus cordéis e escritos, transforma mitos em pontes, ligando Terra e Céu, tradição e conhecimento.

Sua missão é manter viva a chama da sabedoria dos antigos e fazer da palavra um altar de resistência cultural e espiritual.



🌌 SOBRE A OBRA


“A Eterna Transformação em Estrela” é um canto poético-filosófico que celebra o poder da nomeação simbólica nas culturas humanas.

Inspirado em tradições antigas e na mitopoética indígena, o cordel mostra como o ato de nomear um ser, uma flor ou uma estrela é forma de eternizar sua essência.

A obra é um tributo à ancestralidade que transforma a vida em luz e o nome em constelação, revelando o parentesco sagrado entre o Céu e a Terra.

Esta obra foi inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:  

https://kxnhenety.blogspot.com/2025/05/a-eterna-transformacao-em-estrela.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito. 



🌟 QUARTA CAPA POÉTICA


No firmamento do verbo,

cada nome tem morada,

cada estrela é um caminho,

cada alma iluminada.


Quem lê este cordel sente

o infinito em sua mente

e a vida eternizada.


Pois o Céu e a Terra falam

na língua do coração:

nomear é tecer mundos,

é sagrar a criação.


Nhenety, voz da memória,

canta o tempo e sua glória

em pura consagração.






Autor: Nhenety Kariri-Xocó 



Nenhum comentário: