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Rua dos Índios é a Rua São Vicente atualmente |
Com o passar dos tempos, cheguei até a visitar a casa deles. Conheci outras pessoas que me perguntavam se eu era caboclo; respondia que era índio. Outros perguntavam quem era meu pai e eu dizia que era filho do Alírio, aquele que vendia peixe. Eles diziam que conheciam meu pai, que ele era gente boa, mas tinha caboclo onde eu morava que eles não gostavam: comem moroba, bobó, andam sujos, bebem cachaça: "aquele povo é imundo, cheio de confusão, querem tomar as terras". Eu ficava ofendido; não gostava quando falavam isso da minha gente. Eu rebatia e discutia com eles.
Nesse momento, moderavam: "não é com você não; nós sabemos que tem muita gente de bem como você!" Esse só foi um caso, mas muitas vezes repetiu-se com outras pessoas da cidade com relação aos índios, às vezes, com zombaria, humilhação e até brigas. Mas reconheço que tem pessoas amigas lá e em outros lugares, que nos compreendem.
Nhenety Kariri-Xoco
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