quarta-feira, 20 de setembro de 2023

NOMINALIZADOR DAS LÍNGUAS KATUANDI


Eu creio que encontrei uma coisa bastante interessante, sei que está um pouco tarde, mas gostaria de deixar aqui para caso eu me esqueça de enviar amanhã.


No vocabulário registrado por Antunes em sua publicação "Wakona-Kariri-Xukuru" ele menciona uma palavra interessante, inkrandibiça 'preguiçoso', logo de cara essa palavra me parece suspeita de ser uma forma de particípio, sendo possível separar a estrutura como


in-krandi-bi-ça


Quando separamos assim, vemos uma palavra um pouco familiar, *krandi*, notaram a semelhança ? É a mesma que a palavra krody 'força, forte', o que indica que essa palavra está modificando uma palavra que significa 'força, forte', minha teoria é de que -bi- seja uma negação, assim dizendo krandi-bi 'forte-não' = 'fraco, preguiçoso', com in- sendo a terceira pessoa 'ele, ela' e -ça sendo o nominalizador, portanto


in-krandi-bi-ça 'ele(a) que é coisa de não ser forte' > 'ele(a) que não é forte' > 'ele(a) que é fraco' > 'ele(a) que é preguiçoso(a)'


Após estudar as duas publicações de Lapenda sobre o Xukurú e o Yaathê, sou capaz de afirmar que essa estrutura não pertence a nenhum dos dois, o Xukurú e as línguas Tarairiú tinham o sufixo -gó como nominalizador e o Fulni-ô possui -ho como sufixo de agente verbal, indicando que -çá não pertence nem ao lado Xukurú deste povo, nem o lado Fulni-ô, e muito menos o Karirí já que este possui as estruturas si-X-te e di-X-li, portanto sobrando apenas o lado Wakonã, que como mencionei antes, seria um descendente da mesma família que o Natú e o Xokó, a família Katuandi, portanto temos esta nova estrutura para estas línguas, cujo adaptado para as gramáticas estabelecidas seriam:


Xokó: iN-X-sa, ex.: (pofo 'criar, fazer, inventar' > im-pofo-sa 'criador, inventor')

Natú: X-(i)-sa, ex.: (mak 'fazer, trabalhar' > mak-i-sa 'trabalhador')


 Além de também indicar que a palavra krandi era compartilhada com a família Kariri (como crodí do Kipeá) e por último, restaura a negação -bi da antiga língua Wakonã, juntando-se ao êyo registrado no Xokó.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 




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