domingo, 28 de novembro de 2010

DESCRIMINACAO

 
Rua dos Índios é a Rua São Vicente atualmente
  Quando nós vivíamos na cidade de Colégio, na rua dos índios, alguns brancos passavam nela, poucos amigos, negociante para vender a prestação, fazendeiros atrás de gente para trabalhar no campo a preço abaixo do mercado; também tinha aqueles com laço de amizade. Muitas vezes jogávamos bola no campinho do Cordeiro com meninos de várias ruas, formando times de pelada. Muita amizade nessa época de 12 anos.

Com o passar dos tempos, cheguei até a visitar a casa deles. Conheci outras pessoas que me perguntavam se eu era caboclo; respondia que era índio. Outros perguntavam quem era meu pai e eu dizia que era filho do Alírio, aquele que vendia peixe. Eles diziam que conheciam meu pai, que ele era gente boa, mas tinha caboclo onde eu morava que eles não gostavam: comem moroba, bobó, andam sujos, bebem cachaça: "aquele povo é imundo, cheio de confusão, querem tomar as terras". Eu ficava ofendido; não gostava quando falavam isso da minha gente. Eu rebatia e discutia com eles.

Nesse momento, moderavam: "não é com você não; nós sabemos que tem muita gente de bem como você!" Esse só foi um caso, mas muitas vezes repetiu-se com outras pessoas da cidade com relação aos índios, às vezes, com zombaria, humilhação e até brigas. Mas reconheço que tem pessoas amigas lá e em outros lugares, que nos compreendem.


 Nhenety Kariri-Xoco


Nenhum comentário: