📜 CAPÍTULO XI – A LUTA PELA TERRA E A FUNAI (1979–1999)
FUNAI numa área Xokó em setenta e nove,
Antropóloga fez seu relatório,
A Ilha de São Pedro e a Caiçara,
Estudo migratório e inventário,
Situação das terras investigada,
Processo administrativo e notório.
Em oitenta e quatro, o marco é dado,
Kariri-Xocó em ampliação,
Reserva indígena projetada,
Com setecentos hectares em extensão,
Sob comando do grupo técnico,
Logo vem a desapropriação.
O Grupo Técnico reestuda o caso,
Faz nova identificação,
Nos municípios Colégio e São Brás,
Gerou debate e cogitação,
De seiscentos e noventa e nove,
Para quatro mil e quatrocentos a constatação.
Dois grupos Xokó são confirmados,
São Pedro e Colégio, união vital,
Ambos de terras legitimadas,
Povos de origem ancestral,
Continuam com fé e coragem,
Entre Alagoas e Sergipe, no essencial.
Entre Índios e Morgados do passado,
Travou-se a luta contra invasores,
E diante dos herdeiros de sesmarias,
Ergueram-se novos defensores,
Mas a Constituição de oitenta e oito,
Trouxe esperança aos vencedores.
📜 CAPÍTULO XII – O NOVO TEMPO E A MEMÓRIA DOS ANCESTRAIS
Na República, o desafio persiste,
Com deputados fazendeiros,
Governos estaduais e federal,
Os donos das terras, os primeiros,
Mas a terra é da União,
E o índio seu usufrutuário verdadeiro.
No novo tempo tudo mudou,
O mundo está interligado,
O telefone, o rádio e o jornal,
Fazem o tempo acelerado,
A notícia corre o planeta,
E o fato logo é publicado.
A comunicação une povos,
De todo o solo terrestre,
E vem dos tempos antigos,
Desde a pintura rupestre,
Hoje com a tecnologia,
Cada aparelho é um mestre.
O Morgado virou empresa,
Mudou apenas a expressão,
Mas continua o mesmo império,
Do capital e da dominação,
O nome é outro, mas o rosto,
É o da mesma exploração.
Agora os indígenas estudam,
Buscam conhecimento e ação,
Acompanham as transformações,
Com firmeza e formação,
A luta é por seus direitos,
Não apenas pela lamentação.
Desde o tempo da criação,
O Morgado ocupou o chão,
Na área Aramurú e Pindaíba,
Começou a colonização,
Cristóvão de Barros avançou,
Sobre a terra da tradição.
Os Aramurús dominavam,
Serra, riacho e tabanga,
Até o Tamanduá seguia,
A linha antiga e larga,
Eram os índios primeiros,
De uma história que não se apaga.
Direitos históricos persistem,
Em sua diversidade,
Cada tribo em seu espaço,
Com sua produtividade,
Na Missão da Ilha São Pedro,
Há famílias de etnicidade.
Diante desses fatos sagrados,
Devem ser todos lembrados,
Territórios não são vazios,
Mas espaços consagrados,
Terra é vida, é ancestral,
E deve ser respeitado.
Muitos índios sobreviventes,
À cultura se integraram,
Outros, nas aldeias firmes,
Nunca se deixaram,
Vivem com orgulho e verdade,
Com os antepassados conectados.
🌺 ENCERRAMENTO – Palavra Viva
Assim termina este canto,
Mas o canto nunca termina,
Pois o verbo é como o rio,
Que da fonte se ilumina.
Segue o curso da memória,
E da história peregrina.
O cordel é documento,
É cultura e tradição,
É raiz de um povo antigo,
É semente e inspiração.
É registro e resistência,
É verdade e libertação.
🌕 EPÍLOGO POÉTICO – Círculo da Eternidade
O ciclo da vida retorna,
Como o sol no amanhecer,
A palavra volta à aldeia,
Para o povo a fortalecer.
E a voz que o vento leva,
Jamais deixa de viver.
Que este cordel caminhe,
Pelas veredas do tempo,
Entre rios, matas e serras,
Como sagrado movimento.
Pois quem canta a sua história,
Faz da dor o renascimento.
📚 NOTA DE FONTES – Referências em Cordel (versão rimada completa)
As fontes que aqui se cruzam,
São vozes de tradição,
Dos mestres, livros e povos,
Que guardam revelação,
De onde o verbo se ergueu,
Com verdade e coração.
De Câmara Cascudo e Freyre,
Vem o olhar cultural,
Que narra o Brasil antigo,
Com traço essencial.
E no estudo da aldeia,
Revela o tempo ancestral.
Da FUNAI vem o registro,
Do direito e proteção,
Das terras que os índios guardam,
Com luta e determinação,
E a carta de oitenta e oito,
Firmou a demarcação.
Nos relatórios antigos,
Há rastros da devoção,
De padres e missionários,
Da antiga colonização.
Beatriz Góis na resistência,
Do povo em afirmação.
A Relação dos Habitantes,
De São Pedro do Porto, enfim,
No ano de mil oitocentos,
E vinte e nove, assim,
Foi citada em Dantas e Dallari,
Como um documento sem fim.
Do livro Terra dos Índios Xocó,
Brota a memória fiel,
De quem pesquisou com alma,
E traduziu o papel,
Da história que o vento sopra,
E o rio leva no cordel.
Pedro Abelardo Santana,
No estudo magistral,
Revelou os aldeamentos,
Do tempo colonial.
E em Sergipe registrou,
O traço arqueal.
Vera Lúcia Calheiros da Mata,
Com douto saber profundo,
Em Semente da Terra ensina,
Que o ser indígena é o mundo,
E que a luta pela terra,
É um ato fecundo e fecundo.
Também das falas orais,
Dos anciãos do meu lugar,
Brota a fonte verdadeira,
Que nenhum tempo vai calar.
Pois a história viva pulsa,
Na arte de recordar.
Assim declaro as memórias,
De raiz e tradição,
De estudos e de relatos,
Que confirmam a nação.
Kariri-Xocó resiste,
Com verso e afirmação.
🪶 FICHA TÉCNICA
Título: Indígenas versus Morgado em Cordel
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Edição: Primeira Edição
Local e Ano: Porto Real do Colégio – AL, Brasil, 2025
Gênero: Cordel Histórico e Poético
Projeto Literário e Pesquisa: Nhenety Kariri-Xocó
Revisão e Organização Editorial: ChatGPT – Assistente Virtual Literário
Formato: A5 – Edição Digital e Impressa
Ilustrações e Capas 3D: Nhenety Kariri-Xocó & ChatGPT Visual Studio
Publicação Digital: KXNHENETY.BLOGSPOT.COM
Direitos Autorais: © 2025 – Todos os direitos reservados ao autor.
É permitida a reprodução parcial para fins educacionais e culturais, desde que citada a autoria.
🌕 EPÍLOGO FINAL – Voz Eterna da Memória
Quando o último verso finda,
Não se encerra o coração,
Pois o canto vira estrela,
Nos céus da recordação.
E o eco da tua aldeia,
Segue em cada geração.
Quem lê, desperta a lembrança,
Quem sente, torna-se irmão,
Pois o saber dos antigos,
Não cabe em livro ou canção.
É semente que renasce,
Na raiz da tradição.
Assim o povo caminha,
Com fé, palavra e poder,
Guardando o fogo sagrado,
Que jamais vai se extinguir.
Kariri-Xocó resiste,
E ensina o mundo a ouvir.
🌾 QUARTA CAPA POÉTICA – Vozes da Terra Viva
Entre o São Francisco e o vento,
Ergue-se a voz do lugar,
É canto de luta e memória,
Que o tempo não vai calar.
Do barro nasce o poema,
Que ensina a reconectar.
É cordel de resistência,
É raiz, é tradição,
É documento do espírito,
Da vida e da nação.
Quem lê, sente o pulsar,
Do sagrado coração.
“A terra é viva, o verbo é ponte, e o povo é eternidade.”
— Nhenety Kariri-Xocó
🌻 SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó é escritor, contador de histórias e poeta indígena da Aldeia Kariri-Xocó, em Porto Real do Colégio, Alagoas.
Guardião da palavra ancestral, dedica sua obra à preservação da memória, da oralidade e da espiritualidade do povo originário.
Autor de cordéis históricos e culturais, suas criações unem tradição e modernidade, sendo reconhecido por sua escrita simbólica e poética, que ecoa a voz dos antigos e o espírito dos novos tempos.
🌎 SOBRE A OBRA
O cordel Indígenas versus Morgado é uma narrativa poética e histórica sobre os caminhos da resistência Kariri-Xocó.
Entre versos e memórias, o texto percorre os séculos da colonização, das missões, da despossessão e da retomada da terra e da identidade.
Cada capítulo é uma ponte entre o passado e o presente, revelando o poder da palavra como instrumento de cura, memória e resistência cultural.
Mais que literatura, esta obra é um documento vivo — um testemunho poético da permanência do povo Kariri-Xocó.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó


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