sábado, 11 de outubro de 2025

A ORIGEM DAS FEIRAS LIVRES - CORDÉL-LIVRO COMPLETO





1️⃣ Capa Principal (Frontal)


Título: A Origem das Feiras Livres


Autor: Nhenety Kariri-Xocó


Ilustração 3D: Amanhecer em feira nordestina antiga, barracas sendo montadas, vendedores chegando, cordelistas e violeiros presentes, cores vibrantes e atmosfera poética.


2️⃣ Dedicatória Poética


Dedico este meu cordel

Ao povo trabalhador,

Que madruga em feira livre

Com suor, fé e labor.

Ao que planta e colhe o fruto,

Ao artista e ao cantador,

Ao cordelista e poeta,

E ao Nordeste sonhador.



3️⃣ Índice Poético


Abertura


Prólogo Poético


Capítulo I – A Origem das Feiras no Oriente


Capítulo II – Feiras na Idade Média


Capítulo III – As Feiras Ibéricas


Capítulo IV – A Chegada ao Brasil


Capítulo V – A Feira Nordestina


Capítulo VI – A Feira de Caruaru


Capítulo VII – As Vozes do Povo e os Artistas da Feira


Capítulo VIII – A Feira como Patrimônio da Identidade Nordestina


Encerramento


Epílogo Poético


Nota de Fontes Rimada


Ficha Técnica Poética


Quarta Capa 3D Digital


4️⃣ Abertura



No terreiro das tradições,

Sopro o vento do passado,

Revela no chão do tempo

Um costume consagrado.

É a feira, mãe da cultura,

Do povo tão abençoado,

Que faz da troca um poema

E do viver, um mercado.



5️⃣ Prólogo Poético - Das Antigas Civilizações



Diz a história que há milênios,

Nas areias do Oriente,

Surgiam grandes encontros

Do comércio e da gente.

Babilônios e persas juntos,

Fazendo o ato evidente:

Quem troca, não só enriquece,

Mas liga o corpo e a mente.



6️⃣ CAPÍTULOS  I a VIII



🌅 Capítulo I — O Berço no Oriente 



Por volta de quinhentos anos

Antes de Cristo nascer,

Já havia feiras vivas

Com o dom de acontecer.

Oásis de caravanas,

Camelos a se mover,

Trazendo de longe os sonhos

Que a terra queria ter.


Nos desertos do Crescente,

Onde o sol beija o areal,

Mercadores faziam trocas

De forma universal.

Um punhado de especiarias

Valia um bem sem igual,

E o simples gesto da troca

Virava um rito ancestral.


Babilônios e persas firmes,

Com paciência e precisão,

Mediam peso e medida

Com justiça e exatidão.

A palavra era o contrato,

E o trato, uma oração,

Pois a honra era moeda

Naquela civilização.


Pelas margens do Eufrates,

Entre tendas e lampiões,

Ecoavam vozes antigas

Cheias de revelações.

Ali se trocava o fruto

Das colheitas e paixões,

E a feira era a alma viva

Das primeiras gerações.


Os fenícios navegantes,

Senhores do litoral,

Levavam ao mundo inteiro

O comércio artesanal.

Vendiam púrpura e vidro,

Madeira e sal mineral,

E criaram feiras portuárias

De valor monumental.


Nas cidades da Mesopotâmia

Já se via o movimento,

Homem e mulher trocando

O pão e o conhecimento.

Cada barraca era um templo,

Cada troca, um sentimento,

E o mercado era a forma

Do humano entendimento.


No Egito, às margens do Nilo,

Havia troca de grãos,

De linho, mel e perfumes,

De joias e emoções.

O faraó abençoava

As feiras nas estações,

Pois nelas o povo encontrava

Paz e comunicações.


Nas rotas das caravanas

Surgiram os caravançarás,

Hospedagens de mercantes

Que vinham de muito atrás.

Ali dormiam histórias,

Culturas e ritos de paz,

E a feira, entre povos diversos,

Foi ponte que nunca se desfaz.


Assim nasceu a semente

Do comércio universal,

Que uniu homens e reinos

De forma essencial.

E a feira, desde então,

Fez-se elo cultural,

Misturando fé e trabalho

Num costume imortal.



🏰 Capítulo II — As Feiras da Idade Média 



Na Europa medieval,

Entre mosteiros e muros,

Nasceram feiras imensas,

De encantos tão maduros.

Gente vinha de mil léguas,

Com tecidos e futuros,

E trovadores cantavam

Os amores mais puros.


O sino do povoado

Marcava a hora da feira,

E o campo virava festa,

Colorido de bandeira.

Vendia-se pão e vinho,

Ferramenta e esteira,

E o povo fazia trocas

De forma justa e inteira.


Eram feiras anuais,

Grandes centros de emoção,

Onde se firmavam pactos

E também negociação.

A moeda era recente,

Mas valia o coração,

E o mercador via no lucro

Um sinal de redenção.


As feiras tinham seus dias,

Ligados ao calendário,

Às festas dos santos padroeiros,

Ao tempo do santuário.

E ao lado das procissões,

Um cenário extraordinário:

A vida comum pulsava

Num quadro comunitário.


Vendia-se lã e couro,

Ferros, trigos, especiarias,

E os artistas de rua

Cantavam suas poesias.

Monarcas, monges e servos

Misturavam suas vias,

E as feiras se tornavam

Cidades por alguns dias.


Na França, em Champagne,

Feiras tinham renome real,

Pois atraíam mercadores

De poder continental.

E as rotas comerciais

Uniram mundo e quintal,

Fazendo da troca simples

Um fato universal.


Em Portugal e na Espanha,

Também floresceu o costume,

Feiras sob proteção

De castelo e de lume.

Ali o povo encontrava

Alimento, fé e perfume,

E a praça era um altar

Do trabalho e do volume.


A Idade Média moldou

O caráter desse lugar,

Feira era ponto de encontro,

De rir e de negociar.

O trovador era o rádio,

O pregão, o noticiar,

E o saber popular

Ali vinha se expressar.


Assim, do chão europeu,

Nasceu a tradição bendita,

De reunir o povo simples

Com alma pura e bonita.

Feira não era só venda,

Era escola infinita,

Onde a voz e a mercadoria

Faziam a terra escrita.



🇵🇹 Capítulo III — As Feiras Ibéricas 



Na Península formosa,

Entre santos e procissões,

Portugal e Espanha erguiam

Feiras de mil tradições.

Com bandeiras nas janelas

E sons de sinos e canções,

O povo fazia trocas

Com fé e celebrações.


As feiras chamadas “francas”

Tinham lei do rei fiel,

Que dava isenção de taxas

E proteção ao cordel.

Ali o pobre e o nobre

Vendiam pão, couro e mel,

E a praça virava um templo

De comércio e de papel.


Nos caminhos de Castela,

De Lisboa e de Sevilha,

Os feirantes se encontravam

De vila em vila e trilha.

As barracas coloridas

Faziam rua e partilha,

E o trovador anunciava

Sua voz como maravilha.


Havia bois, frutas, tecidos,

Ervas de cura e oração,

E ao som de tamborileiros

Se fazia a diversão.

O artesão mostrava a arte,

O camponês, o feijão,

E o povo, no meio disso,

Vivia a comunhão.


O rei dava “foro livre”

Pra o povo comercializar,

Garantindo segurança

Pra quem viesse negociar.

Era a lei da liberdade

Que fazia prosperar,

E as feiras se tornaram

O modo de se encontrar.


Os mouros, que ali viveram,

Deixaram grande influência,

Nas cores, nos sons, nos trajes,

E na própria convivência.

Misturaram fé e canto,

Trabalho e consciência,

E das feiras ibéricas veio

A poética essência.


Nas feiras, também havia

Poetas e pregadores,

Músicos, curandeiros,

Profetas e sonhadores.

Era um mundo ambulante

De fé e vendedores,

Que plantava nas palavras

Mil futuros redentores.


E o português aprendiz,

De alma simples e aberta,

Viu na feira uma escola,

Uma experiência certa.

Quando cruzou o oceano,

Levou a ideia desperta,

Pra fundar no Novo Mundo

Feira justa e descoberta.


Assim, da Península viva,

Saiu a semente bendita,

Que cruzou mares e ventos

Com alma firme e bonita.

Das feiras ibéricas veio

A cultura infinita,

Que o Brasil tornaria

Herança tão bendita.



⚓ Capítulo IV — A Chegada ao Brasil 



Quando as velas das caravelas

Cortaram o azul do mar,

Trouxeram mais que colonos,

Trouxeram o costume de estar.

As feiras cruzaram o tempo,

Vieram no verbo e no olhar,

E o solo do Novo Mundo

Começou a negociar.


No século dezesseis,

Entre engenhos e capelas,

As vilas viraram palco

De feiras tão singelas.

Ali o povo trocava

Peixes, frutas, panelas,

E a vida ganhava cor

Com barracas paralelas.


As feiras do Brasil nascente

Tinham cheiro de sertão,

Mistura de índio e negro,

De fé e devoção.

O europeu via cultura,

O nativo via paixão,

E o africano trazia

Música e tradição.


No chão batido da praça

Se misturava a canção,

O batuque das marimbas

E o toque do violão.

A feira era o encontro

Da terra com o coração,

E o povo via no trabalho

Um gesto de criação.


O padre abençoava o campo,

O vaqueiro trazia o gado,

O lavrador vendia milho,

E o oleiro, seu legado.

O doceiro oferecia

Seu mel cristalizado,

E a feira era um retrato

Do Brasil recém-criado.


Logo o costume cresceu,

De vila a capital,

Em Recife e Salvador,

Feiras viraram ritual.

O povo, de toda parte,

Vinha pro bem social,

Trocava produto e ideia,

Com amizade natural.


Ali nascia o costume

De o feirante madrugar,

De montar sua barraca

E sorrindo trabalhar.

A feira era convivência,

Era espaço de falar,

De vender e de ensinar,

De sonhar e de amar.


Cada banca era uma escola,

De saber e de oração,

Com ervas pra curar dor

E versos de devoção.

O cordel nascia em verso,

Cantando a plantação,

E o poeta via na feira

Seu templo e inspiração.


Assim o Brasil herdou

Da Europa a tradição,

Mas deu-lhe nova roupagem,

Com ritmo e coração.

No Nordeste, esse legado

Ganhou alma e vibração,

Virou canto, virou feira,

Virou pura criação.



🌾 Capítulo V – A Feira Nordestina: Berço da Cultura Popular 



Nas terras secas do Norte,

onde o sol brilha altaneiro,

nasceu a feira de gente,

trabalhador verdadeiro.

Ali se vende e se troca,

do roçado ao tabuleiro,

com fé, suor e coragem,

mantém-se o povo inteiro,

num teatro a céu aberto,

do artista ao cozinheiro.


No chão batido e poeira,

no canto do sanfoneiro,

ecoam risos e histórias

do homem sertanejo inteiro.

Cordelista, repentista,

batuqueiro e violeiro,

fazem da feira um templo

do saber mais verdadeiro,

onde o verbo vira canto

e o verso, dom pioneiro.


Cada banca é um universo,

cada rosto um caminheiro,

de romeiro, agricultor,

de vaqueiro ou canoeiro.

Tem farinha e tem rapadura,

chapéu feito de coqueiro,

tem fé e devoção pura,

tem reza de santuário inteiro,

e a alma do povo vibra

no coração brasileiro.


Ali o povo negocia,

mas também se reconhece,

no abraço do camarada,

no verso que o sertão tece.

É escola de convivência,

onde a amizade floresce,

a cultura não perece,

e o espírito enriquece,

com o canto da esperança

que no peito prevalece.


No canto das lavadeiras,

no cheiro do café quente,

no apito do vendedor,

no chamado eloquente,

a feira é vida pulsante,

palco do povo valente,

que transforma a dificuldade

em canção resplandecente,

fazendo da labuta dura

um poema reluzente.


As barracas coloridas

trazem o brilho do chão,

com frutas, flores e cheiros

de toda a região.

A mulher rendeira vende

sua arte e tradição,

enquanto o artesão mostra

seu barro e devoção,

no olhar do povo simples

repousa a inspiração.


No meio da multidão

um poeta improvisando,

fala de amor e de luta,

do sertão se recordando.

Fala do tempo e da chuva,

da seca se lamentando,

mas o povo aplaude e vibra,

o coração pulsando,

pois na feira o verso nasce

como o sol sempre voltando.


No meio dos alimentos

e do cheiro do tempero,

há um canto que revela

um Brasil verdadeiro.

Ali se vendem memórias

e o sonho do povo inteiro,

em cada risada franca,

em cada olhar fagueiro,

brota a identidade viva

do homem nordestino inteiro.


Assim a feira se ergue,

entre o real e o divino,

do sertão à capital,

segue o mesmo destino.

É ponte entre o passado

e o futuro cristalino,

onde o povo se encontra

num gesto peregrino,

e o Nordeste se renova

com seu amor genuíno.


A feira é mais que comércio,

é cultura e comunhão,

é poema de resistência

bordado em cada canção.

É a alma que se alimenta

na força da tradição,

mistura de fé e luta,

de suor e de paixão,

símbolo do povo forte

que habita o coração.



🎶 Capítulo VI – A Feira de Caruaru: Patrimônio e Canção 



No agreste de Pernambuco,

Caruaru se ergue altiva,

com sua feira famosa

que a cultura cativa.

Luiz Gonzaga cantou nela,

com emoção sempre viva,

numa canção de Onildo,

que o tempo jamais priva,

tornando o chão nordestino

uma pátria criativa.


"Feira de Caruaru",

no baião do rei do sertão,

é retrato da riqueza

do povo em comunhão.

Ali o barro, o couro, o pano,

misturam arte e emoção,

é museu a céu aberto,

patrimônio e tradição,

onde o tempo não apaga

a voz da população.


De todo canto do estado

o povo vem se encontrar,

trazendo milho, feijão,

farinha, rede e lugar.

Tem brinquedo e tem panela,

tem fruta pra se provar,

tem verso de menestrel

e arte pra se admirar,

num espetáculo humano

difícil de se igualar.


Caruaru é capital

da feira e da alegria,

onde o forró é bandeira

da mais pura poesia.

Cada banca é uma história,

cada riso, uma sinfonia,

é a alma do Nordeste

que resiste e contagia,

celebrando com Gonzaga

a força da romaria.


Nasceu do povo simples,

do pequeno agricultor,

que vendia seu sustento

com fé, suor e amor.

Com o tempo se expandiu,

virou centro expositor,

símbolo da resistência

do sertanejo sonhador,

que faz da feira um palco

do mais belo esplendor.


Ali a arte popular

ganha forma e dimensão,

escultores do barro puro

moldam fé e devoção.

Mestre Vitalino eterno

em sua imensidão,

deixou no barro da feira

a marca da criação,

fazendo da argila bruta

um espelho do coração.


Entre cores e sabores

a feira segue a brilhar,

ecoando nos altifalantes

a sanfona a chorar.

É festa e é trabalho,

é canto e é sonhar,

um retrato do Nordeste

que jamais vai se apagar,

porque a alma do povo

ali vai sempre pulsar.


Na canção de Onildo e Gonzaga

o povo se reconheceu,

no verso que eternizou

o que o tempo não corroeu.

Caruaru virou símbolo,

o Brasil inteiro acolheu,

a feira que é patrimônio

e orgulho que cresceu,

mostrando que o sertão

nunca se enfraqueceu.


Quem passa por Caruaru

guarda lembrança e ternura,

do cheiro de bolo quente,

da música e da cultura.

É mais que simples comércio,

é herança e doçura,

onde o Nordeste reflete

sua alma mais pura,

tecendo no barro e no canto

a sua força e bravura.


Assim, entre fé e arte,

Caruaru permanece inteira,

como um altar popular

em cada banca e fileira.

Do passado à modernidade,

segue firme e altaneira,

mostrando ao mundo inteiro

a grandeza brasileira,

que nasceu nas feiras livres,

com alma nordestina e guerreira.



🎤 Capítulo VII – As Vozes do Povo e os Artistas da Feira 



Na feira o povo é poeta,

é cantor e é repentista,

é contador de causos

e também artesanista.

É mestre do improviso,

cordelista e humorista,

que transforma a vida dura

em canção realista,

dando voz à esperança

no olhar do nordestista.


No batuque do pandeiro,

na viola e no repente,

brota a alma do sertão,

viva e resplandecente.

A feira vira cenário,

palco do povo valente,

onde o verso é alimento,

e o riso é reluzente,

mostrando que a cultura

é do povo e está presente.


Ali o artista de rua

ergue a mão e declama,

fala do amor e da luta,

da saudade que inflama.

Canta o roçado e a seca,

o destino e a trama,

mostra que a voz popular

é chama que não se chama,

é força que vem do chão

e em todo canto se derrama.


Tem o boneco e a sanfona,

tem o teatro e a ciranda,

tem a embolada ligeira

que o povo tanto demanda.

Tem menino rimador,

moça que canta e comanda,

velho mestre contador

de histórias que a alma manda,

mantendo a chama do povo

que na feira nunca se abanda.


Nas mãos do artesão simples,

a madeira ganha vida,

o barro vira lembrança,

a palha é bem colorida.

Cada traço é poesia,

de herança e despedida,

pois ali mora a cultura,

a memória renascida,

no talento popular

que o tempo não liquida.


Tem também o sanfoneiro,

que faz o chão balançar,

com o forró pé-de-serra

que não deixa o povo parar.

No compasso da zabumba,

é difícil se aguentar,

pois a feira é alegria

e o corpo quer dançar,

é festa e é resistência,

é o povo a celebrar.


Tem vendedor declamando

as ofertas em verso rimado,

"Olha o preço da banana,

tá mais doce que o pecado!"

E o povo, alegre e sorrindo,

já vai sendo encantado,

pois no grito da feira

tem humor improvisado,

tem teatro popular

no comércio animado.


A feira é voz do povo,

é rádio viva do chão,

onde o canto se espalha

sem antena ou estação.

Cada feira é um jornal

de cultura e expressão,

onde o verso se mistura

com a fé e a devoção,

e a palavra é bandeira

da eterna comunicação.


No fim da tarde o pôr do sol

beija o rosto do feirante,

que sorri de dever cumprido,

com olhar confiante.

Pois a feira é mais que lucro,

é legado pulsante,

é a arte de viver

com o coração vibrante,

é poesia cotidiana,

é cultura radiante.


E assim segue o povo-artista,

entre o canto e a labuta,

fazendo da feira um palco

onde o sonho se escuta.

Cada voz é resistência,

cada verso uma luta,

pois a arte é o pão da alma

que o tempo nunca enxuta,

e o Nordeste, nessa feira,

é esperança absoluta.



🕊️ Capítulo VIII – A Feira Como Patrimônio da Identidade Nordestina 



A feira é mais que um espaço,

é memória e é raiz,

é retrato do Nordeste,

é cultura e é país.

Ali pulsa a identidade,

que jamais se contradiz,

pois o povo que trabalha

também canta e é feliz,

mesmo quando o sol castiga,

há beleza e cicatriz.


Do passado medieval,

herdou a troca e o trato,

do Brasil colonial,

a mistura e o formato.

Do sertão tirou a força,

do barro, o exato retrato,

do povo, a criatividade,

da fé, o firme contrato,

fazendo da feira o berço

de um povo de bom contato.


Caruaru, Campina Grande,

Juazeiro, Aracaju,

de Petrolina a Exu,

há feiras de norte a sul.

Em cada canto há um verso,

um repente, um candiru,

um artesão e um sorriso,

um vaqueiro e um batu,

unindo gerações vivas

sob o mesmo céu azul.


A feira é patrimônio

que o tempo não desmancha,

é teia de convivência

que o progresso não arranca.

Mesmo o shopping crescendo,

a alma da feira é franca,

pois ali o povo ensina

que a vida é luta e é banca,

onde o humano resiste

e o coração nunca estanca.


É patrimônio imaterial,

guardado na lembrança,

na música, na comida,

na fé e na esperança.

O cheiro de bolo quente,

de canjica e confiança,

mistura-se ao som do riso,

da prosa e da criança,

fazendo da feira um templo

da mais pura bonança.


Lá estão as gerações,

do avô ao neto pequeno,

o saber que se transmite

no costume tão ameno.

Cada produto vendido

tem um valor pleno,

pois traz a mão do homem

e o suor sereno,

na partilha coletiva

de um destino terreno.


A feira é símbolo vivo

de um Brasil profundo e forte,

onde o povo é protagonista

de seu próprio norte.

Ali não há distinção

de riqueza ou de sorte,

todos trocam, todos vivem,

todos fazem seu aporte,

pois a feira é igualdade

em sua mais bela sorte.


É cultura que resiste

em verso, canto e bandeira,

é saber que se recria

na lida costumeira.

Cada feira é documento,

é lição verdadeira,

é museu do cotidiano,

herança duradoura e inteira,

onde o tempo não apaga

a essência sertaneira.


Assim o cordel registra,

com respeito e devoção,

que a feira é monumento

do amor e da união.

É o espelho do Nordeste,

orgulho da nação,

onde o povo se encontra

em pura celebração,

e a alma nordestina brilha

na mais bela tradição.



7️⃣ Encerramento - O Legado das Feiras Livres 



A feira é viva, é memória,

é um rio que nunca cessa,

corre o tempo, muda o mundo,

mas o povo não esqueça.

Pois ali mora a cultura,

que a vida enobrece e tece,

num fio de convivência

que o progresso não arrefece,

e a história, em cada banca,

em verso ainda se enriquece.


Do Oriente à Idade Média,

do mercado à devoção,

a feira cruzou oceanos,

ganhou solo e coração.

No Brasil fincou raízes,

virou chão de união,

onde o povo nordestino

ergueu sua expressão,

misturando fé e arte

num só canto e emoção.


O poeta vê na feira

um espelho encantado,

onde o povo se reflete

no labor abençoado.

É museu sem parede,

é altar improvisado,

onde o verbo é trabalho

e o suor é sagrado,

fazendo do cotidiano

um milagre consagrado.


Quem vai à feira descobre

a riqueza do saber,

pois ali o povo ensina

o valor de conviver.

Cada olhar, cada gesto,

é lição de bem-viver,

onde o simples é nobre

e o amor faz renascer,

transformando o chão batido

num templo de aprender.


No grito do feirante,

no forró do sanfoneiro,

na cantiga da rendeira,

no verso do violeiro,

vive o espírito da terra,

do homem brasileiro,

que entre o barro e o canto

é livre e verdadeiro,

fazendo da própria vida

um poema derradeiro.


Assim termina esta história,

de cultura e tradição,

de suor e resistência,

de beleza e comunhão.

Mas a feira não termina,

segue em outra canção,

pois o povo que trabalha

guarda em seu coração

a chama que nunca apaga,

a fé da renovação.



8️⃣ Epílogo Poético – O Canto que Nunca Morre 



A feira é o coração

do Brasil que se levanta,

é o canto do nordestino

que o tempo não espanta.

É o cheiro da terra viva,

é voz que nunca se encanta,

é raiz que se espalhou

e a história ainda canta,

mostrando que o povo é arte

que o destino não quebra nem planta.


Lá o tempo se mistura

com o vento da lembrança,

e o menino aprende cedo

a beleza da esperança.

A feira é mais que comércio,

é cultura que balança,

é laço de identidade,

de memória e confiança,

onde o riso é liberdade

e o trabalho é aliança.


E quando o poeta encerra

seu cordel de emoção,

ele sente o mesmo pulso

de um povo em comunhão.

Pois a feira é poesia,

é verso, é multidão,

é o retrato mais fiel

da humana ligação,

onde o povo e a cultura

são a mesma canção.



9️⃣ Nota de Fontes Rimada



As fontes desta escrita,

de saber e tradição,

vêm da história das feiras

e de sua difusão.

Do Oriente à Idade Média,

em cada civilização,

dos mercados babilônicos

ao comércio em expansão,

as feiras foram escolas

de cultura e união.


Da Península Ibérica,

Portugal e Castela,

vieram moldes e feições,

a alma mais singela.

Trouxeram pro Novo Mundo

a feira, tão bela,

que cresceu com o nordestino

em labuta e aquarela,

até virar patrimônio

na vida que se revela.


Fontes da historiografia,

da tradição oral também,

dos estudos da economia

e da cultura do bem.

De Câmara Cascudo à pena

de Gilberto Freyre, amém!

E das feiras populares

que o povo mantém,

em Caruaru, Juazeiro,

Campina, Petrolina e além.



🔟 Ficha Técnica Poética


Título: A Origem das Feiras Livres

Autor: Nhenety Kariri-Xocó

Gênero: Cordel Histórico-Cultural

Tema Central: A trajetória e a importância das feiras livres, desde suas origens no Oriente até a formação das feiras nordestinas, com destaque à Feira de Caruaru.

Estilo: Versos rimados em sextilhas e oitavas populares, de tom histórico e poético.

Propósito: Valorizar o patrimônio cultural, social e econômico das feiras livres como expressão viva da identidade nordestina.

Assistência Literária e Digital: ChatGPT ( assistente virtual )

Local: Porto Real do Colégio – AL

Ano: 2025

Linguagem: Popular, rimada, de caráter oral e literário.

Direitos Autorais: Reservados ao autor, preservando o registro cultural do povo nordestino.


1️⃣1️⃣ Quarta Capa (Traseira / 3D Digital)






Ilustração 3D: Feira nordestina ao entardecer, barracas coloridas, cordelistas declamando, sanfoneiros tocando, povo sorrindo e trocando produtos.


Texto poético adicional:


Na feira o povo é cultura, é arte e comunhão —

no verso vive a memória, no canto o coração.


Na feira mora a cultura,

O riso e o choro do chão,

Ali o povo é artista,

E o tempo, uma canção.

Quem passa sente na alma

Um sopro de gratidão,

Pois a feira é o espelho

Do coração do sertão.




🌿 Sobre o Autor


Nhenety Kariri-Xocó, contador de histórias orais e escritas, poeta, pesquisador e guardião das tradições de seu povo, de Porto Real do Colégio (AL).

Com sua pena e memória, transforma história em poesia, preservando o encanto das origens e a força da ancestralidade nordestina.


📜 Sobre a Obra


Este cordel-livro é um tributo às feiras livres do Nordeste — espaços sagrados de cultura, economia e vida.

Inspirado em fontes históricas e na sabedoria popular, celebra o povo que transforma cada barraca em poesia e cada feira em celebração da existência.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





Nenhum comentário: