segunda-feira, 9 de outubro de 2023

TRADUÇÃO DO NOME NIMUENDAJÚ


 Sabe-se que este etnólogo extremamente famoso foi nomeado pelo povo Apapokuva-Guaraní, o significado de seu é  'o que fez seu assento, o que se estabeleceu', seguindo a etimologia disponível no artigo de Curt Nimuendajú, decidimos prover uma tradução, e junto com essa, o reestabelecimento de três novas partículas do Katuandí:


1) PÔR- 'prefixo honorífico': Este prefixo surge em resposta ao uso do sufixo -lhá, que denota objetos, pessoas e qualquer outro ente considerado sagrado, Pôr- tem uma função similar, denota respeito perante a entidade cujo ele se prefixa, mas não denota sacralidade, deriva etimologicamente da classe superior do Tupi moro-/poro-.


2) JÊ- 'prefixo reflexivo': Segundo Heine e Kuteva em sua publicação World Lexicon of Grammaticalization de 2002, múltiplos povos do mundo denotam o conceito de afixos e partículas reflexivas a partir de palavras que significam 'pessoa' ou 'corpo', seguimos a mesma lógica e traduzimos o conceito da partir da palavra JÊ, registrada em suas variantes: Mõtêrêgê e Têrêgin.


3) KÁ- 'prefixo causativo': Ainda graças aos autores previamente citados, segue-se em várias línguas do mundo a lógica de denotar o causativo através do verbo 'tomar', talvez o sentido seja 'tomar o controle da ação' ou algo similar, portanto seguindo essa lógica, usamos a raiz KA, reconstruída a partir da estrutura prévia de kra 'mão', que era *kara.


4) NHÍM 'assentar': Este verbo foi reconstruído a partir das correspondências fonéticas do Katuandí com o Proto-Macro-Jê *ñỹP, resultando em nhím ou nhí no Wakonã, a base do Katuandí.


5) -DÍ 'sufixo nominalizador': Este representa uma interpretação própria do Katuandí, após mais análises, o sufixo que surge em publicações anteriores como -ndi ( agora variante separada de -dí) deriva de gandilhá/grandilhá 'casa', composto esse que denota o conceito de 'casa, lar', formado por três raízes sinônimas, -DÍ portanto denota uma casa abstrata e figurativa, um 'conceito', portanto uma 'coisa'.


PÔR-JÊ-KA-NHIN-DÍ (Pôrjêkanhindí) é a tradução de Nimuendajú em Katuandí. Isso nos auxilia no desenvolvimento de uma lógica onomástica, isso é, no estudo da formação de nomes próprios, não só traduções, mas também o redesenvolvimento do pensar nativo, da perspectiva dos Wakonã, Natú e Xocó, da revitalização (rôdzanhám) da união (katuandí) deste povo (têrêjím ahím).




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



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