

Minha mãe contava que Euclides, meu avô, trabalhava também como agricultor, mas só que era nas terras de vazante do rio São Francisco. As terras de vazante eram aquelas de solo úmido, onde os proprietários também usavam a mão-de-obra barata dos índios no cultivo de mandioca, abóbora, milho e batata. Mas Euclides, além de agricultor, era pescador experiente: possuía a canoa de pesca e os utensílios da profissão.
Quando era três e meia da madrugada, ele ia ao rio São Francisco pescar os covos para pegar camarão. Ao longo da pesca, continuava com a tarrafa lanceando na pesca de outros peixes: curumatá, piau, lambiá e piranha. Logo após a pescaria, ele retornava para casa com o balaio cheio de peixe, às cinco horas da manhã.
A família arrodeava o balaio para ajudar a tratar os peixes que seriam salgados na gamela; os peixes graúdos eram tirados para a alimentação do dia. Na vazante, ele ia após o café; colocava a enxada nas costas e saía para o trabalho, levando uma cabaça d'água e Jurandir, seu filho mais velho, para ajudar no orçamento familiar.
Nhenety Kariri-Xoco
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