A primeira palavra (KA) se assemelha a muitas raízes dentro das línguas indígenas da América do Sul com o tema de 'luz, dia, claro, sol, brilho', argumento este que já foi publicado no blog, portanto prosseguirei para o seguinte.
A palavra pôêr eu sugeri há alguns meses atrás ter relação com palavras para madeira e luz, no entanto vejo por outro lado agora, é mais fácil e consistente argumentar que essa palavra derive do Proto-Cerrado *pôr ~ pôk 'queimar, acender', seguindo estas mudanças:
Proto-Cerrado ->
*pôr
Pré-Katuandí ->
*pô(j)r
Proto-Katuandí ->
*pôjr
Xokó ->
poɪ̯r (pôêr)
Vale ressaltar que no Alfabeto Internacional Fonético (AFI), o /j/ representa o mesmo som que y do inglês em yes e you, portanto em algum momento antes do Xokó a palavra pôêr adquiriu uma semivogal entre a vogal e a coda, sendo hipoteticamente *pôjr, não descarto que esta vogal tenha desencadeado um processo de ditongação, como temos poucos exemplares do Katuandí, só podemos inferir sobre todos os seus resultados.
Até agora, o Katuandí vem demonstrando uma proximidade forte com as línguas Jês do Cerrado, vistos nas palavras para 'mulher', 'fogo' e 'estrangeiro' (pikuá, shakishá/atsá e kôbê), as duas primeiras das quais considero aqui difíceis de serem substituídas por empréstimos. A palavra aqui descrita confirma para nós que as codas terminadas em -r são preservadas sem qualquer alteração, novamente uma grande ajuda para recuperar o léxico perdido.
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
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