quarta-feira, 11 de outubro de 2023

DESCOBERTAS SOBRE A GRAMÁTICA KATUANDÍ


Descobri o seguinte:



*AKRAWAM*

-wam talvez seja cognato do Tikuna -wa que é o locativo daquela língua ou 'em, no, na' do português, -wam seria usando no sentido de:


a-kra-wam 'eu-fazer-em', só que esse 'em' está dizendo na verdade 'neste momento', portanto a-kra-wam 'eu fazer em (este momento)', portanto 'eu estou a fazer/eu estou fazendo'.



*KETALIKE*

k-êtali-ke confirma o uso do prefixo k- para 'nós', a única raiz que tenho confiança em identificar (além do prefixo) é a raiz -ta-, que indica movimento (cf. Kariri té 'vir' e o Macro-Jê tẽ 'ir', talvez li tenha alguma relação com rê de vêsirê do Xocó e com o -re/-le de pere/pele 'sair' das línguas Kariri, sobre o ê- e o -kê, tenho os seguintes argumentos:


*Ê*

 Caso este não indique o imperativo junto com -kê, eu presumo que tenha alguma coisa a ver com causativização ou marcação de argumento (como o sufixo -a do Tupi em porang-a 'bonito(a)' vs porang 'é bonito(a)'), no entanto é estranho haver marcação de argumento em um verbo, o que me faz suspeitar de que na verdade ê- complemente o significado da estrutura, sendo outra raiz verbal que indica movimento, similar ao verbo ata 'ir' encontrado na família Arawak e o verbo ata do Muniche, portanto ê-ta-lí 'ir-ir-ir'


*KÊ*

 Este morfema está no final da palavra, seguindo a lógica dos modelos vistos no Tupi e no Kariri, aqui se espera um sufixo com alguma função gramatical, e de fato existe a possibilidade de kê ser na verdade -kê, um sufixo que indica o imperativo. Existe uma semelhança clara no quesito estrutural e semântico com o locativo *ke(C) do Proto-Macro-Jê, que no Katuandí deve ter evoluído para um dativo (ou tinha as duas funções ao mesmo tempo):


a-panku-kê 'tu-matar-em' > a-panku-kê 'tu-matar-para' (a partir daqui vira 'tu na direção do matar', ou seja, estou encorajando que você vá na direção da ação, que é matar, encorajamento, que é o exortativo, está a apenas um passo de uma ordem, ou seja, o imperativo, portanto) > a-panku-kê 'que tu vá matar, mate!', portanto k-etali-ke 'que nós façamos a ação de ir, vamos!'




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



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